domingo, dezembro 11, 2011

Discriminação Mas Em Bom...

Tivemos recentemente mais uma medida de génio implementada, no sentido de afundar o mais rapidamente possível a já fraca economia que ainda temos: o início do pagamento de portagens nas SCUT (a.k.a. via "sem custos para os utilizadores" - outros que não os já excessivos impostos que pagamos). Basicamente esta medida vai permitir a destruição da vida pessoal e profissional de muitos utentes que nestas vias circulam por necessidade (sim, porque por incrível que pareça nem toda a gente anda na estrada por desporto). A afluência dos "nuestros hermanos" também está claramente comprometida. Não vou entrar nos detalhes do porquê de isto ser mau para toda a gente, percebendo que tudo acontece a bem de mais meia dúzia de tostões para encher um pouco os bolsos já recheados dos administradores das concessionárias (ex-detentores de cargos públicos e afins). No meio disto tudo há um pormenor que dá um toque requintado de ridículo à coisa. Se um utente quiser pagar menos justificando a utilização de determinada via com o facto de a mesma não ser apenas uma questão de opção, pode candidatar-se a uma espécie de desconto, atribuído quase como se de um sorteio se tratasse, bastando para tal que justifique a sua pretensão (comprovativos de morada, etc. etc...). O mais engraçado é o nome que esta "abébia" tem. Nada mais nada menos do que "habilitação a discriminação positiva". Com este nome, só me ocorre dizer: f*da-se! Tenho impressão que se escutasse esta expressão na rua me afastava da pessoa em causa com medo que fosse uma gosma qualquer daquelas que se pega. Tudo no nome é mau, pelo que me parece que alguém foi obrigado a disponibilizar a dita "abébia" sem concordar muito com a mesma. Podiam ter-lhe chamado "cagalhões", "ranho" ou "hemorróidas", mas não tinha a mesma classe. Por mim, e no que toca a estas abébias, agradeço imenso mas espero que as metam todas no c*. Pessoalmente, mais depressa arranjo uma matrícula falsa e passo à borla nas portagens do que me habilito a ser discriminado positivamente. Irra!

sábado, novembro 19, 2011

Quando me Perguntam...

... do que é que o meu filho gosta, para terem uma ideia sobre o que lhe dar no Natal, fico sempre com dúvidas e nunca sei muito bem o que responder!

quarta-feira, novembro 09, 2011

segunda-feira, novembro 07, 2011

O Privilégio de Ser Burro

Há alguns dias li uma expressão que me ficou gravada na memória: todos têm o direito de ser burros, mas alguns abusam desse privilégio. Já há muito tempo que não sentia verdadeira frustração no trabalho, mas as últimas semanas fizeram com que a minha memória fosse reavivada, em boa parte devido à interacção com um ou outro espécime da espécie acima indicada. Raras vezes me enervei realmente devido a situações profissionais. No entanto sinto que a tampa começa a querer saltar-me com alguma frequência nos últimos dias. Racionalmente sei que é uma estupidez, e relembro-me também de uma outra expressão de um amigo meu: "it's only work". O problema é que o "work" tem alguma facilidade em lixar tudo o resto, sobretudo quando é a parte significativa da nossa rotina e do nosso dia a dia. O velho sentimento de uns elementos da equipa remarem para um lado, e outros para o oposto, é cada vez mais forte. E apesar de se viverem tempos difíceis em geral, começo a sentir que se calhar nada disto vale realmente a pena. Enfim, amanhã é um novo dia, e hoje já ficou a perspectiva de que os problemas vão, no melhor cenário, continuar. Se assim for já não é mau, uma vez que a crosta vai secando. O problema vai ser quando alguém resolver arrancar a crosta e começar tudo da estaca zero... Cenas dos próximos capítulos serão aqui reportadas. Se agredir alguém com violência, prometo tentar obter fotografias!

terça-feira, novembro 01, 2011

De Mãos Atadas

Nos últimos dias tenho reflectido muito sobre a cultura em torno do trabalho, que vivemos nos dias de hoje. A primeira constatação óbvia é que a evolução - dita a bem do conforto, modernização e automatização de tarefas - que tem acontecido nos últimos anos, em vez de contribuir para todos os aspectos mencionados anteriormente, tem o efeito precisamente oposto. Na parte de conforto, bem-estar ou qualidade de vida, o resultado é mau: arranjámos forma de poder levar o trabalho para todo o lado (smartphones, laptops, etc.), em vez de o deixar no respectivo local ao final do dia. Na parte da modernização, o resultado é infrutífero: basicamente geramos trabalho à volta de trabalho, isto é, se anteriormente processos mais "artesanais" tinham de ser executados para levar uma tarefa a cabo, agora temos processos para gerir processos que por sua vez gerem outros processos, sendo que a tarefa em si e o resultado final constituem menos de 10% do esforço envolvido. Na parte da automatização, o resultado é irrelevante: uma vez que cada vez mais processos e tarefas necessitam ser levados a cabo antes de atingir um fim, por mais que os mesmos sejam automatizados vão sempre surgir outros que - até serem eles próprios automatizados - vão exigir um esforço manual. E no fim da linha, quando tudo é moderno e automático, o ser humano pode ser excluído dando lugar ao negócio que apelido habitualmente de "máquina de fazer chouriços" (entra porco de um lado, sai enchido do outro). Pessoalmente, dia após dia, chego a casa com a sensação de que corri o dia inteiro e não cheguei a lado nenhum. Hoje é feríado... tinha intenção de passar um dia calmo com a minha família... Na prática? Atendi o primeiro telefonema profissional por volta das 11h, o último dos vários que entretanto atendi foi às 15h, já troquei mais de 10 emails... Resumindo: estou a ignorar a minha família para poder trabalhar durante um feriado, numa semana de férias que cancelei. Algo está errado: eu! Ainda não descobri/decidi o que vou fazer em relação a isto, mas alguma coisa vou certamente ter de fazer... ai isso vou!

terça-feira, outubro 18, 2011

Walking Dead...

The Walking Dead é a série que recomeçou recentemente com a segunda temporada, e que mais uma vez me capturou a atenção. Confesso ser daqueles que têm fascínio por séries e filmes apocalípticos, mas cada vez tenho mais dificuldade em impressionar-me com os mesmos. Em primeiro lugar porque a cada dia que passa o apocalipse parece mais uma realidade, e todos sabemos que a realidade não vende muito em termos televisivos (tirando a rapaziada que gosta de assistir à vida em comum de seres inertes fechados durante alguns meses num espaço partilhado). Logo, quando a ficção de aproxima da realidade, a coisa perde um bocado o sentido. No que diz respeito a filmes e séries de tripalhada e zombies, também me parece que cada vez estamos mais próximos de um cenário real repleto de mortos vivos. Vejo todos os dias zombies a passear nos átrios e elevadores por onde passo, com uma expressão sem vida no rosto. Os locais onde vou também parecem mais vazios, o que me leva a crer que os zombies se andam efectivamente a alimentar dos humanos (que consequentemente são cada vez menos). Noutros tempos se me falassem em levar uma dentada pensaria em algo como assédio sexual. Agora já não tenho tanta certeza que seja o caso, pelo que se o hálito do espécime não estiver lá muito católico, o melhor é fugir... não vá andar algum zombie a querer fazer de mim um deles!

terça-feira, outubro 11, 2011

Uma Grande Mais Valia

Por vezes fazemos coisas que se revelam uma grande mais valia... mais valia estarmos quietinhos! Foi o meu caso, quando tive a seguinte ideia brilhante. Tinha para aqui a rebolar por casa uns "tarecos" tecnológicos que, não estando a ser utilizados para nada, poderiam render uns trocos quando colocados à venda na net. Arrebanhei os ditos tarecos, e para dois ou três tive uma ideia genial: vou colocá-los à venda num site de leilões (o eleito foi o miau.pt) e coloco a base de licitação em 1 euro para ver o que dá. Dois destes tarecos eram simplesmente duas máquinas fotográficas digitais (uma Mustek D30 e uma Olympus C150). Nada de especial, mas também nada de se deitar fora. Tudo impecável, na caixa, com todos os respectivos acessórios. Até aqui tudo OK. Pouco tempo após colocar os anúncios começaram logo a ser visualizados por muita malta. Até aqui também tudo OK. Logo no início do leilão foi feita uma licitação pelo valor mínimo. Até aqui tudo OK. O que não foi muito OK foi que passado o prazo limite do leilão, essa foi a única licitação para cada um dos artigos... pelo mesmo comprador! Isto é, um senhor qualquer comprou duas máquinas digitais impecáveis pela módica quantia de... 2 euros! Entretanto e findo o negócio, entramos em contacto, e o senhor pede imensas desculpas por não ter reparado que eu só me disponibilizava para entregar em mão na zona de Lisboa... sendo que o dito morava no Porto! Ah e tal, não se importava de enviar por correio? Enquanto deitava fumo do cérebro lá acedi e fui ver quanto custava enviar a tralha pelos CTT. O preço calculado foi de cerca de 6 euros!!! (3 vezes mais que o custo dos artigos). Pedi que fizesse a transferência e confirmasse a mesma antes de enviar os artigos... para que eu pudesse ter o trabalho e incómodo de me deslocar aos CTT para o efeito. Resumindo... os dois euros mais difíceis de ganhar que já tive! Que grande mais valia!

segunda-feira, outubro 10, 2011

O Toque de Midas

E se um dia um estranho lhe oferecer um paquímetro debaixo do capô... isso é MIDAS! Aquilo que inicialmente era uma simples mudança de óleo (coisa para demorar meia hora), foi o entretenimento de uma manha inteira para um mecânico da MIDAS. Quando após aguardar o contacto que nunca mais chegava me decidi ir ter à oficina para buscar o meu carrito, deparo-me com o pobre animal despojado das 4 rodas (e eu tinha quase a certeza que o tinha deixado intacto para mudar o óleo). Pergunta parva: "ó amigo, porque é que desmontaram as rodas do carro?". Resposta idiota: "porque fazemos sempre um diagnóstico para orçamentar a manutenção". Murmurar entre dentes: "mas eu queria mudar o óleo...". Resultado final, um orçamento de cerca de 500 euros, porque as pastilhas estavam no ir e os pneus tinham ido muito tempo... ou seja, um orçamento que foi direitinho para o lixo. Mas apesar de tudo não me posso queixar, porque os senhores da Midas são uns queridos e inclusivamente oferecem brindes aos clientes. No meu caso, na tarde do mesmo dia olhei de relance para a frente do carro e pareceu-me ter o capô empenado. Quando abri o capô descobri o motivo: um paquímetro daqueles usados no alinhamento de direcção entalado no apoio lateral do capô! Podia-se dar o caso de nesse mesmo dia ainda ter a oportunidade de procurar os meus dentinhos no meio dos destroços do carro, logo após o instrumento cair no motor em funcionamento, mas felizmente não foi o caso. Mais tarde recebi a seguinte SMS da Midas: "A MIDAS agradece a sua preferência! Para qualquer esclarecimento adicional sobre a sua visita, não hesite em contactar-nos". Estou a pensar enviar para um mail a perguntar se querem o paquímetro de volta. Talvez façam um desconto no orçamento de 500 euros...

sábado, outubro 08, 2011

A Evolução Mecânica

E tudo começou mais ou menos assim, mas em azul (duas vezes):


Alguns anos mais tarde, chegou a vez de regressar às duas rodas, assim:


Depois do regresso, ficou a vontade de algo mais, então tratei disto:


Experimentei isto:


E isto:


Mas acabei por comprar isto:


Como diz um amigo meu, moto escreve-se com H...

terça-feira, setembro 06, 2011

Legacy

Passado muito tempo do seu lançamento, finalmente vi Tron Legacy. E sinto que tenho de ver outra vez (possivelmente em HD)! O filme todo é espectacular, e nem a versão "digital" do Jeff Bridges da década de 80 soa a falso, mas sim a um quase intencional. O conceito da sequela foi muito bem esgalhado, os efeitos especiais e a fotografia são simplesmente fenomenais e a banda sonora é magnífica (Daft Punk rules)! Estava a precisar de ver um filme destes para mudar o meu estado de espírito (ainda que tenha sido interrompido cerca de 3 vezes com as insónias de um puto reguila), como tal, recomendo vivamente. Ah, e para quem não viu o primeiro, sugiro respeitinho e toca a escavar no baú do cinema à procura do VHS. Se tivesse que descrever este filme em duas palavras, seriam algo como: "nostalgia futurista".

domingo, setembro 04, 2011

3 Meses

Passaram 3 meses desde a última vez que escrevi. Se esta frase se assemelha ao início de discurso de um alcoólico numa reunião dos AA, esta comparação não está muito distante da verdade. E a verdade é que muita coisa se tem passado, e o somatório do tempo livre e da boa disposição não tem sido dos mais capazes. Coisas complicadas têm acontecido, misturadas com outras boas, como habitual receita de vida da maioria das pessoas, das quais não sou diferente. Ainda assim tenho feito um exercício pessoal em termos do estado de espírito com que alcanço o final de cada dia, e a coisa tem corrido mais ou menos. Quem sabe volte a ter a frequência e assiduidade de outrora por aqui, já que tal como os AA, também sofro de ressaca se passar muito tempo sem escrever. Mas ao contrário de quem tem uma recaída por um copo de qualquer coisa forte, o regresso à escrita é um prazer sem pecado. E sabe muito melhor do que passar um serão sentado em frente à televisão por achar que estou demasiado cansado para fazer o que quer que seja. Apesar de as férias deste ano (que já gozei) terem sido excelentes, não foram propriamente o protótipo acabado do "descanso", já que tal foi coisa que não tive. Dita a logística dos tempos actuais que assim seja, mas tenho esperança que o futuro se encarregue de repor alguma normalidade. Mas como já chega de lamurias, venho assim (mais uma vez) assinalar o meu regresso à escrita. Fiquei traumatizado quando, no meu aniversário, ao receber a tradicional versão impressa do último ano de posts, em vez do habitual "livro" recebi uma espécie de fascículo de banda desenhada... Está na hora de voltar às grandes publicações, novamente!

sexta-feira, maio 13, 2011

Pentelhos Encravados

Hoje tivemos mais um exemplo do nobreza da classe política em Portugal. Mais um atrasado mental mascarado de personalidade relevante para a sociedade política nacional, que conseguiu ter uma saída brilhante em plena entrevista televisiva, mostrando que nem sequer tem nem o discernimento necessário para distinguir o que pode e deve ser dito em público, daquilo que brota involuntariamente da boca para fora durante uma conversa de café, sem se pensar muito no assunto. Desta feita foi a vez de Eduardo Catroga, que sem se saber muito bem como nem porquê, a determinada altura assumiu um papel de relevo para a economia do país. E o que é que uma figura de destaque como esta tem a dizer em época de crise - vá-se lá perceber porquê - financeira? "Está na altura de deixar de discutir PENTELHOS!". Brilhante... e brejeirice aparte, uma afirmação sem dúvida muito atempada (acho que ainda não estamos na bancarrota). Se há pessoas que gostam muitas vezes de assistir a esta característica habitualmente adjectivada de "popularismo", eu gostaria de poder ver em algum político a capacidade de se focar com seriedade no que é realmente importante, fazendo-o da forma correcta, sem recorrer a truques e artifícios para desviar a atenção dos problemas, com as palavras mal escolhidas que se atiram tão facilmente como se armas de arremesso fossem. Acreditem que os suficientemente letrados ou não analfabetos como eu percebem na mesma, se não incluírem nas "merdas" que "cagam" da boca para fora como se de "diarreia" a escorrer do "cú" se tratasse, palavras como "pentelhos", "colhões" ou "conas". O princípio é mais ou menos o das conversas das crianças: tudo o que tem asneirada pelo meio, tem mais piada, com a atenuante que normalmente as asneiradas são um pouco mais suaves... e os políticos já não conseguem ter piada. Por isso mesmo, até nem estranho, mas consigo ainda assim continuar a ficar desiludido, porque nem a maior e mais grave crise dos últimos tempos, que supostamente todos nós atravessamos consegue colocar um laivo de seriedade naqueles que mais sérios deveriam ser... ou estar. Alguém que nos livre destes "pentelhos encravados"!

segunda-feira, maio 02, 2011

Mortos Mas Pouco

Quando Hitler morreu, não foi possível obter uma única prova concreta e inequívoca de que tal tinha acontecido. Supostamente ter-se-á suicidado... duas vezes! Por envenenamento e arma de fogo (não fosse o veneno estar fora de validade). Outras teorias ditam que terá ficado soterrado nos escombros resultantes da explosão que teve lugar no seu bunker. Passados tantos anos acompanhados de ausência de provas concretas, há quem acredite até hoje que tenha sobrevivido e passado o resto dos anos da sua vida escondido confortavelmente em algum lado. Mais recentemente Saddam Hussein, procurado durante anos, terá sido executado por enforcamento uma vez encontrado. Uma vez mais, em pleno século XXI no pico de uma era tecnológica, as provas que ficaram do sucedido foram umas filmagens pixelizadas de um telemóvel merdoso utilizado como câmara de filmar na solene ocasião. E nem depois disso uma fotografia ou qualquer outra prova concreta e inequívoca de que o velho tinha esticado o pernil. Hoje, supostamente, morreu Bin Laden. Aparentemente a localização do homem mais procurado pelos EUA era conhecida desde Agosto do ano anterior, mas hoje é que dava jeito bombardear o estaminé (certamente devia estar céu limpo ou algo do género). E uma vez mais, no ano de 2011, com toda a tecnologia disponível, com todos os meios de informação ávidos de provas do sucedido, o que sai para a net é uma fotomontagem de uma imagem com 2 anos misturada com partes do rosto do Osama. E para ajudar à festa, o funeral do homem é no mar, em local indeterminado, contra todas as regras sagradas do Islão. E depois os EUA vêm logo a correr muito dizer que fizeram análises de ADN que mostram 100% de compatibilidade com a família! Não sou muito de teorias da conspiração, mas porra! Alguém que faça o favor de ir rapar os ossos destes animais só para termos a certeza que está tudo a fazer tijolo! Ou pelo menos ofereçam umas máquinas fotográficas descartáveis aos carrascos e militares! Cá para mim esta rapaziada está numa casinha nos alpes suíços, com o avozinho Adolfo a servir um cházinho de ervas em chávena de ouro ao Hussein e ao Bin...

segunda-feira, abril 25, 2011

Um Lello Foleiro no 25 de Abril

"Este presidente é mesmo foleiro. Nem sequer convidou os deputados para a cerimónia do 25 Abril". Foram estas as palavras de José Lello, dirigente nacional do PS, deputado e presidente da administração da Assembleia da República, na sua página pessoal do Facebook. É triste pensar que a data cuja comemoração deu origem a um infeliz comentário deste Lello, foi a mesma que permitiu que este Lello o fizesse, passados 37 anos. Na minha opinião pessoal, o evento até teve convidados a mais. Ainda assim foi com prazer que vi esses convidados saírem do palácio de Belém uma vez terminados os discursos, poupando-nos a pagar uma grande almoçarada a alguns desperdícios de oxigénio que por lá circulavam. Gostei em geral dos discursos do actual e anteriores PR, e acho louvável a mensagem que pessoas como o Jorge Sampaio tentam fazer passar no sentido de levar as pessoas a tomarem o seu destino nas próprias mãos, a terem um maior envolvimento na vida política do país e a não ficarem confortavelmente sentados a ver televisão sempre que o momento é o certo. Espero que em Junho as pessoas se levantem e não assistam às eleições como se fossem apenas mais um aborrecimento nacional que impede a televisão de passar programas mais interessantes. Espero que em Junho as pessoas façam valer um direito que tanto custou a ganhar e que agora é desperdiçado de forma banal e despreocupada. Espero que com este direito que nos assiste a todos, consigamos num futuro próximo ter uma classe política isenta de Lellos que chamam foleiro ao representante máximo de uma nação, ao representante de todos nós, e que se calhar não é o "foleiro" no meio disto tudo. Ainda que a liberdade nos permita dizer tudo, a consciência e o respeito devem ter um papel relevante no que efectivamente dizemos. Espero sinceramente que o Sr. Lello perceba a diferença entre palavras proferidas por um suposto líder político e a letra de uma das suas músicas d' Os Titãs.

terça-feira, abril 12, 2011

Alvo em Movimento

Nas últimas semanas e após um Inverno que conseguiu ultrapassar as expectativas de qualquer um, finalmente o bom... err... razoável tempo parece ter chegado. Para quem se desloca em duas rodas para o trabalho (ainda que sem pedais envolvidos no processo) é uma boa notícia. No entanto, a má notícia é que a malta que se desloca em quatro também ganha mais liberdade. E a liberdade a que me refiro, tem a ver com abrir a janela do carro... sendo que abrir a janela do carro, ocasionalmente, pode ter um motivo... sendo que esse motivo ocasional pode muito bem ser mandar uma escarradela borda fora! Ora sabendo que a malta das duas rodas (leia-se neste caso eu) tem a tendência para ignorar toda e qualquer existência de trânsito condicionado, sendo forçada a utilizar as alternativas possíveis (faixa contrária/berma), estamos perante uma situação pura de alvos em movimento. Se muitas vezes em situações de perigo as pessoas vêm passar a vida à sua frente, na situação de perigo que vivi ainda esta semana, não vi nada mais do que uma "verdinha" a passar a poucos centímetros da viseira do meu capacete. Tenho impressão que se tivesse casca, era um ovo, e dos bem cozidos! Capaz de me lascar a pintura! Nunca consegui perceber o que motiva este tipo de função corporal, nem o que leva alguém a um acto tão elegante como cuspir no meio da rua, o que só contribuiu para a minha irritação. Neste caso, o "agressor" pediu imensa desculpa, o que de alguma forma colocou um travão à biqueirada que se dirigia à porta da sua viatura, mas o trauma causado pela imagem da libertação de muco voadora produzida pela dita aventesma, esse já ninguém mo tira...

segunda-feira, abril 11, 2011

A Nobreza do Animal

Correndo o risco de me tornar o autor de um blogue maioritariamente reaccionário, não consigo evitar escrever sobre alguns temas que, ainda podendo não ser o ponto chave da actualidade, ecoam na minha cabeça de forma diferente. Hoje foi o caso da candidatura de Fernando Nobre (ex-candidato "apartidário" à presidência da República) à presidência da Assembleia da República... pelo PSD! Ao contrário dos ainda muitos apoiantes que o senhor teve aqui há uns meses, sempre achei que a sua linha de discurso tinha o seu quê de senilidade ali pelo meio, e como nunca gostei muito de caducos no poder, achei que devia aplicar o meu voto de forma mais útil. O nível de atrofia cerebral do senhor ficou provado recentemente quando resolveu avançar com esta nova candidatura, conseguindo assim saltar em pouco tempo de um extremo para o outro em termos de ideologia política (e - espero eu - perder toda a credibilidade que poderia ainda ter). Sinceramente, o senhor já não tem propriamente idade para "boy", por isso o melhor é ir procurar um "job" para outro lado. A importância deste senhor para a vida activa política nacional é basicamente zero, mas ainda assim importa referi-lo como exemplo de uma classe social que pensa em primeiro lugar no seu umbigo e em segundo lugar eventualmente no buraco que tem no cu. Só muito depois da sua própria fisiologia anal poderá eventualmente esta classe contemplar o país cujos interesses tem obrigação de defender em primeiro lugar. O mesmo se aplica à estratégia que todos os próximos futuros líderes do PS estão a aplicar neste momento, esperando que estrategicamente um engenheiro que nunca o foi possa ser eleito secretário geral de um partido que vai perder as eleições, para só depois, mediante a sua derrota, aparecerem da penumbra e terem assim hipóteses de serem considerados o próximo delfim. Regra geral não costumo praguejar, mas puta que os pariu a todos e mais os seus estratagemas que proliferam em época de crise mais do que nunca, e que só visam chupar até ao tutano aquilo que por muito se esprema já não geme nada... nós!

domingo, abril 03, 2011

Deixar de Sonhar

Li hoje uma notícia bastante deprimente, em que era reportada a forma como vivem actualmente os gregos e irlandeses, após a intervenção do FMI. Desemprego em taxas recorde, reduções de ordenados em 30% e mais, tristeza generalizada, pessimismo, fim dos sonhos... Nada ficou resolvido com a dita intervenção, muito pelo contrário, e entretanto as pessoas fazem aquilo que podem para sobreviver, sujeitando-se a praticamente tudo o que for necessário. É algo que me preocupa, porque infelizmente penso que não temos forma de escapar ao mesmo destino. Um dos irlandeses entrevistados referiu até que neste momento Portugal evidencia todos os sintomas dos países que já tiveram esta intervenção: juros máximos, cortes nos ratings, queda do governo e a negação sucessiva sobre a necessidade de ajuda externa. Há uns tempos ouvi uma frase que não me sai da cabeça: "os nossos filhos não vão ter a mesma qualidade de vida que nós tivemos". Esta frase custa a ouvir e a digerir, sobretudo quando a cada dia que passa se transforma numa inevitabilidade. Custa lembrar que há algumas décadas atrás éramos pobres, mas pelo menos estávamos preparados para isso - o que não acontece agora. Não bastando o pessimismo e desconforto da leitura da referida notícia, fiquei completamente deprimido quando comecei a ler os comentários da mesma. Qual não é o meu espanto quando, das várias dezenas de mensagens que leitores deixaram em resposta a esta notícia, nenhuma era sobre a mesma, e todas eram sobre o jogo do Benfica-Porto e dos actos de vandalismo e violência em seu redor. Que povo é este que, face às dificuldades e preocupações que deveriam existir em relação ao futuro do país, se degladia por desporto!? Que país é este em que uma pessoa é capaz de praticamente matar outra por diferenças clubísticas ou divergências no trânsito, mas que tem as mais elevadas taxas de abstenção quando há eleições, e não faz mais do que chamar nomes ao primeiro ministro de um governo igual a tantos outros que o antecederam!? Se há algumas décadas atrás fomos pobres, hoje em dia somos muito mais... pobres de espírito. Aliás, retiro o que disse. Acho que não somos pobres. Somos miseráveis!

quinta-feira, março 24, 2011

Esp'er'mer os Tomates

Por muito científica que seja a descrição do avanço que vou comentar, tudo se resume a isto: cientistas de Yokohama (no país dos tsunamis e centrais nucleares com fuga de radiação) conseguiram fazer esperma a partir da pele dos tomates de um rato bébé. Em primeiro lugar, se os cientistas são de Yokohama, não deviam estar preocupados em fabricar melhores pneus? Em segundo lugar, será que a expressão "reproduzir-se como um rato" quer dizer na realidade "arrancar pele dos tomates e fazer esperma" (o que poderia dar origem a uma nova expressão como "esp'er'mer os tomates")? Em terceiro lugar, isto serve para quê? Se enviassem os milhões de dólares/euros ou até mesmo liras turcas, que certamente gastaram em investigação, para alimentar um daqueles países de terceiro mundo em que efectivamente todos se reproduzem como ratos, certamente haveria também milhões de voluntários a enviar esperma de volta (ainda que me recuse a imaginar a logística envolvida no processo). Além disso, porquê usar um rato bébé? Será que o líder deste projecto era algum português "casapiano", algum Doctor Bibi? A não ser que alguém consiga provar que a pele dos tomates de um rato velho não serve para esp'er'mer tão bem, penso que esta questão merece uma resposta científica. Além disso, novos e velhos devem ter direito a ver os seus tomates esp'er'midos de vez em quando, por isso e para além da questão científica julgo estarmos perante uma questão de direitos dos animais, inclusivé transponível quiçá para direitos humanos! Uma palavrinha a essa malta de Yokohama: cuidadinho, meus amigos! Vejam lá mas é se fabricam pneus em condições e deixem os tomates das ratazanas em paz!

Os Restantes Erros

Depois de comentar o erro de Sócrates, é difícil não comentar que no rescaldo do dia seguinte, tudo o resto também está errado. Temos um governo com um primeiro ministro demissionário, que apesar de não ter visto ainda a demissão aceite pelo presidente da república, se assume automaticamente como um governo em gestão. Temos um presidente da república que, devido à mui ocupada agenda - na qual tem de receber um cidadão brasileiro reformado da vida política e um membro da família real inglesa que nunca chegará a rei - só terá tempo para se manifestar sobre a demissão do governo para a semana que vem. Temos um governo em gestão, que ainda assim se reserva o direito de eventualmente e contra todos os árduos esforços que levou a cabo, poder requerer a intervenção do FMI. Temos o partido do governo, que ele próprio não teve coragem de apoiar o plano de estabilidade e crescimento apresentado pelo governo, mas que agora aponta o dedo a todos os outros como culpados pela crise política. Temos a nata da política da união europeia a dar palmadinhas nas costas ao Sócrates e a corroborar portanto que em Portugal habita uma corja de estúpidos e broncos que não percebem nada de política nem dos benefícios dos planos socialistas para o combate à crise. Temos uma oposição ao governo em gestão que, uma vez na posição de conseguir eventualmente chegar ao poder, avança com uma primeira medida de austeridade baseada no aumento de impostos (no mínimo original). Temos um líder do principal partido da oposição que mal sabe falar inglês (este foi só um aparte) e que esboça as suas ideias na publicação de um livro com umas sugestivas possíveis 365 medidas de combate à crise, ainda que segundo o próprio não concorde com algumas (???). Temos a ausência de um plano de estabilidade e crescimento alternativo, pela parte de quem se opôs ao plano que estava em cima da mesa. É neste tipo de aperto que penso em Deus, e rezo. Rezo muito. Meu Deus, por favor, manda um assassino profissional à terra para nos livrar de toda esta corja de bandidos e malfeitores, e coloca no poder um bronco qualquer desde que tenha tomates para fazer o que realmente é preciso fazer. Aliás, tomates não... colhões! Amén.

O Erro de Sócrates

Se Descartes cometeu um erro, Sócrates cometeu muitos mais. E independentemente de tudo o resto, sinceramente já estou farto, até porque errar (tanto) não me parece humano. O futuro não parece nem mais nem menos promissor com a queda de um governo, nas circunstâncias que hoje se apresentaram. Até porque o futuro próximo será ficarmos igualmente na merda, com políticos igualmente merdosos a dirigir o país de forma merdosa. O ping pong do centrão vai continuar sem maioria absoluta, o FMI vai tomar conta do país e vamos todos ficar com um andar novo, que é como quem diz lixados com F grande. Mas empalados de tão lixados que temos sido já todos andamos, por isso vale mais um empalamento pela parte de quem não seja tão fervorosamente adepto de boys e jobs, ou jobs for the boys, e que não tenha a pretensão de após uma intervenção política no país ter direito a ser gestor de uma empresa com participação pública. Por este e outros motivos semelhantes, se isto é o que é preciso para mudar alguma coisa, baixo já aqui e agora as calcinhas (ainda que preferisse não ter de o fazer). Quem deveria baixar as calcinhas não era eu, e provavelmente não seria o caríssimo leitor. O problema é que quem as devia baixar, muito provavelmente até iria gostar. Assim, venha o diabo e escolha (eu acho que já escolheu...). Resumindo, acabou-se a estabilidade que estavelmente nos estava a levar ao fundo, resta agora bater no fundo de forma instável, e ter esperança que uma qualquer bóia nos traga ao de cima. Infelizmente não estou numa noite de escrita com vertente optimista, por isso acho que vamos continuar a cheirar e provar do mesmo, mas nunca sem pisar!

sexta-feira, março 18, 2011

Tuga Taxi Driver

ATENÇÃO: a história que passo a relatar é baseada em factos verídicos e toda e qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência (até porque eu estava lá, e vi e ouvi - e não me consigo esquecer)!

Durante a semana que passou, enquanto tinha a viatura na revisão, vi-me forçado a andar de táxi numa ocasião. Saí do trabalho e lá estava um bom e velho fogareiro estacionado mesmo em frente. Entrei no carro e começaram os 10 minutos mais longos da minha vida...

(para melhor perceber o nível traumático dos acontecimentos, por favor imaginar a minha pessoa encolhida no banco traseiro de um táxi e os diálogos do taxista com sotaque típico de Viseu)

Eu: Boa tarde. Quero ir para a Rua de Campolide, por favor.
Ele: (silêncio demasiado prolongado)

Eu: Sabe onde fica?
Ele: Então não havia de saber onde fica a Rua de Campolide!!! (roncos, enquanto arranca)

(alguns segundos de silêncio)

Ele: Ando com a minha cabeça feita em água!!! Achamos que só acontece aos outros... olhe, aconteceu-me a mim! A minha mulher desapareceu há 3 dias de casa.

(pausa enquanto penso se devo responder alguma coisa)
Eu: Eh lá... Isso é que é pior...

Ele: ... não sei se foi de eu lhe ter dado um "apertão"! Agora foi para aquilo do... como é que se chama... apoio à vítima! No outro dia até me vieram fazer umas perguntas por causa do que ela lhes disse! Tudo mentira!

(silêncio)

Ele: Disse-lhes que eu a tinha ameaçado com uma faca. Tudo mentira! A única coisa que eu lhe disse foi que se descobrisse que ela andava com outro homem, a rasgava de cima abaixo!!!

Ele: Mas eu acho que ela me meteu os cornos... com um motorista de carreira de longo curso que mora lá perto de casa! Pelo menos é o que a irmã diz... mas a irmã também é uma mentirosa!

Ele: Já viu!? Deixou-me a mim e ao filho... Eu que deixei a minha mulher e os meus filhos por causa dela, e agora faz-me isto!!!

Ele: E nós que nos dávamos tão bem sexualmente... Até foi por isso que deixei a minha mulher! Agora... de há dois anos para cá... parecia que estava a f%$er uma morta! Punha-me assim com a mão na cabeça - aqui o Sr. Taxista acompanhou a descrição com um gesto - e pimba, pimba...

Ele: Olhe... agora ando aqui a desabafar com os clientes. Ainda hoje andei a passear quatro turistas brasileiras... bem meiguinhas... até me deram beijinhos e tirámos umas fotografias. Até lhes ofereci a minha casa para ficarem! O que eu devia fazer era arranjar outra para f$%er!!!

Ele: Mas eu descubro onde ela está! Digo ao patrão que paro o carro 8 dias e encontro-a... este país é muito pequeno! E também descubro se anda com outro, que nós os homens gostamos muito de nos gabar do sexo, não é?
(aqui o Sr. Taxista olhou para mim, à espera de um olhar de aprovação)

Ele: Mas se eu a encontro, é uma desgraça... eu ando aqui com uma arma...
(pânico do passageiro - leia-se, eu - no banco traseiro da viatura)

Eu: Ó homem, veja lá, não se desgrace...
Ele: Pois... é só por causa do meu filho... já perdeu a mãe, depois perdia também o pai!

Eu: Pois, veja lá isso... e resolva as coisas com calma - disse eu, enquanto deixava uma gorjeta demasiado grande e abria a porta do carro para sair o mais rapidamente possível, evitando olhar para trás.

Sem comentários...

quinta-feira, março 10, 2011

Quando o Homem Vai à Luta...

Recentemente teve lugar o festival da canção de 2011. Escrevo festival e canção sem maiúsculas, porque ao longo dos anos consegui perder todo e qualquer interesse pelo evento, bem como - penso eu - a maioria das pessoas. Aquilo que era um acontecimento capaz de reunir toda a família em volta da televisão, na expectativa de ver a sua canção preferida ser eleita para nos representar internacionalmente, tornou-se uma banalidade e um desfile de canções ocas, idiotas, incipientes, interpretadas por quem se der ao trabalho de o fazer, escritas pelos pseudo-intelectuais do panorama nacional e apadrinhadas por sabe-se lá quem para conseguir chegar a lado nenhum. Este ano houve uma diferença: pelo meio dos artistas cinzentos apareceram uns cromos às cores, com um discurso em vez de canção. Surpresa das surpresas: ganharam. E ganhariam outra vez e quantas vezes fossem precisas, pelo menos no presente e no futuro que se avizinha. Independentemente do maior ou menor mérito que cada um de nós possa individualmente dar a estes "Homens da Luta", para já tenho de concordar que fazem falta. São uns cromos, sim senhor, mas uns cromos que nos (portugueses nos quais me incluo) tentam espicaçar, ainda que utilizando apenas palavras. Contra mim falo, mas penso que enquanto povo nos falta uma pitada de loucura. Precisamos de mais radicalismo na nossa vida... precisamos de um "sniper" que suba para cima de um telhado e abata um político corrupto, em vez de um batalhão de gordos iletrados desocupados que espera 5 horas para poder chamar filho da puta durante 12 segundos a um treinador de futebol derrotado que chega ao aeroporto. Não concordo com jornalistas (ex.: o MST com quem costumo concordar), que julgam má ideia ter este grupo a representar-nos na Alemanha, com um discurso de revolta, pelo facto de estarmos a pedir umas esmolinhas a esse mesmo país. Não concordo que temos de continuar cinzentos como as músicas do costume, à espera que o FMI nos salve dando cabo de nós. Não concordo com os que opinam que o problema de Portugal é que quem elege os políticos não são aqueles que lêem os jornais, mas sim os que limpam o rabo com eles. Sinceramente não sei com quem poderemos contar no futuro, mas começo a pensar que vale mais dar atenção a um punhado de alucinados do que a um batalhão de incompetentes, nem que seja para ouvir (e dar) um grito de liberdade.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Um Remador A+

Uma das coisas que é inevitável quando estamos inseridos no mundo profissional, é sermos avaliados por quem nos rodeia. Seja uma avaliação feita de forma construtiva/destrutiva, formal/informal, pela parte da chefia ou de colegas, inevitavelmente acaba por acontecer. Muitas vezes sentimo-nos justamente recompensados ou... completamente desconsiderados. Muitas vezes simplesmente sofremos com as injustiças que vemos à nossa volta. Queria hoje fazer referência, não a mim, mas a alguém que costuma estar por perto e a quem não foi dado o devido valor. Queria fazer referência a quem merece reverência, quer por ser honesto, justo, amigo e sobretudo no contexto que se apresenta, um excelente profissional. Queria fazer referência a quem me ensinou muito e fez de mim uma pessoa melhor a vários níveis... a pessoa que sou hoje. É por isso que, para além de dizer que uma avaliação fraca para este colega e amigo é claramente um disparate, como os americanos costumam dizer, "by my book", o mínimo seria um A+! De certeza que no futuro verei este engano ser corrigido, porque nada mais pode ser que isso... um engano. E espero sinceramente que perante (mais uma) adversidade, este remador consiga superar as correntes contrárias e leve a bom porto a sua embarcação. No que depender de mim, estarei a remar a seu lado até ao fim.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Ser Transparente...

É-me hoje completamente inevitável falar na velhinha que foi encontrada morta na sua casa, 9 anos após ter falecido. É difícil e triste imaginar a solidão que alguém pode experimentar, ao ponto de durante 9 anos ninguém fazer nada de muito concreto para ter notícias ou saber dessa pessoa. É inacreditável que conhecidos e família pouco tenham feito (apesar das relatadas tentativas de envolver a GNR, PSP e PJ) para efectivamente descobrir o que teria sido feito da senhora. Muitas vezes desejamos ter isto e aquilo, ou fazer isto e aquilo na nossa vida. Acho que neste momento só posso desejar não viver nem sentir a solidão que esta senhora terá sentido enquanto ainda estava entre nós. Adicionalmente e como sempre, a intervenção do estado, por mais macabra ou dramática que seja a situação, tem sempre o seu quê de ridículo. Isto porque o facto de a senhora ter deixado de levantar os cheques da sua reforma, não foi motivo de suspeita. Por outro lado o facto de a sua casa ter sido penhorada pelas finanças devido a dívidas acumuladas, foi o que finalmente permitiu que a senhora fosse encontrada, quando a sua casa foi arrombada já na presença da nova proprietária. Não me considero muito supersticioso ou crente, mas imaginar a solidão e infelicidade que já teria habitado aquela casa, rapidamente desistiria da ideia de por lá morar...

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

A Invenção da Mentira

Tropecei hoje num filme que tinha para aqui escondido, cujo título não me dizia nada... Apesar de ser fã de Ricky Gervais, não fazia ideia que este ("The Invention of Lying") era um dos filmes dele (e não só, já que está repleto de actores conhecidos). Basicamente é uma comédia improvável com um toque dramático, como só ele consegue fazer. O mais interessante no filme, que me leva a comentar por aqui, é mesmo o tema. Imaginem o seguinte: vivem num mundo onde ninguém consegue dizer uma mentira, e basicamente "despeja" tudo o que passa pela cabeça, sem aquele "filtro" do socialmente correcto a que já estamos habituados. Se conseguiram imaginar uma breve aproximação do que acabei de descrever, imaginem agora que alguém que vive neste mundo consegue vencer essa barreira, e subitamente começa a mentir! Tal como se costuma dizer, em terra de cego quem tem olho é rei e... neste caso, o céu parece ser o limite. O que me fascinou no filme foi a simplicidade e profundidade da história, e foi pensar no que seria viver num mundo destes, sem mentirinhas piedosas e sem falsidades maldosas. O bom e o mau que daí poderia advir é, por muito que me esforce, impensável. Ainda assim, o "e se" não me sai da cabeça. E se de manhã alguém nos lança um "tudo bem" e começamos a despejar as nossas desventuras, traumas, receios... e se alguém nos pergunta o que achamos dessa pessoa, e temos de responder com a mais franca das verdades... e se alguém nos questiona sobre os nossos pensamentos e não podemos esconder nada... mesmo nada? O que é um facto é que, por muito sinceros que sejamos, todos praticamos a pequena mentirinha... a mentirinha piedosa, ocasionalmente (e ter de admitir isso mesmo é duro, muito duro). Mas acredito também que, tal como o filme mostra, não o poder fazer não seria propriamente uma solução melhor! Assim, só me resta assumir como pequeno aldrabão que sou, apesar de me considerar no geral uma pessoa franca e honesta! Enfim, agora que o meu cérebro está mais ou menos em curto circuito acho que o melhor é mesmo ir deitar-me e dormir sobre o assunto. Amanhã certamente terei oportunidade de praticar muitas pequenas tretas, ou eventualmente ter a oportunidade de disparar algumas grandes verdades. Apesar de tudo a última hipótese dá-me mais gozo do que a anterior!

domingo, fevereiro 06, 2011

A Vida Pode Ser Bela

Depois de andar meses e meses a conduzir um dos piores do mundo, chegou finalmente a vez de tirar a barriguinha de misérias, ainda que por escassos minutos. Pelo menos só algo do género me faria levantar tão cedo a um domingo de manhã! E lá fui eu com o meu amigo PO em direcção ao Autódromo Fernanda Pires da Silva (vulgo circuito do estoril) para encher o olho de Ferraris! Umas voltinhas de preparação num Evo, e toca a acelerar com um F430 (falhei o F458 por pouco...). Também por lá a dar umas voltinhas: um F450, dois Lamborghini Gallardo, um 911 GT3 e um KTM, para além de um Clio de competição com um grave problema de rateres... Estreias da minha parte: conduzir no circuito do Estoril e... claro... conduzir um Ferrari! Único problema: uma volta sabe a muito pouco, e tudo o que seja extra paga-se... e muito bem. Mas recomendo vivamente, porque de vez em quando é realmente necessário lembrarmo-nos que "a vida é bela" (ou pelo menos pode ser).

sábado, fevereiro 05, 2011

Expectativas

- Bom dia. Podemos fazer uma entrevista consigo?
- Sim, claro!
- Então quais as suas expectativas para esta reunião anual?
- Espero que seja tão boa ou melhor que a do ano anterior.
- OK. E... é a sua primeira vez?

E com esta rara demonstração de inteligência se abriram as hostilidades da já tradicional reunião anual do estaminé onde diariamente dou o litro, sendo que o evento do ano anterior era difícil de bater (um concerto de Xutos no Pavilhão Atlântico não é p'a qualquer um). Em ano de crise a expectativa era mesmo 0. Eu pelo menos não esperava mais do que a parte do blá-blá institucional sem a parte da diversão. A diversão foi sem dúvida mais reduzida, mas quem organizou merece pelo menos um prémio pelo esforço: um discurso de emoção e motivação da "Rosinha" Mota... um muito bem interpretado "Celebration" pelos 3 candidatos finalistas a "Ídolos" de Portugal (Martim, Sandra e Carolina - pela minha ordem de classificação), e para acabar em beleza antes dos morfes, uma actuação da Mariza. Para um sábado de "pseudo-trabalho", podia ter sido pior (até porque a companhia foi bastante boa)! Aguardo agora pelo fim da merda da crise, para ver se no ano que vem damos o salto em frente, e tal como sugeriu a entrevistadora da primeira parte do post, numa outra intervenção brilhante, temos direito a uma aparição dos U2!

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Remar, Remar...

Por mais que goste dos vários trabalhos que já tive e por onde passei, algo sempre me incomodou: o factor burocracia. Parece sempre que em qualquer local de trabalho, existem os que trabalham e os que atrapalham. Para algumas pessoas, simplificar é o mais natural, enquanto outras não conseguem passar 2 minutos sem ligar o "complicómetro". Basicamente e como diz o meu amigo PO, se pensarmos numa equipa de remadores, dá ideia que uns remam na direcção correcta e em sincronia, enquanto que outros remam na direcção oposta. Podiam apenas estar sossegadinhos para pelo menos não incomodar quem rema, mas não... remar ao contrário é mais forte que eles! Sinceramente, e continuando a analogia, só me apetece aviar esta rapaziada toda com um remo na cabeça! Infelizmente tal não é possível, e temos de aprender a coabitar com a malta da burocracia, da gordurinha extra, do complicómetro. E o mais triste é que muitos deles se sentem felizes quanto mais conseguem atrapalhar os outros, porque na cabeça destas pessoas, efectivamente nada é simples, e tudo carece de uma profunda (e de preferência prolongada) análise, daquelas que facilmente podem levar a que nada se faça e nada aconteça. Infelizmente hoje em dia o meu maior desafio diário em termos profissionais não é levar a cabo a tarefa A ou concluir com sucesso o projecto B, mas sim conseguir ultrapassar os obstáculos que os burocratas do trabalho inventam, tentando levar a bom porto alguma coisa daquilo que me proponho fazer. A diferença é que quando ultrapassamos um obstáculo real graças ao nosso esforço, sentimos uma grande realização profissional, enquanto que quando ultrapassamos um obstáculo burocrático dos que referi, para além de pensarmos que a seguir só poderá vir outro igual ou pior, sentimos apenas um vazio e uma grande frustração. E com este desabafo me fico.

terça-feira, janeiro 25, 2011

Presidenciais 2011

Ouvi hoje a notícia do pedido de desculpas do ministro da administração interna, relativamente ao sucedido no passado dia 23 de Janeiro, no âmbito das eleições presidenciais de 2011. Ouvi também a oposição pedir a sua demissão em consequência desse facto. Demissão? Uma pêra bem assente era o que ele merecia! Não sabem do que estou a falar? Passo a explicar o que me aconteceu: em virtude de ter feito há cerca de um ano o cartão do cidadão, e como resultado de ter mudado de residência, fiquei sem saber o meu novo número de eleitor. Sim, porque o novo e muito mais avançado documento de identificação substitui tudo e mais um par de botas incluindo o cartão de eleitor... mas sem o número de eleitor constar em lado nenhum! Como tal, antes de sair de casa para votar, fui à net, mais especificamente ao portal do eleitor. Uma vez que este não estava disponível, fui ao portal do recenseamento. Este já estava disponível... até fazer uma pesquisa com os meus dados e obter o resultado: "service unavailable". Calculei que se enviasse uma SMS para saber o número de eleitor, provavelmente chegaria a tempo... das próximas presidenciais. Resolvi então sair de casa e ir à luta pelo meu direito ao voto. Fui ao primeiro local com mesas de voto que encontrei, e procurei alguma pista que me indicasse onde obter a informação sobre a mesa de voto onde me devia dirigir. Nada. Fui então ao local onde votava habitualmente para tentar saber mais informações. Como não constava nas listas de eleitores, mandaram-me para a junta de freguesia. Na junta de freguesia, mandaram-me ir "pregar para outra freguesia", leia-se ir à freguesia do meu local de residência. Na junta de freguesia (a certa) descobri que padeciam do mesmo problema que eu tinha tido em casa, isto é, o sistema informático a partir do qual obtinham os números de eleitor estava indisponível. Milagrosamente o sistema recuperou enquanto estava por lá, o que permitiu que um senhor simpático me fornecesse, não um cartão de eleitor, mas um "post-it" de eleitor, onde escreveu com caligrafia razoável o meu número, mesa e local de voto (que por acaso era o primeiro local onde tinha parado após sair de casa). Tenho agora atracado ao meu moderno cartão do cidadão, um "post-it" de eleitor, que certamente dará muito jeito nas próximas eleições. E viva a tecnologia (e a democracia)!

sexta-feira, janeiro 21, 2011

35 Milhões Sobre Rodas

Numa época em que é absolutamente insuportável ver e ouvir um telejornal em que de tanta choraminguice acerca da crise que vivemos, até ficamos deprimidos... numa época em que mais do que nunca se pedem sacrifícios e aceitação pacífica da perda de qualidade de vida... numa época em que um cêntimo a mais é justificado como impossível... chegamos à conclusão que a igualdade que a democracia defende é mais igual para uns do que para outros. Da mesma forma que os cortes no vencimento dos funcionários públicos acabam por ser uma realidade aplicável apenas a meia dúzia de gatos pingados (já que dos ditos "funcionários públicos" são excluídos funcionários da CGD, magistrados, etc.), o corte da despesa pública demonstra ser também um unicórnio (isto é, não existe). Numa notícia publicada hoje no Sol, foi anunciada a abertura de concurso público para aquisição de 2655 veículos para o estado pela módica quantia de 35 milhões de euros. Será que o estado (escrevo com letra pequena intencionalmente, até porque não me considero parte dele) resolveu compensar os mais prejudicados com os cortes oferecendo-lhes uma viatura? Pela quantidade a adquirir é uma forte possibilidade. O mais engraçado é que hoje vi o telejornal, mas das várias lengalengas e choradinhos apresentados, este não foi um deles... e certamente mesmo que venha a ser, não passará de algo com a relevância de uma nota de rodapé. Mas enfim, temos aquilo que merecemos. E o que merecemos são notícias de primeira página com os tomates do Carlos Castro. Pelo menos o Carlos, ao contrário de muitos que por aí andam, ainda os tinha!

quinta-feira, janeiro 20, 2011

O Pior Carro do Mundo

As pessoas estão habituadas a debater várias vezes sobre aquilo que consideram ser "o melhor". A televisão A é melhor que a B... o livro C é melhor que o D... o carro E é melhor que o F. No entanto o "pior" poucas vezes é alvo de atenção, talvez pelo simples facto de ninguém querer descobrir que é o detentor do "pior" algo. Eu descobri pela primeira vez ser o detentor de um "pior". Neste caso, o pior carro do mundo. Foi ao mesmo tempo a minha primeira experiência de ver um sonho de puto tornar-se o pesadelo de um adulto: ter um jipe. Com algum esforço lá consegui comprar um, que não fosse demasiado velho, que fosse confortável o suficiente para um carro familiar e divertido QB para umas palhaçadas no meio do mato. Não podia ter comprado nada mais oposto ao pretendido. Em seis meses consegui ter de reparar um ar condicionado, um alternador, uma cabeça de motor partida, uma caixa de velocidades partida, um motor de arranque, 4 velas de incandescência, retentores, pneus, etc. etc. etc... O que significa que durante os ditos seis meses, consegui andar com o carro uns 3... O que significa que nem sequer oportunidade tive para me divertir como pretendia... O que significa que a única forma que tenho para descrever o facto de me ter livrado dele recentemente se resume a uma palavra: alívio. Amigos e amigas detentores/as de um "pior" algo, não desesperem. Se não se conseguirem livrar a bem do "pior" algo que tiverem, levem-no até à margem de um rio, e dêem-lhe um empurrãozinho (cheguei a pensar nisso)!