sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Um Remador A+

Uma das coisas que é inevitável quando estamos inseridos no mundo profissional, é sermos avaliados por quem nos rodeia. Seja uma avaliação feita de forma construtiva/destrutiva, formal/informal, pela parte da chefia ou de colegas, inevitavelmente acaba por acontecer. Muitas vezes sentimo-nos justamente recompensados ou... completamente desconsiderados. Muitas vezes simplesmente sofremos com as injustiças que vemos à nossa volta. Queria hoje fazer referência, não a mim, mas a alguém que costuma estar por perto e a quem não foi dado o devido valor. Queria fazer referência a quem merece reverência, quer por ser honesto, justo, amigo e sobretudo no contexto que se apresenta, um excelente profissional. Queria fazer referência a quem me ensinou muito e fez de mim uma pessoa melhor a vários níveis... a pessoa que sou hoje. É por isso que, para além de dizer que uma avaliação fraca para este colega e amigo é claramente um disparate, como os americanos costumam dizer, "by my book", o mínimo seria um A+! De certeza que no futuro verei este engano ser corrigido, porque nada mais pode ser que isso... um engano. E espero sinceramente que perante (mais uma) adversidade, este remador consiga superar as correntes contrárias e leve a bom porto a sua embarcação. No que depender de mim, estarei a remar a seu lado até ao fim.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Ser Transparente...

É-me hoje completamente inevitável falar na velhinha que foi encontrada morta na sua casa, 9 anos após ter falecido. É difícil e triste imaginar a solidão que alguém pode experimentar, ao ponto de durante 9 anos ninguém fazer nada de muito concreto para ter notícias ou saber dessa pessoa. É inacreditável que conhecidos e família pouco tenham feito (apesar das relatadas tentativas de envolver a GNR, PSP e PJ) para efectivamente descobrir o que teria sido feito da senhora. Muitas vezes desejamos ter isto e aquilo, ou fazer isto e aquilo na nossa vida. Acho que neste momento só posso desejar não viver nem sentir a solidão que esta senhora terá sentido enquanto ainda estava entre nós. Adicionalmente e como sempre, a intervenção do estado, por mais macabra ou dramática que seja a situação, tem sempre o seu quê de ridículo. Isto porque o facto de a senhora ter deixado de levantar os cheques da sua reforma, não foi motivo de suspeita. Por outro lado o facto de a sua casa ter sido penhorada pelas finanças devido a dívidas acumuladas, foi o que finalmente permitiu que a senhora fosse encontrada, quando a sua casa foi arrombada já na presença da nova proprietária. Não me considero muito supersticioso ou crente, mas imaginar a solidão e infelicidade que já teria habitado aquela casa, rapidamente desistiria da ideia de por lá morar...

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

A Invenção da Mentira

Tropecei hoje num filme que tinha para aqui escondido, cujo título não me dizia nada... Apesar de ser fã de Ricky Gervais, não fazia ideia que este ("The Invention of Lying") era um dos filmes dele (e não só, já que está repleto de actores conhecidos). Basicamente é uma comédia improvável com um toque dramático, como só ele consegue fazer. O mais interessante no filme, que me leva a comentar por aqui, é mesmo o tema. Imaginem o seguinte: vivem num mundo onde ninguém consegue dizer uma mentira, e basicamente "despeja" tudo o que passa pela cabeça, sem aquele "filtro" do socialmente correcto a que já estamos habituados. Se conseguiram imaginar uma breve aproximação do que acabei de descrever, imaginem agora que alguém que vive neste mundo consegue vencer essa barreira, e subitamente começa a mentir! Tal como se costuma dizer, em terra de cego quem tem olho é rei e... neste caso, o céu parece ser o limite. O que me fascinou no filme foi a simplicidade e profundidade da história, e foi pensar no que seria viver num mundo destes, sem mentirinhas piedosas e sem falsidades maldosas. O bom e o mau que daí poderia advir é, por muito que me esforce, impensável. Ainda assim, o "e se" não me sai da cabeça. E se de manhã alguém nos lança um "tudo bem" e começamos a despejar as nossas desventuras, traumas, receios... e se alguém nos pergunta o que achamos dessa pessoa, e temos de responder com a mais franca das verdades... e se alguém nos questiona sobre os nossos pensamentos e não podemos esconder nada... mesmo nada? O que é um facto é que, por muito sinceros que sejamos, todos praticamos a pequena mentirinha... a mentirinha piedosa, ocasionalmente (e ter de admitir isso mesmo é duro, muito duro). Mas acredito também que, tal como o filme mostra, não o poder fazer não seria propriamente uma solução melhor! Assim, só me resta assumir como pequeno aldrabão que sou, apesar de me considerar no geral uma pessoa franca e honesta! Enfim, agora que o meu cérebro está mais ou menos em curto circuito acho que o melhor é mesmo ir deitar-me e dormir sobre o assunto. Amanhã certamente terei oportunidade de praticar muitas pequenas tretas, ou eventualmente ter a oportunidade de disparar algumas grandes verdades. Apesar de tudo a última hipótese dá-me mais gozo do que a anterior!

domingo, fevereiro 06, 2011

A Vida Pode Ser Bela

Depois de andar meses e meses a conduzir um dos piores do mundo, chegou finalmente a vez de tirar a barriguinha de misérias, ainda que por escassos minutos. Pelo menos só algo do género me faria levantar tão cedo a um domingo de manhã! E lá fui eu com o meu amigo PO em direcção ao Autódromo Fernanda Pires da Silva (vulgo circuito do estoril) para encher o olho de Ferraris! Umas voltinhas de preparação num Evo, e toca a acelerar com um F430 (falhei o F458 por pouco...). Também por lá a dar umas voltinhas: um F450, dois Lamborghini Gallardo, um 911 GT3 e um KTM, para além de um Clio de competição com um grave problema de rateres... Estreias da minha parte: conduzir no circuito do Estoril e... claro... conduzir um Ferrari! Único problema: uma volta sabe a muito pouco, e tudo o que seja extra paga-se... e muito bem. Mas recomendo vivamente, porque de vez em quando é realmente necessário lembrarmo-nos que "a vida é bela" (ou pelo menos pode ser).

sábado, fevereiro 05, 2011

Expectativas

- Bom dia. Podemos fazer uma entrevista consigo?
- Sim, claro!
- Então quais as suas expectativas para esta reunião anual?
- Espero que seja tão boa ou melhor que a do ano anterior.
- OK. E... é a sua primeira vez?

E com esta rara demonstração de inteligência se abriram as hostilidades da já tradicional reunião anual do estaminé onde diariamente dou o litro, sendo que o evento do ano anterior era difícil de bater (um concerto de Xutos no Pavilhão Atlântico não é p'a qualquer um). Em ano de crise a expectativa era mesmo 0. Eu pelo menos não esperava mais do que a parte do blá-blá institucional sem a parte da diversão. A diversão foi sem dúvida mais reduzida, mas quem organizou merece pelo menos um prémio pelo esforço: um discurso de emoção e motivação da "Rosinha" Mota... um muito bem interpretado "Celebration" pelos 3 candidatos finalistas a "Ídolos" de Portugal (Martim, Sandra e Carolina - pela minha ordem de classificação), e para acabar em beleza antes dos morfes, uma actuação da Mariza. Para um sábado de "pseudo-trabalho", podia ter sido pior (até porque a companhia foi bastante boa)! Aguardo agora pelo fim da merda da crise, para ver se no ano que vem damos o salto em frente, e tal como sugeriu a entrevistadora da primeira parte do post, numa outra intervenção brilhante, temos direito a uma aparição dos U2!

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Remar, Remar...

Por mais que goste dos vários trabalhos que já tive e por onde passei, algo sempre me incomodou: o factor burocracia. Parece sempre que em qualquer local de trabalho, existem os que trabalham e os que atrapalham. Para algumas pessoas, simplificar é o mais natural, enquanto outras não conseguem passar 2 minutos sem ligar o "complicómetro". Basicamente e como diz o meu amigo PO, se pensarmos numa equipa de remadores, dá ideia que uns remam na direcção correcta e em sincronia, enquanto que outros remam na direcção oposta. Podiam apenas estar sossegadinhos para pelo menos não incomodar quem rema, mas não... remar ao contrário é mais forte que eles! Sinceramente, e continuando a analogia, só me apetece aviar esta rapaziada toda com um remo na cabeça! Infelizmente tal não é possível, e temos de aprender a coabitar com a malta da burocracia, da gordurinha extra, do complicómetro. E o mais triste é que muitos deles se sentem felizes quanto mais conseguem atrapalhar os outros, porque na cabeça destas pessoas, efectivamente nada é simples, e tudo carece de uma profunda (e de preferência prolongada) análise, daquelas que facilmente podem levar a que nada se faça e nada aconteça. Infelizmente hoje em dia o meu maior desafio diário em termos profissionais não é levar a cabo a tarefa A ou concluir com sucesso o projecto B, mas sim conseguir ultrapassar os obstáculos que os burocratas do trabalho inventam, tentando levar a bom porto alguma coisa daquilo que me proponho fazer. A diferença é que quando ultrapassamos um obstáculo real graças ao nosso esforço, sentimos uma grande realização profissional, enquanto que quando ultrapassamos um obstáculo burocrático dos que referi, para além de pensarmos que a seguir só poderá vir outro igual ou pior, sentimos apenas um vazio e uma grande frustração. E com este desabafo me fico.