terça-feira, outubro 10, 2023

Estacionamento e a Importância do Zen

Nos últimos anos tenho sempre tentado fazer pender a minha abordagem em relação a tudo na vida para o lado mais zen das coisas... infelizmente não sou perfeito e por vezes essa filosofia escapa-me e não resisto a ter uma ou outra reação mais cáustica. Na realidade acho até que me proporciona um certo equilíbrio mental, pelo que em bom rigor... está bem assim.

Ontem foi o caso, quando alguém resolveu estacionar o seu carro junto ao meu, assim...

Entendo que no mundo egocêntrico em que várias pessoas vivem, fazer este tipo de estacionamento, virar costas e ir à sua vida (enquanto fica também a tapar metade da entrada das instalações de uma instituição social), possa ser razoável. Para mim não foi e admito que me fez subir a temperatura do sangue meio grau.

Como não sou um tipo violento, decidi usar o intelecto. Redigi uma carta endereçada ao estimado proprietário da viatura reunindo o máximo de dados possíveis, incluindo o nome da companhia de seguros e o número de apólice associada à matrícula do carro, que rezava mais ou menos o seguinte texto:


 

Exmo. Sr.,
Proprietário da viatura Marca Modelo (matrícula 00-XX-00),

Na sequência de estacionamento do veículo supracitado, na Rua X, no dia 9/10/2023 durante o período da manhã, venho contactá-lo face aos estragos provocados na minha viatura.

Disponibilizo assim os meus contactos (nome e telemóvel) para que possamos falar pessoalmente e proceder ao respetivo preenchimento de declaração para efeitos de envio à companhia de seguros, a par das fotos que tirei da ocorrência.

Em alternativa e caso prefira não entrar em contacto comigo por algum motivo, poderei se preferir estabelecer contacto direto com a sua seguradora (Fidelidade – Companhia de Seguros, S.A.) fazendo alusão ao seu número de apólice (XXXXXXXXX) para este efeito. Deixo assim ao seu critério a forma como podemos proceder, ficando a aguardar o seu contacto.

Com os melhores cumprimentos...


Na realidade não havia qualquer dano visível no meu carro, mas ainda assim achei que não devia deixar o assunto morrer sem qualquer tipo de consequência. Imprimi, assinei a carta e, ao chegar a casa, procurei a viatura (que entretanto já tinha mudado de poiso) colocando a minha missiva no para-brisas. Nesse mesmo dia, recebi o contacto do proprietário que, cheio de razão pois não tinha feito nada de errado e era impossível eu ter qualquer tipo de estragos no carro porque nem sequer lhe tinha tocado, ainda assim se disponibilizou para falar comigo.

Veio ter comigo acompanhado por guarda-costas (a esposa) e entrou logo na conversa a pés juntos, dizendo que o que eu dizia era impossível e que não tinha sequer tocado no meu carro (apesar de pelos vistos saber claramente de qual carro se tratava). Deixei-o falar um pouco, mostrei-lhe a fotografia e perguntei se o conceito de "tocar" dele era diferente do meu. A esposa quando viu a foto fez cara de bufa, e o senhor engoliu em seco. Na fase seguinte baixou o tom, disse que não era necessário "aquela carta..." e começou a justificar-se dada a dificuldade de estacionamento na rua. Perguntei-lhe (enquanto morador da mesma rua) se se importava então que todos os dias fosse encostar o meu carro ao dele, uma vez que é extremamente difícil de estacionar. O tom foi baixando e depois de lhe explicar que não tinha qualquer dano no carro, que só tinha redigido a carta porque queria chegar à fala com ele e fazer ver que não era correta a situação, a conversa acabou com um pedido de desculpas, um "passou bem" e um "adeusinho Sr. Marco".

Moral da história: por muito bom que seja ser zen, às vezes também sabe bem ser cáustico...

domingo, setembro 17, 2023

Viagem Alternativa pelas Serras do Centro - Dia #3

Dia #3 - A sorte protege os audazes...

O terceiro e último dia ainda nos reservava um percurso interessante, que nos apresentava alguns quilómetros interessantes de passeio antes do regresso a casa.



Apesar de o dia ter amanhecido com o sol (quase) a brilhar...



... havia no entanto um conjunto de previsões pouco animadoras, como tal... houve quem achasse melhor desertar. Com base nestas perspetivas meteorológicas, o Velasquez e o Bosco decidiram assim comer a bucha matinal e fugir à chuva fazendo o percurso mais direto para casa. A brigada do reumático (leia-se eu e o Sat_on_fire) persistiu e insistiu em fazer o resto do percurso traçado até decidirmos que seria altura de deixar de o fazer.

Mais tarde e ao longo do dia provar-se-ia mais uma vez que a sorte protege os audazes, pelo que houve quem apanhasse molha a caminho de casa, mas não fui nem eu nem o Sat_on_fire...

A saída do Sabugal foi antecedida pelo abastecimento matinal e despedida da malta que iria regressar mais cedo a casa. Já de cafezinho tomado, apontámos o azimute em direção à Covilhã, observando as nuvens ameaçadoras que se iam formando em nosso redor... Mais próximo da Covilhã, apanhámos estrada molhada, mas nada de intempérie. A determinada altura, constatámos que literalmente estávamos a passar nos intervalos da chuva!



E assim foi. Seguimos em direção a Unhais da Serra onde, quando chegámos, fazia um lindo dia de sol.





O dia estava realmente bom, e aproveitámos para fazer a primeira hidratação do dia precisamente em Unhais da Serra, no bar Quiosque 3 (onde ainda que de forma meio inesperada, até deu para lavar as vistas).

Antes de seguir viagem, ocorreu-nos que na Ponte das Três Entradas um dos acessos estava cortado, o que nos poderia dar dores de cabeça para manter o percurso planeado. Optámos assim por fazer uma correção ao plano original, fazendo antes uma passagem pelo Piódão e retomando mais à frente o percurso traçado (o que se revelou uma excelente opção).

Seguimos assim em direção a Vide, virando depois em direção ao Piódão por um caminho que já merecia um tapete de alcatrão em condições (diz que é para o ano...).





Uma vez chegados ao Piódão, o Sat_on_fire decidiu fazer as compras turísticas de queijo, licor e mel, enquanto fazíamos nova reidratação. Eu fiquei-me pela cevada. No final ainda recebemos uns "tóclantes" para colar nas motas, coisa que naturalmente não fizemos. Acabámos as "mines" e seguimos viagem.



Depois de chegar ao alto da serra e já começando a descer em direção a Fajão, deu para perceber que tinha havido por ali temporal do bom, já que as estradas, apesar de secas, estavam cheias de lixo arrastado pela água das chuvas. Mais à frente a própria Ponte de Fajão estava completamente atascada de lama, que deu lugar à escassa meia dúzia de metros de TT de toda a viagem...



Entretanto chegámos a Fajão onde contávamos almoçar no Pascoal. No entanto o restaurante estava fechado, pelo que nos dirigimos ao local onde anteriormente ficava o restaurante (na altura chamado Juiz de Fajão), onde dá sempre para desenrascar algum petisco. Mais uma vez, a sorte continuava a proteger os audazes. Perguntando se dava para petiscar alguma coisa, foram-nos oferecidos uns bitoques, não sem antes degustar um queijinho com marmelada.





Não sendo a melhor, foi sem dúvida a refeição mais bem servida e mais económica da viagem, tendo sido atendidos com a boa vontade de quem tinha acabado de limpar a água e lama que inundaram o restaurante na noite anterior, ao ponto de rebentar com o quadro elétrico. Mais do que satisfeitos, agradecemos a refeição e o atendimento e seguimos viagem. Também a boa vontade do S. Pedro se continuava a fazer sentir, passando incólumes pelos intervalos da chuva. Era de aproveitar.

Rumámos em direção ao Casal da Lapa, virando depois em direção à Pampilhosa onde não chegaríamos a entrar. Subimos antes em direção ao Cabeço da Urra onde fizemos uma paragem no miradouro para apreciar aquela paisagem. Fiquei surpreendido com a plantação de ervideiros que ali nasceu... bom sinal para a produção de aguardente de medronho da região!





A paragem seguinte seria em mais um local da praxe... o velho café da Picha, onde hidratámos novamente e onde tive a oportunidade de constatar que já rodava praticamente com pneus slick. Para o que faltava do caminho, já não seria grande preocupação, até porque o tempo se mantinha seco à nossa frente. A borracha seria suficiente para ainda curtir nas curvinhas rápidas em direção a Vila de Rei.



A partir daí o objetivo seria chegar a casa, fazendo os últimos quilómetros do dia por AE. Abastecimento e despedida feita em Santarém e entrámos na A1 para o troço final. Conseguimos chegar ao fim do dia sem dar uso ao equipamento de chuva e com mais uma barrigada de quilómetros por boas estradas e locais.



Um grande bem haja aos meus companheiros de viagem, pela companhia, convívio e camaradagem em mais uma aventura assim a modos que improvisada, mas que permitiu o controlo de estragos pelo facto de não termos conseguido cumprir com o nosso plano original. Tal como costumo dizer, mais vale um mau dia de férias do que um bom dia de trabalho, assim como mais vale uma viagem modesta do que nenhuma viagem. E ficaram mais uns quilómetros de estrada (no meu caso cerca de 1200...) partilhados com algumas histórias contadas e outras para contar.



Venha a próxima (... que o plano original não ficou esquecido).




PS: a borracha acabou assim...

sábado, setembro 16, 2023

Viagem Alternativa pelas Serras do Centro - Dia #2

Dia #2 – Para trás mija a burra…

O segundo dia seria mais ambicioso em termos de rota traçada, pelo que todos concordámos começar bem cedo. O percurso seria mais uma vez feito por algumas das nossas estradas favoritas, já do lado espanhol, sendo que regressaríamos a Portugal antes do dia terminar.



Pelas 8h30 já estávamos prontos para o pequeno-almoço, com as burras a espreitar lá fora e a chamar por nós…



Sairíamos rapidamente de Manteigas após o abastecimento matinal, percorrendo a N18 em direção à Guarda e apreciando aquelas curvas largas com bom piso. Tomaríamos um último cafezinho antes de rumar em direção a Ciudad Rodrigo.



No mapa tínhamos traçado um pedaço de percurso pela A25, mas sendo pouco fãs de trajetos por autoestrada, optamos por fazer antes a N16, sendo que após uns primeiros quilómetros desinteressantes, se fizeram outros tantos de algum jeito. Rapidamente chegaríamos à próxima paragem já com as necessidades de hidratação do costume…



Em Ciudad Rodrigo havia uma certa confusão com a organização da feira anual do cavalo, estando algumas das ruas de acesso ao centro cortadas. No entanto, fomos por ali ficando na conversa da treta, até que eventualmente a vontade de petiscar alguma coisa e a perspetiva de poucas alternativas nos quilómetros seguintes nos levaram a procurar poiso para antecipar o almoço.

Acabámos por ir parar ao Méson La Paloma, restaurante onde já tinha tentado ir no passado sem nunca conseguir mesa. Mais uma vez os benefícios de viajar em alturas menos movimentadas. Desta vez um bom tinto da região (Cabras Pintas de 2018) pareceu satisfazer as exigentes papilas gustativas do Velasquez…



Mas nem só de comezaina vive o motociclista e uma vez degustados os nossos bifes de vaca, era tempo de seguir viagem até à próxima paragem. Até ao momento, S. Pedro mantinha-se do nosso lado, e apesar de umas nuvens ameaçadoras pelo caminho, conseguimos passar incólumes até à paragem seguinte no santuário de Nossa Senhora de Francia.



Mais uma vez, não andava ninguém por ali, pelo que aparcámos as burras onde quisemos e apreciámos as vistas o melhor que pudemos.



Aliás, a pouca companhia que tivemos foi cortesia de uma cabra montesa que vagueava livremente no interior do santuário e que nos fez companhia até ao miradouro de Santiago…



Quando entrei no miradouro, como que por magia tinha desaparecido… mas quando olhei para o lado, ficou o mistério explicado.



À saída do Santuário o nosso navegador de serviço achou que estávamos folgados em quilómetros a percorrer, e levou-nos por uma incursão serra abaixo… para o lado errado. Só nos apercebemos do erro em Monsagro… 15 kms depois. Se como diz o ditado, “para trás mija a burra”… no nosso caso para trás regressaram os burros, porque a alternativa não era viável.



Retomado o percurso planeado, era tempo de curtir mais uma barrigada de curvas. Depois de abastecermos seguimos caminho, passando por La Alberca e pelo “mini Stelvio” em Las Batuecas.



Por esta altura (e uma vez mais a meio de uma viagem) o meu pneu da frente entregou a alma ao criador… Ao contrário dos meus companheiros de viagem que calçaram todos sapatinhos novos nas suas meninas, eu levei os sapatos de sempre e, se por um lado fiquei satisfeito por finalmente acabar com eles (adquiri um ódio de estimação por aqueles PR4), por outro faltava-me fazer o resto da viagem e a perspetiva de rolar assim não era muito animadora. Ainda assim, não perdi o sono por causa disso.

Lá continuámos a bom ritmo e sempre com boa estradinha pela frente. A paragem seguinte foi em Pinofranqueado, numa esplanada catita do Hotel El Puente, que - admirem-se - fica junto a uma ponte, sobre o rio Los Angeles.

Enquanto o Velasquez fazia psicanálise às pastilhas da frente da sua menina, a RS do Bosco vinha tão emocionada com a viagem que até deu alguns sinais de incontinência…



Ainda havia alguns quilómetros pela frente, e Valverde del Fresno e Navasfrías esperavam por nós. Assim que entramos em Portugal, mais uma vez aquela sensação que por cá não se sabe fazer bom alcatrão… Seguimos em direção a Foios onde parámos no Ganguilhas para uma última reidratação antes de rumar ao destino final do dia.

Chegámos finalmente ao Sabugal, onde nos dirigimos à hospedaria Robalo. O atendimento ali não podia ter sido melhor. É o senhor que dá nome ao estabelecimento que faz a casa e colocou-nos totalmente à vontade, oferecendo-nos inclusive aparcamento privado para as motas e dando-nos indicações sobre onde jantar… nomeadamente no restaurante que também é seu!





Depois do momento Tom Cruise do dia, fomos instalar-nos nos respetivos alojamentos e saímos em busca do local da janta, leia-se, atravessámos a estrada. Saímos da hospedaria Robalo e entrámos no restaurante Robalo, onde se comem refeições confecionadas pelo Sr. Robalo, e onde fomos efetivamente muito bem servidos. O prato de eleição foi a costeleta de novilho, e houve algum cuidado com a escolha do vinho para não ofender as papilas gustativas do Velasquez.



A vida noturna do Sabugal não se adivinhava muito melhor que a de Manteigas, ainda assim lá demos com um bar onde deu para jogar mais uma matraquilhada e beber uns copos a acompanhar a conversa da treta.



Entretanto houve quem desertasse e os resistentes foram em busca de outro poiso, mas a oferta era escassa e pela primeira vez durante a viagem a chuva e trovoada davam um ar da sua graça, pelo que mais uma vez neste dia resolvemos arrepiar caminho e voltámos ao mesmo sítio onde começámos, para acabar a noite…



Muitas, mas mesmo muitas aldrabices de alta qualidade depois, era tempo de dar o dia por terminado, fazer a reza ao S. Pedro para nos viabilizar o dia seguinte (até então a sorte protegera-nos, mas a coisa não parecia famosa para o dia seguinte) e descansar umas horitas até lá.

sexta-feira, setembro 15, 2023

Viagem Alternativa pelas Serras do Centro - Dia #1

Dia #1 – Se a vida te dá limões, faz uma limonada…

Depois de algum tempo a planear em grupo uma viagem mais alargada, que obrigava a disponibilidade de alguns dias de férias e cuja rota já estava traçada com alojamentos marcados e tudo, eis senão quando as previsões de tempo mais negativas se confirmam junto à data prevista e nos obrigam a improvisar um pouco…

Havendo ainda a probabilidade de o mau tempo se manifestar, optámos por rumar mais ao centro em vez de ao sul, mantendo a ideia de rolar entre Portugal e Espanha, numa rota mais curtinha em distância e duração (apenas 3 dias em vez de 5) por locais familiares. Assim, se algo corresse menos de feição climatericamente, também o regresso antecipado seria mais fácil.

Tecidas estas considerações, traçou-se um novo percurso no mapa e fizeram-se as devidas reservas de alojamento. E toca a albardar as burras que era tempo de aproveitar aquilo que o S. Pedro permitisse e que 3 diazinhos na estrada nos pudessem oferecer. Este seria o primeiro, ainda que apenas pelo nosso “quintal”.



A partida foi na quarta-feira, dia 13. Eu, o Sat_on_fire e o Velasquez (a.k.a. núcleo “motorradiano” composto por duas “manas” R1200RS e uma S1000XR) seguiríamos de Lisboa, com ponto de encontro na estação de serviço de Aveiras. O Bosco (a.k.a. núcleo “avariliano” unipessoal com a sua RS660) viria do Porto, juntando-se a nós na Sertã. Saímos cedinho para aproveitar bem o dia e uma vez feita a primeira hidratação à base de cevada, acompanhada por uns rissóis de leitão, por volta das 10h já estávamos juntos e prontos a seguir viagem.



Saindo da Sertã, o percurso seria já bem conhecido de todos. Rumo a Oleiros, passando pelo Estreito e com paragem no Orvalho. O sol brilhava e claramente neste dia não S. Pedro não nos daria qualquer preocupação a ter com o mau tempo. Chegados a Orvalho, o calor até já se fazia sentir e bem, mas para mal dos nossos pecados o restaurante Pérola do Orvalho estava fechado e nas bombas não se vendiam minis. Não deixámos por isso arrefecer os pneus e seguimos viagem em direção à Pampilhosa da Serra.

Uma vez chegados à Pampilhosa, a sede tinha aumentado, por isso fomos diretamente para a esplanada da churrasqueira Arco Íris, onde fizemos mais uma hidratação bem merecida. O sossego na vila contrastava com a azáfama que ainda há poucas semanas se fazia sentir, entre as festas locais de verão e a concentração de Góis. Agora quase não se via vivalma na rua.

Hidratação concluída e não perdemos muito tempo a seguir viagem. Saímos da Pampilhosa na direção de Góis, não sem antes fazer uma paragem pelo caminho para saudar o nosso camarada Pedrosa…



Curvinhas para cá, curvinhas para lá, chegámos a Góis. Mais uma vez também ali o sossego contrastava com a azáfama recente. Ainda assim a dificuldade que adivinhávamos em arranjar poiso para almoçar não se confirmou. Já sabíamos de antemão que o Silvério estava fechado, mas mesmo ao lado o Alvaro estava a funcionar e bastou apenas aguardar um pouco enquanto reidratávamos na esplanada para nos arranjarem uma mesa onde iriamos degustar um empadão, o único prato do dia que restava, mas que até nos soube bem. Fizemos por não deixar o branquinho aquecer com o calor que se fazia sentir e uma vez concluída a refeição, ala que se faz tarde.

Seguimos por Arganil, Coja e Avô, até à passagem pela Ponte das Três Entradas, onde percebemos que havia um acesso cortado que nos poderia obrigar a replanear um passo da nossa viagem mais à frente, mas na altura não pensámos mais nisso. Pensámos sim em reidratar de novo e aproveitámos para a primeira matraquilhada da volta (onde as skills de uns contrastam invariavelmente com a inépcia de outros, leia-se… eu).



A fome ainda não era muita, mas a ideia de petiscar qualquer coisa na Torre já nos piscava o olho, por isso continuámos o nosso caminho pelas estradinhas do costume, já bem conhecidas e muito apreciadas (e percorridas como sempre em ritmo animado).

O tempo na Torre também estava cinco estrelas e mais uma vez não havia quase ninguém à vista. As vantagens de se viajar em dias que não há grande movimento. Batemos umas chapas das motas, para manter a tradição e fomos ver da bola. Infelizmente na loja dos enchidos serranos explicaram-nos que naquele dia não havia e deram-nos o contacto para avisar quando formos em dias menos movimentados que possam não ter para nos prepararem uma antecipadamente. No entanto, não morremos à fome por causa disso. A bela da sandocha com presunto e queijo acompanhada a tinto foi uma alternativa mais do que satisfatória para todos.



Já “lanchados” com direito a cafezinho e licor, o que restava da viagem eram meia dúzia de quilómetros até ao poiso do final do dia em Manteigas. Também em local onde alguns já tinham pernoitado e jantado no passado, mais especificamente no hotel Vale do Zêzere. Tínhamos a hora limite das 19h para fazer o check-in, o que cumprimos com facilidade.

Percebemos que o restaurante do hotel que conhecíamos e era bastante bom, entretanto tinha fechado permanentemente, pelo que após deixarmos as burras no estábulo e nos acomodarmos nos nossos alojamentos, começamos a ver de sítio para a ceia.

Entretanto o Velasquez, um dos gajos novos mais velhos que conheço, começava a acusar a intensidade de uma lesão que trazia consigo. Como a idade não perdoa (e não tendo nós levado “El Químico” connosco nesta viagem), fizemos uma paragem técnica numa farmácia para comprar um medicamento de efeito analgésico, preferencialmente daqueles cujo efeito não fosse cortado por bebidas de teor mais alcoólico.

Constatou-se que quem é feito para andar de mota, muitas vezes não é feito para andar a pé. Era o nosso caso e isso notou-se uma vez mais na “navegação”. Se bem me recordo, alguém disse à saída do hotel que a distância prevista até ao restaurante que escolhemos era de uns 500m, já ali… o que rapidamente se constatou serem quase 2 km a subir.



Deu para ganhar apetite, que saciaríamos no restaurante Central, a comer um naco com queijo da serra e a beber um belo tintinho, que obteve uma classificação por parte do Velasquez, digna de “bom para temperar bifanas”. Ele há públicos difíceis…

Depois de jantar, constatámos o óbvio. A vida noturna em Manteigas é assim a modos que para o “limitada”. Ainda assim logo por cima do restaurante havia um bar mais ou menos jeitoso, de seu nome (pretensioso) Granittus Caffe, que fica junto à (despretensiosa) Pensão Estrela, e que teria de servir o nosso propósito.



Foi aí que optámos por beber o nosso digestivo e continuar os intensos debates sobre temas diversos, variados, polémicos e relevantes da sociedade atual, sendo que a conclusão alcançada é que a postura ideal a ter nos dias que correm sobre a maioria dos assuntos se resume a dizer… safoda.

Uma vez assente este racional, fizemos mais uma incursão até ao outro bar de nome Casa da Árvore, onde se contaram mais umas aldrabices e no qual encerraríamos a noite com uns Hendricks, antes de regressar ao hotel. Demos as graças pela abébia que o tempo nos tinha dado até então (e pelo facto de o caminho de regresso aos nossos alojamentos ser agora sempre a descer) e fomos recuperar energias para o dia seguinte.

terça-feira, março 21, 2023

A Minha Reisen Sport, Uma Espécie em Vias de Extinção...

Por motivos de ordem diversa, chegou a altura de libertar espaço na minha garagem. Onde antes habitavam duas motas que muitas alegrias me deram, agora habita uma só que espero me venha a proporcionar tantos ou mais momentos bons que as suas antecessoras.

O espaço que tinha era partilhado entre uma Hayabusa de 99 que comprei um pouco maltratada e que fui recuperando ao longo dos últimos anos e uma F900R que era a minha companheira diária nas deslocações casa/trabalho e que pontualmente me levou mais longe aqui e ali (como foi o caso da viagem aos Pirenéus que fiz no ano passado.

Parte desta mudança deve-se a uma paixão antiga que nasceu em 2016, quando me sentei pela primeira vez em cima de uma mota que me despertou a atenção. Depois de, mais recentemente, ter visto e experimentado uma ao vivo e a cores, a ideia foi crescendo e ganhando forma. Surgiu por fim a oportunidade de reorganizar a minha garagem e de uma assentada só desfiz-me das duas motas que tinha para finalmente me tornar o feliz proprietário de uma R1200RS. Bem certo que não é uma mota nova (nem sequer é o modelo mais recente - a 1250). Igualmente, faz parte de uma espécie (segmento das "sport tourer", ou "reisen sport" - RS - em alemão) que nos dias de hoje se encontra em vias de extinção e cada vez com menos adeptos... Mas é uma mota com a qual me sinto muito bem, da qual espero poder usufruir não só na utilização diária como também em algumas viagens, com mais conforto que aquele que tenho tido até hoje.



Mais especificamente sobre a mota: esta alemã nasceu com sotaque francês, já que se trata de uma mota importada pelo seu anterior proprietário, quando veio viver para Portugal. Contava no momento da compra com apenas 7 mil kms, o que lhe confere ainda aquele aspeto de novo, nada expectável numa mota que conta já com 6 anos de idade. Não vem com muitos extras (conjunto de malas laterais e top case, punhos aquecidos e pouco mais). Calça uns pneus Michelin PR4 que... enfim... nem vale a pena comentar...

Desempenho

Tenho a mota há cerca de um mês e meio. Ainda sem ter tido a oportunidade de fazer grandes viagens de lazer com ela, a experiência dos cerca de 2 mil kms que fiz tem sido muito positiva e tem-se revelado aquilo que eu esperava e mais. É fácil habituarmo-nos ao conforto, disponibilidade e diversão que o motor boxer nos proporciona. O sistema de transmissão por veio, apesar de diferente de tudo o que tive até hoje, não careceu de grande adaptação da minha parte, sendo bastante mais elástico do que julgava. A caixa mostra-se bastante eficiente, ainda que as transições para 2ª e 3ª se façam sentir de vez em quando. Não sendo uma mota para circular a velocidades estonteantes, chega lá acima rapidamente e sem esforço. Os seus 236 kg não se notam, dada a agilidade que demonstra e manobrabilidade que proporciona. O sistema de travagem é bastante eficaz e o ABS está lá para eventuais asneiradas. A mota transmite bastante retorno da estrada, não sei se fruto da configuração da suspensão paralever, se fruto dos pneus, se de ambos. Nada disso afeta negativamente a sua estabilidade e desempenho em estradas mais sinuosas, que é excelente.



Conforto

Em termos de conforto, a proteção aerodinâmica é um admirável mundo novo para alguém como eu que teve maioritariamente nakeds. O vidro frontal de duas posições permite circular a velocidades superiores, sem esforço e com menos mosquitos nos dentes. O assento personalizado, não obstante o seu look azeiteiro, faz-me sentir que vou sentado num sofá. Outro extra suscetível de ser classificado como azeiteiro é o escape cromado, que se distingue do tradicional em metal fosco, mas que na minha opinião atém nem fica mal nem destoa do resto da mota. Já não me dói a alma de ver uma topcase montada neste tipo de mota, pelo que é também confortável ter onde guardar os tarecos. Quando for viajar já não precisarei de tailbags nem tankbags nem saddlebags nem outros bags. Num par de ocasiões já utilizei os punhos aquecidos, ainda que não tenha até agora sentido grande necessidade disso, mas que imagino numa volta ao estilo cubos de gelo possa fazer sentido. Não estando esta mota equipada com o painel TFT que equipa os modelos mais recentes, o mostrador serve o seu propósito permitindo o acesso a bastante informação (com múltiplos modos de visualização) e que além dos indicadores habituais permite verificar a pressão dos pneus, o nível do óleo do motor, escolher o modo de condução (neste caso apenas entre o Road e o Rain), etc. A mota vem ainda com uma pré-instalação de GPS, mas não tendo depois os acessórios relevantes como o suporte para o sistema de navegação, isso vale de muito pouco, pelo que tenciono montar um suporte para o meu velhinho TomTom Rider e 'tá feito.



Experiências

Como a mota só tinha o registo da primeira revisão aos 1000 kms em concessionário oficial da marca, não tendo atingido a quilometragem seguinte do plano de manutenção e não tendo registo de revisões anuais intermédias, fiz uma revisão geral com troca de todos os fluidos para ter alguma paz de espírito. Conto agora acertar-lhe o passo quando fizer os 10 mil kms, tratar de recalls em aberto e cuidar do seu registo de manutenção futura a partir daí. Já falta pouco.

Em termos de autonomia e consumo, a capacidade dos 18 litros do depósito já me deixa mais descansado e sem necessidade de andar sempre a pensar onde vou abastecer de seguida. O consumo em percurso misto e com condução despreocupada tem rondado em média os 6L/100km, com uma perceção clara que esta mota pode ser bastante económica mesmo em percursos citadinos.

Como seria expectável... já tive o primeiro furo. Nesta mota já tenho espaço para transportar mais do que um kit de reparação, que com o meu magnetismo acho que é algo que vou ter de considerar no futuro. Neste caso nem foi preciso parar à beira da estrada, porque logo à saída de casa acendeu-se um alerta no mostrador e o indicador de pressão do pneu de trás mostrava uns generosos 1.8 bar, que indiciaram a existência de problema. Reparado em 15 minutos, nem deu para chegar atrasado ao trabalho.



E pronto, é isto. Com o regresso do bom tempo espero retomarem breve as minhas voltinhas e percorrer com ela muitos e bons quilómetros...

quinta-feira, fevereiro 23, 2023

A Importância de Um Nome

Sou só eu a achar que todos os nomes (em português) com que as lojas chinesas são registadas em Portugal, são no mínimo estranhos? Aqui mesmo ao pé de casa fechou há algum tempo um destes grandiosos bazares, que dava pelo nome de "Semana Sucesso Shopping"... mais recentemente fui a um outro bazar cujo nome é "Questão Famosa, Lda."... e basicamente são todos assim.

Deve haver uma lista de nomes que ninguém quer, e cujas opções são oferecidas aos senhores e senhoras chineses no momento do registo dos seus negócios na conservatória, e a escolha deve ser feita de forma mais ou menos aleatória, caso contrário eu próprio teria dificuldade em pensar num destes nomes só porque sim...

terça-feira, janeiro 31, 2023

Regresso às Viagens (Pirinéus, 15/6)

O trajeto desta etapa contaria com menos alguns quilómetros que o anterior, mas não seria por isso menos desafiante conforme poderíamos constatar ao longo do dia. Seriam cerca de 300 quilómetros com alguns percursos bem interessantes, mas por estradas (algumas) impróprias para consumo.



O dia em Lourdes, após um pequeno-almoço bem aviado, começaria como a maioria das vezes… com as motas albardadas e a malta toda equipada… à espera do Michel.



Mas como o nosso “Deadpool” de serviço é um gajo porreiro, a malta não se chateava muito com isso e até já contava com a espera…



O tempo estava simplesmente espetacular neste dia, pelo que a primeira paragem permitiria vislumbrar uma paisagem simplesmente deslumbrante enquanto apanhávamos um pouco de ar fresco (o qual iria contrastar com o calor que nos esperava mais tarde nesse dia).



A primeira paragem foi feita em Col de Saucede (ainda no lado francês dos Pirenéus), onde mais uma vez a natureza tomava conta de nós.



E como sempre, era fácil encontrar “rostos familiares” pelo caminho…



Depois de bons momentos de confraternização com bestas de carga… e alguns animais, resolvemos seguir caminho em direção ao Col d’Aubisque, passando pelo Vale d’Ossau.









Ao longo do caminho, surgiam com alguma frequência cascatas de água resultantes da neve e do gelo que derretiam no topo das montanhas, o que resultava numa paisagem ainda mais invulgar e interessante.



Nova paragem para contemplar as alturas…









Depois de rolarmos mais um bom bocado e já mais próximo da fronteira, fizemos nova paragem em Portalet para contemplar as formações rochosas por onde tínhamos passado, agora vistas bem ao longe, antes de atravessarmos de novo para o lado espanhol dos Pirenéus.









Como já tinha umas dezenas de quilómetros feitos com autonomia a indicar 0, comecei a ter aquele sentido de urgência no que diz respeito a encontrar umas bombas para abastecer.



Bem próximo da fronteira, esse foi um problema resolvido, com direito a paragem em mais um spot simplesmente espetacular, onde deu novamente para contemplar um enorme vale atravessado por uma linha de água cristalina, enquanto bebíamos um cafezinho e fazíamos a necessária fotossíntese.






Conversa para lá e para cá com um reformado castiço que por ali andava em passeio, e que nos deixou a todos invejosos e a sonhar chegar aquela idade com aquela jovialidade e interesse por motas e carros, desejámos-lhe boa viagem enquanto se afastava no seu Lotus, para logo a seguir nos fazermos também à estrada.



Breve paragem para contemplar um palco flutuante, onde se realizam festivais e concertos de música, e cuja história e peculiaridades o Rui teve a amabilidade de me contar, mas que confesso entretanto já se me olvidou…



Voltámos às curvas, percorrendo uma estrada interessante, mas movimentada, fazendo uma paragem em Puerto de Cotefablo, logo após a passagem por um longo túnel que permitiu baixar a temperatura corporal em alguns graus (o que todos agradecemos dado o calor que já se fazia sentir).






Havia de facto algum trânsito nesta estrada, de tal forma que num momento de menos paciência, o Rui teve de fazer uma (quase) pega de caras numa ultrapassagem a um pesado que não dava grandes abébias. O Rui e as “caminetas”…
O estômago já começava a dar sinal, além disso o calor continuava a apertar, por isso já era bem vinda uma paragem em local fresco e para almoçar. Parámos em Broto, e procurámos um local com essas caraterísticas, que encontrámos no restaurante do Hotel de Sorrosal.



O ar condicionado ganhou à esplanada, tal era o calor que se sentia cá fora. E mais uma vez tivemos uma refeição 5 estrelas (num hotel de 2). Aqui escapou-se-me o registo fotográfico do prato principal, mas pelas entradas dá para ter uma ideia que a coisa correu bem…



Terminada a refeição, o Rui apercebeu-se que não tinha as chaves da mota com ele. Já na rua, vimos que a mota ainda estava no local onde a tinha deixado, por isso a conclusão era óbvia: tinha deixado as chaves na ignição. Afinal de contas, quem é que estaria interessado em levar um trambolho daqueles?



Achincalhámos mais um bocado o Rui por se tentar desfazer do seu trambolho de forma tão rebuscada. Nem durante um par de horas parada em plena rua, com a chave na ignição, despertou qualquer tipo de interesse aos transeuntes… O achincalho estava bom, mas lá nos começámos novamente a ambientar ao calor exagerado, pois era tempo seguir viagem em direção ao parque natural, pelo Valle de Vió.









Mais umas paisagens soberbas e umas fotos merecidas. Havia, no entanto, a promessa de que iríamos passar por um local espetacular, fresco, a acompanhar um rio de água cristalina e repleto de vegetação envolvente. Seguimos novamente. Tudo isto era verdade e a parte do “espetacular” também, não fosse a estrada em algumas partes ser apenas uma breve lembrança do que em tempos foi alcatrão em condições (mas de facto, era bonito).









Para ajudar à festa, e à conta dos troços de sentido único que nos levavam a fazer um percurso mais ou menos “circular”, invariavelmente acabámos por nos perder e dar umas voltas a mais do que era suposto até regressar ao trajeto planeado.



Houve quem tivesse sentido necessidade de parar para recalibrar os azimutes e coiso e tal...



Andávamos nós nesta curtição de passeio em círculos pelo Parque Nacional de Ordesa, a tentar aproveitar as zonas mais frescas, quando o Rui que é um gajo bué invejoso e que não pode ver nada, achou que também estava na altura de trocar os pneus da mota. Telefonema para cá, telefonema para lá, chegou-se à conclusão que tal seria possível numa oficina localizada no destino final do dia. Até aqui tudo perfeito, mas teríamos de lá chegar um pouco mais cedo que o previsto…



Seguimos em modo papa léguas, mas por muita pressa que um gajo tenha, há sempre tempo para fazer uma paragem pelo caminho e beber mais uma caña fresquinha (que com o calor que estava, nos soube pela vida). Quando finalmente parámos, já estávamos meio derretidos.






Recuperadas as energias com combustível de cevada, lá nos fizemos à estrada de novo. Chegámos finalmente a Jaca e fomos ter diretamente à oficina que já aguardava a chegada do Rui para lhe trocar as ferraduras (… as da burra, não as dele).



A burra ficou entregue na oficina Mas Gass e nós abancámos logo ali ao lado para fazer o reabastecimento de cerveja que se impunha, acompanhada pelos amendoins que o Botelho tinha trazido para a viagem num saco industrial, que por muito que tentássemos dar vazão, parecia nunca mais ter fim.






O Rui continuava a galar tudo o que eram traseiros com mais de 80 cm que passavam na rua.... Felizmente e para quem aprecia traseiros mais contidos em dimensão, pouco depois já tinha a burra com ferraduras novas, pronta para os quilómetros que tínhamos pela frente e mais alguns, pelo que pudemos finalmente percorrer as centenas de metros finais até ao nosso alojamento.



Fomos deixar as burras no estábulo mais próximo, um parque de estacionamento subterrâneo nas proximidades do nosso alojamento, que ficando em plena zona histórica, não tinha condições para aparcarmos as motas por perto.



Depois da banhoca da praxe era tempo de ver as vistas, e de facto Jaca é uma terra simpática, com um centro histórico interessante e que ainda tivemos tempo para percorrer com a luz do dia.






Mas chegava a altura de procurar um spot para jantar, tarefa que não se adivinhava muito fácil pela quantidade de malta que andava por ali e depois de um par de tentativas falhadas de restaurantes fechados (temporariamente ou permanente) que procurámos no Google. Já se tornava uma tradição percorrer quilómetros até escolher um sítio para jantar, por isso nada que nos tenha incomodado muito. Por fim lá encontrámos um local barulhento mas castiço, o restaurante Candachú, onde saciámos a fome com boa carne e bom vinho.






A região da Rioja continuava a ser uma presença predominante na vertente enófila da viagem.



Depois de jantar ainda havia coisas para visitar. A cidadela era um ponto de paragem obrigatório. Mais uma vez, o Rui fez as hostes do papel de guia turístico e não se inibiu de partilhar connosco a história do local.









Nova paragem para mais copos e mais mentiras e, pouco depois, alguns de nós manifestavam ter algum ó-ó. Para os que não… tentámos uma nova paragem num bar com uma empregada “simpática” que nos serviu o melhor gin tónico da noite, mas que já estava a fechar o estaminé...



... pelo que seguimos caminho e encontramos uma espécie de bar irlandês com sotaque castelhano, mas que tinha música e era bastante mais movimentado.



Deu para lavar as vistas e até jogar umas setas e tudo. No meu caso “jogar” é uma força de expressão… mesmo sem estar alcoolizado, debatia-me por tentar acertar no alvo. O Botelho fez questão de ser um g’anda mete nojo e deu-me uma abada das mais capazes.






Entretanto, a determinada altura a coisa começou a ficar mais “animada” dentro do bar. Mas como as pessoas que estavam responsáveis pela animação foram arrastadas cá para fora pelo segurança, para evitar loiça partida ou pior, resolvemos pegar nas nossas cervejinhas e vir até cá fora apanhar ar fresco e continuar a assistir ao espetáculo.
O espetáculo foi melhorando progressivamente, e entre alguma pancadaria e cadeiras a voar, apreciávamos com gosto estes momentos de entretenimento do bom, sempre com olhar atento não fosse algum soco mal dado, pontapé menos certeiro ou até uma cadeira extraviada acertar-nos na pinha...



Entretanto chegou a polícia, armados em estraga-festas, o que acabou por ser um anticlímax para tão inesperado mas revigorante espetáculo com que tínhamos sido brindados… Como a polícia também estava algo dada à porrada, antes que sobrasse para o nosso lado, terminámos a nossa cerveja e resolvemos voltar à base e descansar umas horas antes da etapa seguinte.



Legenda: carinha triste do Botelho diz tudo...