segunda-feira, novembro 27, 2006

Depois da Tempestade

Dizem que Deus escreve direito por linhas tortas e é bem verdade. Então não é que, precisamente uma semana depois do episódio aqui relatado em que o meu prédio funcionou durante um dia como ETAR, aconteceu algo de surpreendente, que me fez acreditar que alguém olha por nós lá em cima. Na sexta feira à noite, após um dia de trabalho e meia hora de condução ao estilo "anfíbio" para chegar a casa, com direito a alguns momentos de flutuação empolgantes, tive uma visão linda à chegada. Subitamente fiquei a morar junto a um lago. Estacionei o meu anfíbio noutra rua e atravessei o lago que me separava de casa, com água pelos joelhos. Quando me aproximo do referido edifício, olho e vejo que o lago corre lá para dentro. Digam lá se não é um verdadeiro milagre? Eu que julgava que ia ter de gramar com o cheiro a esgoto que parecia entranhado nas paredes do prédio, para o resto da minha vida, e afinal veio a cheia para lavar eventuais provas forenses da porcaria que tinha estado por lá. Viva o alerta laranja!!! Como toda a gente naquela rua deve ter cotos em vez de mãozinhas, lá fui eu levantar as tampas das sarjetas como se de um funcionário municipal me tratasse. Após o serviço concluído, rapidamente a água escoou e a situação normalizou... na rua. Porque mais uma vez, a água, que já tinha estado mais longe de me entrar para casa, teimava em não sair... Nada que uma bomba de água não resolva. E pronto, lá fiquei com mais uma história para contar. Sim porque, falando/escrevendo muito mais a sério, lamento que, nem para todas as pessoas que as viveram, as histórias daquele dia tenham tido um final tão simples.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Estado de Alerta Degradê

Gostava de perceber a lógica das cores relacionadas com os estados de alerta face ao mau tempo. Porquê amarelo? Porquê laranja (meu Deus, eu me pergunto...). Ainda assim é possível "descortinar" que quem definiu estes estados foi um homem, certamente. Se fosse mulher já estou a imaginar a panóplia de estados com cores que não são cores na realidade: estado de alerta "salmão"... estado de alerta "brick"... estado de alerta "tigresa"... Então e as cores compostas? Estado de alerta "azul bebé"... estado de alerta "rosa choc"... enfim! Ainda assim não podemos ignorar que o criador da "gama" actual de estados (azul, amarelo, laranja e vermelho) foi muito pouco original (se calhar o melhor era terem atribuído essa tarefa a uma mulher). Outra conclusão a que podemos chegar é a de que o criador não é certamente do Sporting. Nota-se também que ou é do Porto ou do Benfica, pois coloca-os em extremos opostos do degradê. A predominancia das cores quentes leva-nos no entanto a desconfiar que muito provavelmente será do Benfica (ainda que o equipamento alternativo do Porto seja laranja). Conclui-se assim que é certamente uma pessoa perturbada, que não sabe o que quer da vida, e que resolveu usar, ainda que eventualmente sem consciência disso, uma metáfora desportiva para denominar as catástrofes e calamidades a nível nacional (ainda que o próprio desporto já seja uma calamidade em Portugal). Se alguém conhecer essa pessoa e um dia a virem na rua, dêem-lhe um abraço. Provavelmente está a sentir-se muito sozinho e a precisar de "miminhos"...

terça-feira, novembro 21, 2006

Estou na Fossa

Pois é meus amigos, tenho de confessar que estou na fossa. Aliás, hoje já estou melhor. No sábado é que foi pior... Quer dizer, na realidade não sou só eu que estou na fossa. Sou eu e os meus vizinhos do prédio. Acontece que no sábado passado tivemos uma experiência singular, que foi a de acordar com uma ETAR no patamar da escada do prédio. Tendo em conta que moro num rés-do-chão, fui dos mais brindados com o odor (que perdura até hoje) e os objectos flutuantes na límpida água que circula nos esgotos, mal abri a porta de casa. Parece que os esgotos fizeram como a função pública (entraram em greve) e a merda resolveu dar um ar da sua graça, inundando todas as caves, até que eventualmente achou que não se devia ficar por aí, e "foi para fora cá dentro" (vá lá que não conseguiu subir as escadas). Deparando-me com esta situação, começou a saga dos telefonemas para os serviços municipalizados, por volta das 10h da manhã. A saga dos telefonemas só foi interrompida quando o piquete deixou de nos atender entre as 12h e as 13h (mmm... será que um serviço de urgência tem hora de almoço?), para finalmente por volta das 13h30 nos dizerem que viriam até cá as 13h (hã???). Pelo meio tivemos direito a uma visita dos bombeiros, que tomaram a devida nota da ocorrência e se foram embora, porque "a água estava suja". Se a água estivesse limpa, teriam feito qualquer coisa certamente, mas assim... Algures durante a tarde lá se resolveu o problema... dos esgotos entupidos! E agora pergunta o caro leitor: "então e a merda?". Essa lá ficou e teve mesmo de ser bombeada pelos moradores, que desejando marcar uma posição de protesto, optaram por deitar a mesma para a rua (fui estacionar o carro noutro sítio obviamente, ainda que o próprio já seja uma merda). Resta-me pedir desculpa por dizer merda tantas vezes, e deixar aqui um grande bem haja a todos os que se estiveram cagando para mim e para os meus vizinhos, nesse fatídico sábado...

segunda-feira, novembro 13, 2006

Foi Do Caraças!

É verdade... na sequência do que escrevi no post anterior, devo dizer a quem acompanhou a promessa de que esta se cumpriu. Foi um fim de semana do caraças! O São Martinho negociou bem com o São Pedro e não choveu, o que permitiu inúmeras coisas. Desde a apanha da azeitona durante a tarde (acompanhada por mim da esporádica apanha de medronhos para consumo e fermentação em estômago próprio, como preparação do que viria depois), até a um magusto dos mais capazes, posso dizer que tive direito a tudo. Assados mais de quatro quilos de castanhas na caruma de pinheiro, lá se tiveram que enfardar. E enfardar foi o termo certo. Valeu a ajuda do vinho novo que provou a sua qualidade, e da jeropiga para o mulherio (sim, que as senhoras só bebem vinho novo disfarçadamente, quando ninguém está a ver). Como as castanhas eram muitas, o "tintol" também teve de o ser... e como se não bastasse ter o bucho cheio de castanhas, ainda teve de se arranjar um espacinho para um petisco mais à noite... e sabe-se bem que com umas fatias de presunto, queijo e com camarões, ainda para mais temperadinhos com "jindungo", tem de se abrir umas quantas "bejecas". Como o estômago com isto tudo começa a dar um ar da sua graça, há que o acalmar... e nada melhor do que uns copinhos de medronho para este se pôr na ordem! O resultado disto tudo foi um dia espectacular como não passava há muito tempo, e uma noite boa, mas não tão espectacular por motivos óbvios (relacionados com o aparelho digestivo), mas pela qual ainda assim valeu a pena passar. São estes dias que fazem valer a pena viver todos os outros. Beijinhos e abraços a todos os que estiveram comigo, e aos que queriam estar mas não puderam.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Chain Post da Treta

Graças ao meu amigo Luis, aqui fica mais um "chain post" da treta, tipologia de post que me parece ter os dias contados, pelo menos pelas minhas mãos.

Para já aqui fica o regulamento:

"Cada bloguista participante tem de enunciar cinco manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher cinco outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". Ademais, cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue."

1. Tenho uma forma de estar algo volátil, por vezes a raiar os limites do maniaco-depressivo, que tenho tentado controlar com algum sucesso ao longo do tempo.
2. Sou um adepto fervoroso das leis de Murphy, pelo que espero sempre que aconteça o pior, ainda que sinta que isso não faz de mim uma pessoa pessimista, mas sim prevenida.
3. É frequente tornar-me algo desagradável para pessoas que, por exemplo, com responsabilidades mínimas ou praticamente inexistentes, conseguem ainda assim ser más e incompetentes naquilo que fazem.
4. Por vezes penso em mim como o centro do Universo, erradamente, sem me lembrar que os outros fazem o mesmo (logo existem montanhas de Universos compostos apenas por centros, espalhados por aí).
5. Gosto de comer castanhas, beber jeropiga e provar vinho novo, actividade que vou desenvolver durante este fim de semana com todo o gosto (esta última não se enquadra bem nas manias... foi apenas uma homenagem ao São Martinho que está aí à porta).

Sem mais me despeço, imitando o incumprimento do Luis face ao regulamento indicado, ao não nomear ninguém em concreto para fazer mais um "chain post", mas deixando isto ao critério dos "amigos bloguistas", que com toda a certeza vão ignorar o meu desafio, tal como eu tencionava fazer mas não consegui.

PS: espero não ter assustado ninguém com as minhas manias!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Em Queda Livre...

Cada vez consigo menos preocupar-me com as coisas. Olho para as capas de jornais e leio títulos de 9 más notícias em cada 10. Vive-se na era do medo e do receio que geramos uns para os outros e uns com os outros, quando devíamos encarar aquilo que nos assusta e mandar os receios à merda. Uns julgam que têm muito azar na vida, outros julgam que têm muita sorte. Faço ocasionalmente parte de cada um destes grupos, em fases e momentos diferentes. Estes grupos e consequentemente eu, estão sempre errados. Não há azar nem sorte, há aquilo que nos acontece e o que fazemos em relação a isso. Há a forma como vivemos aquilo que a vida nos apresenta e nos coloca no prato todos os dias. A digestão pode ser lenta, ou rápida, ou inexistente. As coisas boas ajudam, os amigos ajudam, os amores ajudam, os desamores também porque nos fazem saber amar. Às vezes sinto-me em queda livre e é assustador. É ao mesmo tempo o melhor sentimento da nossa vida, pelo simples facto de nos fazer sentir vivos. O pior que nos pode acontecer é passar os dias dormentes, viver uma terça-feira porque esta se segue a uma segunda, apenas. Apetece-me fazer loucuras, apetece-me errar. E faço, e erro, muitas vezes. E às vezes faço loucuras só para mim e por mim. E é bom fazer loucuras! Então e os amigos? Pois é, já falei deles... mas é que são mesmo importantes. E às vezes estão onde menos se espera. Apetecia-me sentir em queda livre agora. E se não for agora, não faz mal. É amanhã de certeza. E sei que depois de amanhã continuarei a poder sentir-me assim. Não estou preocupado com nada neste momento. Também não tenciono estar. E mesmo que esteja, a preocupação é relativa e pode ser esquecida facilmente. Obrigado aos que me ajudam a não me preocupar. Obrigado aos que caem em queda livre comigo. Seus grandes malucos e malucas... sois como eu! Lembrei-me agora que ouvi hoje uma música que se chama "Free Falling". Não é Deus mas sim o subconsciente que funciona de forma misteriosa. O Tom Petty tem uma outra música que se chama "Learning to Fly"... sou capaz de pensar nisso, mas nunca vou deixar a queda livre.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Diz Que É Um País

A esta altura o caro leitor está a pensar onde ouviu pela última vez um título começado pela conhecida expressão da língua portuguesa, "diz que...". Os Gato Fedorento fizeram recentemente a sua homenagem a esta pérola da nossa língua, ao criar um programa com o nome "Diz Que É Um Magazine", e eu faço a minha parque com este "piqueno" post. Na realidade trata-se de uma homenagem dupla, uma vez que tento também abranger o nosso país/governo/primeiro ministro/povo. Sim, porque isto de criticar sem assumir responsabilidades é uma gaita do caraças, perdoem-me a expressão. Ouvi recentemente num filme da treta a seguinte frase: "um povo não deve ter medo do seu governo, o governo é que deve ter medo do seu povo"... mas adiante. Voltando ao tema em debate, a motivação veio de um "anúncio" de 10 páginas, colocado estratégicamente na conhecida revista Fortune. Este "anúncio" descreve Portugal como um país acabadinho de sair da cepa torta, quiçá até da pobreza extrema, graças aos hercúleos esforços de Sua Excelência o Sr. Primeiro Ministro José Sócrates. Como restantes anjos salvadores surgem outros quantos ministros do seu executivo. A questão que surgiu logo após a publicação desta propaganda foi: "quem pagou"? Resta dizer que obviamente ninguém se acusou. Por um lado a minha análise deste tipo de auto-propaganda leva-me a concluir que daqui podem advir resultados positivos. Imagine-se por exemplo o investimento que pode ser atraído para o nosso país? Por outro lado, quando esses potenciais investidores descobrirem que a publicidade afinal é... digamos... enganosa, aí é que vão ser elas! Mas enquanto o pau vai e vem folgam as costas, e vale mais cair em graça do que ser engraçado, por isso aqui fica o meu aplauso para a cabecinha pensadora que teve esta ideia brilhante! Um grande bem haja por fazer de todos nós parvos e ignorantes!