domingo, maio 24, 2009

Estacionamento de Paralímpicos

Hoje resolvi ir almoçar com uns amigos a uma cervejaria porreirinha ali no outlet do Sócrates (para os que não lêem os jornais, Freeport). Quando cheguei observei uma vez mais com curiosidade uma característica que considero "sui generis" naquilo que de invulgar se pode encontrar num parque de estacionamento. Este deve ser o único parque do país que descobriu uma forma de lidar com os chico-espertos que estacionam nos lugares das grávidas e deficientes: colocou uma cancela que só se abre com a respectiva chave. Comecei então a imaginar o cenário. Para apresentar a minha teoria, vamos assumir uma pessoa com uma deficiência mais ou menos comum, como andar de cadeira de rodas (chamemos sujeito D). O sujeito D vem no seu automóvel adaptado até ao Freeport. Chega junto do estacionamento que lhe é reservado, e depara-se com uma cancela acompanhada de um sinal informativo (ver imagem). O sujeito D deixa o seu veículo estacionado na faixa de rodagem, sai do veículo (com toda a dificuldade que isso implica para uma pessoa em cadeira de rodas), e dirige-se ao ponto indicado para a recolha da chave da cancela (que fica a cerca de 500 metros do local do estacionamento). Após a entrega da chave, o sujeito D regressa ao ponto inicial, introduzindo a chave na cancela. Provavelmente solicitará a ajuda de terceiros para... levantar a pesada cancela metálica. Uma vez levantada a cancela, o sujeito D volta a entrar no seu veículo adaptado (com o inerente esforço) e procede finalmente ao estacionamento. Finalmente poderá dirigir-se ao recinto do outlet. Nem sequer vou pensar na parte do regresso. De qualquer forma, julgo que provavelmente quem pensou nestas questões de usabilidade para portadores de deficiência física, provavelmente era ele próprio portador de deficiência... mental.

sexta-feira, maio 15, 2009

Meninas Educadas...

Confesso que só me lembro de ter estado sentado uma vez no Campo Pequeno (antes das obras de renovação), e sem ser para assistir a touradas. Na passada quinta-feira tive o prazer dessa nova experiência (o espaço ficou magnífico). Gostaria de ter assistido a um evento com nomes mais sonantes no toureio a cavalo, de qualquer forma tanto o jovem Ribeiro Telles como o Manuel Lupi deram conta do recado. Os grandes nomes deste cartaz eram sem dúvida Pedrito de Portugal e o espanhol El Cid (não confundir com o tipo das favas com chouriço), sendo que este último não conseguiu repetir o triunfo anteriormente alcançado. Por outro lado o Pedrito foi a estrela (e a salvação) da noite (correu-lhe mesmo muito bem...). Foi uma experiência excelente e que recomendo a quem goste de tourada. Basta conseguir ultrapassar alguns percalços como atravessar a manifestação à entrada do Campo Pequeno que grita palavras de ordem fortes como "meninas educadas, não vêm às touradas" (ainda agora me pergunto quem se terá lembrado desta), passando por um assistente cuja função é indicar o lugar às pessoas mas que não conhece o interior do CP, aturando dois ou três bêbados (imagino que seja da praxe) que resolviam dar um ar da sua graça quando toda a praça se encontra em silêncio, e terminando no já conhecido espírito "tuga" da malta que 15 minutos antes do espectáculo acabar se começa a levantar deixando a praça quase vazia para o final. Ainda assim, mantenho a minha afirmação: uma experiência boa que, apesar de acabar tarde e a más horas em pleno dia de semana, sou capaz de repetir.

quinta-feira, maio 14, 2009

Como se Chama?

Foi assim que Filipe La Féria me recebeu à entrada do Politeama, enquanto assinava com um sorriso rasgado de quem não podia estar de melhor com o mundo "Para o Marco, do La Féria" no programa do musical West Side Story. Cortesia dos meus queridos progenitores, lá fui assistir ao "amor sem barreiras", considerado um dos mais célebres musicais de sempre. Uma vez mais o espectáculo não desiludiu, e La Féria continua a exceder-se a si próprio em tudo aquilo que faz. A cenografia é qualquer coisa de espectacular, com uma ponte (em que circulam reduções de carros) como pano de fundo, envolta por uma Nova Iorque com as luzes da noite, que espreita por entre fachadas de prédios e ringues de basquete onde decorre toda a acção (sim, isto tudo num mesmo palco). Os actores/bailarinos, entre mais ou menos conhecidos, são todos excelentes e ficamos com a sensação de que pouco poderia correr ainda melhor. Apesar de o musical não ser o meu tipo de espectáculo favorito considero-me rendido a todo um esforço e trabalho que claramente dá os seus frutos (as salas mantém-se meses a fio cheias...). Tal como no dia em que assisti o espectáculo tive oportunidade de fazer, aqui deixo mais um "muito obrigado" a uma das poucas pessoas que em Portugal me faz lembrar que apesar de sermos "pequenos" enquanto país, não somos necessariamente "anões" enquanto portugueses.

quarta-feira, maio 13, 2009

El Último Tango

Se normalmente recorremos a uma "lista" mental de restaurantes que conhecemos, frequentamos já habitualmente e consideramos realmente bons, para fazer uma refeição numa ocasião especial, a mim por vezes apetece-me procurar algo de novo, sem referências e sem "pré-conceitos" (a hifenização é propositada). Foi o caso do passado dia 12, em que resolvi saciar esta minha vontade de desconhecido. Como já não ia ao Bairro Alto há algum tempo, a minha pesquisa centrou-se em referências para aqueles lados. Nada que um bocadinho de "net" não resolvesse rapidamente. Surgiram vários nomes, após os quais um deles suscitou mais atenção. El Último Tango é um restaurante cuja especialidade são os pratos à base de carne (argentina). Ao chegar ao local e depois de tropeçar num espectáculo de danças de salão no palco do largo do Camões, a escolha não se podia revelar mais acertada. A decoração do interior do restaurante e o ambiente em geral são muito bons, a música argentina em fundo é bastante agradável e os pratos servidos fazem jus a tudo o resto (aconselho a mista de carne...). E assim do desconhecido surgiu mais um restaurante que entrou para a "lista" de que falava. Para já, aos meus amigos, recomendo vivamente (além disso e como para beber uns copos é só dar um passo para o lado, sempre ajuda o Bairro a não esmorecer).

segunda-feira, maio 11, 2009

Alívio e Sofrimento...

Tudo começou há duas semanas, quando durante um domingo a dor se apoderou de mim... no dia seguinte tentei fazer algo, mas a droga foi o único caminho que parecia aceitável. Depois do estupefaciente fazer o seu efeito, o mundo pareceu-me um pouco melhor. Ainda assim não parecia suficiente. Sete dias depois procurava algo novo... algo diferente. Fui ter com as mesmas pessoas que tinha procurado anteriormente, em busca de alívio, mas desta vez a violência abateu-se sobre mim durante mais de uma hora de tal forma que nem o conteúdo da seringa pode aliviar o sofrimento. A noite seguinte foi passada em claro e no dia seguinte tive de regressar. Claramente algo de errado se passava comigo, mas alguém teria de fazer alguma coisa em relação a isso. Desta vez o alívio foi imediato, apesar de sentir que existia um buraco directamente para o meu cérebro. Foi-me dito que durante uma semana a sensação deveria perdurar, e assim foi. Durante uma semana fui passando os dias... com apreensão em relação ao meu futuro. Hoje finalmente foi altura de regressar e procurar algo mais. Foi então que vi novamente aquela mulher que foi capaz de me causar tanto sofrimento e também tanto alívio. Implorei-lhe que não me fizesse sofrer mais, ao que acedeu prometendo-me que daqui a uma semana estaria tudo acabado... Na segunda feira que vem volto ao dentista para acabar a merda da desvitalização do dente!

domingo, maio 03, 2009

Redes de Exclusão Social

Estive recentemente num jantar entre amigos onde surgiu a temática das redes sociais na Internet. Rapidamente adquiri aquele sentimento estranho de que estou a ficar velho. Estranho porque apesar de ser um gajo novo e minimamente por dentro deste tipo de ferramenta, o facto de não ter tempo para me dedicar a todas leva a que não conheça algumas. Tenho um carinho especial pela minha actividade de blogger, na medida em que gosto de escrever, e o faço com maior prazer a pensar sobretudo em mim e na satisfação que daí consigo tirar. Por motivos profissionais, tenho o meu cantinho no Linked In, o que também não requer grande atenção e cuidados e é relativamente simples de manter. Já há muitos anos que desisti do Hi5, porque sinceramente ao fim de pouco tempo comecei a questionar-me sobre o porquê de lá ter uma página pessoal. O Fotolog foi algo que me passou ao lado desde o momento em que apareceu. Agora a cada dia que passa, surge uma nova rede e alguém a enviar-me convites para por lá passar. Confesso ainda não ter tido tempo nem curiosidade que me motive a ver do que se trata o Facebook ou até mesmo o Twitter (daí o sentimento de velhice antecipada). Admito que por lá passarei, ainda que me reserve logo a seguir o direito de nunca mais por lá passar, se não vir nada que me interesse (como aliás faço em qualquer circunstância). De qualquer forma o ponto que gostava de referir é o facto de, para pessoas que tal como eu ainda não sabem o que é o Twitter e o Facebook, ou qualquer outra rede social que por aí esteja escondida, o mundo começa a ser pouco complacente. Aquilo que devia potenciar as relações sociais, acaba por ser mais um motivo de exclusão social. Mas enfim, penso que depois de ser excluído pelo facto de ser praticamente a única pessoa em Portugal que não tem TV Cabo, Meo, ou outro qualquer fornecedor de serviço de televisão digital, só faltava mesmo começar a ser excluído na minha própria área profissional... Resta-me assim a alegria pela indiferença que sinto perante essa exclusão, já que continuo a ter amigos com quem jantar e falar sobre estes mas também e sobretudo outros assuntos.