sábado, novembro 24, 2018

Black Friday

Merda de sociedade de consumismo, aquela em que vivemos...



sábado, novembro 17, 2018

O Poder das Redes Sociais

Quem me conhece sabe que de há uns anos para cá tenho vindo de forma consciente e intencional a lutar por manter nos mínimos olímpicos aquilo que considero ser a minha pegada tecnológica. Não porque tenha algo a esconder, muito pelo contrário (se assim fosse não teria este blog, por exemplo) mas porque penso que em resultado daquilo que é a interação considerada "normal" nos dias de hoje, a nível sobretudo das redes sociais, é um envenenamento da mente e da inteligência de cada um de nós. Um exemplo disso mesmo, no contexto das redes sociais, é a facilidade com que se publica uma alarvidade qualquer que de repente já deu a volta ao mundo como uma "notícia" real. E se por um lado alguns destes casos se revestem até de comicidade, quando se descobre a realidade, outros há em que as consequências são muito mais graves.


Exemplo disso é o que aconteceu recentemente no México, e que acabou com a morte de duas pessoas inocentes. Aparentemente alguém terá começado por inventar um mito urbano denominado "robachicos", em que uma suposta praga de traficantes de crianças estaria a atuar no país, raptando as ditas tendo em vista a sua venda. Na sequência desta publicação, muitas outras surgiram, reforçando o mito aqui e ali, sem que ninguém se desse ao trabalho de o desmentir. Quando o pânico já era generalizado, algo aconteceu. Dois homens, pessoas de família, simples agricultores, deslocaram-se a uma cidade onde não eram conhecidos. Bastou que alguém achasse que os ditos homens tinham aspeto suspeito, para se gerar um burburinho na via pública, ao ponto de (para evitar maiores altercações) a polícia se deslocar ao local e optar por os levar para a esquadra (mesmo não sendo culpados de nada) para evitar problemas de maior. A consequência foi a oposta. Ao ver os dois homens serem levados para a esquadra, a multidão que já se tinha juntado cresceu. Foram publicados apelos à população, via Facebook, para que se juntassem à multidão tendo em vista o linchamento dos dois homens. Passado pouco tempo uma multidão incontrolável estava em frente da esquadra da polícia, e mal os dois homens colocaram um pé na rua, foram regados com combustível (pago através de "crowd funding" também organizado através das redes sociais) e foi-lhes deitado fogo, acabando ambos por morrer. A acrescentar que tudo isto foi filmado e transmitido em direto por várias pessoas que assistiam ao "circo", através das mesmas redes sociais.

Escusado será dizer que estes dois homens apenas foram culpados de estar na hora errada, no local errado. Foram vítimas de várias notícias falsas publicadas como sendo verdadeiras, e de uma multidão ávida de violência que pouco se importou em verificar a veracidade do que lia, antes de se predispor a matar alguém. E se isto não é tão grave ou pior que os tempos da caça às bruxas ou da inquisição, então não sei o que será. Ocorre-me a imagem de uma multidão em fúria com archotes em chamas e forquilhas atrás do bicho papão. Tanta tecnologia, tanto progresso, e acabamos todos a agir como se fôssemos neandertais. Aquilo que designamos por "redes sociais" tem este condão, além de nos remeter para uma solidão acompanhada (ter 500 "amigos" na rede mas se preciso for passarem-se anos sem ver nenhum deles) e que muitas vezes contribui para terminar relações, mais do que estabelecê-las (assisti e assisto a isto com frequência, até no seio da minha família).

Li hoje uma notícia (daquelas que ainda têm alguma garantia de veracidade, das que se publicam num jornal) em que constava uma citação de Mark Zuckerberg, uma vez confrontado com as várias acusações relativas aos problemas de privacidade de que tem sido alvo o Facebook (e largas dezenas de milhões de utilizadores - aparentemente isto não preocupa ninguém), onde dizia que já tinha pensado várias vezes em "fechar o Facebook". Só tenho pena que tal não tenha acontecido até agora. Reconhecendo algumas vantagens nesta plataforma (e outras similares) não tenho a mínima dúvida que viveríamos todos muito melhor sem ela. Convido alguém a rebater esta minha afirmação com justificações como "manter o contacto com amigos", "organizar eventos", "ver aniversários" ou "encontrar um cachorrinho perdido", avisando já que, se é por aí, não vai conseguir.



Nota do autor: à data/hora em que escrevo esta publicação, li entretanto outra notícia que dava conta de mais uma ação de solidariedade onde supostamente um casal enaltecia uma ação altruísta de um sem abrigo, tendo em consequência disso angariado 400 mil dólares tendo em vista o apoio ao dito samaritano. Afinal tudo era um embuste montado pelo casal e pelo sem abrigo, que felizmente foi descoberto pelas autoridades... Minha gente, por favor, não acreditem em tudo o que lêem, sobretudo se vem de fontes tão fidedignas como um bando de "amigos" que na realidade não conhecem.

quarta-feira, novembro 14, 2018

Sociedade da Desinformação

Toda a minha vida trabalhei com tecnologia. Posso não ser especialista em todas as matérias, mas considero também que nos dias que correm não é preciso ser um génio para perceber coisas básicas, como por exemplo para que serve uma password. Mas aparentemente posso estar a ser demasiado ambicioso neste pressuposto, já que alguém que, na qualidade de pessoa com conhecimentos jurídicos e que desempenha o papel de deputada, considera que uma password é algo para partilhar de forma livre com os colegas, permitindo assim o acesso a informação que deveria ser reservada, para não dizer confidencial. Já nem falo na explicação atabalhoada que a Sra. Deputada Emília Cerqueira tentou dar como motivo para a justificação "inadvertida" de faltas do Sr. Deputado José Silvano, enquanto "brincava" com as credenciais e com o computador de outrem, mas vir a público falar de alto e com tiques de superioridade, enquanto vomita alarvidades, é no mínimo uma falta de respeito para com todos nós. Numa altura em que o tema da privacidade tem cada vez mais relevância, num ano em que entrou em vigor uma coisa chamada "Regulamento Geral da Proteção de Dados" e que se vivem cada vez mais ataques que visam o roubo de informação, aquilo que devia ser pessoal e intransmissível é utilizado como se fosse a chave de uma casa de banho de estação de serviço. Como se não bastasse, surgem depois todos os especialistas a debitar outras alarvidades sobre o assunto, sem saberem daquilo que estão a falar, como a jovem jornalista Liliana Borges que escreve um artigo no Público, onde defende que é fácil não ter de recorrer à partilha das passwords, bastando para isso utilizar sistemas "cloud" de partilha de dados como o Dropbox ou a iCloud... Epá... não, não basta, e não, não se podem utilizar sistemas de terceiros sobre os quais não se detém qualquer controlo para armazenar e partilhar documentação confidencial! Costuma dizer-se que a ignorância é uma bênção, mas ocorre-me contrapor que a estupidez é uma maldição... e o pior é que a maldição é para todos nós, e não apenas para aqueles que de estupidez padecem, como claramente é o caso de todos os envolvidos nesta novela.

pa·la·vra·-cha·ve
substantivo feminino
(...)

3. [Informática]  Palavra ou sequência de letras, números ou símbolos que identificam um utilizador e que permitem o acesso a informação, programas ou sistemas protegidos.

quarta-feira, outubro 17, 2018

O Valor da Preocupação

"Como deixar de se preocupar e começar a viver", é um título de um livro que li há já algum tempo, de Dale Carnegie, no chamado leque de publicações de "auto ajuda" que muitos criticam, mas do qual aprendi se conseguem retirar muitas reflexões e ensinamentos para o nosso dia-a-dia e a nossa vida em geral. Não venho escrever sobre o livro mas sim sobre o tema da preocupação, e como a mesma é um elemento psicológico que podemos (ou não) deixar jogar contra nós. A preocupação é algo que faz parte das nossas vidas, e isso é uma verdade incontornável. Por outro lado, se pensarmos nisso, cada um de nós vive a preocupação de formas diferentes. Quem nunca pensou no amigo ou colega do lado, que parece despreocupado em relação a tudo, e em oposição o outro que se preocupa por tudo e por nada? Cada um de nós vive a preocupação de maneira diferente, e muitas vezes é precisamente nas pequenas coisas que nos agastamos de forma desnecessária, deixando que uma migalha se transforme numa tempestade num copo de água.


Ontem quando cheguei a casa, apercebi-me que tinha (mais) um prego espetado no pneu de trás da mota. Rapidamente comecei a sentir o sangue subir-me à cabeça: em pouco mais de duas semanas era o segundo furo que tinha... daí a 15 minutos tinha o treino do meu filho mais velho, e já não poderia resolver atempadamente a situação... a logística da manhã do dia seguinte seria toda adulterada devido a este contratempo... Apercebi-me que se iniciava uma escalada de violência mental no meu cérebro, a qual decidi intencionalmente interromper ali mesmo! Desliguei a mota e deixei tudo como estava, e no dia seguinte logo lidaria com a situação. E assim foi, nesse dia fiz tudo o que tinha previsto fazer e não me preocupei mais com o assunto. Fui ao treino, jantei calmamente, coloquei a minha literatura em dia e ainda vi um pouco de TV antes de ir dormir. No dia seguinte levantei-me, fui levar os putos à escola e regressei a casa para ir buscar a mota e logo lidar com a situação. O pneu ainda tinha ar, pelo que me dirigi à estação de serviço próxima de casa, onde questionei se me poderiam aplicar um taco. Assim o fizeram e o processo todo não demorou mais que uns 10 minutos. Cheguei ao trabalho a horas decentes e sem grande atraso. Problema resolvido.

Por si só o acontecimento não vale nada e quase nem é digno de registo, mas sempre que sinto conseguir gerir mentalmente pequenas adversidades (e depois vejo o resultado positivo), tendo a celebrar e a orgulhar-me de mim mesmo por conseguir fazê-lo. Ainda mais porque diariamente vejo pessoas amargurarem-se por coisas que não valem o tempo a elas dedicado.

terça-feira, outubro 16, 2018

#metoo e os Beijinhos aos Avós

Ontem à noite assisti horrorizado a um debate no programa Prós e Contras, da RTP, sobre o movimento #metoo. Começo já por dizer que considero este "movimento" uma ação abjeta de ódio puro, regra geral contra os homens, em que pessoas (mulheres mas não só) de ideologia extrema (seja lá ela qual for) em posições de poder (ou em busca delas) tentam impor regras e leis disparatadas na sociedade para que todos aqueles que forem acusados de algum tipo de assédio sejam considerados culpados até prova em contrário. Não deixo de reprovar e condenar este tipo de abuso sempre que o mesmo ocorre, não se trata disso. Simplesmente considero ainda mais perigoso que a ocorrência do abuso, o extremismo acusatório que se começa a sentir nos dias de hoje. Questiono-me como farão os rapazes e raparigas, hoje em dia, para se envolverem emocional e fisicamente. Será que endereçam uma carta registada um ao outro, redigida por um advogado com termos que não sejam passíveis de ser considerados ofensivos e que portanto não constituam qualquer tipo de assédio? Quando um casal se une por via do casamento, será que os padrinhos prolongam a sua função de testemunhas até à noite de núpcias, de forma a garantir que alguém está presente quando o sexo ocorre, e que o mesmo é levado a cabo de forma consensual?


Acham que estou a exagerar? Acreditem ou não, no dito programa (ver aqui, minuto 36:20 da segunda parte), um dos comentários da parte de um iluminado e jovem professor universitário de Ciências da Comunicação, pela Universidade Lusófona, foi o de que é errado dizer às crianças para "darem um beijinho à avó". Isto porque forçar as crianças a este tipo de saudação é uma "violência coerciva sobre a intimidade da criança". Portanto a criança, se quer dar um beijinho à avó, ao avô ou seja lá a quem for, dá. Se não quiser, não dá. A meu ver a consequência de uma lógica destas é que a criança em causa nunca fará nada por iniciativa própria, porque não detém naturalmente a lógica das regras sociais e - portanto - nunca sentirá a necessidade de as seguir. Mas afinal, o que é isto senão a desconstrução da sociedade que criámos e na qual todos vivemos? A apresentadora e moderadora Fátima Campos Ferreira não evitou ficar de queixo caído, e perguntou a um outro membro do painel qual a sua opinião sobre isto, ao que a resposta me deixou ainda mais atónito: "nos dias que correm, não se diz a uma criança que se bater com a cabeça na parede, lhe vai doer; deixa-se que bata para perceber que dói"! E o que veio a seguir, foi ainda melhor: "se uma criança cuspir na cara da mãe, a mãe não lhe deve bater... basta que decida não brincar com ela, e a criança perceberá que o que fez foi errado"!

Por esta altura e perante os devaneios de tão ilustre e intelectual painel, já me era difícil conter o vómito pelo que tive literalmente de desligar a televisão. O que é assustador é que são pessoas como esta que acabam por moldar negativamente a sociedade em que vivemos, e que no limite nos vão levar a perder coisas como o direito à presunção da inocência, a bem do que é politicamente correto sob o ponto de vista de uma mão cheia de iluminados. Devemos todos olhar por cima do ombro quando fazemos algo em público, não vá alguém interpretar de forma errada um gesto nosso e logo de seguida acusar-nos de algo. Deus nos livre de dar uma palmada no rabo de um filho nosso em público... certamente alguém fará uma denúncia e a segurança social encarregar-se-á de dar os nossos filhos para adoção pela parte de um qualquer casal que partilhe as ideologias progressistas e que fará certamente um melhor trabalho que nós. Estes indivíduos são uma espécie perigosa que prolifera e espalha a sua ideologia como se de um vírus se tratasse, e são eles que nos vão roubar o que tanto nos custou a obter, ao longo dos anos: a nossa LIBERDADE. Espero sinceramente nunca me ver numa situação em que possa ser falsamente acusado de algo do género, porque sinceramente não sei como iria reagir perante tal injustiça, nem o que iria fazer sobre isso...


Nota: à data desta publicação fiquei feliz por não ser o único a ficar admirado (para não dizer outra coisa pior) com as afirmações do dito professor universitário, cujo perfil já foi entretanto dado a conhecer. Trata-se de um indivíduo que pratica o poliamor (alguém que mantém várias relações amorosas em simultâneo com outras pessoas - homens ou mulheres), fotógrafo amador com uma obra dedicada ao sadomasoquismo. Portanto, alguém perfeitamente apto para determinar o que é normal e deixa de ser, no que diz respeito a educar uma criança. Ver mais aqui.

domingo, outubro 14, 2018

Furacão Leslie Nielsen

Mais uma vez e como o IPMA e a proteção civil já nos têm habituado, a montanha pariu um rato. O furacão Leslie, anunciado como o mais violento acontecimento meteorológico a assolar Portugal desde meados do século XIX, acabou por passar por nós como uma moderada depressão ou ciclone tropical (e não um furacão, que é a escala máxima para fenómenos desta natureza). Apesar dos esforços dos jornalistas (sobretudo do CM) por mostrar o caos e cenários apocalíptico deixado para trás, tal não aconteceu e pouco mais que umas árvores caídas e cortes de luz tiveram de servir. O mais engraçado é que qualquer pessoa com um telemóvel e uma aplicação de meteorologia, a meio do dia, conseguia consultar informação mais atualizada que aquela que o IPMA e os meios de comunicação social anunciavam e anunciaram até ao final do dia (e que acabou por se comprovar não ser correta). Não sei se os senhores do IPMA e da ANPC já ouviram falar da fábula do Pedro e o Lobo, e se percebem as consequências do alarmismo infundado constante com que nos presenteiam (agora até SMS são enviadas às pessoas a pedir para não saírem de casa, etc.). Tal como acontece na dita fábula, chegará o dia em que o lobo vem mesmo lá, e depois ninguém vai ligar...

Nota do autor: a foto acima nada tem a ver com o fenómeno climático relatado, foi escolhida apenas por semelhança... porque se trata do falecido ator cómico Leslie Nielsen... que em tempos passados me fazia rir até chorar com alguns dos seus filmes.

sábado, outubro 13, 2018

Sugestões do Dia

Há uns dias atrás juntei-me com uns colegas de trabalho e resolvemos ir almoçar à cervejaria Lusitana. O menu era este:


Mandámos vir os cafés e ficou assim (não foi, mas teria sido engraçado...).

sexta-feira, outubro 12, 2018

Noves Fora Nada

Hoje precisei ir à FNAC comprar um artigo, e eis senão quando me deparo com uma promoção bem "interessante"...

Preço: 69,99
Desconto: 9,99
Preço final: 59,99

Os números deixaram-me um bocado confuso (vá-se lá perceber porquê), mas lá peguei no artigo e dirigi-me à caixa automática para fazer o pagamento. Passei o cartão FNAC para garantir que o desconto era aplicado, e eis senão quando surge o seguinte valor no visor:

A pagar: 65,99

Achei que a coisa provavelmente só se iria resolver numa caixa com alguém à frente, pelo que lá fui para a fila e aguardei a minha vez. Finalmente, entreguei o artigo ao funcionário.

Valor final: 55,99

Ainda pensei pedir ao funcionário que passasse o artigo por todas as caixas a ver se havia alguma que desse um valor mais baixo, mas estava com pouco tempo e tive de ir trabalhar, pelo que ficou por este valor...

quinta-feira, outubro 11, 2018

O Regresso da Chuva e Outras Merdas

Como acontece todos os anos, o primeiro dia de chuva após um verão prolongado é sempre para mim motivo de stress. Assim que saio de casa e constato que está de chuva, antecipo logo as coisas que vão correr mal de certeza e as que podem potencialmente correr mal. Primeiro, e como circulo de mota todos os dias, tudo o que é porcaria acumulada na estrada vem ao de cima envolto numa espuma branca composta por lixo, óleo, combustível e água, que são uma mistura explosiva para quem anda de duas rodas. Depois, o facto de quem anda de carro só perceber que quando está a chover é preciso adaptar a condução, quando o mesmo se atravessa numa curva ou numa travagem mal calculada. Assim o digam os "artistas" por quem passei hoje, incluindo um que teve a destreza de capotar na entrada do parque de estacionamento do meu local de trabalho (com direito a polícia e cobertura televisiva), fazendo com que eu e dezenas de pessoas tivessem de ir dar a volta ao "bilhar grande" para entrar por outro lado.


É também nestes dias em que tenho de mudar o equipamento de verão para inverno, o que me faz sentir um verdadeiro "ícone da moda". Assim foi assim, ao vestir o meu "escafandro" composto por casaco "touring" impermeável, calças impermeáveis e sobrebotas. A acrescentar que com a mudança de casaco deixei o cartão de acesso do escritório no bolso do outro, logo, mais 15 minutos para fazer "checkin" junto do segurança. Não há melhor forma de começar o dia deprimido... balanço da deslocação casa-trabalho de hoje: atraso de meia hora a chegar ao trabalho. Viva a chuvinha!

quarta-feira, outubro 10, 2018

Curiosidades Sanitárias - Parte II

Depois do episódio das curiosidades santiárias cortesia do "nazi ecológico", eis senão quando foi tempo de mais uma pérola (desta vez deixada no espelho) pelo "analfabeto honesto".


Pelo que tenho visto ultimamente, parece-me que nos últimos tempos se tornou moda ir de telemóvel em punho para a casa de banho. Ainda ontem ao entrar no WC deparo-me com um gajo nos urinóis a segurar a gaita com uma mão e o telemóvel com a outra. Não fiquei lá para saber como iria fazer para sacudir e fechar a braguilha, mas acredito que o desfecho possa ter sido sair de lá com a pila de fora.

Posto isto, era inevitável que mais tarde ou mais cedo alguém se esquecesse do telemóvel em cima do lavatório, apoiado no topo do urinol ou no rebordo da sanita. Valha-nos ainda existir gente honesta (ainda que analfabeta) que quando encontra equipamento tecnológico nas instalações sanitárias, o tenta devolver à procedência. Foi o caso deste bom samaritano, que deixou um recado dizendo "achei o um telemovel na wc - estou na recção ... obrigado ...". Espero que a mensagem tenha chegado ao dono do equipamento!

É nestas alturas que percebo que estou mesmo velho... ainda sou do tempo em que, em tom de brincadeira, quando ia arrear o calhau dizia que ia "mandar um fax". Agora, o pessoal vai à casa de banho e manda mesmo um e-mail, dois SMS, 5 Tweets, tira uma foto do cagalhão, publica no Instagram e ainda relata o episódio num post no Facebook...

terça-feira, outubro 09, 2018

5 de Outubro e 3 Dias de Mota - Dia 3


O terceiro e último dia de passei começou em tom de bonança. A noite anterior deixou algumas marcas, mas nada que impedisse o meu normal funcionamento. Pequeno almoço tomado e cafezinho bebido, calmamente albardámos as burras de novo e preparámos-nos para seguir caminho.



Primeira paragem na barragem da Póvoa, já próximo de Nisa. Mais uma estrada perdida no Portugal profundo a fazer-nos sentir bem só por estar a rolar por ali fora. Um rebanho de cabras por aqui, uma manada de vacas por ali… lá continuámos a andar mais um bocado, até chegar a estrada aberta.



Foi tempo de abrir as goelas às burras, que tinham andado até então mais em curva que a direito. As lindas retas do Alentejo, por muito aborrecidas que nos pareçam, ao menos servem para isso. Depois de libertar algum carvão (não que precisassem), lá retomámos o ritmo geriátrico até porque o pneu de uma das motas mostrava relutância em segurar a borracha toda até chegar a casa. Umas últimas curvinhas no Tramagal para logo depois seguir até Constança, onde pretendíamos almoçar numa esplanada junto ao rio. A nossa primeira opção foi frustrada por mais um anúncio de um tempo de espera alargado, pelo que novamente improvisámos e correu-nos melhor do que se fosse planeado. Abancados no Pezinhos no Rio, não poderíamos ter ficado melhor. Comemos o que estava a sair (vitela estufada) e fizemos em conjunto o debriefing de mais um fim-de-semana de satisfação e realização pessoal para todos. Revimos mentalmente o que fizemos, por onde passámos e as histórias que vivemos e que são aquilo que fica para sempre connosco.


Já o almoço terminado era tempo de despedidas. O grupo iria partir-se novamente, seguindo metade para Leiria, e eu com outro companheiro até casa. A borracha do pneu de trás do dito companheiro continuava a ameaçar desistir pelo caminho, pelo que voltámos a atravessar o rio em direção à Chamusca, e seguimos via estrada nacional. Última paragem do dia já na entrada do Porto Alto, para um último café e um adeus. A borracha tinha aguentado e uma vez mais, os astros alinharam-se e tudo correra pelo melhor.

Começo a habituar-me a ter este tipo de escape com alguma regularidade, e quando não o faço começo a sentir a falta. Espero conseguir continuar a gerir o meu tempo de forma a ter estes bocadinhos que valem ouro. Espero conseguir manter os amigos que tenho feito ao longo dos anos e que partilham esta paixão das duas rodas, que nos dá oportunidade de ver locais, conhecer pessoas e viver situações a que habitualmente não temos oportunidade de nos expor e experimentar. Invariavelmente quando acabo uma viagem destas, um dos sentimentos mais fortes que trago comigo é precisamente a gratidão, por ter acesso a tudo isto que me faz sentir realmente realizado.

segunda-feira, outubro 08, 2018

5 de Outubro e 3 Dias de Mota - Dia 2


Depois de uma noite bem dormida e recuperadora, soube bem apanhar o ar fresco das ruas graníticas de Folgosinho, enquanto albardava a burra para seguir viagem. Chaves entregues no Albertino e começámos da melhor forma a percorrer as curvas do caminho que leva até Gouveia, com uma paisagem lindíssima ainda que tenha sido recentemente fustigada também por incêndios.


Em Gouveia tomámos o pequeno almoço que se impunha, para depois regressar à serra e fazer mais umas quantas curvinhas (algumas das que já tínhamos feito no dia anterior, mas em sentido contrário, para garantir que ainda estavam lá). Começámos depois a apontar o azimute a Aldeia das Dez, mas esquecemo-nos de uma regra básica nas viagens em grupo, que é a de assegurar que estamos todos com a autonomia alinhada em termos de combustível. Tivemos por isso de improvisar no caminho e a determinada altura procurar a bomba mais próxima.


Nova paragem e lá revimos o percurso antes de retomar o caminho. Como acontece sempre que nos perdemos ou improvisamos, acabamos por fazer troços de estrada interessantes. Foi o caso, ao passarmos por Avô e Pomares, por uns caminhos perdidos no meio da serra. Como por vezes os astros alinham-se, inadvertidamente e sem combinar encontramo-nos com a outra metade do grupo ainda antes de chegar ao alto de Fajão.


Lá nos alinhámos todos e decidimos rumar em direção à barragem de Santa Luzia, mais concretamente ao Casal da Lapa, onde tentaríamos almoçar. Chegados ao restaurante, não nos safámos, já que a fila de espera não se coadunava com os nossos objetivos e timings, pelo que optámos por descer até à barragem e comer qualquer coisa rápida no bar. Comemos qualquer coisa, mas foi tudo menos rápida (para não variar).



De barriguinha cheia e com mais uma resma de mentiras contadas, seguimos novamente viagem em direção a Orvalho. Aqui o grupo partiu-se novamente, tendo metade regressado a Lisboa, e a outra metade continuado caminho em direção a Castelo Branco, pelas curvas do Salgueiro do Campo. Aqui tirei a barriga de misérias em termos de curvinhas feitas a bom ritmo. Havia uma "lebre" no grupo que me competia agora a mim perseguir, pelo que assim o fiz… e gostei! Finalmente os pneus novos levavam o justo aquecimento naquelas curvas deliciosas, e o caminho entre Orvalho e Castelo Branco foi feito em menos de um fósforo. Reagrupámos em Castelo Branco e fomos refrescar-nos às Docas Secas, com uma mais que merecida imperial que o calor já justificava.


O dia não podia estar a correr melhor, pelo que a estrada chamou novamente por nós. Mais uma dose de quilómetros a correr atrás da "lebre", nas curvas que nos separavam de Nisa (e que aí acabavam). Nova paragem técnica em mais uma esplanada, e por aí nos quedámos mais um pouco.


Os aspersores de rega que entretanto se ligaram correram connosco. Despedimo-nos da "lebre" que nos deixava para regressar a casa, na Guarda. Os que restaram (eu e mais três) continuaríamos viagem até Castelo de Vide, onde pernoitaríamos. Checkin feito no hotel de Castelo de Vide, era tempo de procurar lugar para jantar. Estávamos a 500m do centro, pelo que deixámos as burras no estábulo e seguimos a pé, até finalmente encontrar um cantinho meio que às escuras, em frente à Sé, onde nos abancaríamos confortavelmente para um jantar alentejano servido por alentejanos.


Comemos e bebemos o que havia, não escolhemos nada. Fomos servidos pelo simpático e afável Sr. Raposo, um alentejano que diz que gosta de conversar com gente culta, enquanto dá duas palmadinhas na sua saliente barriga. Queixa-se que, sendo sacristão, o resto da população acha que ele bebe o vinho da missa, mas que isso é totalmente falso, até porque o vinho não presta. Aponta-nos a Macal que conduz diariamente, enquanto cospe mais meia dúzia de perdigotos para cima de nós.


Já no final da refeição, outro empregado debita-nos a lista de sobremesas (ambas) que ficou rapidamente reduzida a uma opção, quando a cozinheira comenta que "o bolo de café é capaz de não ser boa ideia". Duas rodadas de bagaceira oferta da casa, e lá nos despedimos até porque os senhores queriam fechar o restaurante. Ainda parámos em mais um barzinho onde compensámos as 2 bagaceiras com 2 macieiras, acompanhadas de 2 dedos de conversa.


A noite parecia ir adiantada, quando nos decidimos ir para o hotel. No entanto uma festa com música popular chamou-nos a atenção a meio caminho. Quando nos entre-olhámos alguém comentou "mal não faz" e lá fomos nós. Entrámos festa adentro e dirigimo-nos ao balcão. Um alentejano mal encarado, de camisa aberta e tufos de pelos no peito, chegou a nós uns minutos depois a explicar que se tratava de uma festa privada e que não podíamos estar ali. Era a festa anual da família Carapateiro, que juntava mais de 100 pessoas. Pedi educadamente desculpa e prontifiquei-me a sair, ao que o ligeiramente menos mal encarado alentejano respondeu "bebam lá uma cerveja, usem a casa de banho e vão-se embora".


Agradeci-lhe com um obrigado e um sorriso. Poucos minutos depois já me tinha contado toda a história da sua vida, explicado que já não morava ali mas sim em Albufeira, que se tinha divorciado da mulher que lhe tinha ficado com a casa, mas que tinha evitado dar-lhe o carro tendo-o vendido, já que ela nem precisava porque dali ao Pingo Doce, onde trabalhava, eram 500m. Passámos a noite com os Carapateiros, a beber cerveja à borla e a dançar ao som da música pimba.


Já mais que torcidos e a festa quase a acabar, finalmente fomos embora para o hotel (que felizmente ficava a uns 50m dali), onde nos apercebemos todos quão bêbados estávamos. Dormi novamente que nem um anjinho.

(Continua…)

domingo, outubro 07, 2018

5 de Outubro e 3 Dias de Mota - Dia 1


Depois de uma noite passada em claro graças a uma violenta gastroenterite viral, colocava já seriamente em causa a minha capacidade para fazer uma viagem de mota de 3 dias, há muito esperada e desejada. A frustração custava-me quase tanto a suportar como as dores e mau estar que se faziam sentir. Ainda assim resolvi não atirar a toalha ao chão de imediato, e lá me preparei para sair de casa. O meu primeiro companheiro de estrada aguardava já à minha porta, e a meu pedido lá me acompanhou numa paragem prévia na farmácia para me automedicar. O efeito foi milagroso e ao fim dos primeiros quilómetros em autoestrada, quando parei na estação de serviço de Aveiras para me encontrar com mais um grupo de malta, já me sentia melhor. Motas agrupadas e abastecidas, era tempo de seguir viagem até ao ponto de encontro com o resto do grupo. Lá percorremos o resto dos quilómetros de A1 e A23 em modo papa-léguas, até finalmente começar a apanhar estrada de jeito na saída para Vila de Rei, até chegar ao ponto de encontro seguinte: Sertã.


Segundo abastecimento do dia, enquanto o resto da malta ia chegando, cumprimentando-se e começando a gerar o espírito para um dia bem animado com muitos quilómetros pela frente. Precisamente por isso, não nos podíamos dar ao luxo de paragens muito demoradas, já que a logística de abastecer 18 motas é coisa para demorar bastante a acontecer. O grupo praticamente completo, lá começámos o percurso delineado previamente. O objetivo seria o de ir fazendo algumas paragens técnicas pelo caminho, até ao restaurante Sógrelhados, no Paul, onde uma mesa de carnes nos aguardava para uma valente almoçarada.


Pelo menos para aqueles que, ao contrário de mim, conseguiam comer e saborear a comida. No meu caso, uma febra com duas colheres de arroz e uma garrafinha de água tiveram de ser suficientes. Os disparates e mentiras do costume, que a malta das motas gosta de contar, e lá se proporcionou mais um agradável convívio entre esta comunidade da qual me orgulho de fazer parte. Já de barriga cheia, foi tempo de deixar o restaurante para continuar viagem.


Mais um abastecimento antes de seguir viagem, já a pensar nas curvinhas que se seguiriam pela zona de Alvoco da Serra e Loriga, antes de chegar à subida para a Serra da Estrela. A tradicional paragem na fonte junto a Alvoco da Serra para dar água aos burros, reagrupar e continuar depois a partir daí.


Tratando-se de um grupo grande, é sempre de admirar quando corre tudo bem como foi o caso. Espaço para tudo. Um pelotão mais à frente para quem gosta de esticar as pernas às burras, um grupo mais atrás para quem gosta de curtir o passeio e as vistas, um líder a controlar o percurso e um cerra-filas a garantir que ninguém se perde. Tudo 5 estrelas. Mais algumas paragens típicas, incluindo o ponto obrigatório de reagrupamento antes da chegada à torre.


Mais uns dedos de conversa e fotografias tiradas, lá fizemos mais um par de curvas até chegar à torre, onde nos aguardavam umas valentes sandochas de presunto e queijo da serra. Nesta fase já fui capaz de saborear o petisco e praticamente já nem me lembrava do que tinha passado durante a noite.


O dia já seguia longo, e havia malta que iria regressar a casa, pelo que se começaram as despedidas. No meu caso, iria seguir viagem com meia dúzia de companheiros até Manteigas. Mais umas curvinhas, um rebanho de cabras pelo caminho, e nova paragem para umas jolas de final de dia.


Alguns de nós pernoitariam em Manteigas, outro regressaria a casa na Guarda, para se juntar a nós de novo no dia seguinte, eu e os restantes seguimos até Folgosinho, onde um companheiro nos tinha já reservado dormida e jantar no Albertino.



O dono do Albertino tem uma espécie de monopólio em Folgosinho, sendo o proprietário do restaurante, alojamento e até de um bar onde acabaríamos a noite a beber uns copos. O jantar foi generoso, composto por uma espécie de menu de degustação de 5 pratos de carne diferentes que vão chegando à mesa. Uma vez mais comi mais com os olhos do que com a boca, mas só o facto de poder e conseguir estar ali, mais do que compensava a incapacidade de apreciar a parte mais gastronómica da viagem.


Ainda fizemos uma paragem no Hins (o tal bar do proprietário do Albertino) onde nos ofereceram tudo o que consumimos e nos presentearam com uma rodada de bagaceira meio que venenosa (à qual não tive como fugir, ainda que com receio do possível resultado - felizmente fiquei por ali e não correu mal)!


Como não tinha dormido na noite anterior, ainda não era meia noite e já parecia um bebé com sono, pelo que me desculpei e fui deitar, tendo dormido que nem um anjinho. O dia seguinte estava para chegar, e seria ainda melhor!

(Continua…)

quarta-feira, outubro 03, 2018

O Dia dos Test Rides

Às vezes é preciso partir um dedo da mão para deixar de sentir uma dor no pé. Que é como quem diz, às vezes é preciso ter um gostinho do que é bera para apreciar o que é porreiro. Hoje foi uma noite seguida de um dia assim. A noite foi passada (mais uma vez) praticamente em claro. O mai' novo acordou a primeira vez às 1h30, sendo que quando acordou novamente às 2h30, despertou-me de vez. Talvez em virtude da falta de sono acumulada, uma dor de cabeça/enxaqueca/virose/o raio que me parta instalou-se para não me abandonar mais. Pior, não tinha a minha poção mágica para esta maleita (leia-se Brufen) pelo que tive mesmo que gramar com ela, em crescendo, até ao pico que me levou a "chamar o gregório" já de manhã. Depois de muito vasculhar lá apareceu um Brufen solitário algures que engoli de imediato, e que lentamente começou a fazer efeito, permitindo-me funcionar e levar a cabo a rotina matinal dos miúdos. Ainda me ri com eles: o mais novo resolveu levar uns óculos falsos enormes que o faziam parecer uma caricatura do Harry Potter, e o mais velho sofreu a infelicidade de levar com uma cagadela de pássaro em cima, que felizmente apenas lhe acertou no braço e deu para limpar facilmente. O dia melhorou. Tinha de passar pela oficina para mudança de pneus e a coisa correu melhor que o previsto. Depois de gabar uma BMW R Nine T Scrambler novinha em folha que lá estava, o meu mecânico disse-me para não ficar à espera e para a levar como mota de cortesia!


Foi o brinquedo do dia! No trabalho, em vez de chegar atrasado como previsto inicialmente, cheguei a horas, e o dia correu bem, em modo "light" como é ideal para quem passa uma noite em claro, e até consegui ir trocando umas lérias com alguns amigos acerca de mais uma viagem de mota que se avizinha. Um único compromisso na agenda durante a tarde e depois o regresso a casa, sem obrigações nem compromissos. Passando em caminho pela oficina, eis que a minha mota ainda não estava pronta (uma banhoca de cortesia que bem precisava). Não tem problema! Diz o mecânico: "vai para casa e agora levas esta BMW F750GS novinha para experimentares outra".


Escusado será dizer que fiz um "atalho" para curtir um bocadinho o segundo "test ride" do dia. Finalmente fui buscar o que era meu e dei por encerradas as divagações motociclisticas.


Em suma, depois da tempestade (por mais pequena ou maior que seja) vem sempre a bonança... ou então fui só eu que decidi ver o copo meio cheio em vez de meio vazio!

domingo, setembro 23, 2018

sexta-feira, setembro 21, 2018

Começar Bem o Dia

Duas semanas depois de ter vestido a minha nova "camisola", fui convidado a participar num pequeno almoço diferente, num local diferente, como arranque de um dia de trabalho. Algo simples que teve o condão de me fazer sentir que estava a começar bem o dia. Pela envolvente (conforme se pode constatar pela vista) e pelas pessoas, algumas que já conhecia, outras que fiquei a conhecer, e que num curto espaço de tempo permitiu ouvir histórias e dar umas gargalhadas valentes. Bom dia!


PS: Curiosamente não foi o pequeno almoço alargado que reduziu a produtividade neste dia, mas sim o simulacro de incêndio que decorria quando regressei ao meu "estaminé" e que lixou grande parte da manhã... :)

terça-feira, setembro 18, 2018

Quando Aquilo Que Nos Faz Sentir Vivos Também Nos Dá Um Vislumbre da Morte…

Ano de 1996. O ano em que obtive a licença de condução de ciclomotores, que seria uma espécie primeiro degrau na escada da liberdade e da independência. A súbita capacidade de me deslocar em qualquer altura para qualquer lugar, aliada à sensação forte de andar sobre duas rodas, foi um marco importante da minha vida. Sentado pela primeira vez na minha DT 50, foi uma relação surpreendentemente natural, apesar de nunca ter andado de mota antes. E desde então vivo (à minha maneira) neste mundo do motociclismo.

Foi também no ano de 1996 que tive o primeiro contacto com o lado mais negro deste mundo. O lado do perigo, do risco, da morte. Chamava-se Ricardo, era meu amigo, e foi ele o primeiro a ensinar-me algo sobre esta face do motociclismo. Na altura, colega de escola, para ganhar uns trocos trabalhava fora de horas a entregar pizzas. Foi numa dessas noites que foi abalroado por um carro, tendo perdido a sua vida de forma trágica e abalando a vida de todos aqueles que o conheciam.

Continuei a andar de mota, mas desde então, com maior ou menor frequência, o perigo faz-se sentir presente. De cada vez que tenho contacto próximo com o metal de um automóvel ou o alcatrão de uma estrada. De cada vez que oiço histórias ou más notícias, sobre alguém que me é mais ou menos próximo... alguém que perdeu o uso das pernas e nunca mais pode andar… alguém que perdeu o uso de um braço e deixou de conseguir pegar na filha ao colo… alguém que perdeu a vida e deixou uma família entregue a si própria… tudo mexe connosco e tudo coloca em causa aquilo que fazemos e como o fazemos.

Acredito que aqueles de nós que são afortunados o suficiente para sobreviver, aprendem com cada uma destas histórias. Acredito que é esta vivência que nos molda enquanto pessoas e, no caso concreto, enquanto motociclistas. A nossa postura, as nossas ações e as nossas reações modificam-se e adaptam-se, naquilo que entendo ser um processo de evolução e crescimento pessoal. Muitas vezes já senti a minha confiança abalada e não tenho a ilusão que nada disto nos coloque a salvo de sermos nós, um dia, o protagonista de uma história também trágica. Ainda assim acho que, entre outras coisas, é a soma destas experiências que nos pode ajudar a evitá-lo.

Escrevo este texto hoje, infelizmente, na sequência de mais uma perda trágica. Um companheiro que - apesar de não conhecer muito bem - era alguém com quem partilhava já algumas coisas em comum: umas quantas conversas sobre motas, alguns quilómetros de estrada e a paixão pelas duas rodas. Espero que ele, assim como todos os que já partiram, esteja lá em cima a olhar por todos nós.

Até um dia, Alexandre.

sábado, setembro 15, 2018

Ineficiências

Numa época em que tudo pode ser rápido e simples, instituições há que parecem continuar a prezar a ineficiência (para não dizer incompetência). No caso em particular refiro-me aos CTT. Estando eu habituado a fazer encomendas que me chegam por via de diferentes serviços e transportadoras, é lamentável que uma empresa como os CTT continue a ser das que pior serviço fornece. Foi o que aconteceu com a última encomenda que fiz, que infelizmente foi despachada por esta via em correio registado nacional. Algo que era suposto chegar ao destino num prazo máximo de 3 dias, demorou uma semana e meia. Isto porque a primeira tentativa de entrega no destino ocorreu precisamente no prazo máximo da entrega (os tais 3 dias). Como não estava ninguém em casa, ficou "pendente reagendamento de nova entrega", sendo que por "reagendamento" se deve entender "tentar entregar em data e hora aleatória sem questionar o destinatário sobre qual o melhor momento para o fazer". Após verificar que a encomenda se encontrava neste estado, tentei contactar os CTT para o dito reagendamento, já que ninguém o fez. Revelou-se uma tarefa impossível. O número geral 707 26 26 26 (serviço pago) nunca me permitiu chegar à fala com ninguém, ficando sempre pendurado entre 5 a 10 minutos a ouvir música. Eis senão quando passados outros 2 dias, nova tentativa "aleatória" de entrega, uma vez mais sem sucesso porque não estava ninguém em casa (que surpresa...). Mais uma vez tentei contactar o serviço de seguimento dos CTT, sem sucesso. Deixei o meu contacto para chamada de volta, que ainda hoje aguardo... Tentei ainda durante dois dias ligar para o balcão dos CTT responsável pela distribuição, e durante dois dias... ninguém atendeu o telefone. Pior: durante este tempo todo, nunca me foi dada a hipótese de recolha no balcão, já que não era deixado nenhum aviso na caixa de correio. Tal só veio a acontecer 2 dias após a última tentativa falhada. Portanto, em vez de me contactarem aquando da primeira tentativa de entrega ou terem deixado o aviso para levantamento no balcão, foram precisas 3 idas físicas à minha residência para perceber que não estava lá ninguém para receber a encomenda. Parabéns CTT, pelo brilhantismo na eficiência do vosso processo de entrega.

sexta-feira, setembro 07, 2018

Velho e Gasto, Mas...

Esta quarta-feira senti-me velho mas feliz por isso. Explico o porquê. Fui assistir a um concerto dos 30 Seconds to Mars (a segunda vez que o faço) e constatei as diferenças dos tempos relativamente à forma como decorrem os concertos em geral, como decorrem as atuações e até como as pessoas agem. O concerto foi bom, mas ficou aquém do último a que tinha assistido. A performance foi boa mas não muito mais do que isso. Ainda assim valeu a pena assistir, até mesmo naquele momento em que o Jared Leto chamou ao palco o célebre cantor português "Diego Pestana" (também conhecido por Diogo Piçarra). A produção foi também mediana, quando comparada com o anterior, muito mais "explosivo" visualmente. No início do concerto, e ainda relacionado com a produção, comentávamos que a magia dos espectáculos a que se assistia num estádio, à noite, algumas vezes debaixo de chuva, se perde completamente num ambiente assético e controlado como o de uma Altice Arena. Igualmente assético é o final do concerto, em que já não se dá sequer oportunidade para que um encore aconteça. Última música tocada, sai tudo do palco, acendem-se as luzes, e a malta dispersa de imediato. Até aqueles que estão na plateia, colados ao palco. Mas aquilo que me enervou, mas enervou mesmo solenemente neste concerto, foi a "maltinha" que estava no setor do balcão onde me encontrava. Antes do concerto começar tinha aquilo que parecia umas groupies à minha frente, que pensei fossem partir a loiça toda mal fossem tocados os primeiros acordes, mas que... nem se levantaram durante todo o concerto! Como é possível, um concerto em que todo um setor (infelizmente o meu) assistiu sentado (exceto dois ET's dos quais este vosso orgulhosamente fazia parte) como se estivessem no cinema! Efetivamente até pipocas e panquecas e fatias de piza se venderam, por isso começa a não ser muito diferente... Fiquei francamente desiludido por, no meio daquelas dezenas de pessoas e sendo talvez eu um dos mais velhos, ter sido também dos poucos que se levantaram e curtiram a coisa como deve ser. Enfim, valeu isso mesmo e aproveitar, assim como aproveitei a abertura, com uma banda para mim desconhecida mas que foi uma agradável surpresa (Xande). E a noite ainda acabou em beleza quando, para deixar o "rebanho" desopilar dali para fora, fomos beber um copo ao casino onde havia também música ao vivo. Resumindo, estou velho, mas acho que ainda me sei divertir.