quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 7

Conforme prometido, hoje tirei umas quantas fotografias a caminho do trabalho, que aqui deixo para que possam ter uma breve ideia do que me refiro quando digo que este país nos faz colocar as coisas em perspectiva. Vê-se um pouco de tudo, desde paisagens lindíssimas, bairros de lata com um nível de pobreza quase inacreditável, gente e animais a viverem misturados no meio de pilhas de lixo, zonas industriais que destoam do seu enquadramento, o moderno versus o antigo versus o natural, etc. Hoje de manhã vi uma imagem que me marcou: uma criança que não devia ter mais do que a idade do meu filho, completamente nua e descalça, a brincar em plena rua. Não há como evitar, é um país que mexe connosco.

Hoje tive dois momentos de diálogo com o Mr. Soshant. O primeiro foi de manhã, por iniciativa minha, quando por uma questão de educação lhe perguntei se se importava que tirasse umas fotos pelo caminho. Ele disse, e passo a citar: "OK". O outro momento foi quando me deixou no hotel ao final do dia, e por iniciativa dele, quando me comunicou que amanhã não seria ele a transportar-me porque estaria de folga. Pensei (mas não disse) que calhava bem, que eu já estava também a precisar de uma folga dele. Tremo de receio e ansiedade ao pensar quem será a criatura que me levará amanhã para o meu local de trabalho. Por experiência própria quando pensamos que uma determinada coisa não pode piorar, muitas vezes o destino revela-nos o contrário. Darei novidades sobre este tema.


No capítulo da alimentação, foi um dia 100% tradicional. Durante o almoço juntei-me a um colega que é vegetariano e também não costuma comer pratos muito picantes. Fui caninamente atrás dele até ao balcão da sua escolha e pedi exactamente a mesma coisa. Comi então uma coisa que se chama Veg Thali, e que não é mais do que um conjunto de vários tipos de comida, acompanhada com o típico pão indiano (aquelas fatias finas e redondas que parecem crepes). Comi com as mãozinhas e tudo, já que aquilo não tem outra forma de se comer. Assim que metemos a primeira mão cheia de comida na boca, olhámos um para o outro e comentámos em simultâneo: "it's spicy!". Acho que já estou a ficar habituado, por isso comi na mesma e até gostei. Algumas das várias coisas que compunham o prato eram um bocado intragáveis, mas outras até tinham sabores bem interessantes.

À noite senti que precisava de relaxar um bocado, sobretudo depois de o meu chefe me ter largado a notícia de que provavelmente terei de ir trabalhar no sábado. Como tal, resolvi dar um presente a mim próprio e voltei ao espaço "lounge" da cobertura do hotel para comer uma bela refeição. Escolhi o Murgh Mahkani, acompanhado de uma cerveja feita cá no sítio chamada Kingfisher, que tem um sabor espectacular. Até tive direito a umas entradinhas especiais e um tira sabor, e para terminar um café expresso. Tudo com um DJ muito fixe a dar música ao pessoal. Agora já me sinto outro, pronto para arranjar uma forma qualquer de tirar da cabeça do meu chefe a ideia peregrina de me por a trabalhar no sábado. Já vou pensar nisso, mas estou confiante que vou conseguir. Em última instância digo-lhe que me deu uma caganeira qualquer e que não consigo sair da casa de banho do quarto do hotel (o que não seria muito difícil de acreditar).

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 6

Funcionou. Refiro-me à minha determinação. Se ontem estava um bocado desanimado no final do dia, hoje saí do hotel com outro estado de espírito e a coisa correu melhor. Se há sítio no mundo que nos ajuda a por as coisas em perspectiva, é seguramente a Índia. Pus-me a pensar que seria no mínimo um acto de egocentrismo - para não dizer de estupidez - andar a choramingar por causa de tretas do trabalho, quando aquilo que vejo à minha volta só me deveria fazer sentir grato e feliz pela vida que tenho. Basta colocar o pé fora do quarto (exactamente em cima do jornal "The Times of India" que todos os dias insistem em colocar à minha porta, e que eu me esqueço sempre que está lá) para tomar contacto com uma realidade diferente, conforme descreverei mais adiante.

Hoje confesso que me ia borrando todo pelo caminho, e não seria por causa da comida (ainda). o Mr. Soshant (a partir de agora vou tratar assim o motorista do taxi: Mr. porque o tipo é tão formal e calado que vou passar 2 a 3 horas por dia com ele, durante as próximas duas semanas, e vou ficar a saber o mesmo sobre a personagem; Soshant porque é o seu nome)... como dizia, o Mr. Soshant resolveu fazer uma ultrapassagem sem qualquer tipo de margem relativamente ao carro que vinha no sentido oposto. O condutor do outro carro buzinou, ligou os máximos, deve ter acendido meia dúzia de velas e feito umas rezas (eu sei que fiz) e a coisa lá se concretizou sem mortos nem feridos. Também já reparei que o tipo muda de carro com frequência, o que só posso assumir dever-se ao veículo provavelmente precisar de uma revisão de cada vez que o tipo me leva a qualquer lado. Para o caminho em questão seria mais acertado um todo-o-terreno do que um carro normal. Hoje durante a viagem de regresso dei uma de maluco e vim durante algumas partes do caminho a cantarolar, mas nem assim o tipo teve qualquer reacção!

Voltando ao tema inicial e à perspectiva que me ajudou a mudar um bocadinho o meu estado de espírito, a viagem da manhã é um bom elemento motivador, já que quando pensamos que temos muito pouca sorte, ou porque temos alguns colegas que são umas bestas, ou porque nem sempre fazemos aquilo que gostamos no trabalho, ajuda bastante pensar que pelo menos de manhã quando acordamos não temos de fazer meia dúzia de quilómetros a pé até à fonte pública mais próxima para ir buscar água potável. Ou então ajuda pensar que não temos de dormir a noite numa casa que mais parece uma tenda à beira da estrada. Ou então ajuda pensar que não temos de ir ordenhar uma vaca para os nossos filhos terem algo que beber de manhã. Tudo isto se encontra por aqui, bem visível, neste simples percurso que faço. Resumindo, o dia de hoje foi porreiro, e o de amanhã também ser certamente! Vou tentar sacar umas fotos desta paisagem matinal que vejo todos os dias, para publicar aqui. Entretanto mal posso esperar que seja fim de semana, para me distrair mais um bocado! Abraço a todos os que me lêem!

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 5

O quinto dia na Índia, e sobrevivi. Hoje, conforme combinado de véspera com o meu taxista, mudei o horário das viagens. Como tal já consegui acordar e ver o sol a nascer. Ao olhar pela janela do meu quarto tenho sempre uma sensação agradável, já que existem sempre dezenas de águias enormes a rasgar os céus... Depois do pequeno almoço, que comi calmamente (pelo menos a fruta e os croissants não são picantes) saí do hotel e lá nos fizemos à estrada. Acho no entanto que vou ficar um bocado entediado com este taxista, ainda para mais porque me parece que vai ser ele a transportar-me todos os dias. É que o tipo, apesar de falar inglês, não diz absolutamente nada! Eu que até sou de poucas conversas, numa viagem de pelo menos uma hora para cada lado, lá vou lançando uma perguntinha ou outra para tornar a coisa mais animada. E ele... nada! Uma resposta monossilábica e um sorriso é tudo o que consigo arrancar do tipo! Além disso hoje que foi o segundo dia já se esticou mais um bocado no acelerador e consequentemente no travão. E voltou a fazer o caminho de cabras (literalmente) como atalho para o escritório, o que também não ajuda. Começo a perceber a colega que me disse que nunca tomava o pequeno almoço antes de chegar ao escritório.

Em relação ao trabalho já percebi que também vou passar um mau bocado. A manhã corre normalmente bem porque não tenho ninguém a chatear-me e posso dar alguma atenção aos colegas de cá, naquilo que estão a fazer. Por outro lado há muita coisa que não conseguimos fazer porque dependemos de pessoas que estão em Portugal... a dormir uma g'anda soneca! Quando chega a meio da tarde, começa a loucura que segue em crescendo até ao final do dia, quando regresso ao hotel onde normalmente, à excepção do bocadinho de tempo que reservei para fazer exercício e jantar, continuo a trabalhar até à meia noite. Sinceramente, não me apetece nada continuar a fazer o trabalho de dois fusos horários distintos, mas não sei bem como descalçar esta bota de forma elegante. Enfim... Voltando atrás, hoje à hora do almoço, e já um bocado farto da história repetida do picante, descobri enquanto esperava em frente a um dos balcões, que havia um "chicken cheesburger"! É que nem hesitei e pedi aquilo. Pedi também uma bebida, mas quase nenhum dos "fast food" ali disponíveis vende bebidas, só um ou dois é que têm. Não me apetecia ir para outra fila e lá me fui embora comer para gulosamente o meu cheesburger ao pé dos meus colegas. Era picante, porra. Lá enfardei o chicken burger picante, sem uma garrafinha de água que fosse para ajudar, e voltei ao trabalho.

Chegado ao fim do dia lá voltei para o hotel, novamente pelo caminho de cabras, que não fosse o piso tão mau seria um percurso quase perfeito. Durante o caminho todo dá para observar pessoas a viver das mais variadas formas, com mais ou menos dificuldades, negócios ambulantes, mercados, animais, crianças a brincar, há de tudo. Este país tem realmente uma vida, cores e cheiros (uns melhores, outros piores) fora do que estou habituado a ver em qualquer lugar. O trânsito é apenas mais um reflexo disso. Hoje passaram por mim duas motorizadas que me chamaram a atenção. Numa delas iam dois tipos, e entre eles um escadote que se estendia a uns bons dois metros e meio de altura. Na outra, uma bilha do gás atada à traseira! É também muito frequente ver 3 pessoas na mesma motorizada. E note-se que a cilindrada mais alta que se vê por aqui é de 150cc. Hoje interroguei-me se os carros e motas aqui terão seguro...

Hoje confesso que não tenho muito para contar, tal como antecipo não ter nos restantes dias em que andar neste ritmo um bocado esquizofrénico a nível de horários. Mas já prometi a mim mesmo que amanhã não me deixarei sentir assim tão frustrado e vou andar mais bem disposto. O lado bom da coisa é que chego ao hotel e sinto-me em casa. É engraçado porque o hotel é grande, mas acho que toda a gente me conhece e tratam-me pelo meu nome, porque devo ser o recordista de permanência aqui (habitualmente os clientes ficam por aqui 2 ou 3 noites no máximo, segundo me disseram). Por agora, 'tá na hora do ó-ó. Até amanhã!

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 4

E depois de um mais que merecido ainda que breve descanso, chegou a hora de voltar à realidade. Levantei-me bem cedinho, comi fruta e bebi sumo, o mais saudável e suave possível para compensar o eventual desastre que me esperaria à hora do almoço. Como a minha empresa achou por bem alojar-me num hotel que fica a 30 quilómetros do meu escritório, e o trânsito aqui é o que já descrevi, achei por bem reservar um táxi para me levar e trazer todos os dias. O facto de não existirem transportes públicos que sirvam o meu objectivo e de só de pensar em fazer tal percurso de tuctuc me doerem as costas e o rabo, contribuiu para esta minha decisão (para aqueles que não acreditavam que eu tinha tirado a foto no tuctuc, hoje aqui fica). Como o táxi nunca mais aparecia, liguei para o contacto que tinha, e o motorista atendeu-me muito afogueado a dizer "there was a mistake... there was a mistake". O "mistake" foi que a empresa deu-lhe os endereços ao contrário e o tipo estava à minha espera no escritório. O atraso resultante foi mínimo. Lá fomos nós, desta vez e para minha surpresa sem qualquer confusão de trânsito, de tão cedo que era. Resultado: cheguei ao escritório ainda não eram 8 horas, e não estava lá ninguém a não ser o segurança para me abrir a porta. O resto da malta começou a chegar pelas 9h30. Licção aprendida. Contactei a empresa do táxi e alterei os horários dos dias seguintes.

O princípio de dia foi do melhor. Estava totalmente entusiasmado com a minha presença aqui. O meu desejo de ajudar estes colegas era grande. Talvez por isso, a meio da manhã comecei a desanimar. Confirmei a ideia que já tinha, de que aqui passavam um mau bocado devido a dependências dos países com quem trabalham enquanto "fábrica". No meu caso, percebi as dificuldades que têm devido a uma coisa tão simples como um desfasamento horário de 5 horas e meia. Isto é, se acontecer um problema qualquer em Portugal, ficam de mãos atadas até mais ou menos às 14h00 (leia-se 8h30 em PT). Comecei rapidamente a ficar frustrado e desmotivado por não conseguir ajudar, e a minha vontade era ligar para toda a gente de madrugada a pedir ajuda. Outro ponto negativo é que o final do dia aqui em Pune corresponde mais ou menos a meio do dia em Portugal, o que significa que quando eu já estava a ficar cansado e irritado, em parte devido a ter estado o dia inteiro de mãos atadas, foi quando em Portugal se começou a carburar um bocadinho melhor. Entretanto o meu táxi chegou e terminei assim o meu dia no escritório, na certeza porém que ainda teria TPC para fazer no hotel.

O meu taxista não quis arriscar ir pelo caminho do costume, porque segundo ele àquela hora estava demasiada confusão (para um tipo local dizer isto, imagino que seria a verdadeira da selvajaria). Como tal levou-me por um caminho de cabras onde mal cabe um carro na faixa de rodagem, mas misteriosamente podem passar até 4 em simultâneo. Finalmente vi vacas, se bem que nenhuma estivesse no meio da estrada. Não tirei fotos do percurso porque vinha chateado e com pouca paciência. É impressionante a utilização que aqui se dá às buzinas. É até uma coisa bem vinda, e não considerada como insultuosa, de tal forma que os veículos de maior dimensão trazem uns autocolantes na traseira a dizer "please horn"! Feitos os 30 kms em 1 hora apenas graças ao atalho do meu taxista, cheguei finalmente ao hotel.

Ao longo da tarde toda fui percebendo que o almoço que me foi recomendado pelos colegas devido a "não ser picante" com o nome enganador de "chicken butter" tinha sido uma espécie de último aviso. Como quem diz "vê lá se paras mas é de comer como se fosses um nativo".  Eu gostava, mas para isso precisava de encontrar um sítio qualquer que tivesse um único prato sem picante, o que me parece sinceramente impossível. Achei que precisava relaxar e fui descarregar a fúria no ginásio, logo seguido de uma banhoca no meu "walking shower XXL". Respondi a mais uns emails do trabalho e acabei por descer para jantar, já completamente bem disposto. O jantar correu muito bem. Portei-me como um bom menino e comi arroz cozinhado no vapor com batatas assadas e bife grelhado. A ver se ainda não é desta que as minhas entranhas me declaram guerra...

domingo, fevereiro 24, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 3


Na véspera de voltar aos escritórios do "tech center" resolvi dar mais umas voltas pela cidade. Finalmente recuperei do jet lag e acordei a horas normais, o que me permitiu tomar um belo pequeno almoço à beira da piscina antes de me aventurar em mais um passeio de tuctuc. Pedi ao motorista para me levar até ao edifício da missão de Sadhu Vaswani, onde existe uma exposição sobre a vida do guru que dá o nome ao local. A missão em questão ajuda centenas de milhares de pessoas todos os anos, desde participando em equipas de apoio a populações em situação de calamidade, até às escolas onde educam milhares de crianças segundo os princípios do movimento Mira. Sadhu Vaswani foi um homem virtuoso, considerado hoje uma espécie de santo. A exposição mostra momentos chave da sua vida em vários formatos, desde esculturas em cera, passando por pinturas, filmes, animações e projecções holográficas. Da visita guiada de 90 minutos fica no ouvido a frase "to be happy, make others happy". Uma coisa que me intriga quando tento saber mais pormenores sobre a cultura daqui, é a que tipo de religião estãos os eventos, locais ou personagens associados. Neste caso foi fácil perceber, já que numa parte da exposição, em resposta a esta mesma pergunta o guru responde: "my religion is humanity". Entendido.

Depois da voltinha da manhã, voltei ao hotel pois tinham-me indicado que haveria um almoço especial. Lá fui eu, mentalizado para subir mais um degrau na escala do picante. Ainda assim na hora H armei-me em maricas, e pedi ao Abhishek (o funcionário que me tem dado as dicas mais úteis sobre os locais a visitar) que me trouxesse o tandoori chicken sem ser muito picante. Ou seja, comi o tandoori chicken mais picante da minha vida. Chegou-me a escorrer uma lágrima no canto do olho na primeira garfada que dei à confiança, mas que ocultei discretamente com os óculos escuros que felizmente levei comigo. Passado um bocado de ter desentupido os canais lacrimejais e o nariz, aquilo até começou a saber bem e consegui terminar a refeição com sucesso.

Após ter sobrevivido a tal refeição, agarrei em meia dúzia de comprimidos Imodium Rapid, guardei-os no bolso e fiz-me novamente à estrada. Apanhei o motorista de tuctuc mais chato e divertido em simultâneo, que tive até ao momento. Este não falava uma única palavra de inglês, mas conversava pelos cotovelos e ria-se muito. O próprio valor da viagem foi difícil de acordar. Da boca dele saía algo parecido com "tufi", que admiti querer dizer "two fifty" que é como quem diz 250 rupias. Achei que para me levar ao local pretendido era razoável e lá fomos nós. Durante todo o caminho o homem apontava para sítios, dizia coisas e ria-se muito. Eu sorria de volta já que me restava pouco mais a fazer. A determinada altura passámos num local onde havia uma festa com uma banda a tocar música muito alto, e o homem gritou histérico as primeiras palavras que percebi: "India dance party!!!". Quando cheguei ao destino, entre gestos e palavras imperceptíveis, entendi que o homem queria esperar por mim para fazer a viagem de regresso. Acenei que sim com a cabeça e o homem não quis aceitar o dinheiro da primeira metade da viagem. Ou seja, se eu me pisgasse, o homem tinha perdido as 250 rupias.

Quando cheguei à entrada do local que queria visitar, percebi porque se chama "Pavarti Hill". Em plena cidade de Pune existe uma encosta tão inclinada que, em combinação com o calor que se fazia sentir, levei uns 10 minutos a subir. Chegado finalmente ao topo da colina, passando por vendedores ambulantes, pedintes e gado, encontram-se vários templos e um museu com várias referências Peshwa. Existem muitas referências ao império Maratha, em quase todos os locais. Calcei-me e descalcei-me umas 3 ou 4 vezes para poder entrar em cada um dos templos ali reunidos. O nível de confiança em deixar os ténis no meio da rua não melhorou muito, já que existia uma tenda a vender calçado junto ao local! Pelo menos não voltava descalço para casa... Terminada a visita aos templos e museu, chegou a hora de descer a encosta. Aqui fui rodeado por um grupo de miúdos a pedir esmola, que eu dei, e que serviu para gerar em todos eles um sorriso de orelha a orelha seguido de muitos agradecimentos. Na base da colina esperava o meu motorista.

Na viagem de regresso, percebi que me queria dizer qualquer coisa mas como a comunicação era impossível fui acenando e sorrindo. Quando parou junto a um mercado enorme, percebi que queria que eu fosse às compras. Rapidamente chamou alguém que veio ter comigo, e me tentou vender um gramofone antigo todo dourado. Não me perguntem o porquê da sugestão. Sorri e declinei respeitosamente. Sorriram os dois de volta, o amigo do motorista afastou-se e continuamos viagem. Na primeira tentativa levou-me até ao Meridien, um hotel muito bonito, mas pouco interessante para mim que estou no Marriott. Lembrei-me que inicialmente tinha apanhado o tuctuc já longe do hotel. Lá consegui fazê-lo entender em que hotel estava, e continuámos até ao destino. No final pediu-me mais 100 rupias pelo facto de ter estado à minha espera. Disse-lhe que não. Insistiu sorrindo, fazendo sinal de quem emborca uma garrafa e dizendo a segunda coisa que entendi vinda da sua boca: "Beer!". Deixei-me rir com ele, convenci-o a tirar-me uma foto a conduzir o seu tuctuc e dei-lhe as rupias. Agradeci e despedi-me da personagem.

De volta ao hotel, e já no conforto do meu quarto, percebi que tinha as entranhas a carburar de forma diferente, ainda que estando tudo controlado. Disse assim a mim próprio que a próxima refeição deveria ser o mais sensaborão possível, para ver se não causava danos irreversíveis. Assim, fui jantar, expliquei a minha preocupação e deixei-me convencer a provar um prato típico de nome impronunciável, mas que de acordo com o empregado não tinha nenhum picante. Explicou-me tratar-se de galinha com uma espécie de molho de manteiga, que se come com popper, umas fatias de pão fino, do qual me deu dois tipos diferentes para provar. O prato tinha uma excelente apresentação e era óptimo... mas picante como tudo. E eu comi na mesma. Caros amigos, se no espaço de dois ou três dias não tiverem notícias minhas, liguem para o Marriott e peçam para procurarem por mim no WC do meu quarto.

sábado, fevereiro 23, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 2


Depois de recuperar o sono em falta das duas últimas noites, hoje foi dia de dar descanso à mente e fazer uma breve incursão por Pune. Após alguma pesquisa e várias conversas com o pessoal do hotel, resolvi começar o meu passeio e apanhar um tuctuc (espécie de riquexó motorizado que é o transporte mais comum em Pune) para visitar por uma das principais atracções da cidade: o templo Dagdushet, onde se encontra o ídolo Ganpati. Reza a história que Shreemant Dagdusheth Halwai, um negociante de doces que era um homem virtuoso, perdeu o seu filho numa época em que a peste alastrou pela cidade. Como forma de o tirar da sua depressão, o seu guru aconselhou-o a construir dois ídolos e a tomar conta de cada um deles como se fossem o seu filho.

Um dos ídolos, Shri. Ganpati (Srhi. é o mesmo que Sr.), encontra-se neste templo que hoje visitei e que atrai muita gente todos os dias. Tive a sorte de ir até lá numa hora que não tinha muita gente, permitindo-me apreciar durante algum tempo, no seu interior, o movimento das pessoas que o visitam trazendo os seus filhos e bebés para obter uma bênção. Apesar de ter dúvidas se os meus sapatos ainda estariam à minha espera na rua, junto ao molho de chinelos onde os deixei de forma a poder entrar, deixei-me ficar por ali, e mesmo sem ter nada a ver com esta cultura simplesmente senti-me bem. Tenho pena de não se poderem tirar fotografias no interior, porque é realmente fantástico. As paredes são todas trabalhadas em dourado e prateado, o ídolo (figura de um elefante sentado com quatro braços e a tromba enrolada) está todo ornamentado, e todo o ritual à volta deste templo é muito interessante. Neste local entusiasmei-me e fiz a primeira (possível) asneira da viagem: comi uma coisa que não sei ao certo o que era (percebi que era um doce) que me deu um tipo qualquer no templo. O facto é que existiam pessoas a distribuir coisas difíceis de identificar, que toda a gente aceitava e comia. Se amanhã estiver a cagar fininho, tenho de voltar para agradecer ao Srhi. Ganpati...

Após a visita ao templo andei um pouco pelas ruas adjacentes e observei as pessoas, os muitos vendedores ambulantes, os vários mercados, até me resolver a apanhar outro tuctuc. Desta vez o motorista era um pouco menos honesto, e tinha um saco a tapar o taxímetro. Perguntei-lhe o preço para me levar ao meu próximo destino e pediu muito mais do que eu sabia que custaria. Após alguma negociação, lá chegámos a acordo e seguimos viagem. De notar que qualquer motorista de tuctuc percebe pouco ou nada de inglês (excepto a parte dos números), pelo que levar o nome dos sítios que queria visitar, escritos num papel, revelou-se uma boa ideia. Além disso é difícil negociar porque a concordância é assinalada com um abanar de cabeça que para nós, ocidentais, significa "não" ou na melhor hipótese "talvez", ou seja, "não" significa "sim". Por mais que tenhamos consciência disto, durante a conversa o sentimento é no mínimo de dúvida perante este movimento contra natura. Adiante.

O meu destino seguinte foi o forte de Shanivarwada. Este forte construído no século XVII fica relativamente perto do templo, e é aquilo que resta do palácio onde vivia o Peswha, uma espécie de líder ou representante do império Maratha, que esteve no poder até ao século XIX, altura em que se rendeu aos ingleses. Não existem vestígios do palácio, porque durante o século XIX houve um incêndio que durou 7 dias e o destruiu na íntegra, mas segundo percebi deveria ser majestoso. O que sobrou foram as fundações, os jardins e as fortificações circundantes que hoje podem ser visitadas (tal como eu fiz). Neste jardim os 34 graus de temperatura fizeram-se sentir mais a sério e dei-me por feliz por ter comigo uma garrafinha de água, ainda que bem morninha.

Uma vez visto o forte, dei mais uma volta pela zona circundante, tentando não morrer atropelado cada vez que tinha de atravessar a estrada, com veículos a virem na minha direcção e a buzinar, de todos os sentidos. É realmente uma confusão, barulho e movimento constante, que nos faz sentir um pouco desnorteados, mas vivos! Ao fim de algum tempo começamos a entrar no ritmo. Para mim, no entanto, já chegava de passeio, e resolvi apanhar mais um tuctuc e voltar ao hotel. Outro motorista que usava o taxímetro apenas para efeitos decorativos. Perguntei-lhe se o podia ligar e partiu logo para a negociação. Concordei com um terço do valor pedido, e lá fomos nós. Até ao momento ainda não vi vacas no meio da estrada. Só cabras. Tentei tirar uma fotografia mas o tuctuc deu um tal solavanco nesse momento que apanhei a máquina em queda livre já do lado de fora da viatura... e não consegui a foto.

Depois de ter sido deixado em frente ao hotel, atravessei a estrada pelo meio do trânsito em fúria com tal destreza que me senti praticamente um nativo! A sensação que dá é que atravessar uma estrada é uma espécie de acto de fé. Nós vemos os veículos vir na nossa direcção mas temos de confiar que eles param a tempo ou se desviam, e simplesmente continuar a andar. Uma espécie de Johnnie Walker indiano ("keep walking"). Mais uma revista com detectores de metais para entrar no hotel e lá voltei ao conforto do meu fresco quarto. Para contrariar a constipação que teima em ficar, fiz mais um treino no meu ginásio privativo (é a segunda vez que o tenho só para mim, e algo me diz que vai ser assim todos os dias), tomei uma banhoca e logo a seguir fui ver o por-do-sol no bar da cobertura do hotel, acompanhado por uma bela e fresquinha Hoegaarden. A janta também correu bem (hoje já me aventurei um bocado no picante) e agora que já tratei da escrita, vou por a leitura em dia. Até amanhã!

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 1

Lá se concretizou a profecia e trabalhando eu com tantos colegas indianos era mais ou menos inevitável que um dia teria de fazer uma visita de cortesia. Aquilo que ao princípio interpretei incorrectamente como um sacrifício, tornou-se ao longo de pouco tempo uma ideia interessante, cuja concretização acabei por esperar com alguma expectativa. Chegado o dia da partida, lá fui eu às 6h da manhã para o aeroporto de Lisboa, onde apanhei o voo mais suave e confortável que já fiz (e até já fiz alguns). Tudo cinco estrelas até Frankfurt e as horas nem custaram a passar. Uma espécie de constipação com febre resolveu entretanto apanhar boleia comigo na escala (terá sido dos dois graus negativos que se faziam sentir?), o que fez das 8 horas que se seguiram de Frankfurt até Pune uma bela caca. Não consegui ler o que tinha determinado que iria ler, mas vi dois filmes porreiros. Coisas dos aviões da Lufthansa que mesmo em classe económica são um mundo à parte e até um LCD individual com leitor multimédia e videoclube disponibilizam aos seus passageiros.

O que não esperava era que durante o voo fosse logo introduzida a comida típica do destino, o que contribuiu para eu passar uma barrigada de fome e beber muito suminho de laranja. Não sei porquê o almoço de tofu com caril não me interessou assim muito, tal como o lanche que pedi com avidez ao vislumbrar uma milanesa, e que acabou por se revelar um folhado de galinha com caril, cuja alternativa era um crepe de galinha com caril... Estes alemães são um bocado parvos. Adiante. Chegado a Pune, a habitual fila de terceiro mundo para controlo de passaportes, o que contribuiu para sair do aeroporto já pelas 4h00 locais (após uma viagem que totalizou cerca de 13 horas). No hotel sou surpreendido por uma revista ao carro onde cheguei, tipo brigada de minas e armadilhas, máquina de raio X e detector de metais para entrar no estaminé. Depois de entrar, um admirável mundo novo. O destino que qualquer viajante quer ter à sua espera. Simpatia, atenção, um quarto com uma cama king size e um walking shower maior que algumas divisões da minha casa. Parabéns Marriott pelos elevados padrões. Hora da deita: 6h00, hora do despertar: 8h00, seguida de pequeno almoço (felizmente havia uns croissants sem caril) e viagem de 1 hora até ao escritório!


O trânsito ultrapassa qualquer expectativa que tivesse. Nem que me pagassem alugaria um carro aqui ou arriscaria conduzir um quilómetro que fosse! É absolutamente medonho! Não existem sinais, faixas de rodagem com sentidos específicos, regras de prioridade, a buzina é mais utilizada que qualquer outro comando do carro, etc. etc. etc. (mais tarde publicarei aqui umas fotos para perceberem do que falo). O primeiro dia foi um bocado de cão, já que a constipação perdurou, o sono era muito, o jet lag era mais. Valeu a boa gente que conheci logo no primeiro dia e que me receberam de braços abertos. No meio disto tudo é 1h00 da manhã e estou para aqui feito parvo agarrado ao blog e a escrever. Mas tinha de contar que a parte final do dia foi muito boa!

Hesitei, mas acabei mesmo por ir ao ginásio à maneira que o hotel disponibiliza com uma vista sublime sobre a cidade. Uma banhoca no belo do walking shower, seguida de um jantar de buffet que contra as minhas expectativas até foi agradável, a conversa em dia no skype, e por fim um convite dos genuinamente simpáticos funcionários do hotel para relaxar no bar lounge da cobertura do edifício onde estava uma temperatura simplesmente fenomenal. Resultado: vou para a caminha constipado na mesma, com uma ponta de febre, fisicamente feito num molho de brócolos, mas com um sorrisinho no rosto... ainda para mais porque amanhã é sábado, e esta cidade certamente terá algo que valha a pena ver! Aguardem as cenas dos próximos capítulos.

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Contagem Decrescente

A poucas horas de começar a próxima aventura...

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Facturas e Factos

Anda hoje por aí um enorme burburinho acerca de algumas notícias que anunciam a obrigatoriedade do pedido de factura em estabelecimentos comerciais como uma nova espécie de controlo pidesco que o governo pretende fazer a todas as pessoas, tanto comerciantes como consumidores. Mais concretamente, anuncia-se a possibilidade de um consumidor que não exija factura no momento da compra poder ser multado por isso. Escusado será dizer que do burburinho passou-se ao tumulto, do tumulto às anedotas, e por aí fora.

Estes actos isolados de desinformação transcendem-me um bocado. Em primeiro lugar porque não percebo a origem dos mesmos. Em segundo lugar porque de tão ridículos e idiotas que são, não compreendo como alguém lhes pode dar valor.

O meu racional:
1. A obrigatoriedade de pedir factura não é novidade nenhuma, já existindo há muito tempo.
2. Os serviços tributários e aduaneiros não têm capacidade para fazer este tipo de fiscalização
3. Mesmo que tivessem capacidade para o fazer, cada acto de notificação teria um processo associado que só por si inviabilizaria o acto (nomeadamente o inspector ter de ir pedir ao chefe das finanças uma ordem de serviço, para esse efeito)
4. Quando o inspector voltasse ao local após obter a ordem de serviço, o mais certo seria que os envolvidos já não estivessem presentes

Em última instância, tanto quanto sei um inspector das finanças não é um polícia, e até mesmo um polícia segue determinadas regras para interpelar uma pessoa. A mim pessoalmente ocorrem-me várias hipóteses caso algum dia seja interpelado por um inspector das finanças por não ter pedido a factura do café que acabei de tomar. Aqui ficam algumas:
1. Virar costas e ir embora
2. Dizer: "já dei, obrigado", ou então "não uso cartões de crédito"
3. Falar algo em Aramaico
4. Negar veementemente o facto de ter bebido o café, e eventualmente exigir análises ao sangue e urina para detectar se existem vestígios do mesmo, fazendo ressalva do facto de ser um cliente Nespresso assíduo, e que como tal não seria possível comprovar a origem de qualquer cafeína detectada

Para meia palermice, palermice e meia basta. Como diz um amigo meu, haja juízo!

quarta-feira, fevereiro 13, 2013

Mas Que Raio!!!

Segundo notícias avançadas hoje, um raio atingiu a cúpula de São Pedro poucas horas depois do actual Papa Bento XVI renunciar. É caso para dizer: "Oh diabo!"

terça-feira, fevereiro 12, 2013

A Época da Matemática

Só na última semana assisti a duas notícias de cortes relacionados com o mercado de trabalho actual, de instituições que me foram e são muito próximas. Em cada uma delas, a medida é anunciada de forma diferente, ainda que "matemática". Numa das instituições o objectivo é cortar um valor na despesa, na outra o corte é referido directamente sobre o número de empregados. Em qualquer uma delas o corte é no mínimo injusto e desleal. O porquê do desleal? Porque não é aceitável que organizações que num passado muito recente, ou até mesmo hoje em dia, façam recrutamento, para depois chegar à brilhante conclusão que afinal não têm sustentabilidade e como tal a solução (fácil) é despedir pessoas. Isto é no mínimo um rótulo de incompetência a quem quer que seja responsável pela gestão de qualquer uma das organizações (seja a organização do sector público ou privado). Não se deveria então e em primeiro lugar despedir esse mesmo responsável, por vários motivos justificáveis como gestão danosa, falha de planeamento de capacidade, má política de sustentabilidade da organização, etc. etc. etc.? Quanto custa despedir essa pessoa só, e comparativamente quantas pessoas podem manter o seu posto de trabalho apenas com a poupança desse corte cirúrgico? Quantas pessoas podem manter o seu posto de trabalho com a poupança do automóvel, do computador, do telemóvel, das viagens, das estadias, das refeições e de tudo o resto que se economizaria com esse mesmo corte cirúrgico. Além disso, este corte justificado tem o apanágio de não ser tão "matemático" no sentido em que as pessoas não são números, mas sim... pessoas. E não se pode dizer que se vai cortar em "números" de forma cega sem ferir ainda mais a sustentabilidade da organização. Eu sei que este meu raciocínio pode ser apelidado de muita coisa, desde irreal, utópico, impossível, ingénuo e até um pouco comunista... mas garantidamente parece-me infinitamente mais justo!

Aproveito aqui para expressar a minha amizade e solidariedade a todos os camaradas e colegas que estão ou estarão em breve numa situação delicada como a que descrevo. Desejo-vos a todos tanta força como aquela que quero ter para mim próprio se e quando me vir na mesma situação.

quinta-feira, fevereiro 07, 2013

Gozar o Pagode

Ditavam hoje as primeiras páginas dos principais jornais que a bandeira de Portugal na entrada da sede do Conselho Europeu, em Bruxelas, teria sido substituída antes da cimeira de líderes, depois de ter sido constatado que continha pagodes em vez dos tradicionais castelos. Ora significa isto que a, a reboque da EDP, a alienação de bens nacionais à China está cada vez mais forte, uma vez que o próprio símbolo da nação já foi alvo de expropriação. Sim expropriação... dos castelos em troca de pagodes! Pior que isso, o próprio conselho europeu em Bruxelas terá já começado a adquirir este tipo de produto (bandeiras nacionais) aos chineses, o que me parece lindamente! Eu pessoalmente gostaria que a classe política em Portugal seguisse o exemplo vindo de Bruxelas, em vez de se dar valor às críticas da comunicação social acerca de um pormenor irrelevante como o facto de a bandeira ter pagodes em vez de castelos: a utilização de itens "do chinês" é um exemplo de contenção de custos que o nosso governo deveria seguir. Eu voto que a classe política renove toda a frota automóvel! Só que em vez de BMW topo de gama seriam utilizados veículos como o Tata Nano (fabrico indiano, custo unitário de cerca de 1500 euros), até porque os mesmos são desprovidos de qualquer mecanismo de segurança como cintos ou airbags, o que potencia a eventual morte do seu condutor. Eu voto que a classe política seja toda dotada das mais recentes tecnologias! Em vez de darem um iPad a cada um, receberiam um ePad (fabrico chinês, custo unitário de cerca de 150 euros) com uma daquelas baterias do chinês que explodem enquanto o proprietário do dispositivo dorme, incendiando a sua casa e incinerando todos os residentes nela. Eu voto que a classe política seja subsidiada mesmo a nível de artigos de carácter pessoal! Devem passar a utilizar obrigatoriamente artigos de higiene do chinês, como champô, pasta de dentes, sabonete, etc. (e que lhes caia o cabelo todo, que lhes apodreçam os dentes, que lhes surja sarna na pele). Eu voto que se mande toda a classe política para a China, numa viagem (só de ida) gratuita, como estágio ou preparação para esta nova cultura económica! E que os mesmos fiquem por lá, sejam presos, executados, e que as famílias de todos eles recebam a factura em casa para pagar a bala utilizada para o efeito. Quem está comigo?

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

É Muita Fruta...


Tentativa de recolher fruta e legumes distribuidos gratuitamente por agricultores durante um protesto em Atenas, Grécia (IN Público)

Lá chegaremos, meus amigos... lá chegaremos.

segunda-feira, fevereiro 04, 2013

"Mais-Valia"... Estar Calada!


Dizia hoje a primeira página do Sol, em entrevista a Edite Estrela:
(...) Acha que Costa "sai por cima" ao correr apenas para Lisboa. E que ainda "pode ser tudo" em Portugal. (...) Edite Estrela diz que espera o regresso de Sócrates, cujo legado a "enche de orgulho" (...) Sócrates está quase a acabar o seu período académico. Deseja que ele regresse à política portuguesa? Tendo em conta a qualidade que tem, será uma mais-valia para o PS.

Eu leio:
António Costa é um espertalhão, porque a câmara de Lisboa leva-se bem e o governo hoje em dia não interessa nem ao menino Jesus. Em Portugal "vale tudo", e o regresso de Sócrates provaria isso mesmo! Deve-se estar a acabar a mama das golpadas que deu enquanto PM e está na hora de regressar para chular mais um bocado como gestor de uma parceria público-privada.

Continuando nas citações, como diz uma letra que muito admiro do Boss AC:
Farto de miséria, o povo na pobreza
Uns deitam a comida fora, outros não a tem á mesa
Farto de rótulos, estigmas e preconceitos
Abrir os olhos e ver não temos os mesmos direitos
Farto de mentiras, farto de tentar acreditar
Farto de esperar sem ver nada a melhorar
Farto de ser a carta fora do baralho
Farto destes cabrões neste sistema do caralho!

Para rematar, só mesmo com um balázio nos cornos é que esta corja lá vai... talvez assim aprendessem o significado de ter vergonha na cara, pelo menos para ficarem calados enquanto o povo sofre.

domingo, fevereiro 03, 2013

A Minha Energia Vital

Fiz finalmente o meu primeiro treino de Chi Kung (também referido por Qigong) neste sábado! Já há muito tempo que tinha este desejo e intenção, mais foi desta que finalmente consegui concretizá-la (um grande obrigado ao PJ, pelo tempo, dedicação e atenção)! Uma forma simples e minimalista de descrever esta prática consiste em exercitar o cultivo da energia (chi) vital no corpo. Em concreto, o treino foi composto por 3 partes muito distintas, tendo começado pelo Baduanjin, cuja tradução significa "as oito peças do brocado" e que consiste em 8 sequências de exercícios de Qiqong utilizados tanto pela medicina tradicional chinesa como na vertente de treino básico de diversas artes marciais (ao fazer os movimentos de cada exercício, é fácil perceber porquê).  De seguida tentei acompanhar o PJ, o melhor possível, enquanto fazia algumas katas (conjunto de movimentos habitualmente descritos como ataque/defesa) parando nos intervalos para respirar (como se deveria sempre respirar - correctamente). No final pratiquei a primeira de 3 séries de exercícios de Lian Gong. Gostei particularmente desta parte final, onde fiz basicamente três tipos de exercícios, com foco na zona do pescoço, depois costas e por fim pernas. Conseguir colocar toda esta informação prática no contexto teórico que me foi dado é uma grande mais valia, não só para perceber o conhecimento milenar que está por detrás de algo aparentemente tão simples mas na realidade tão complexo, como também para melhor reter a informação (a velha máxima de compreender em vez de memorizar). O meu próximo objectivo é definir o meu plano de treino, e reservar alguns minutos por dia para me dedicar a esta prática. O objectivo não é nada de muito esotérico, muito pelo contrário: quero sentir-me bem. Após este primeiro exercício de sábado, o meu joelho direito "conversou" comigo e chegámos a um compromisso: ele deixa-me fazer treinos de corrida, bicicleta e elíptica e eu continuo a fazer Qigong - as dores que trazia dos 45 minutos a correr na sexta-feira desapareceram após o treino!

PS: uma vez que não tenho conhecimento aprofundado (ainda) sobre estas temáticas, peço desculpa caso tenha cometido alguma incorrecção.

sexta-feira, fevereiro 01, 2013

Melhor

Decidi recentemente fazer planos para mudar algumas coisas na minha vida. Para melhor, leia-se. Uma delas foi a minha condição física. Pode parecer simplista, ou arrogante dizer a coisa desta forma. Eu próprio há uns meses atrás ter-me-ia criticado por fazer este tipo de afirmação que parece tirada de um anúncio televisivo à Depuralina. Mas também não é o caso (apesar de uma das motivações ter sido bater o meu recorde máximo em termos de peso, logo a seguir ao Natal...). Decidi dar razão à velha máxima que diz que para algumas coisas que queremos na vida, "no pain, no gain". Deitei fora as desculpas que utilizava para adiar indefinidamente esta opção e deitei mãos à obra. Já lá vai um mês e cinco quilos, e não me podia sentir melhor. A própria parte da mudança que eu usava como desculpa (trocar uma hora de almoço por 45 minutos de exercício e uma refeição mais ligeira) acabou por se revelar uma melhoria na minha qualidade de vida, para além dos resultados directos do exercício em si. Esta quebra no meu dia dá-me uma energia que me faz sentir uns anitos mais novo, além de me dar uma disposição diferente e uma capacidade melhorada de lidar com tudo o resto. Ando mais descansado, sinto-me melhor, e o que ao início parecia um sacrifício está na realidade a tornar-se um hábito do qual cada vez tenho menos vontade de prescindir. Se num determinado dia o meu horário habitual de treino não é possível por causa do trabalho, compenso mais tarde, noutro horário, e já está! Espero conseguir manter esta rotina e espero que o meu joelho direito colabore, já que é a única parte de mim que continua relutante em participar nesta minha iniciativa (não será mais teimoso que eu). Desafio aqui várias pessoas que conheço e saberão que me refiro a elas a ter uma iniciativa semelhante. Lembrem-se que podem ter a mesma revelação que eu: a de que algo que parece um sacrifício à partida pode na realidade tornar-se numa melhoria significativa da vossa qualidade de vida!