segunda-feira, março 24, 2008

4 Dias e 3 Noites...

... aqui. Foi pouco, muito pouco. E apesar da promessa que tinha feito a mim próprio de que esta viagem não seria uma busca incessante de coisas e locais, como é hábito em qualquer capital europeia, o inevitável aconteceu. Em tão pouco tempo foi muito bom conseguir ver a torre Eiffel, a vista do Trocadero, o Arco do Triunfo, a Bastilha, o Louvre, o museu Ródin, o museu Picasso, os Champs-Élysées, o Sena, a Sacré Coeur, a catedral de Notre Dame, a Ópera, a Madeleine... Apesar do cansaço foi bom, mesmo muito bom. E só ficou a vontade de ver muito mais. Até o mau tempo que ameaçava inicialmente lá se aguentou e deu muitas vezes lugar a um sol radioso. Dias inteiros de caminhada (e algumas viagens de metro) numa cidade espectacular, com muito para ver, pessoas simpáticas (ao contrário de algumas opiniões que já tinha ouvido), e aquele gostinho a férias que fica sempre a pedir mais um dia que seja. Lugares míticos que finalmente fiquei a conhecer e que vão fazendo de quem os visita, pessoas diferentes, melhores. Não é uma viagem original, mas recomendo vivamente, pelo menos com mais duas ou três noites de estadia.

quarta-feira, março 19, 2008

Potencialmente Perigosos

Não posso deixar de aproveitar a última onda de terror promovida pelo governo, em relação a raças de cães consideradas perigosas (este post é dedicado ao meu amigo Luis), para lançar um apelo que julgo fazer sentido quando comparado com as leis que estão prestes a ser aprovadas. Uma vez que se contempla a hipótese de proibir a (pro)criação ou importação de certas raças de cães, por estas serem potencialmente perigosas, parece-me justo que se estenda esta medida a um âmbito mais alargado. Nomeadamente, julgo que seria interessante proibir a procriação entre os humanos também. Considero que somos uma raça extremamente perigosa. Vejamos por exemplo os últimos casos de criminalidade a que assistirmos, com homicídios, assaltos e o famoso "carjacking". Julgo que deveríamos começar todos a ser esterilizados à nascença, em vez de tentarmos educar os nossos filhos para saberem viver em sociedade e a ter um comportamento adequado. Quem o tentasse seria multado ou até mesmo condenado em tribunal. Agora os que concordam com estas medidas estão a pensar automaticamente: "não é a mesma coisa". Concordo. Não é efectivamente a mesma coisa porque não fazemos com que seja. Isto é, a partir do momento em que tiro a carta de condução, sou responsabilizado no caso de infringir as regras de trânsito ou se cometer um crime ao volante. No entanto se for dono de um cão, o conceito de responsabilidade torna-se mais difuso. Nunca assisti a um polícia ou qualquer outra autoridade pedir contas a nenhum dono de Pit Bull ou Rott, nunca vi ninguém pedir qualquer tipo de documentação ao proprietário de um animal (sim, os cães também têm identificação), nunca observei qualquer esforço significativo no sentido de certificar treinos de obediência deste ou outro tipo de animais de estimação, que poderiam até determinar a forma como estes animais podem circular na via pública (açaimes e afins não são a meu ver obrigatórios em todos os casos). Existe um grande vazio, legal e moral, quanto a esta questão. No entanto parece-me que tentar eliminar um problema não é a mesma coisa que resolvê-lo. E o "eliminar" é relativo, porque da mesma forma que existem proprietários deste tipo de animais que já se encontram à margem da lei, após a entrada em vigor de uma proibição deste género, o problema vai manter-se inalterado (senão agravado). Mais uma questão de demagogia a que tão bem estamos habituados.

segunda-feira, março 17, 2008

Pêlo na Venta

Se há coisa que me faz espécie, são mulheres de bigode. Lembro-me de, quando era criança, observar e estranhar os pelos que teimavam em sair da cara de algumas senhoras. Mais tarde e enquanto adolescente, a estranheza só se agravou. Não conseguia compreender como é que um espécime do sexo oposto conseguia, em alguns casos, ter mais pelos na cara do que eu! Cheguei mesmo a conhecer algumas mulheres "de barba rija", literalmente, daquela que arranha mesmo! Hoje em dia, quando tenho mais barba do que nessa altura pensaria vir a ter, o fenómeno continua a intrigar-me como sempre. A proximidade de mulheres com estas características continua a provocar-me o mesmo desconforto ao fim de todos estes anos. Hoje em dia para além do desconforto, confesso tratar-se de um fenómeno para o qual não encontro explicação. Sei que há gostos (e fetiches) para tudo, mas por muito jeitosa que fosse a mulher em questão, não consigo imaginar-me atraído por uma bela bigodaça. Além disso, as soluções existem e são muitas, desde a velhinha gilete (que no caso das mulheres julgo ser pouco recomendável), passando pela descoloração (solução apenas parcial, como é óbvio), até à depilação a laser (o método mais definitivo). Assusta-me assistir ao desfasamento entre a crescente preocupação dos homens com a aparência (que me parece aceitável desde que não entre nos extremos da "metrosexualidade") relativamente à despreocupação de algumas quanto aos cuidados consigo próprias. Nesta como em tantas outras situações, no meio é que está a virtude, que neste caso é como quem diz... há mínimos! Por isso, minhas amigas penugentas, vão mas é tratar disso antes que comecem a ficar com bocados de sopa agarrados!

Are You Talking to Me?

"Are you talking to me?": Foi esta a frase de Robert Deniro que ficou célebre, na personagem de Travis Bickle em Taxi Driver. Desengane-se o caro leitor se julga que taxistas com acessos de violência só existem em filmes. No nosso querido Portugal temos direito a isto e muito mais. Temos direito a tipos que atropelam crianças aos magotes, quando estas atravessam passadeiras. Ah, esqueci-me de referir que o tipo achou melhor fugir do que ajudar as quatro crianças, para se entregar apenas duas horas depois? Ah, esqueci-me de referir que tudo isto é feito sob efeito de álcool? Naquela quantidade proibida por lei? Quer dizer, "lei" é mais uma forma de expressão. O tipo já foi ouvido pelo tribunal, e no próprio dia foi decretado o termo de identidade e residência, o que significa que ainda no próprio dia, se quisesse, teria voltado ao trabalho. Fico feliz quando vejo esta igualdade que paira diariamente no nosso país. Quando vejo pessoas que são impedidas de trabalhar por uma qualquer burocracia, enquanto que outras o podem continuar a fazer, mesmo violando todas as regras possíveis e imaginárias? Prefiro ver 30 Travis Bickles a circular por aí do que saber que posso estar a conviver com criminosos avalizados para continuarem a fazer o que bem entenderem. Qual seria a reacção de quem toma estas decisões e de quem constrói estas regras, se amanhã esta pessoa repetisse a mesma proeza, dentro da "lei"? Provavelmente seria virar a cabeça e não pensar mais no assunto. Mas eu penso, e sei que outros também o fazem. Só gostava de ter respostas para tudo, mas tenho de contentar-me em ter as respostas que vou descobrindo...

domingo, março 16, 2008

Mais Uma Para o Gebreselassie

Durante a manhã de hoje teve lugar a 18ª meia maratona de Lisboa, mais um daqueles eventos maravilhosos em que cerca de 30 mil pessoas tiveram oportunidade de fazer uma manhã saudável de caminhada, antecedida por duas horas de espera durante a madrugada para ter direito ao seu meio metro quadrado de área no tabuleiro da ponte. Sei isto tudo porque por volta da hora do almoço encontrei uns quantos destes desportistas a enfardar uns hamburgers e outro tipo de "fastfood", de forma a compensar as calorias perdidas. Mas o principal motivo que me leva a escrever prende-se com os atletas (a sério) que participam habitualmente nestas provas. Queria assim deixar aqui a minha solidariedade para com os atletas nacionais, e lavrar o meu protesto relativamente aos critérios de selecção para a participação nesta prova. Da mesma forma que existem paralímpicos, parece-me justo começar a pensar-se numa outra prova em paralelo, só reservada a etíopes e quenianos. É que não há pachorra para esta malta! Todos nós já percebemos que existe uma apetência genética de algumas nacionalidades têm para este tipo de desporto, mas escusam de bater tanto no ceguinho! E assim lá paparam uma vez mais uma catrefada de lugares no topo... parece quase o campeonato de futebol: em primeiro lugar o Porto (infelizmente)... e depois os outros! Para quando o fim de todas estas desigualdades... eu me pergunto!?

quinta-feira, março 06, 2008

A "Mulher Patrão"

Fiquei hoje a saber enquanto assistia a uma parte da entrevista dada pela ministra da educação, que a mulher sofre de autismo. A 90% das perguntas colocadas pela Judite de Sousa, a senhora começou a respectiva resposta por: "A sua pergunta na realidade é...". Acho isto de uma genialidade fora de série, porque sempre que alguém for confrontado com uma pergunta desconfortável, basta reformular a mesma para outra mais conveniente e responder de seguida. Para além desta articulação (ou falta dela) em termos de discurso, conseguiu ser contraditória de forma constante. Ao mesmo tempo que quer realçar a diminuição do abandono escolar, acenando com 30 mil alunos a mais nas escolas, não dá resposta ao encerramento dos estabelecimentos de ensino. Ao mesmo tempo que quer que os professores levem a cabo as suas medidas, chama-os de incompetentes ao dizer que o seu descontentamento se deve ao facto de agora terem que trabalhar mais. Ao mesmo tempo que diz que as suas políticas são fundamentais e inevitáveis, mostra-se completamente indisponível para sequer conversar sobre o assunto com a classe e os seus representantes. Este é um exemplo perfeito dos ministros-fantoche nos quais o primeiro mete a mão pelo rabiosque, de forma a que estes acenem a cabeça de acordo com a sua própria cadência. Este é mais um exemplo de como um mau líder é trinta vezes pior que um líder ausente. Gostava sinceramente de saber como é que uma pessoa que não tem qualquer tipo de experiência de ensino (básico e secundário) e que não tem a humildade de falar com quem tem, pode assumir ser a detentora da verdade sobre uma realidade que desconhece completamente. Já que a aventesma é licenciada em sociologia, podia fazer o raciocínio lógico de que ninguém gosta de trabalhar contrariado nem tão pouco fazer algo em que não se acredita.

segunda-feira, março 03, 2008

Vítimas?

Está neste momento a dar uma reportagem sobre pedofilia na TVI, que me faz tanta vontade de rir como de chorar. Temos um país de vítimas, mas sobretudo vítimas de cegueira ou estupidez. Em cada 100 casos de pedofilia, 90 são o mais profundo disparate e falta de atenção da parte de quem devia acompanhar as crianças e que aqui dá a cara, também como vítima, neste tipo de reportagem. É uma mãe que vive anos com o casal de filhos a serem violados diariamente pelo padrasto, sem dar por nada nem tão pouco achar estranho os 15 comprimidos que o marido dá ao filho todos os dias à noite (para o fazer dormir). É uma câmara municipal (de Lisboa!) que coloca um homem previamente condenado por pedofilia a trabalhar num parque infantil, como parte de um projecto de reinserção social. Se no meio disto tudo os maiores culpados não são aqueles que assistem a tudo isto com indiferença, para mais tarde se auto intitularem de vítimas também, não sei então quem será. Só sei que acabei de ver uma criança sair de um tribunal em pânico porque o homem que abusou dele viu a sentença reduzida de 15 para 6 anos... em pânico porque ninguém sabe onde está esse mesmo homem, neste preciso momento.