sábado, novembro 24, 2018

Black Friday

Merda de sociedade de consumismo, aquela em que vivemos...



sábado, novembro 17, 2018

O Poder das Redes Sociais

Quem me conhece sabe que de há uns anos para cá tenho vindo de forma consciente e intencional a lutar por manter nos mínimos olímpicos aquilo que considero ser a minha pegada tecnológica. Não porque tenha algo a esconder, muito pelo contrário (se assim fosse não teria este blog, por exemplo) mas porque penso que em resultado daquilo que é a interação considerada "normal" nos dias de hoje, a nível sobretudo das redes sociais, é um envenenamento da mente e da inteligência de cada um de nós. Um exemplo disso mesmo, no contexto das redes sociais, é a facilidade com que se publica uma alarvidade qualquer que de repente já deu a volta ao mundo como uma "notícia" real. E se por um lado alguns destes casos se revestem até de comicidade, quando se descobre a realidade, outros há em que as consequências são muito mais graves.


Exemplo disso é o que aconteceu recentemente no México, e que acabou com a morte de duas pessoas inocentes. Aparentemente alguém terá começado por inventar um mito urbano denominado "robachicos", em que uma suposta praga de traficantes de crianças estaria a atuar no país, raptando as ditas tendo em vista a sua venda. Na sequência desta publicação, muitas outras surgiram, reforçando o mito aqui e ali, sem que ninguém se desse ao trabalho de o desmentir. Quando o pânico já era generalizado, algo aconteceu. Dois homens, pessoas de família, simples agricultores, deslocaram-se a uma cidade onde não eram conhecidos. Bastou que alguém achasse que os ditos homens tinham aspeto suspeito, para se gerar um burburinho na via pública, ao ponto de (para evitar maiores altercações) a polícia se deslocar ao local e optar por os levar para a esquadra (mesmo não sendo culpados de nada) para evitar problemas de maior. A consequência foi a oposta. Ao ver os dois homens serem levados para a esquadra, a multidão que já se tinha juntado cresceu. Foram publicados apelos à população, via Facebook, para que se juntassem à multidão tendo em vista o linchamento dos dois homens. Passado pouco tempo uma multidão incontrolável estava em frente da esquadra da polícia, e mal os dois homens colocaram um pé na rua, foram regados com combustível (pago através de "crowd funding" também organizado através das redes sociais) e foi-lhes deitado fogo, acabando ambos por morrer. A acrescentar que tudo isto foi filmado e transmitido em direto por várias pessoas que assistiam ao "circo", através das mesmas redes sociais.

Escusado será dizer que estes dois homens apenas foram culpados de estar na hora errada, no local errado. Foram vítimas de várias notícias falsas publicadas como sendo verdadeiras, e de uma multidão ávida de violência que pouco se importou em verificar a veracidade do que lia, antes de se predispor a matar alguém. E se isto não é tão grave ou pior que os tempos da caça às bruxas ou da inquisição, então não sei o que será. Ocorre-me a imagem de uma multidão em fúria com archotes em chamas e forquilhas atrás do bicho papão. Tanta tecnologia, tanto progresso, e acabamos todos a agir como se fôssemos neandertais. Aquilo que designamos por "redes sociais" tem este condão, além de nos remeter para uma solidão acompanhada (ter 500 "amigos" na rede mas se preciso for passarem-se anos sem ver nenhum deles) e que muitas vezes contribui para terminar relações, mais do que estabelecê-las (assisti e assisto a isto com frequência, até no seio da minha família).

Li hoje uma notícia (daquelas que ainda têm alguma garantia de veracidade, das que se publicam num jornal) em que constava uma citação de Mark Zuckerberg, uma vez confrontado com as várias acusações relativas aos problemas de privacidade de que tem sido alvo o Facebook (e largas dezenas de milhões de utilizadores - aparentemente isto não preocupa ninguém), onde dizia que já tinha pensado várias vezes em "fechar o Facebook". Só tenho pena que tal não tenha acontecido até agora. Reconhecendo algumas vantagens nesta plataforma (e outras similares) não tenho a mínima dúvida que viveríamos todos muito melhor sem ela. Convido alguém a rebater esta minha afirmação com justificações como "manter o contacto com amigos", "organizar eventos", "ver aniversários" ou "encontrar um cachorrinho perdido", avisando já que, se é por aí, não vai conseguir.



Nota do autor: à data/hora em que escrevo esta publicação, li entretanto outra notícia que dava conta de mais uma ação de solidariedade onde supostamente um casal enaltecia uma ação altruísta de um sem abrigo, tendo em consequência disso angariado 400 mil dólares tendo em vista o apoio ao dito samaritano. Afinal tudo era um embuste montado pelo casal e pelo sem abrigo, que felizmente foi descoberto pelas autoridades... Minha gente, por favor, não acreditem em tudo o que lêem, sobretudo se vem de fontes tão fidedignas como um bando de "amigos" que na realidade não conhecem.

quarta-feira, novembro 14, 2018

Sociedade da Desinformação

Toda a minha vida trabalhei com tecnologia. Posso não ser especialista em todas as matérias, mas considero também que nos dias que correm não é preciso ser um génio para perceber coisas básicas, como por exemplo para que serve uma password. Mas aparentemente posso estar a ser demasiado ambicioso neste pressuposto, já que alguém que, na qualidade de pessoa com conhecimentos jurídicos e que desempenha o papel de deputada, considera que uma password é algo para partilhar de forma livre com os colegas, permitindo assim o acesso a informação que deveria ser reservada, para não dizer confidencial. Já nem falo na explicação atabalhoada que a Sra. Deputada Emília Cerqueira tentou dar como motivo para a justificação "inadvertida" de faltas do Sr. Deputado José Silvano, enquanto "brincava" com as credenciais e com o computador de outrem, mas vir a público falar de alto e com tiques de superioridade, enquanto vomita alarvidades, é no mínimo uma falta de respeito para com todos nós. Numa altura em que o tema da privacidade tem cada vez mais relevância, num ano em que entrou em vigor uma coisa chamada "Regulamento Geral da Proteção de Dados" e que se vivem cada vez mais ataques que visam o roubo de informação, aquilo que devia ser pessoal e intransmissível é utilizado como se fosse a chave de uma casa de banho de estação de serviço. Como se não bastasse, surgem depois todos os especialistas a debitar outras alarvidades sobre o assunto, sem saberem daquilo que estão a falar, como a jovem jornalista Liliana Borges que escreve um artigo no Público, onde defende que é fácil não ter de recorrer à partilha das passwords, bastando para isso utilizar sistemas "cloud" de partilha de dados como o Dropbox ou a iCloud... Epá... não, não basta, e não, não se podem utilizar sistemas de terceiros sobre os quais não se detém qualquer controlo para armazenar e partilhar documentação confidencial! Costuma dizer-se que a ignorância é uma bênção, mas ocorre-me contrapor que a estupidez é uma maldição... e o pior é que a maldição é para todos nós, e não apenas para aqueles que de estupidez padecem, como claramente é o caso de todos os envolvidos nesta novela.

pa·la·vra·-cha·ve
substantivo feminino
(...)

3. [Informática]  Palavra ou sequência de letras, números ou símbolos que identificam um utilizador e que permitem o acesso a informação, programas ou sistemas protegidos.