quarta-feira, novembro 28, 2007

As Chávez do Poder

Durante a última semana tem sido muito comentada a reunião de "Sócras" com Chávez, como continuidade de uma onda mediática que começou com a forma como subiu ao poder, passando pelo atrito constante com Bush, e mais recentemente pela imagem do Rei de Espanha perguntando "porque não te calas?". Os GF fizeram (e muito bem) uma rábula sobre o assunto, simplesmente espectacular! Mas o que gostaria de salientar aqui é que depois destes cenários todos politicamente incorrectos, vi o "Sócras" tomar uma atitude, a meu ver, relativamente correcta (ainda que levada a cabo por motivos específicos, como negócios de petróleo e afins). Vi um dirigente português zelar pelos interesses do povo, nomeadamente a comunidade portuguesa na Venezuela, que conta com mais de 400.000 pessoas. Além disso e arriscando cair na moda de não gostar de Bush, parece-me que deixar de receber como recebemos Chávez, só para agradar à outra parte, seria do mais errado possível. Não só porque certamente não teríamos compensações de qualquer espécie por entrarmos em conflito apenas porque sim, mas também porque se formos discutir democracia, eu pessoalmente arriscaria dizer que Bush é capaz de ficar uns pontos atrás de Chávez, mesmo que de forma encoberta. Bush é criticado diariamente pelos seus e parece apenas ser reeleito pelos subterfúgios que ele próprio cria, como guerras e outro tipo de conflitos, que distraem os já de si desatentos americanos (até o amiguinho Durão "Burroso" já se sente enganado). Chávez, apesar de ter subido ao poder por golpe de estado, foi já reeleito pelo seu povo, que se sente ajudado por este. O futuro dirá se este dirigente, com as medidas preocupantes que tem tomado (como a possibilidade de ser reeleito "ad eternum"), se vai transformar mais em ditador ou mais em democrata, mas para já, parece-me não existir termo de comparação.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Caminho Marítimo para Lisboa

O túnel do metro no Terreiro do Paço, que serve de passagem subterrânea ao pessoal que não quer ser atropelado na Infante D. Henrique, ficou inundado com as últimas chuvas. De recordar que há sete anos atrás foi muito pior, quando as obras foram interrompidas devido ao aluimento de terras. De qualquer forma este conjunto de acontecimentos que já não são novidade nenhuma, a menos de um mês da abertura da estação de metro, não auguram nada de bom... Eu cá para mim, arriscando cair nas teorias da conspiração, parece-me que aquilo foi obra da ASAE. Não contente com o encerramento da Ginjinha, lembrou-se de fechar também aquela passagem. Não se lembrou que talvez fizesse falta... Eu passo naquela zona ocasionalmente enquanto peão, mas tenho muito mais razões de queixa quando passo por lá como condutor. É que a malta que ali atravessa a estrada, parece frequentemente uma manada em fúria, contida apenas por umas frágeis placas metálicas do lado do rio, e uns blocos de cimento do lado da estrada. Ocasionalmente acontece um daqueles "gnus" saltarem estes blocos em busca da liberdade... no meio da estrada. Por isso aqui fica o meu apelo, enquanto automobilista preocupado e enquanto peão: façam um ralo na passagem ou levem para lá um desentupidor! Ah, e se por acaso a minha teoria estiver certa e aquilo tiver sido obra da ASAE, esses meninos que vão mas é encerrar o "rego do ass", como diria o Zé Berardo, para ver se não fazem tanta merda!

terça-feira, novembro 20, 2007

Adeus Ginjinha...

A última importante intervenção da ASAE em Lisboa foi encerrar a mítica Ginjinha. Parece que o local não tinha as condições adequadas ao funcionamento. Sinceramente não vejo que grandes condições são necessárias para servir ginja de uma garrafa para copos a um balcão, mas a malta da ASAE lá deve saber... Considero realmente importante este tipo de acção, porque é fundamental manter a baixa lisboeta parecida com um deserto, fora do horário de trabalho normal (sim, o Mário Lino deve ter-se enganado na margem do Tejo quando deixou escapar a bosta pelo canto da boca). Mesmo em épocas como o Natal ou outro tipo de festividades, é ver as lojas todas fechadas, tirando um ou outro "franchise" merdoso, com as pessoas a deambular pelas ruas a olhar para... nada que interesse. Agora nem estes pontos históricos e de relevo da nossa cultura e da cidade, estão a salvo das garras desta força policial. Mas se querem olhar para condições, julgo que era de fechar Portugal inteiro: as estradas não têm condições, os hospitais não têm condições, as escolas não têm condições, basicamente não há condições para nada. Por isso, feche-se! E podem começar pela Assembleia da República. É que vem um cheiro nauseabundo lá de dentro. Enfim... com isto tudo é de esperar que não se lembrem de fechar o Eduardino (caso não o tenham já feito), senão a malta deixa de beber naquela zona! Abaixo a malta que bebe (ou bebia) ginjinha, viva os putos que bebem "shots" nas discotecas!

segunda-feira, novembro 19, 2007

Um Dia Banal

Hoje acordei com o som da chuva a cair. Como não sou daquelas pessoas com o espírito maníaco-depressivo em relação ao tempo, confesso que este facto não me abalou muito. Ainda para mais porque a chuva já estava a fazer falta (segundo dizem os entendidos). Fez-me apenas pensar que talvez o trânsito estivesse um pouco mais complicado, no dinheiro que poupei por não ter ido lavar o carro durante o fim de semana, e que talvez fosse melhor levar um guarda-chuva e um casaco porque devia estar frio. A manhã decorreu na normalidade: alguns pequenos problemas para resolver, algumas orientações a dar, outras a receber, etc. A satisfação chegou quando, durante a hora do almoço e apesar de me arriscar a uma molha, fui passear até ao Chiado. Surpresa agradável: poucas pessoas na rua, bem como nos comes e bebes. Confesso que havia mais lugares livres do que ocupados, até. No final, cafézinho da FNAC seguido de ronda tradicional por entre livros e discos, e o regresso foi feito sem percalços meteorológicos. Obrigado desde já ao São Pedro. Já depois de regressar, sento-me nesta cadeira e resolvo escrever por aqui algumas palavras. Sinto-me embalado pela morna que toca duas secretárias ao lado, e intrigado pela selecção musical invulgar (ainda que agradável). Relembro os passos dados e penso no gosto que tenho em fazer esta voltinha sempre que posso. Enfim, hora de "acordar", regressar ao trabalho (que é algum) e aguardar que algo de importante aconteça. Será que vai acontecer?

segunda-feira, novembro 12, 2007

Get a Life

Nos últimos tempos tem sido abismal o aparecimento de mundos virtuais onde cada vez mais pessoas passam horas e horas por dia. Os jogos online deram um "kickoff", partindo-se daí para conceitos um pouco mais elaborados do que o de um simples jogo. Desde "World of Warcraft" até ao "Second Life", há cenários para todos os gostos. Foram até mesmo já celebrados os primeiros funerais online, para jogadores que após períodos superiores a 3 dias em frente ao computador, acabaram por não resistir e passar efectivamente para outro mundo: o do além. Assisti já a grandes reportagens que mostram jovens sem qualquer tipo de capacidade social (nem com a própria família da qual muitas vezes dependem), a não ser em ambientes online. Levantam-se de manhã, vão para a escola ou trabalho temporário, ansiando por chegar a casa o mais rapidamente possível e aproveitar o máximo de horas em frente ao computador, enquanto a família janta sozinha, deixando um prato à porta daquele hóspede desconhecido que têm em casa. Alguns reconhecem que a sua vida real é no mínimo deprimente, mas não se sentem tentados a fazer nada para mudar. O seu pequeno grande mundo virtual é suficiente... Como se pode ajudar alguém nesta situação? Como se pode mostrar que a vida real, com todas as "merdices" que implica, é ainda assim melhor do que nada? Como se pode explicar que são os problemas que, uma vez ultrapassados, fazem de nós pessoas melhores? Como se explica que um abraço, uma lágrima, uma dor profunda ou um simples sorriso são sentimentos muitas vezes opostos, que fazem parte de uma mesma experiência única: viver. Nunca antes a expressão fez tanto sentido: "get a life", meus amigos... "get a life"!

sexta-feira, novembro 09, 2007

Conversa de Malucos

Marco: Boa tarde. Pediram-me para passar aqui pelo balcão para discutir o meu pedido de revisão de spread, no crédito habituação.
Banco:
Diga-me o seu nome por favor.

Alguns minutos passados a vasculhar papelada...
B: O seu pedido de revisão de spread foi aprovado para 0.8% mas terá de fazer um plano poupança e um XYZ.
O XYZ não me recordo, porque o meu cérebro estava a dar mortais encarpados à rectaguarda neste preciso momento.

M: Então e com esta revisão de spread, em quanto fica a minha prestação mensal?
Aproximadamente após 5 minutos de escrita frenética no teclado do computador...
B: Fiz uma estimativa à taxa actual da Euribor e... fica mais ou menos no mesmo valor.
M:
Então e quais são as condições do plano poupança que tenho de fazer?

B: Então, paga 15 euros por mês durante 8 anos e 1 dia. Este período é uma forma de se fidelizar connosco.
M: Fidelizar? Mais do que os 40 anos de empréstimo que tenho pela frente? Mais que aquilo que pago por ser associado e mais ainda que o cartão de crédito que fui obrigado a fazer?
B:
Mas repare... tem filhos? Não tem filhos... mas se ocorrer uma fatalidade, a sua esposa recebe um valor de XYZ.
M: Isso é muito interessante, mas... a minha ideia ao pedir uma revisão de spread que me vai custar 75 euros, era ficar a pagar menos ao final do mês, está a ver? É que o plano poupança eu faço quando e como quiser, se puder.
B: Mas a diferença é que este dinheiro a mais que vai pagar para o plano poupança, é seu!
M: Vou ter que dispor do mesmo ao final do mês durante 8 anos, para esse efeito, certo?
B: Pois... e um dia!
M: Olhe, sinceramente a revisão de 1%, que é já de si uma taxa exagerada, para 0.8% ficou muito aquém do que estava à espera, e noutros bancos que não me conhecem de lado nenhum, consigo melhor. No banco da minha esposa, oferecem condições muito melhores, inclusivamente através da possibilidade de juntar os dois créditos que temos.
B: Ah, mas isso que me está a dizer é outra coisa diferente! Não prefere juntar os dois créditos aqui no nosso banco?
M: Tendo em conta que as vossas condições são piores... NÃO!
B: Pois, mas assim fazemos uma revisão das nossas contas e depois voltamos a contactar. Dê-me os dados da sua esposa...

E foi mais ou menos assim que terminou uma conversa, em que ao invés de sentir que estava a negociar com um banco, senti que estava a negociar com uma mercearia. Talvez o espírito das fusões esteja a afectar os senhores banqueiros, e tenham sido feitas já algumas OPAs pelo comércio tradicional. Qualquer dia apanho um gajo de lápis na orelha e bloco na mão, com aspecto bonacheirão, como gestor de conta. Aguardemos desenvolvimentos...

terça-feira, novembro 06, 2007

Filme de Acção

O assassino aproxima-se lentamente, enquanto retira debaixo da sua capa uma carabina. Apenas a pouco mais de 5 metros da carruagem onde circula o Rei, dispara um tiro certeiro que lhe atravessa o pescoço, partindo-lhe a coluna vertebral num estalido e provocando-lhe a morte imediata. Enquanto se gera o pandemónio, o assassino continua concentrado, disparando um segundo tiro, desta vez no ombro, que faz o Rei tombar sobre a Rainha, que o acompanha. Um rapaz fura a segurança e, elevando-se no estribo, dispara mais dois tiros de uma Browning, sobre o Rei já sem vida. A Rainha entra em pânico e agride violentamente o rapaz. O Príncipe levanta-se, mas antes de conseguir disparar o Colt, é também atingido por uma bala no externo, perfurando-lhe um pulmão. Mesmo ferido consegue ainda disparar quatro tiros sobre o rapaz, que depois de cair no chão é trespassado à espada e a tiro pela polícia. Entretanto o assassino continua a disparar, e uma vez mais de forma certeira atinge o príncipe na face com um tiro que lhe sai pela nuca, fazendo-o tombar sobre o infante. O infante é também trespassado por uma bala perdida, no braço. O cocheiro, mesmo ferido, faz seguir a toda a velocidade a carruagem alagada em sangue, enquanto a Rainha tenta acudir aos filhos já sem vida. Um oficial presente no local derruba com uma estocada o assassino, que antes de cair lhe consegue colocar uma bala na coxa.

Peço desculpa se cometi alguma incorrecção no relato que aqui fiz, pois confesso não ser o melhor conhecedor da nossa História. Mas foi com prazer que hoje assisti, aqui bem no local onde trabalho, a uma aposta forte nessa mesma História como base para o argumento de uma produção televisiva. Não sei ao certo em que âmbito ou para que canal está a ser feita esta gravação, mas a iniciativa só pode ser de louvar. Não sei também se será relatada com este tipo de detalhe. A situação concreta: o regicídio de D. Carlos, que seguia numa carruagem acompanhado por D. Amélia e D. Luis Filipe, no Terreiro do Paço. Os assassinos: Manuel Buíça e Alfredo Costa. O ano: 1908. Aguardo para ver.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Hollywood Versão Tuga

Estreou ontem a muito esperada (por alguns... por outros nem tanto) "média-metragem" portuguesa, intitulada "Corrupção". Esta obra cinematográfica que confesso não ter visto, nem tão pouco saber se me interessa ver, padece de uma série de males. Em primeiro lugar, é aquilo que se pode chamar de filme órfão. O suposto pai, João Botelho, mostrou-se relutante em assumir a paternidade. Diz que tem algo a ver com a censura de 17 minutos que lhe fizeram ao filme (daí passar a "média-metragem"). Depois, um problema resultante dessa censura/montagem do filme aparentemente feita enquanto se ia "tirar o pai da forca", que fez com que, diz quem assistiu à estreia, a banda sonora não batesse certo com as cenas da filme. É natural... com 17 minutos a menos! Segundo a mesma plateia, o filme pouco acrescenta ao romance cuja autora é a personagem principal do filme a que deu origem. Ah... parece que no filme a protagonista não escreve um livro intitulado "Eu, Carolina", mas sim um livro intitulado "Eu, Sofia". Tenho ainda um reparo a fazer, talvez resultante da minha ignorância: porque raio é que o cartaz do filme tem o texto todo invertido? É que ainda se fosse só o título e mais duas ou três frases... mas até os créditos estão todos com o efeito "espelhado"! Foi algum erro da tipografia ou é de propósito? No meio disto tudo foi de admirar a festa de anteestreia do filme, onde o "Jet Seis e Meio" teve oportunidade de mostrar o seu glamour ao melhor nível. Digam lá se esta gaja na foto, a trabalhar no "Calor da Noite", não valia uns bons 25 euros?

Sexta Com Sabor a Segunda

E aquela sensação de fazermos parte dos 10% de otários que hoje foram trabalhar?