domingo, junho 28, 2020

A Culpa é Minha, Coloco em Quem Quiser

Se cada um tem aquilo que merece, creio que os portugueses em geral nada fizeram para merecer tamanho desaire e infelicidade como aqueles com fomos brindados relativamente a quem nos (des)governa. Segundo um artigo da Visão, terá decorrido recentemente uma reunião no Infarmed que contou com a presença do Presidente, do Primeiro Ministro e da Ministra da Saúde, entre outros, para fazer um ponto de situação sobre a evolução da COVID-19, sobretudo no que diz respeito ao crescimento do número de infetados na região de Lisboa e Vale do Tejo. O que aconteceu terá deixado quem estava presente perplexo e só tenho pena que não exista filme desta reunião. Basicamente, permitiria assistir a um primeiro ministro descontrolado, cuja principal preocupação é a de dizer que "se algo falhar, a culpa não será sua", e que não percebe que não pode de forma alguma desrespeitar da forma que o fez, um presidente da república... a par de um presidente da república frouxo, que não percebe que não pode deixar passar incólume uma atitude destas pela parte de um primeiro ministro. Obviamente nada irá acontecer, e vamos continuar alegremente a testemunhar o "milagre português" a tornar-se cada vez mais "milagroso"...

sábado, junho 27, 2020

Sair para Esticar as Rodas

O confinamento faz-me mal. Habituado que estava a rolar um mínimo de 50 kms por dia, desde que a cegada começou deixei de andar diariamente de mota e os poucos passeios que fiz (alguns meio que a medo) contam-se pelos dedos de uma mão. Só serviu para me aperceber a falta que me faz. Não sei explicar porquê, mas simplesmente pegar na mota e percorrer quilómetros faz-me sentir bem. Sei que parece algo irracional, até talvez infantil, mas é o que é. Por isso mesmo hoje ainda estou a saborear a voltinha que, de improviso, dei ontem. Saí de casa de manhã e encontrei-me com um par de amigos que padecem da mesma dependência que eu. Sabíamos que a voltinha não seria muito extensa, por isso deu para parar com mais frequência do que é habitual, ir petiscando pelo caminho e sobretudo por a conversa em dia. Saída de Loures, bifana extra salgada em Torres Vedras com imperial a acompanhar, as tradicionais curvas do Bombarral, paragem para uma tosta XL na Serra de Montejunto, uma ginja bem aviada na Serra do Socorro, o regresso pelo Gradil, Mafra e por fim a chegada a casa. Nem um depósito gastei, mas ainda assim soube bem, soube muito bem. Como eu costumo dizer, era capaz de me habituar a fazer isto todos os dias.

domingo, junho 21, 2020

Somos Aquilo Que Pensamos

Li há já alguns anos a edição em inglês de um livro intitulado "As a Man Thinket", de James Allen. Mais tarde viria a encontrar a edição em português, com o título traduzido de "Tu És Aquilo Que Pensas". Curiosamente é um dos 2 livros que tenho neste momento na minha cabeceira, e que julgo poderei ler mais um par de vezes. Não por ser um livrinho pequeno (que é)... não por ser de fácil leitura (que é)... mas sim pelo conceito fundamental que expressa, de que o nosso pensamento e as nossas ideias, que povoam a nossa mente, condicionarem de forma determinante aquilo que somos. Não podemos decidir simplesmente de um dia para o outro que nos queremos sentir sempre felizes, que nos queremos sentir sempre corajosos, que nos queremos sentir sempre aventureiros, que queremos ser o melhor profissional, o melhor pai, o melhor marido, ser isto ou aquilo. Mas o cérebro, tal como um músculo, é "exercitável". E pode ser exercitado se tivermos uma palavra a dizer sobre os pensamentos que nos ocorrem ou no raciocínio que a partir daí desenvolvemos sobre eles. E com o passar do tempo, fazendo este exercício, ganhamos a capacidade de sermos mais permeáveis e mais recetivos a pensamentos que contribuem para a nossa felicidade, a nossa satisfação, realização, o nosso sucesso, e menos permeáveis a pensamentos que nos levem no sentido inverso.

A nossa saúde mental pode ser impactada por questões que estão para lá do nosso controlo (ex.: doença física ou desequilíbrios do nosso corpo) mas por outro lado depende de nós em larga medida (as circunstâncias que nos rodeiam e aquilo que retiramos delas, com que alimentamos a nossa mente). Imaginando que os nossos pensamentos são a alimentação da nossa mente, podemos estabelecer o paralelismo com comida saudável e "fast food". Se alimentarmos a nossa mente com um belo peixe grelhado e legumes salteados (leia-se bons pensamentos) a nossa mente cresce e mantém-se saudável. Se todos os dias lhe dermos um Big Mac, a mente vai ficar desequilibrada e vai ganhar a vontade de comer mais e mais "porcaria". Curiosamente, este exercício de alimentar de forma saudável a nossa mente, é frequentemente desconsiderado e muito pouco discutido nos dias que correm. Quem tem problemas resultantes desta falta de saúde mental é frequentemente tratado com químicos, sem que haja um trabalho alternativo de pelo menos tentar impor uma "dieta" da mente, que poderia trazer efeitos muito mais saudáveis e duradouros...

Apesar de não conhecer mais do que qualquer outra pessoa que o tenha visto na televisão, foi com tristeza que assisti ontem às notícias sobre Pedro Lima, conhecido ator, novo, saudável, com uma bonita família em seu redor, partir de forma tão inglória e injusta... Foi com tristeza que assisti a alguém que (apenas aparentemente) tinha tudo para ser feliz, e afinal era de tal forma infeliz que desistiu de tudo. Foi com consternação que confirmei aquilo que já sabia: que a nossa mente é o nosso bem mais importante, aquele que devemos defender e proteger com unhas e dentes de tudo e de todos. Nos dias que correm, há muita gente preocupada com a aparência física e com o seu próprio corpo (o que não é mau), mas tão pouca gente preocupada na mesma medida com o bem estar mental e emocional, não percebendo que no limite, quando o corpo deixar de ser o que é, a mente ainda estará cá para ter de lidar com ele (e nós próprios com ela).

Espero honestamente conseguir manter a minha saúde mental até ao final da minha vida. Será ela que, se ou quando tudo o resto falhar (até a saúde física), me poderá "salvar". Espero poder moldar a minha mente ao longo dos anos, de forma a que nela não se instale o ócio, a raiva, a angústia, o rancor, a tristeza, o pessimismo, o desespero e tudo o mais que a pode contaminar tal qual um cancro pode contaminar o nosso corpo. Vejo com frequência pessoas em meu redor a quem isso já aconteceu, está a acontecer ou vai acontecer no futuro - espero não ser uma delas. Há que cuidar de nós, agora, já, para garantir que não desistimos de tudo e todos.

Descansa em paz, Pedro Lima.

segunda-feira, junho 15, 2020

Ditatura do Politicamente Correto

Não sou racista.

Posto isto, ocorrem-me várias constatações sobre os recentes eventos despoletados pela estúpida, injustificável e incompreensível perda de uma vida no decorrer de uma intervenção policial:

Estranho mundo este em que oportunistas se aproveitam de um caso de violência policial para incendiar o mundo com violentos protestos anti-racismo, para proveito da sua própria agenda política ou social ou qualquer outra que seja. Qual a explicação para as imagens de um mayor ajoelhado a chorar compulsivamente junto ao caixão de uma pessoa que não conhece? Qual o critério inequívoco que nos faz distinguir entre racismo e violência/brutalidade policial?



Estranho mundo este em que se destroem monumentos alusivos a figuras históricas, todas elas com a devida importância que tiveram. A história deve ser preservada, e nunca, mas nunca deverá ser apagada, quanto mais não seja para que nos lembremos de erros cometidos no passado, e evitemos cometê-los no futuro.



Estranho mundo este em que a ignorância permite a descontextualização dos acontecimentos e personalidades do passado, para promover o ódio, a violência e o vandalismo. Aguardo com expectativa e temor o dia em que ouvirei a notícia da decapitação da estátua de D. Afonso Henriques, pelas suas convicções anti-muçulmanas.

Estranho mundo este em que se instiga a inação das forças policiais sob a ameaça constante da acusação de racismo ou de outro preconceito qualquer. No dia em que precisarmos deles, e eles não agirem por receio de uma qualquer acusação, talvez valorizemos de forma diferente o trabalho da polícia (e não, não estou a justificar a brutalidade cometida sobre George Floyd por aquele agente da autoridade, simplesmente me recuso a generalizar).



Estranho mundo este em que choramos a morte de uma pessoa num país distante, sem olhar às vítimas que sucumbem diariamente ao nosso lado, por motivos ainda piores. Com o devido respeito pela vida humana, George Floyd era um toxicodependente detido por usar dinheiro falso e Rayshard Brooks apontou um taser a um polícia enquanto fugia. Independentemente das circunstâncias, fugir parece cada vez mais ser o comportamento "standard" quando um agente da autoridade interpela alguém, nos dias que correm.


Estranho mundo este, o da ditadura e censura a bem do politicamente correto.