segunda-feira, agosto 31, 2015

Lisboa é Linda!

Gosto de Lisboa. Posso ter empregos mais ou menos de acordo com as minhas expectativas, que me dêem mais ou menos realização pessoal, mas gosto de trabalhar em Lisboa. É certo que o meu sonho seria poder fazer algo que me permitisse sair de entre quatro paredes e poder usufruir de um cenário mais próximo da natureza, mas em contexto citadino duvido que haja melhor lugar para se estar, do que uma cidade brindada com a envolvência de um rio como o Tejo, e de uma paisagem que nunca é a mesma de cada vez que lançamos um novo olhar. Olhando para trás ao longo do meu caminho profissional, comecei pela Rua da Junqueira, com direito a vista para o rio. Algum tempo mais tarde, passei para o Terreiro do Paço, também com vista para o rio e o privilégio da proximidade do Chiado e outras zonas circundantes. Mais tarde acabei por me afastar do rio e passar algum tempo na zona do Campo Pequeno, que também tinha o seu encanto. Depois passei a minha única "fase negra" quando fui "exilado" para um edifício integrante na maior superfície comercial de Lisboa (até hoje nunca mais fui capaz de frequentar o Colombro como conseguia fazer anteriormente). Acabei por sair dali para o Saldanha, onde me libertei da claustrofobia consumista. Mais recentemente reaproximei-me do rio, estando agora junto à 24 de Julho. Sinceramente, do novo "estaminé" o local é das poucas coisas que me agradam (apesar de ficar bastante longe de onde moro). Mas também admito que a localização vale bastante. Num dia da passada semana fui almoçar, e no regresso parei, olhei e respirei (no Largo das Necessidades). E vi uma paisagem que acredito muitas pessoas pagariam para ter direito a ver. Como pensei na altura, escrevo agora... Lisboa é linda!

sexta-feira, agosto 21, 2015

Muscat

Na sequência de ter abraçado uma nova experiência profissional em maio, e depois de alguma expectativa e relutância relativamente à possibilidade de ter de fazer várias deslocações para fora do país em contexto profissional, finalmente aconteceu. Confesso que nesta fase da minha vida é algo que não me interessa muito. Há alguns anos atrás a perspectiva de viajar e conhecer vários países, seria espectacular, mas hoje em dia o meu maior desejo é ter tempo para poder estar com os meus filhos e absorver todos os minutos em que tenho o privilégio de estar na companhia da minha família. Digamos que estou mais caseiro... Ainda assim, valores "mais ou menos" altos se levantaram e lá fui eu na minha primeira viagem, ate Omã. Entre viagens e estadia foram 4 dias muito cansativos. Dada a minha incapacidade de dormir em quaisquer meios de transporte, as muitas horas de avião foram penosas para mim. Uma viagem de ida com 3 vôos entre Genebra, Dubai e Muscat, com chegada às 05h00 para passar o dia inteiro no cliente, deixou poucas energias para a noite. Ainda assim consegui sair para jantar no Trader's Vic, um restaurante com um ambiente fantástico e que, não tendo o seu expoente máximo em Muscat (segundo sei o melhor é o do Barein), foi bastante agradável. Duas moças de aparência agradável à vista cantaram mesmo ao meu lado, e animaram o jantar. Mas como o peso das muitas horas acordado se fazia sentir, fui dali direitinho para o hotel fazer um grande óó... No segundo dia também passado inteiramente no cliente, apesar do jet lag o ânimo já era outro. Por isso, no final deu para passar pela praia a caminho do hotel e molhar os pezinhos naquela espécie de sopa que é o mar por aquelas bandas. Sinceramente nunca vi uma coisa assim. Os 40 e muitos graus que se fazem sentir durante o dia, ou até mesmo as temperaturas mínimas de 30 que se fazem sentir à noite, não podem ter como alternativa um banho de mar, já que aquele "caldinho" é tudo menos refrescante. A proporção de mais ou menos 50 homens na praia, para cada mulher presente (e de burka) também proporciona um cenário no mínimo invulgar. Após a praia parámos no Sport's Bar, um dos raros locais onde se servem bebidas alcoólicas, para beber uma mais que desejada cerveja bem fresca, antes de ir ao hotel tomar (mais um) banho e seguir para o restaurante para degustar um derradeiro jantar. O local seleccionado foi o Kargeen, onde finalmente tivemos a oportunidade de provar comida tradicional - ainda que eu não seja propriamente fã de borrego. Foi tudo muito bem servido (ainda que sem direito a álcool a acompanhar) e a conversa esticou-se pela noite fora, falando sobretudo sobre o choque cultural que em tão curta estadia ainda assim se faz sentir. Desde as vestes tradicionais que a grande maioria dos locais usa, até aos aspectos religiosos, passando por outros hábitos e costumes, tudo tem um sabor especial. Duas crianças que repentinamente se ajoelham à nossa frente no aeroporto para rezar, enquanto esperamos pelo nosso voo... homens que lavam os pés em lavabos públicos antes das suas rezas... Regras de indumentária e protocolo a que as mulheres estão sujeitas... As particularidades de viver num sultanato e a relação que o povo tem com o seu (amado) líder... A riqueza disponível pelo facto de se estar num país "sentado" sob petróleo... Tudo assume um estranho carácter exótico e parece especial. Não seria capaz de viver ali. Aquilo que numa curta estadia parece exótico e raro, rapidamente se transformaria em sentimento de privação numa estadia mais prolongada. No final da noite e dado o avançar da hora, o regresso ao hotel serviu apenas para mais um banho e para fazer o checkout, já que o voo de regresso saiu às 04h00. Um atraso na partida e outro na chegada ao Dubai, fizeram com que tivesse de percorrer o aeroporto em modo Usain Bolt, para não perder o voo de ligação para Lisboa. Uma vez em casa passei a tarde a marcar golos de cabeça até finalmente me deitar com o confortável sentimento de estar finalmente de volta, junto dos meus. Next stop? Em princípio, Turquia, mas o futuro o dirá...