domingo, novembro 28, 2021

Semana de Bricolage Motard

E na última semana e meia, foi mais ou menos assim...

A sair do trabalho... "olha, o pneu de trás em baixo!"... depois de me desenrascar à conta de um compressor portátil emprestado e encher o pneu duas vezes no caminho para casa (falha minha não levava nem o meu compressor nem o kit de reparação de furos comigo naquele dia), depois de jantar dediquei-me à reparação do furo (no singular, julgava eu).

"Olha, está aqui mais um... e vão 2!"

"E aqui mais um... e vão 3!"

Contagem final, 3 furos diferentes no mesmo pneu, cortesia de um total de 5 pregos (3 deles espetados no mesmo sítio). Devo ter passado por cima de uma caixa de pregos de pistola e não dei por isso, a caminho do trabalho.

Mais tarde, nessa mesma semana... de manhã chego à mota e noto algo estranho... aparentemente no regresso a casa do dia anterior, fiquei mais leve pelo caminho. Esta matrícula já tinha voado uma vez na zona de Oleiros, mas na altura foi recuperável... desta feita, ficou em parte incerta.

 

Resultado, 12 euritos numa matrícula nova e mais bricolage agarrado à mota. Bem feitas as contas não me saíram muito caras estas surpresas, deu para me entreter um pouco agarrado à mota, e em ocasião alguma fiquei apeado (cortesia de ter uma segunda mota em que pegar quando a primeira não estava em condições). Tudo está bem quando acaba bem. Lucky man!

sábado, novembro 13, 2021

Força de Vontade

Desde o regresso ao trabalho presencial (... a 100%...), dei por mim com menos tempo útil por dia e a sentir falta dele. Em parte, um dos motivos pelos quais também não tenho tido tempo para escrever por aqui. Mas para além disso, tornou mais desafiante a tarefa de me levantar todos os dias (ainda mais) cedo para a minha atividade física matinal... A chegada do inverno, o nascer do sol tardio e a descida de temperatura, são alguns dos obstáculos mais recentes que tenho de ultrapassar diariamente quando dou as primeiras pedaladas. Com a mudança de hora, a coisa amenizou um pouco... agora pelo menos já chego a casa com (alguma) claridade em vez de noite cerrada. Entre as 6h e as 7h o sol ainda não nasceu mas em breve conto voltar a vê-lo. Tive de comprar iluminação para ver melhor o caminho, já que nos trilhos por onde passa pouco ou nenhum ruído luminoso chega para ter visibilidade suficiente para circular em segurança. Posto isto tudo, com alguma força de vontade tenho prevalecido neste meu compromisso comigo próprio e quando chego a casa depois da voltinha dada, nunca me arrependo nem dou por desperdiçado o tempo e esforço de abdicar de 1 hora de sono no quentinho do vale de lençóis...



domingo, setembro 19, 2021

De Lisboa a Cidade Rodrigo - Dia 4/4

O quarto e último dia, começou ligeiramene mais cedo. Tínhamos a primeira parte do trajeto bem definida e a segunda parte mais em aberto, pelo que tomaríamos a decisão sobre eventuais ajustes ao percurso de regresso mais adiante...



Antes de ir tomar o pequeno almoço, viemos respirar o ar fresco na rua e ver das nossas meninas que continuavam aparcadas em frente ao hostal. Pequeno almoço tomado na companhia dos outros quatro tugas que, dada a estirpe e pedigree aventureiro, acabaram por não fazer muita conversa com estes dois mal vestidos.



Como não tivemos direito a café expresso, tivemos de fazer uma paragem pouco tempo depois de sair de Cidade Rodrigo, imediatamente antes de o Pedro voltar às suas lides com a fauna envolvente. Desta feita dois labradores que mais pareciam dois bezerros, que tentaram primeiramente uma pega de caras contra ele e que depois ainda tentaram por-se a jeito para uma pega de cernelha da minha parte.



Ultrapassado o "code brown" do dia, seguimos em frente em direção a Navasfrias.





As curvinhas de Valverde del Fresno também já eram terreno familiar, e apesar de as estarmos a fazer no sentido errado (que é como quem diz a descer), não desiludiram, tal como a paisagem envolvente.









Depois de uma paragem contemplativa, passado pouco tempo estaríamos a atravessar a fronteira com Portugal. Seguimos em direção a Penamacor, virando pela N233 em direção a Castelo Branco. Ainda tentámos cravar umas minis a alguns autóctones que conhecemos na Idanha, mas estava tudo a dormir e ninguém respondeu. Como estava tudo em "radio silence", fomos até ao Bar Esplanada Jardim onde finalmente matámos a sede às nossas próprias custas.



Olhámos para o percurso e fizemos alguns ajustes. Lembrei-me de um spot porreiro para almoçar em Abrantes, pelo que faríamos assim um trajeto que incluiria a N3 e uma passagem pelo Fratel, antes da próxima paragem.



O local escolhido foi o restaurante Aquapolis, que tem uma vista magnífica para o Tejo, e onde tivemos a sorte de chegar 10 minutos antes de começar a corrida de MotoGP, à qual assistimos durante a refeição enquanto degustávamos uns bons bifes, acompanhados por um rosé Dez Tostões bem fresco, que o calor naquele dia já se fazia sentir e bem. Foi o remate gastronómico perfeito para uma viagem que correu extremamente bem nesse aspeto (e já agora em todos os outros).







Ao sair do restaurante, dada a quantidade de bicharada morta em cima das motas e talvez devido ao sol que lhes batia em cima, circulavam autênticos enxames de vespas em torno delas. Tivemos de colocar as motas a trabalhar e afastar-nos rapidamente, para não termos novo episódio dedicado à apicultura como o que o Pedro teve em Béjar.



O caminho que se seguia já tinha pouco que saber. Rumámos em direção a Ponte de Sôr, percorremos as margens da barragem de Montargil, e parámos nas bombas junto à praia fluvial para abastecer e hidratar (as últimas cervejas do dia...). O fim da viagem estava a aproximar-se e claramente que isso já se fazia sentir..



Retomámos o nosso caminho em direção ao Couço e depois seguimos até ao Infantado, onde nos despediríamos para percorrer caminhos diferentes.

E terminaria aqui a nossa viagem entre terras lusas e terras de "nuestros hermanos". Restava limpar a bicharada internacional que trouxemos à boleia connosco, e que não era pouca...



Este tipo de aventura que nós, motociclistas, temos o privilégio de volta e meia conseguir fazer é algo que devemos valorizar. Numa experiência só, temos a oportunidade de fazer algo que gostamos como andar de mota, de conhecer outros locais, outros hábitos, outras gentes e outras culturas, e quando temos a oportunidade de o fazer acompanhados, temos a possibilidade de fortalecer amizades e camaradagens pela partilha das experiências e pelas conversas que vamos tendo ao longo dos dias em que partilhamos roda. Da minha parte só posso deixar um grande bem haja ao Pedro pelo desafio que me lançou, pela navegação que acabou por ficar a seu cargo, pela roda certinha que me deu ao longo destes quatro dias e pelas horas de conversa (nem sempre fiada) e copofonia que partilhámos. Venha a próxima!

sábado, setembro 18, 2021

De Lisboa a Cidade Rodrigo - Dia 3/4

O terceiro dia começou tão bem ou melhor que o anterior. O plano original teria algumas alterações mas o Pedro tinha feito o trabalho de casa e preparado a navegação para termos mais um dia top.



No Hostal Extremeño, apesar de não haver café expresso (grande falha), havia na mesma a minha tostada e com extra... presuntinho ibérico do bom.



Mas como o café fazia falta e não queríamos repetir o stress desnecessário relativo à fraca autonomia da minha mota, parámos numas bombas antes de sair de Béjar para tomar cafezinho e abastecer, enquanto as burras cá foram tinham a companhia de um par de cabras de mato.



Não demorámos muito a sair de Béjar e curtir as primeiras curvas do dia, com um tempo ainda mais a jeito que nos dias anteriores. Apesar de todas as previsões menos otimistas, nesse aspeto estávamos a ser bafejados pela sorte.



Neste dia iríamos percorrer caminhos mais familiares de viagens anteriormente feitas por esta zona, pelo que rapidamente reconheci a estrada que nos levava até ao ponto da primeira paragem paisagística do dia: Puerto de Honduras. Esta estrada é qualquer coisa de fenomenal. Um caminho estreito, com zonas muito frescas em que a vegetação literalmente cria túneis por onde nos embrenhamos, parecendo que estamos numa cena digna de um filme. Não arriscámos parar para tirar fotos porque o mais certo era aparecer logo um carro da Guardia Civil e trazermos bilhete premiado. Ainda assim, fica facilmente na memória de quem por ali passa.

Puerto de Honduras, por sua vez, tem muito onde parar, já que dali se pode ver uma paisagem digna de ser mirada.







En el norte de la provincia de Cáceres se sabe que en el momento en el que las nieves hacen su aparición es muy probable que el puerto de Honduras quede cerrado al tráfico.
Este puerto nos proporciona alguna de las vistas más colosales de la zona norte. Une dos grandes valles: el del Ambroz y el del Jerte. Tiene una longitud de ascensión desde uno y otro lado de aproximadamente 17 kilómetros con una pendiente media de 5% bastante mantenida en todo el recorrido. Estas características lo convierten en un puerto muy apreciado por los amantes de la bicicleta.

Fonte: www.turismocaceres.org

Depois de observar a paisagem, começámos a descida em direção ao rio Jerte. Virámos em direção a Plasência e parámos num cafezinho para hidratar. Seguimos mais uns quilómetros pela nacional e antes de chegar a Plasência virámos à direita para percorrer mais uma estradinha secundária até ao apontamento cultural do dia: a cidade romana de Cáparra.







De origen Vetón, la población de Cáparra llegó a convertirse en muncipium de Roma en época de Vespasiano: Municipium Flavium Caparense. De los restos que se conservan destaca su impresionante arco, tetrapylum, el único de sus características en España, que se ha convertido en el símbolo más representativo de la ciudad.

Fonte: www.viajarporextremadura.com

O estado de preservação da cidade é impressionante e a mesma encontra-se no meio de um olival, no qual estava a decorrer a apanha da azeitona. Demos uma voltinha pelo local, batemos mais umas chapas e seguimos caminho, já a pensar no almoço (que nem nos passava pela cabeça o quanto tardaria...). Enquanto percorríamos a margem do embalse de Gabriel y Galán, fizemos uma paragem que se impunha junto à barragem, onde a vista era simplesmente magnífica.







Seguimos caminho e as povoações eram cada vez mais escassas e distantes umas das outras, assim como os possíveis locais para almoçar. Ainda parámos num spot com grande pinta em Vegas de Coria, o restaurante do Hotel Rural Los Angeles, mas infelizmente não tinham vaga para nós, a não ser que esperássemos até às 15h30. Fomos andando... e andando... e andando... e lá demos com um restaurante com uma catrefada de motas estacionadas à porta, pelo que pensámos: é mesmo aqui! O sítio era bonito, ficava junto à margem de um rio, tinha uma esplanada agradável, mas mal sabíamos na cegada que nos estávamos a meter...





O restaurante chamava-se Riomalo El Mulero, e também ali não havia vaga para nós, a não ser que esperássemos um pouco... como já eram quase 15h00, resolvemos ficar por ali e aguentar a bomboca enquanto mandávamos abaixo umas cañas. Sentámo-nos finalmente às 15h30 mas tudo naquele almoço tardava a acontecer. Eram quase 17h00 quando finalmente demos o almoço mais ou menos por terminado. Tive de chamar o empregado e disse-lhe: "perdona, pero estamos con prisa!". Por muito que gostemos de gastronomia e copofonia, estávamos ali para andar de mota e a estrada chamava por nós. Bebemos os cafés, pagámos a conta e seguimos até à próxima paragem que era mesmo ali ao lado: o Meandro del Melero.







Si hay una imagen que identifica y representa el norte de la provincia de Cáceres esa es la del meandro El Melero. En el límite oriental de la sierra de Gata, dentro de la comarca de las Hurdes y dibujando la frontera entre Cáceres y Salamanca, podemos observar este espectacular meandro que forma el río Alagón.

Fonte: www.turismocaceres.org

As fotos fazem pouca justiça ao local, que é simplesmente espetacular de se ver. O próprio miradouro está numa envolvente fantástica e o caminho para chegar lá é igualmente interessante de se percorrer.

Regressámos ao cruzamento onde ficava o restaurante que nos proporcionou a seca do dia e seguimos viagem retomando a estrada que de seguida nos levaria até Las Batuecas, passando por La Alberca, zonas já familiares inseridas na Sierra de Francia.



Um labirinto de montanhas e de vales intrincados conformam o Parque Natural de Las Batuecas – Serra de França. A sua posição estratégica, entre as duas mesetas, transformou-o num singular corredor de comunicação biológica.
Pelo seu elevado valor ambiental foi declarado, em 2006, Reserva da Biosfera (juntamente com a serra de Béjar) e dois anos depois foi incluído na Carta Europeia de Turismo Sustentável.

Fonte: www.salamancaemocion.es

Fizemos ainda uma paragem no miradouro de El Portillo, mas já tinhamos em vista o próximo ponto de paragem que sabíamos seria o mais espetacular do dia.



A seguinte e última paragem do dia, antes de rumar a Cidade Rodrigo, seria o santuário de Nossa Senhora da Peña de Francia. O dia já ía longo e o fresco fez-se sentir e bem na subida da serra até ao santuário. Quando chegámos lá, deparámo-nos com uma confusão das mais capazes. Um qualquer evento motard que reunia dezenas de Ducati, com ducatistas equipados a rigor com blusões da Ducati, calças da Ducati e, desconfio eu, cuecas da Ducati.





Confusão no estacionamento, confusão no santuário, até que finalmente deram à soleta e nos deixaram apreciar a vista como deve ser.













Ao chegar à Serra de França, o viajante distingue rapidamente o inconfundível perfil deste maciço rochoso de 1.723 metros de altura.
No alto, eleva-se um santuário dominicano que acolhe a Virgem Morena, padroeira da província salmantina. Uma hospedaria e vários miradouros completam o conjunto.
O topónimo França está relacionado com o repovoamento medieval destas paragens com gentes vindas de terras longínquas. Segundo a lenda, foi um estudante francês, Simón Vela, quem encontrou numa gruta a figura da Virgem em 1434. Em sua homenagem, celebra-se uma romaria no dia 8 de Setembro.
Uma estrada sinuosa conduz-nos até ao ponto mais alto, deixando para trás parcelas de carvalhos e pinheiros. Recomenda-se subir e contemplar a paisagem, num horizonte de perder de vista até encontrar as terras extremenhas. Pelo caminho, não é estranho encontrar exemplares de cabras montesas que tomam conta da zona.

Fonte: www.salamancaemocion.es

Para além de admirar a paisagem, há que admirar as burras que nos trouxeram até ali. Como se costuma dizer, se não olhas para trás quando a estacionas, não tens a mota certa...







Saindo dali até Cidade Rodrigo, a viagem não teve grande história. A temperatura subiu quando a altitude baixou e já sentíamos vontade de chegar ao nosso alojamento e relaxar. O sol de frente e a javardice de bicharada morta nos capacetes mal nos deixava ver o caminho. Quando finalmente chegámos a Cidade Rodrigo, deparámo-nos com cavalos e charretes que percorriam as estreitas ruas da zona histórica da cidade, onde ficava o nosso alojamento, resultado de uma feira equestre que estava a terminar. Lá conseguimos chegar ao alojamento, o hostal Puerta del Sol, mais uma vez com excelente localização, mesmo no centro da cidade. No mesmo local estavam alojados mais uns quantos tugas (esta espécie está sempre em todo o lado), pelo que acrescentámos as nossas burras ao tetris de motas que estava na rua, quase à porta do hostal.



Banhinho da praxe e ala que se faz tarde para jantar. Fomos atrás de uma recomendação que nos deram no alojamento, mas a coisa estava agreste em termos de disponibilidade. Valeu-nos o conhecimento prévio de um spot espetacular por parte do Pedro, o restaurante D'Moran, onde nos arranjaram uma mesinha discreta que nos permitiu saborear mais um grande jantar.





Lá pedimos a vinhaça da praxe, desta feita um tinto El Ilusionista, para acompanhar um solomillo e um carpaccio que serviram para desenjoar do almoço tardio. Para quem começa a achar que isto de andarmos sempre os dois juntos é suspeito, que fique bem claro que no fim... pedimos o Divórcio! :D





Depois da jantarada era tempo de fazermos a caminhada da praxe para ver a cidade, que é igualmente bonita à noite e procurar um spot porreiro para beber mais uns copos enquanto a conversa não se esgota.



Ficámos agradavelmente surpreendidos, porque claramente em Espanha o desconfinamento já está uns níveis valentes à frente do nosso. Sentimos isso quando demos por nós a acotovelarmo-nos para conseguir chegar ao balcão de um bar. Pedimos uns whiskys, voltámos para a explanada e enquanto observávamos a fauna (sem ser daquela que se atravessa à nossa frente na estrada), comentámos que se regressássemos a Portugal com covid, já sabíamos onde o tínhamos apanhado...



Ainda demos mais uma volta e descobrimos uma rua ao bom estilo do Bairro Alto, onde demos o último aconchego copofónico no bar El Samu.



Este bar é um spot difícil de descrever, em que o dono (pelas fotos expostas na parede) será personalidade importante do mundo das touradas, e observa por detrás do balcão enquanto duas miúdas dançam sozinhas no meio do bar... Tecemos uma série de teorias da conspiração sobre o que por ali se passava, enquanto terminávamos a copofonia dessa noite, para logo depois regressar ao hostal e descansar.

O dia seguinte seria o final, mas ainda tínhamos muito que ver e alguns kms a percorrer.