sábado, janeiro 26, 2019

Caminho do Velho Pinheiro

Um ano e meio depois de iniciarmos esta jornada juntos, foi agora o teu momento, a altura de subires mais um degrau no caminho da escola do velho pinheiro (Kosho-Ryu). A graduação do cinto amarelo justamente obtida como o resultado de um esforço individual mas partilhado entre pai e filho, que só me podia deixar  orgulhoso pela dedicação e empenho de um projeto de pessoa que tem já tantas caraterísticas boas para vir a ser um grande sucesso. Parabéns, meu filho. Espero poder acompanhar-te nesta viagem por muitos mais anos.

sexta-feira, janeiro 11, 2019

Primeira Ida à Serra

E como não basta desejar apenas ter um bom ano, é preciso fazer por isso, no primeiro fim-de-semana de 2019 foi tempo de fazer uma das coisas que mais gosto: andar de mota. Respondendo a um desafio completamente infantil de alguém que partilha o mesmo gosto pelas duas rodas que eu, alinhámos um conjunto de malucos e resolvemos ir naquele que terá sido/será eventualmente o dia mais frio do ano... à Serra da Estrela.

O ponto de encontro foi um dos habituais: bombas da Galp junto ao RALIS. Quando estacionei (e estando ainda em Lisboa), os 4º que se faziam sentir antecipavam uma viagem no mínimo "interessante" em termos de temperaturas... A malta lá foi chegando e uma vez reunido o grupo, seguimos.



Na zona do Carregado já se faziam sentir apenas 2º, e assim que saímos da A1, poucos kms depois em plena A23 já tínhamos atingido os 0º. Pensei que quando saíssemos da autoestrada, quanto mais não fosse pelo facto de a estrada nacional ser mais abrigada, a temperatura ficaria um pouco mais amena. Nada podia ser mais errado. Já depois de passar Vila de Rei, a temperatura mantinha-se e, cerca das 10h30 da manhã, na chegada à Sertã, o termómetro marcava -1º.


Parámos nas bombas de gasolina para abastecer, e eu aproveitei para descongelar as extremidades. As minhas mãos lentamente começaram a recuperar a sensibilidade enquanto uma dor aguda fazia sentir ao longo do processo. Os pés, apesar das grossas botas "touring", continuavam dormentes e sem sensibilidade. Só ao sol se conseguia sentir uma mínima sensação de conforto. Felizmente daí para a frente o frio dar-nos-ia umas tréguas e permitiria seguir viagem sem sofrimento de maior.


Depois de mais uns kms de curvinhas das boas, lá chegámos finalmente a um ponto de paragem há muito aguardado: o restaurante Só Grelhados no Paúl. Nada melhor para compensar o briol que tínhamos gramado até então, do que uma carninha grelhada no bucho!


Depois de recuperar energia e gordura para queimar no percurso que faltava até à serra, lá ganhámos um novo ânimo para seguir caminho. Foi tempo de abastecer novamente antes de nos dirigirmos às curvinhas de Alvoco da Serra, o que fizemos com muito gosto.



Depois da paragem da praxe na fonte onde a água estava ainda mais fresca do habitual, lá seguimos caminho. Na paragem seguinte houve quem questionasse se valia a pena subir MESMO até à Serra. O frio tinha-nos desgastado a todos mais um pouco que o habitual. Foi por isso que logo aí dissemos... "para trás mija a burra", e lá seguimos a caminho da Torre!



Houve até quem (eu) festejasse como se tivesse escalado a serra inteira a pé, tal foi o sentimento de façanha realizada!



O sol entretanto começava a esconder-se, e em resultado disso mais uma dose de frio se adivinhava. Como tal era tempo de regressar à estrada e tentar chegar a casa o quanto antes. Por isso mesmo a opção foi fazer os quilómetros finais do regresso por autoestrada e assim evitar congelar novamente pelo caminho. No entanto isto é tudo malta "dura" e como tal não há frio que nos assuste. Assim mesmo o comprova esta foto, em que na última paragem antes da separação do grupo, houve até quem não resistisse a comer um... geladinho!



E 650 kms depois, foi assim que se chegou ao fim do primeiro do que se esperam ser muitos passeios em duas rodas ao longo de 2019. Muito frio, mas boas estradas (ainda que com algum gelo) e boa companhia e camaradagem. Venham os próximos!

sexta-feira, janeiro 04, 2019

Um Bom Início

… e antes de começar a trabalhar nas resoluções de ano novo, importa sempre celebrar o momento em si. Foi isso que aconteceu este ano, quando me decidi a pegar na famelga toda e - um bocado em cima da hora - irmos todos para um lugar diferente festejar de forma diferente. O local escolhido não foi por si inédito no que diz respeito a passagens de ano, mas Évora é uma cidade muito importante para mim, local onde a minha vida se modificou para melhor e que foi em parte responsável por estar onde estou e com quem estou nos dias de hoje.



O Booking revelava poucas opções disponíveis… por isso aproveitei literalmente a última e única que possibilitava albergar uma família de 4. Tratava-se de um hostal com um quarto disponível para 4 e… virado especificamente para o centro da Praça do Giraldo. À primeira vista parecia não poder ser melhor (tirando a parte de ser um hostal em que se partilham casas de banho e tal que não é propriamente a minha cena preferida). O tempo escasseava (era véspera da véspera do ano novo…) e porque quem muito escolhe pouco acerta, lá reservei o quarto.

No dia seguinte basicamente foi fazer as malas e seguir caminho. O ritmo era de passeio, o dia estava solarengo e o espírito animado. Uma boa viagem, um bom almocinho e lá chegámos ao nosso destino. Na altura já os preparativos para a festa na Praça estavam adiantados. Um palco montado, a meio da praça, a pirotecnia a postos e… duas barracas de cerveja (Sagres e Superbock respetivamente) cada uma delas debaixo de cada um das duas janelas do quarto onde iríamos ficar. Rapidamente percebi que naquela noite dificilmente dormiríamos alguma coisa independentemente da hora a que nos deitássemos.



O alojamento em si agradou-nos. A proprietária mostrou-se desde cedo preocupada com o ruído, explicando que já tinha pedido para afastarem as barracas da cerveja dali, mas que caso a coisa corresse mal… "tomem lá uns tampões para os ouvidos"! Expliquei aos putos que naquela noite não eram obrigados a ir para a cama nem dormir, ao que se seguiram efusivas celebrações de ambos acompanhadas de gritos de "viva"! Fomos dar uma voltinha pela cidade antes de ir para casa dos amigos que gentilmente nos convidaram para jantar.

O jantar decorreu em bom convívio e, próximo das 00h00 era tempo de aproveitar a localização privilegiada do nosso hostal, pelo que nos decidimos arriscar e ir até lá para assistir do "primeiro balcão" às celebrações. Chegados à Praça tememos o pior, revelando-se quase impossível atravessar através da multidão até ao nosso alojamento. Como conhecíamos uns "atalhos" pelas ruas circundantes lá conseguimos atalhar caminho, e assistimos ao espetáculo de luz, música e fogo de artifício a partir dos varandins do nosso quarto.



Após rebentar uns tubos de confettis para cima da multidão, resolvemos regressar a casa dos nossos amigos para aproveitar mais um bocado da noite. Assim fizemos. Mais uns comes e bebes e passado um par de horas os miúdos já mereciam descanso. Regressámos ao Giraldo onde a festa mexia, ainda que já mais calma. Subimos ao quarto e confirmámos que dormir seria coisa para fazer na noite seguinte. Ainda assim os miúdos pelo menos conseguiram descansar no que restava da noite. O dia seguinte começou agradável com direito a pequeno almoço e passeio nos jardins de Évora, antes do almoço de "restos" e o posterior regresso a casa.


Para primeira noite/dia do ano… não esteve nada mal!

quarta-feira, janeiro 02, 2019

Resoluções

E assim terminou mais um ano, e com este "alcançar de meta", as pessoas invariavelmente tendem a fazer o chamado "balanço" e "medir" se a coisa correu bem ou mal nos decorridos 365 dias. Se por um lado sou apologista da existência destes marcos e das reflexões que os mesmos proporcionam (sem eles, algumas pessoas nunca dedicariam 5 minutos que fosse a pensar na vida e na forma como encaram as coisas), por outro acho que podem também ser indevidamente utilizados (ou como motivo para depressão, ou como ferramenta de procrastinação). Passo a elaborar.

Quando o ano chega ao fim, mesmo aquelas pessoas que são pouco introspetivas ou filosóficas tendem a dedicar algum tempo a ver a "big picture" do que fizeram ou lhes aconteceu no ano transato. Pensam nos feitos que alcançaram como uma mudança de casa ou trabalho, nos motivos de orgulho e felicidade como o nascimento de um filho ou terem conseguido correr uma maratona, ou nos motivos de tristeza como um divórcio ou a perda de um familiar. Pensar, no geral, é bom. Pensar sobre aquilo que é a nossa vida, o que fizemos bem e menos bem, é melhor, porque nos permite crescer e evoluir, e no limite (se formos capazes) fazer as coisas de maneira diferente no futuro.

Os problemas acontecem quando, em resultado da retrospetiva de fim de ano, nos apercebemos que temos pouco com que nos contentar. Isto pode acontecer por dois motivos: porque somos insatisfeitos e pessimistas por natureza e só somos capazes de ver o copo meio vazio em vez de meio cheio, ou porque já estamos deprimidos e efetivamente tudo o que fizemos e vamos fazer daí para a frente vai sempre resultar numa perceção negativa da realidade. A solução é mais fácil de identificar do que aplicar, mas passa por contrariar esta tendência negativista e forçarmo-nos a pensar nas coisa boas que nos aconteceram (sim, elas acontecem sempre, nós é que podemos não ser capazes de as identificar, se não estivermos à procura delas - no limite estar vivo pode ser o derradeiro motivo de satisfação).

Por fim, o problema da procrastinação. Se ao mesmo tempo que uma data limite como é a de fim de ano nos leva a atuar, nem que seja ao nível do pensamento, proporcionando assim o efeito de agente da mudança, por outro lado esta data é também um motivo para adiar aquilo que por vezes não se pretende sequer começar. Este é um dos motivos de grande parte das "resoluções de ano novo" falharem, porque na realidade não são um objetivo pelo qual estejamos dispostos a lutar. Se queremos realmente fazer ou alcançar algo, não esperamos por uma data para começar a lutar por isso. Começamos JÁ… AGORA… e não esperamos pelo dia em que vamos iniciar uma dieta ou deixar de fumar. Ainda assim, este será o efeito menos maléfico de todos, já que a começar algo, mais vale tarde que nunca.

Falando agora por mim, aquilo que eu mais desejo para este ano, é o mesmo que desejei nos últimos anos: conseguir a cada dia que passa tornar-me uma versão melhor de mim próprio. Ter a clareza de espírito para, perante cada cruzamento que a estrada da vida me apresenta, conseguir escolher o caminho certo. E se não houver caminho certo a escolher, ter pelo menos a coragem de optar por um deles e continuar a caminhar. Acredito que se conseguir tornar esta filosofia uma realidade, tudo o resto correrá bem por arrasto.

Feliz 2019 para todos!