sexta-feira, outubro 31, 2008

Viagem

Precisamente há 5 anos atrás começou uma das maiores e mais emocionantes viagens da minha vida. As viagens que fazemos não são simplesmente as deslocações físicas e o espaço que percorremos, mas também o caminho que seguimos para nos transformarmos naquilo que somos (e que seremos um dia). Se havia um caminho certo a escolher nesse cruzamento que alcancei há 5 anos atrás, então foi sem dúvida aquele que escolhi. Desde então tenho caminhado e percorrido alguns quilómetros, fazendo escolhas noutros tantos cruzamentos, mas o solo que piso é suave e percorro-o acompanhado. As (poucas) dúvidas e as (algumas) adversidades que surgiram durante o trajecto foram sempre facilmente transpostas e ultrapassadas, sempre com olhares mútuos de confiança que já tão bem conhecemos e entendemos, e com os nossos braços sempre prontos a apoiar quem caminha ao nosso lado. Costumo dizer em tom de brincadeira que um ano desta caminhada corresponde a 10 ou 15 anos. Quem me ouve nestas alturas ri-se (como com tantas outras parvoíces que digo), mas não percebe que neste caso até digo a verdade. Esta correspondência não se deve a enfado ou monotonia relativamente à viagem, mas sim à variedade das paisagens que nos servem de pano de fundo, à diversidade dos trajectos percorridos, às diferentes texturas do solo pisado, ao descobrir de um pequeno pormenor a cada metro... a cada segundo, ao prazer de fazer uma caminhada acompanhado. Esta correspondência deve-se à intensidade da viagem em si. Só desejo ter as forças para continuar a caminhar por muitos anos... para continuar a amparar quem caminha comigo... para seguir o meu percurso, que é o nosso, com a mesma intensidade com que dei o primeiro passo há 5 anos atrás, e que ficou gravado no solo como se de um fóssil se tratasse. Se me estás a ler, quero que saibas que não tenciono desistir e tudo farei para que nunca desistas também. E lembra-te que as curvas e as montanhas que vão surgindo no horizonte podem apenas estar a esconder uma paisagem ainda melhor. Sempre que quisermos podemos parar, sentar, olhar à nossa volta, apreciar o que vemos, apreciar um ao outro... Por isso quando caminhares dá passadas fortes e confiantes, para que comigo deixes marcas ao longo do meu caminho... que é o teu... que é o nosso.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Ora Aí Está o Que É

Finalmente o governo assumiu uma das coisas que mais ou menos encapotadamente tem andado a fazer nos últimos tempos. Uma daquelas que toda a gente vê, mas que até hoje ainda nenhum representante tinha chamado pelo nome: a ministra da educação vai ao parlamento explicar a proposta do governo para acabar com... as reprovações dos alunos no ensino obrigatório. Que isto já está a acontecer na prática, toda a gente sabe, mas que tal pode ser (e será) oficialmente admitido e assumido em público, é mais uma mostra do descalabro a que chegámos. Graças a Deus... perdão... Sócrates, que já existe o Magalhães, essa gloriosa "invenção portuguesa" (para quem não conhece, é um portátil baseado no já existente Classmate da Intel - e assemblado por cá). Mas se não fosse esta mesma gloriosa "invenção nacional", e tendo em conta que tendencialmente os homens e mulheres de amanhã serão desprovidos de todo e qualquer tipo de conhecimento, cultura e capacidade de raciocínio (o que já se nota hoje em dia, e bastante), Portugal poderia estar em risco. Assim, antecipo que a tal proposta para acabar com os chumbos seja deixar de leccionar matéria nas aulas. Assim os professores poderão dedicar-se apenas a, durante os 9 anos do ensino obrigatório, ensinar os alunos a pesquisar no Google. Se após algum tempo desta proposta entrar em vigor se perceber que ainda assim os 9 anos são pouco para o efeito, proponho que se alargue o ensino obrigatório até ao 12º ano. Para já aquilo que se vê é a rápida disseminação destes computadores de baixo custo. Um dia destes quem sabe sejam a custo zero. Assim sendo, e tal como diz um amigo meu: "à borla até pontapés na cabeça"!

segunda-feira, outubro 27, 2008

Não Há Estúpidos... Só Ignorantes

Medo, muito medo. Aquilo que eu pensava ser uma belíssima tirada de humor entre colegas da EDP (ver post anterior), está a transformar-se no início de uma guerra sem precedentes. Temo que o meu prédio possa vir a transformar-se numa batalha campal... numa espécie de Norte e Sul urbano (penso que a fronteira deve andar pelo 2º ou 3º andar, não tenho bem a certeza). Afinal o que parecia simples, não o é, e tenho até receio pelo facto de ter escrito o post anterior, correndo o risco de alguém já o ter lido. Temo ser um alvo neste preciso momento, de um qualquer "sniper" pronto a abater-me assim que chegar a casa. Então não é que o meu vizinho do 4º andar resolveu, como diz o povo, "tomar as dores" do funcionário da EDP e partir em sua defesa? Aqui fica um testemunho daquilo que pode ser o princípio do fim. Para quem não conseguir perceber pela imagem, deixo a legenda: "Não há estúpidos, há gente pouco inteligente ou «iogurtes»" (penso que quisesse dizer «ignorantes»). Por fim o autor desta missiva atira mais uma afirmação sarcástica: "No 4ºE há contador. Aqui quem é que será estúpido?", assim como quem dá uma bofetada no seu adversário, residente no 1º andar. Começo a temer pela minha segurança, ainda para mais porque hoje é o dia em que o funcionário vai passar pelo prédio para recolher a informação solicitada, e eu não deixei a contagem na porta. Se nos próximos dias não escrever, podem por favor enviar a polícia à minha procura...

domingo, outubro 26, 2008

Tu És Muito Estúpido...

"Tu és muito estúpido", foi a frase hilariante com que praticamente me escangalhei (gosto muito deste termo, "escangalhar") a rir quando cheguei a casa na sexta-feira e vi o aviso que um funcionário da EDP tinha deixado colado na porta do prédio. A frase não era da autoria do referido funcionário nem fazia parte do texto do aviso, que pedia encarecidamente aos moradores do prédio que deixassem um papel nas respectivas portas com a os valores dos contadores. A frase era sim, do meu vizinho Chico (toda a gente devia ter um vizinho Chico como o que eu tenho), que sendo também funcionário da EDP escreveu no aviso uma pequena missiva ao colega, dizendo (para quem não conseguir ler através da imagem) o seguinte: "Tu és muito estúpido, pois os contadores da electricidade estão na escada (do prédio)". Por fim indicou o seu número de funcionário e assinou o documento. G'anda pinta, é só o que me ocorre dizer. Chico: estás lá! Colega do Chico: um grando "buuuu" para ti! Aposto que fizeste esta esperteza no bairro inteiro, não foi, meu g'anda totó?

sábado, outubro 25, 2008

V de Lagarto

Fui hoje praticamente achincalhado quando me provaram que existia uma série cujo nome era algo semelhante ao que apresento no título deste post. Parecia-me ridícula a expectativa de que eu me lembrasse de uma série com extraterrestres-humanóides-lagartos passada em meados dos anos 80... aliás, parecia-me ridículo que existesse tal série televisiva. Afinal parece que sim, apesar de não se chamar "V de Lagarto", mas sim "V - A Batalha Final". Para quem tem um cérebro como o meu, cuja capacidade de auto preservação bloqueia este tipo de informação, aqui fica um lembrete sobre este assunto. Ah, e já agora, o meu wallpaper actual é uma fotografia de um destes extraterrestres-humanóides-lagartos, cuja cara hesita assumir-se como humano ou como lagarto.



terça-feira, outubro 21, 2008

Vida de Trolha

Se há coisa que dá gozo depois de feita, mas que custa muito a fazer, são as obras em casa. E custa muito mais quando somos nós próprios a levá-las a cabo. E custa ainda muito mais quando o tempo que dispomos para o fazer se resume a poucas horas por dia, depois do trabalho. É o meu caso. Ando nas últimas duas semanas a remodelar parte da minha casa a um ritmo de conta gotas. Ele é chegar a casa e deslocar móveis, retocar estuque, pintar paredes... depois jantar qualquer coisa... seguido de deslocar móveis, retocar estuque, pintar paredes. O pior é que nem se vê a luz ao fundo do túnel! Quer dizer... já faltou mais, mas isto é uma espécie de maratona: o que custa mais são os últimos metros (neste caso, os últimos metros correspondem aos acabamentos). Mas o que interessa é que até está a ficar bonito, o que me dá grande satisfação, porque já sei que se algum dia as minhas oportunidades profissionais no mundo da tecnologia se desvanecerem, posso sempre ter uma solução de recurso. Aceitam-se propostas de trabalho!

terça-feira, outubro 07, 2008

Fim do Mundo em Cuecas

Confesso que nos últimos tempos tenho andado com alguma preguicite aguda relativamente ao que considero a minha actividade regular de "blogger". Tenciono quebrar esta onda de marasmo que insiste invadir-me nos últimos tempos, e regressar ao que era. Julgo que este negativismo que nos tem rodeado a todos, talvez estivesse a levar-me a melhor. Mas enquanto hoje assisti ao que chamo carinhosamente de a notícia do "fim do mundo em cuecas", ao chegar a casa após um dia inteiro de formação que me impediu de ter conhecimento em primeira mão da crise que se abateu sobre o mundo financeiro (no qual ainda por cima me encontro agora inserido), e após pensar um pouco sobre o assunto, forcei-me a mudar um pouco o meu estado de espírito em relação a esta matéria. Concretamente, em relação à problemática que foi levantada, parece-me no mínimo ridícula a forma da mesma. Um dos cenários apocalípticos foi-me apresentado por um jornalista histérico, a falar em hipóteses cataclísmicas em que os portugueses amanhã de manhã iriam todos a correr aos bancos, levantar o seu dinheiro (afundando assim toda e qualquer instituição financeira). Em primeiro lugar, gostava de saber... para quê alguém faria isto? Qual o objectivo ou vantagem? Será que a grande depressão já foi assim há tanto tempo que ninguém se lembra? Em segundo lugar e tendo em conta o endividamento geral em que os portugueses vivem, iriam levantar... o quê? Eu particularmente posso levantar uma dívida de alguns milhares de euros... e o caro leitor, tem mais para levantar do que aquilo que deve? Agora que até já é um pouco tarde forço-me a assistir ao "Prós e Contras" na esperança (que cada vez se mostra mais vã), de obter mais alguma informação útil. Basicamente a opinião geral destes "experts" é tão boa como a minha ou de outra pessoa qualquer. Existem dúvidas, não se sabe como os mercados (e as pessoas) vão reagir, e é opinião geral de que é necessário evitar pânico desnecessário. Para mim o pânico é sempre isso mesmo: desnecessário. Tenho até para mim que ninguém até hoje "panicou" por necessidade alguma. Como tal e dada esta crise instalada tenho a dizer-vos o que vou fazer amanhã: vou levantar-me pelas 7h e picos, tomar banho, e vou trabalhar. Ao fim do dia serei até capaz de vir para casa, jantar e dormir. E assim farei dia após dia, até que o fim do mundo chegue mesmo (esperando não estar em cuecas). Aí então, e quando não restar outra solução, sou capaz de migrar para qualquer lado e começar a criar galinhas e leitões para sobreviver, qual eremita no meio do mato, recorrendo a truques dignos do Tom Hanks em "O Náufrago" para me conseguir alimentar, e aos meus. Ah, é verdade... já pensaram que eventos como a queda de edifícios com milhares de pessoas, o alagamento de cidades inteiras, mal construídas, devido a cheias, ou tsunamis que engolem a costa de países, podem ser uma forma muito mais surpreendente do mundo acabar? Quem me conhece (e entende) percebe que não estou a escrever com negativismo: estou a escrever porque estou a "pensar", e recomendo que todos façam o mesmo.