segunda-feira, abril 25, 2011

Um Lello Foleiro no 25 de Abril

"Este presidente é mesmo foleiro. Nem sequer convidou os deputados para a cerimónia do 25 Abril". Foram estas as palavras de José Lello, dirigente nacional do PS, deputado e presidente da administração da Assembleia da República, na sua página pessoal do Facebook. É triste pensar que a data cuja comemoração deu origem a um infeliz comentário deste Lello, foi a mesma que permitiu que este Lello o fizesse, passados 37 anos. Na minha opinião pessoal, o evento até teve convidados a mais. Ainda assim foi com prazer que vi esses convidados saírem do palácio de Belém uma vez terminados os discursos, poupando-nos a pagar uma grande almoçarada a alguns desperdícios de oxigénio que por lá circulavam. Gostei em geral dos discursos do actual e anteriores PR, e acho louvável a mensagem que pessoas como o Jorge Sampaio tentam fazer passar no sentido de levar as pessoas a tomarem o seu destino nas próprias mãos, a terem um maior envolvimento na vida política do país e a não ficarem confortavelmente sentados a ver televisão sempre que o momento é o certo. Espero que em Junho as pessoas se levantem e não assistam às eleições como se fossem apenas mais um aborrecimento nacional que impede a televisão de passar programas mais interessantes. Espero que em Junho as pessoas façam valer um direito que tanto custou a ganhar e que agora é desperdiçado de forma banal e despreocupada. Espero que com este direito que nos assiste a todos, consigamos num futuro próximo ter uma classe política isenta de Lellos que chamam foleiro ao representante máximo de uma nação, ao representante de todos nós, e que se calhar não é o "foleiro" no meio disto tudo. Ainda que a liberdade nos permita dizer tudo, a consciência e o respeito devem ter um papel relevante no que efectivamente dizemos. Espero sinceramente que o Sr. Lello perceba a diferença entre palavras proferidas por um suposto líder político e a letra de uma das suas músicas d' Os Titãs.

terça-feira, abril 12, 2011

Alvo em Movimento

Nas últimas semanas e após um Inverno que conseguiu ultrapassar as expectativas de qualquer um, finalmente o bom... err... razoável tempo parece ter chegado. Para quem se desloca em duas rodas para o trabalho (ainda que sem pedais envolvidos no processo) é uma boa notícia. No entanto, a má notícia é que a malta que se desloca em quatro também ganha mais liberdade. E a liberdade a que me refiro, tem a ver com abrir a janela do carro... sendo que abrir a janela do carro, ocasionalmente, pode ter um motivo... sendo que esse motivo ocasional pode muito bem ser mandar uma escarradela borda fora! Ora sabendo que a malta das duas rodas (leia-se neste caso eu) tem a tendência para ignorar toda e qualquer existência de trânsito condicionado, sendo forçada a utilizar as alternativas possíveis (faixa contrária/berma), estamos perante uma situação pura de alvos em movimento. Se muitas vezes em situações de perigo as pessoas vêm passar a vida à sua frente, na situação de perigo que vivi ainda esta semana, não vi nada mais do que uma "verdinha" a passar a poucos centímetros da viseira do meu capacete. Tenho impressão que se tivesse casca, era um ovo, e dos bem cozidos! Capaz de me lascar a pintura! Nunca consegui perceber o que motiva este tipo de função corporal, nem o que leva alguém a um acto tão elegante como cuspir no meio da rua, o que só contribuiu para a minha irritação. Neste caso, o "agressor" pediu imensa desculpa, o que de alguma forma colocou um travão à biqueirada que se dirigia à porta da sua viatura, mas o trauma causado pela imagem da libertação de muco voadora produzida pela dita aventesma, esse já ninguém mo tira...

segunda-feira, abril 11, 2011

A Nobreza do Animal

Correndo o risco de me tornar o autor de um blogue maioritariamente reaccionário, não consigo evitar escrever sobre alguns temas que, ainda podendo não ser o ponto chave da actualidade, ecoam na minha cabeça de forma diferente. Hoje foi o caso da candidatura de Fernando Nobre (ex-candidato "apartidário" à presidência da República) à presidência da Assembleia da República... pelo PSD! Ao contrário dos ainda muitos apoiantes que o senhor teve aqui há uns meses, sempre achei que a sua linha de discurso tinha o seu quê de senilidade ali pelo meio, e como nunca gostei muito de caducos no poder, achei que devia aplicar o meu voto de forma mais útil. O nível de atrofia cerebral do senhor ficou provado recentemente quando resolveu avançar com esta nova candidatura, conseguindo assim saltar em pouco tempo de um extremo para o outro em termos de ideologia política (e - espero eu - perder toda a credibilidade que poderia ainda ter). Sinceramente, o senhor já não tem propriamente idade para "boy", por isso o melhor é ir procurar um "job" para outro lado. A importância deste senhor para a vida activa política nacional é basicamente zero, mas ainda assim importa referi-lo como exemplo de uma classe social que pensa em primeiro lugar no seu umbigo e em segundo lugar eventualmente no buraco que tem no cu. Só muito depois da sua própria fisiologia anal poderá eventualmente esta classe contemplar o país cujos interesses tem obrigação de defender em primeiro lugar. O mesmo se aplica à estratégia que todos os próximos futuros líderes do PS estão a aplicar neste momento, esperando que estrategicamente um engenheiro que nunca o foi possa ser eleito secretário geral de um partido que vai perder as eleições, para só depois, mediante a sua derrota, aparecerem da penumbra e terem assim hipóteses de serem considerados o próximo delfim. Regra geral não costumo praguejar, mas puta que os pariu a todos e mais os seus estratagemas que proliferam em época de crise mais do que nunca, e que só visam chupar até ao tutano aquilo que por muito se esprema já não geme nada... nós!

domingo, abril 03, 2011

Deixar de Sonhar

Li hoje uma notícia bastante deprimente, em que era reportada a forma como vivem actualmente os gregos e irlandeses, após a intervenção do FMI. Desemprego em taxas recorde, reduções de ordenados em 30% e mais, tristeza generalizada, pessimismo, fim dos sonhos... Nada ficou resolvido com a dita intervenção, muito pelo contrário, e entretanto as pessoas fazem aquilo que podem para sobreviver, sujeitando-se a praticamente tudo o que for necessário. É algo que me preocupa, porque infelizmente penso que não temos forma de escapar ao mesmo destino. Um dos irlandeses entrevistados referiu até que neste momento Portugal evidencia todos os sintomas dos países que já tiveram esta intervenção: juros máximos, cortes nos ratings, queda do governo e a negação sucessiva sobre a necessidade de ajuda externa. Há uns tempos ouvi uma frase que não me sai da cabeça: "os nossos filhos não vão ter a mesma qualidade de vida que nós tivemos". Esta frase custa a ouvir e a digerir, sobretudo quando a cada dia que passa se transforma numa inevitabilidade. Custa lembrar que há algumas décadas atrás éramos pobres, mas pelo menos estávamos preparados para isso - o que não acontece agora. Não bastando o pessimismo e desconforto da leitura da referida notícia, fiquei completamente deprimido quando comecei a ler os comentários da mesma. Qual não é o meu espanto quando, das várias dezenas de mensagens que leitores deixaram em resposta a esta notícia, nenhuma era sobre a mesma, e todas eram sobre o jogo do Benfica-Porto e dos actos de vandalismo e violência em seu redor. Que povo é este que, face às dificuldades e preocupações que deveriam existir em relação ao futuro do país, se degladia por desporto!? Que país é este em que uma pessoa é capaz de praticamente matar outra por diferenças clubísticas ou divergências no trânsito, mas que tem as mais elevadas taxas de abstenção quando há eleições, e não faz mais do que chamar nomes ao primeiro ministro de um governo igual a tantos outros que o antecederam!? Se há algumas décadas atrás fomos pobres, hoje em dia somos muito mais... pobres de espírito. Aliás, retiro o que disse. Acho que não somos pobres. Somos miseráveis!