sábado, janeiro 30, 2021

Até Já Outra Vez...

Se nos dias que correm é difícil andar com uma mota, muito mais difícil é andar com duas... Por isso (e depois de muito adiar) hoje foi dia de um "até já" a uma das minhas meninas... Para a despedida, saí com ela (apesar de parada há mais de um mês pegou à primeira), dei uma voltinha "higiénica" (seja lá isto o que for...), abasteci, lavei-a e depois de estacionada na garagem desliguei-lhe a bateria e tapei-a com uma mantinha (para não ter frio)... Até ao ano passado nunca tive necessidade de desligar baterias de nenhuma das minhas motas, sempre andei com elas numa base diária o suficiente para não padecerem de males resultantes de paragem prolongada, por isso (e por estúpido que possa parecer) dá-me sempre um nó no estômago quando me vejo agora obrigado a adotar esta logística... Mas tal como escrevi no título, é só um até já...

sexta-feira, janeiro 29, 2021

Toda a Viagem Começa Com Um Passo

Decidido a vencer a inércia e o sedentarismo decorrentes do confinamento prolongado, hoje dei o primeiro passo nesse sentido. Ou neste caso, a primeira pedalada. Comecei o dia mais cedo, sacudi o pó da bicicleta que estava encostada num canto da garagem há uns anos e passei a primeira hora do dia a fazer algo por mim. E apesar de ter custado um bocado a sair do conforto da cama mais cedo que o habitual, soube muito bem sentir o coração a funcionar a um ritmo diferente do que tem estado habituado nos últimos tempos. Soube bem respirar o ar fresco da manhã. Soube bem sentir a cacimba no meu rosto enquanto pedalava. Soube bem ver o rio e as garças. Agora é tentar manter a coragem de me levantar cedo e fazer disto uma rotina, seguramente melhor que a que tenho hoje em dia.

quinta-feira, janeiro 28, 2021

Levanta-te e Anda!

Nos últimos tempos comecei a sentir o efeito do confinamento na minha saúde mental. Dentro de um mês faz um ano que entrei em teletrabalho, e passado este tempo todo, começo a aperceber-me agora que tenho feito um esforço diário consciente para me manter funcional e ativo no registo em que gosto de estar e não aquele a que as circunstâncias me levam. Mas sinto que a parte física tem um peso significativo e algo tem de mudar. Os escapes agora são poucos e tirando um par de treinos semanais de artes marciais, sinto claramente que o meu corpo precisa de mais atenção para que a mente possa ter a sua dose de equilíbrio necessária. Acredito que o sedentarismo extremo a que as circunstâncias atuais nos levam, vai fazer-se pagar mais tarde, de forma dramática, por todos nós. Quando até o nosso relógio passa o dia a alertar-nos para o nosso nível de sedentarismo e a pedir-nos que nos levantemos e andemos um bocado, isso só pode mesmo ser mau sinal. E o alerta é mais que justificado, já que (a título de exemplo) neste momento a minha rotina diária passa por: acordar... higiene... café... sentar ao computador. Paragem para almoço e depois... sentar ao computador. Paragem para o jantar e depois... sentar ao computador. E mesmo depois do jantar, de há uns meses para cá o trabalho tem exigido que... me sente ao computador. Praticamente não faço pausas pelo meio... não tomo um café com um amigo... não converso... por vezes chego a dar por mim aflito para ir à casa de banho quando estou na minha própria casa! E no final do dia também não é muito diferente. Talvez uns minutos de televisão antes de ir deitar e no dia seguinte... repetir. Sem a capacidade de recuperar desta rotina aos fins-de-semana, a coisa torna-se ainda pior. Não pode ser. Algo tem de mudar. E tenho de ser eu a fazer essa mudança. Todos nós a deviamos fazer.

quarta-feira, janeiro 27, 2021

O Teste Que Fazia Falta

Desculpem-me antecipadamente pelo meu português, mas... dúvidas houvesse que estamos fodidos, a China resolveu tornar isso muito claro ao desenvolver um novo teste de COVID, em substituição da já comum zaragatoa e cotonete pelo nariz acima... Procuraram outra cavidade e... no seu entender, a forma mais indicada de fazer este teste será... pelo cú (não estou a gozar).

Isto preocupa-me, honestamente, porque com a propensão que o nosso próprio governo tem para nos enrabar das mais variadas formas, creio que será uma questão de tempo até copiarem esta ideia dos chineses... Depois, porque com os profissionais do melhor serviço de saúde do mundo que temos, o mais certo é que nos calhe uma qualquer enfermeira que ache que o teste é para fazer pelo cú, mas para chegar ao nariz de qualquer forma... Pior será se também se baralharem com as normas da aplicação do teste (como aconteceu com a aplicação da vacina) e acharem que depois do esfregaço anal nos devem enfiar o teste pela goela abaixo.

Bem vistas as coisas, se alguém tiver suspeitas de que possa estar infetado com COVID, talvez seja melhor ficar na ignorância e esperar que passe...

 

domingo, janeiro 24, 2021

domingo, janeiro 17, 2021

Presidenciais 2020

Nos últimos tempos dou por mim a evitar falar de política com as pessoas que me são próximas. Não que tenha alguma tendência qualquer para a política, porque foi tema que nunca me interessou muito. Mas com alguma frequência em conversas de café com amigos (como se ainda fosse possível ir ao café conversar com alguém...), assisto aos meus interlocutores exaltarem-se de alguma forma e defenderem com acérrimo e laivos de violência as suas opiniões. Pior que isso é que já não é a primeira vez que dou por mim a ter a tendência para fazer o mesmo (e isso sim é grave e pretendo evitar que aconteça). Talvez a dispersão tão grande de opiniões e a conjuntura atual contribua para isso. O que é um facto é que temos eleições presidenciais à porta, e nunca assisti a um cenário como aquele que temos...

Até determinada altura tivemos a apresentação de um conjunto de candidaturas em que nenhuma maioria dentro da população se revia, até que chegou o momento em que Sua Excelência o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa (doravante denominado "Marselfie" por ser um nome mais adequado à personalidade em concreto) se apresentou como candidato a um novo mandato.

Acho sinceramente que a recandidatura do Marselfie não trouxe nada de bom. Reconhecendo que no sistema político português (e numa situação normal além do que sejam cenários de guerra, etc.) a figura do PR é quase meramente decorativa, ainda assim há que defender o que significa este cargo. Fui militar (ainda que por pouco tempo) e tenho respeito pela posição em causa (não esquecer que se trata do comandante supremo das forças armadas), pelo que me sinto triste por ver alguém que faz desse papel o de bobo da corte. Uma necessidade constante de manter os níveis de popularidade acima de tudo, silêncio e inação nos momentos realmente importantes, o ridículo de supostos salvamentos na praia e injeções em tronco nú e uma arrogância, paternalismo e tom de superioridade crescentes no seu discurso, foram fazendo que me distanciasse emocional e racionalmente de tal personalidade com o decorrer do tempo.

Existem depois os candidatos que simples e assumidamente disputam o segundo lugar do pódio: Ana Gomes e André Ventura. Ana Gomes entrou na corrida sabe-se lá a representar quem (pelos vistos ciganos, segundo a própria, que se auto intitulou a "candidata cigana") e tem lutado pela posição do mal menor. Não apresenta nenhum projeto com ideias relevantes e que mereçam a discussão, como aliás praticamente nenhum candidato. Faz parte da histórica pandilha dos compadrios e só por isso tento não lhe prestar muito mais atenção, porque quando penso nisso vem-me a comida à boca.

André Ventura, o principal opositor do que sobra depois de Marselfie. Tem sido o principal tema de debate em quase todos os debates presidenciais, mesmo aqueles em que não participa. Com um discurso não menos populista que o do atual PR, mas em sentidos habitualmente opostos, é o defensor das irritações de toda a gente. Qualquer pessoa que tenha uma "comichão" com um assunto específico, tem em Ventura uma proposta para a sua defesa, umas mais realistas que outras. Em plena campanha tem por hábito defender medidas que extravasam a competência e poder de qualquer presidente eleito, mas vai falando nelas de qualquer forma como se fossem relevantes para o efeito. Afinal de contas, os seus opositores também não apresentam nenhum programa de medidas coerente com o que um PR pode e deve fazer. Ocorre-me dizer que os debates (aos quais assisti na maioria) são sobre "cenas". Uma espécie de conversa de café presidencial, na qual se discutem temas que podem ir desde a crise dos refugiados ao desempenho de Teresa Guilherme enquanto apresentadora do Big Brother.

Marisa Matias, a candidata que ficaria em terceiro lugar se ele não estivesse já ocupado. Especialista em cargos políticos secundários bem pagos mas sem qualquer tipo de visibilidade. É eurodeputada mas ninguém sabe ao certo o que é que faz. É fixe porque é relativamente jovem e pela associação ao partido da moda dos que se dizem da extrema esquerda mas não sabem o que é a esquerda nem a extrema.

Tiago Mayan, um daqueles candidatos que ninguém conhece. No meu caso tenho pena de não o conhecer. Do curto tempo de antena que teve até ao momento e abstraindo-nos do nervosismo extremo que transparece quando fala, teve dos discursos mais coerentes, interessantes e com algum conteúdo que ouvi até ao momento. Se observarmos o conteúdo para lá da forma, encostou muitos dos outros candidatos às cordas (Marselfie incluído). Penso que um candidato como este deveria arranjar maneira de adquirir algum tipo de visibilidade prévia que sustentasse a sua candidatura de forma mais eficaz. Infelizmente joga na "liga dos últimos", mas talvez depois disto tudo comece a ter algum tempo de antena noutros fóruns.

João Ferreira, mais um eurodeputado que ninguém sabe o que faz e - ao contrário da Marisa Matias - outro dos candidatos que ninguém conhece. Em relação a este, não tenho interesse em vir a conhecer o que quer que apregoe. Um jovem membro do partido comunista mas que tal como Ventura referiu é apenas mais um "beto" de Cascais, reúne eventualmente alguma simpatia da chamada "esquerda caviar" e não mais do que isso. Estou ainda para perceber o que justifica que o seu seja o orçamento mais avultado de todas as campanhas presidenciais...

Por último (mas que provavelmente não será o último), Vitorino "de Rans" Silva. O ex-autarca que graças a um par de piadolas com o Guterres ganhou toda uma projeção mediática que a mim pessoalmente me escapa. Por mais que tente, não consigo achar graça nem perceber o que diz, não porque aquilo que diz se resume a um conjunto de metáforas imperceptíveis e fora de contexto, mas porque quando o vejo fico sempre fixado naquela espuminha branca que teima em lhe contornar os lábios, não conseguindo prestar atenção a mais nada a partir daí.

Posto isto, vou votar sabe-se lá em quem. Como informático que sou, a minha vontade era desligar e voltar a ligar estas candidaturas, na esperança que os candidatos arrancassem mais direitos e sem vírus. Mas parece que a política ainda é uma ciência menos exata do que a informática e as coisas não funcionam assim...

sábado, janeiro 16, 2021

Epítome da Aventura Motorizada

Desde miúdo e muito antes ainda de ter a minha primeira mota, que me recordo de assistir às imagens fantásticas de uma prova que é para mim o epítome da aventura no que diz respeito ao desporto motorizado, particularmente em relação a motas: o Paris Dakar. Fui assistindo ao longo dos anos às várias edições do Dakar, que foram adquirindo relevância para mim sobretudo quando me tornei eu próprio um motociclista aos 16 anos de idade. Fui amadurecendo ao longo dos anos e a prova também.

Depois do 11 de setembro, tudo mudou. A ameaça eminente de grupos terroristas obrigou a organização do evento a adaptar-se e a escolher outras paragens para este desafio a que inúmeros aventureiros acorrem todos os anos. Mas por muito aventureiros que sejam, ninguém queria acabar refém de um grupo terrorista, ou pior, ter a cabeça cortada em direto na televisão. A América do Sul passou a ser o palco do evento e confesso que apesar de se manter uma prova difícil, a ausência daquele pano de fundo que o continente africano proporcionava (sobretudo no momento da chegada à praia em Dakar) fez a prova perder algum encanto.

No ano passado o Dakar mudou-se novamente para outras paragens. Desta vez, o local escolhido foi a Arábia Saudita, que me surpreendeu pela positiva. Ao longo das várias etapas o pano de fundo traz-me muito mais à recordação as paisagens do Dakar original em África e sem dúvida que as imagens são lindíssimas. 

O ano passado foi trágico já que um dos pilotos mais admirados pelos portugueses faleceu no decorrer da prova, em resultado de uma queda. Naturalmente que este ano foram vários os pilotos a homenagear Paulo Gonçalves (Speedy para os amigos), um atleta e homem admirado por todos. O que é menos natural é que pela primeira vez não houve qualquer tipo de cobertura mediática das televisões nacionais sobre um evento desta envergadura, onde estão vários portugueses em prova e a obter resultados respeitáveis. Admito que o tempo seja precioso e reservado a notícias sobre COVID e por isso não permita um resumo de 5 minutos de cada etapa da prova no fim do telejornal... fui assim obrigado a ir assistindo a esta prova fantástica através de outros meios. Aproveito para deixar aqui um resumo de algumas imagens simplesmente espetaculares.


Talvez um dia eventos como este voltem a ser mais importantes do que entrevistas de rua a pessoas mascaradas a tecer considerações sobre não poderem ir ao shopping por causa de uma pandemia qualquer.

sexta-feira, janeiro 15, 2021

Quinze Dias Depois

Quinze dias passaram de um novo ano e a constatação do óbvio é inevitável. As coisas não mudam simplesmente porque se pendura um novo calendário na parede. Cabe-nos a nós mudá-las, independentemente do dia, mês, ano ou década em que estamos.

Quinze dias passaram de um novo ano e, para mim, a vida seguiu normalmente o seu rumo, mas eu não sou exemplo p'ra ninguém porque não me estava propriamente a queixar de muito. Família, trabalho, etc., tudo no mesmo lugar: o lugar certo. O objetivo de tentar ver sempre o lado positivo das coisas e de me ir transformando na melhor versão da pessoa que posso ser é uma constante há já vários anos na minha maneira de ser e de estar. Creio que lentamente, desafio a desafio, reflexão a reflexão, ação a ação, lá vou volta e meia subindo um pequeno degrau nessa escada de evolução que tracei para mim próprio. No limite tenho para mim que pelo menos não faço mal a ninguém, o que nos dias que correm já não é mau de todo e não é algo de que toda a gente se possa gabar. Não é muito difícil olhar para o lado e ver alguém que eventualmente - até por pura ignorância - acaba a prejudicar o próximo... Por outro lado, ocasionalmente temos a felicidade de ir observando pontuais situações enternecedoras de pura bondade. E uma vez mais o truque é ir focando a nossa atenção sobre essas ao invés das outras.

 Quinze dias passaram de um novo ano e estou prestes a retomar uma resolução (não de ano novo, mas de um dia qualquer) que adotei durante os primeiros meses de 2020: deixar de ver notícias. Por vezes ligo a televisão em busca de informação sobre o que se passa no país (além da COVID), sobre acontecimentos e eventos (além de chegadas de vacinas para COVID e novos surtos de COVID), sobre desporto (além do relatório do número de jogadores de futebol infetados com COVID), mas nada disso é possível. O jornalismo já não existe. Em vez disso foi substituído por uma retórica fácil e infantilizadora da população que se concretiza com efeitos práticos sob a forma de uma injeção ocular de propaganda inútil sobre algo que já sabemos, sem que isso acrescente nada de novo a não ser o aumento do sentimento depressivo e opressivo que (aparentemente) se pretende gerar em cada um de nós. Se há coisa que sei e que a história já provou, é que a depressão e a opressão não curam nenhum mal, são elas próprias um mal terrível, dos piores a que podemos ser submetidos. Reservo-me assim o direito de não levar esta injeção ocular (pelo menos de forma voluntária). Reservo-me o direito de escolher aquilo que vejo e leio e de me (tentar) manter informado com os escassos recursos que ainda considero válidos e que estão ao meu alcance. Reservo-me o direito de ter uma palavra a dizer sobre aquilo com que alimento o meu pensamento, sobre a forma como me sinto (ou escolho sentir) e como vejo as coisas.

Quinze dias passaram de um novo ano e a constatação do óbvio é inevitável. As coisas não mudam simplesmente porque se pendura um novo calendário na parede. Cabe-nos a nós mudá-las, independentemente do dia, mês, ano ou década em que estamos.