quinta-feira, março 24, 2011

Esp'er'mer os Tomates

Por muito científica que seja a descrição do avanço que vou comentar, tudo se resume a isto: cientistas de Yokohama (no país dos tsunamis e centrais nucleares com fuga de radiação) conseguiram fazer esperma a partir da pele dos tomates de um rato bébé. Em primeiro lugar, se os cientistas são de Yokohama, não deviam estar preocupados em fabricar melhores pneus? Em segundo lugar, será que a expressão "reproduzir-se como um rato" quer dizer na realidade "arrancar pele dos tomates e fazer esperma" (o que poderia dar origem a uma nova expressão como "esp'er'mer os tomates")? Em terceiro lugar, isto serve para quê? Se enviassem os milhões de dólares/euros ou até mesmo liras turcas, que certamente gastaram em investigação, para alimentar um daqueles países de terceiro mundo em que efectivamente todos se reproduzem como ratos, certamente haveria também milhões de voluntários a enviar esperma de volta (ainda que me recuse a imaginar a logística envolvida no processo). Além disso, porquê usar um rato bébé? Será que o líder deste projecto era algum português "casapiano", algum Doctor Bibi? A não ser que alguém consiga provar que a pele dos tomates de um rato velho não serve para esp'er'mer tão bem, penso que esta questão merece uma resposta científica. Além disso, novos e velhos devem ter direito a ver os seus tomates esp'er'midos de vez em quando, por isso e para além da questão científica julgo estarmos perante uma questão de direitos dos animais, inclusivé transponível quiçá para direitos humanos! Uma palavrinha a essa malta de Yokohama: cuidadinho, meus amigos! Vejam lá mas é se fabricam pneus em condições e deixem os tomates das ratazanas em paz!

Os Restantes Erros

Depois de comentar o erro de Sócrates, é difícil não comentar que no rescaldo do dia seguinte, tudo o resto também está errado. Temos um governo com um primeiro ministro demissionário, que apesar de não ter visto ainda a demissão aceite pelo presidente da república, se assume automaticamente como um governo em gestão. Temos um presidente da república que, devido à mui ocupada agenda - na qual tem de receber um cidadão brasileiro reformado da vida política e um membro da família real inglesa que nunca chegará a rei - só terá tempo para se manifestar sobre a demissão do governo para a semana que vem. Temos um governo em gestão, que ainda assim se reserva o direito de eventualmente e contra todos os árduos esforços que levou a cabo, poder requerer a intervenção do FMI. Temos o partido do governo, que ele próprio não teve coragem de apoiar o plano de estabilidade e crescimento apresentado pelo governo, mas que agora aponta o dedo a todos os outros como culpados pela crise política. Temos a nata da política da união europeia a dar palmadinhas nas costas ao Sócrates e a corroborar portanto que em Portugal habita uma corja de estúpidos e broncos que não percebem nada de política nem dos benefícios dos planos socialistas para o combate à crise. Temos uma oposição ao governo em gestão que, uma vez na posição de conseguir eventualmente chegar ao poder, avança com uma primeira medida de austeridade baseada no aumento de impostos (no mínimo original). Temos um líder do principal partido da oposição que mal sabe falar inglês (este foi só um aparte) e que esboça as suas ideias na publicação de um livro com umas sugestivas possíveis 365 medidas de combate à crise, ainda que segundo o próprio não concorde com algumas (???). Temos a ausência de um plano de estabilidade e crescimento alternativo, pela parte de quem se opôs ao plano que estava em cima da mesa. É neste tipo de aperto que penso em Deus, e rezo. Rezo muito. Meu Deus, por favor, manda um assassino profissional à terra para nos livrar de toda esta corja de bandidos e malfeitores, e coloca no poder um bronco qualquer desde que tenha tomates para fazer o que realmente é preciso fazer. Aliás, tomates não... colhões! Amén.

O Erro de Sócrates

Se Descartes cometeu um erro, Sócrates cometeu muitos mais. E independentemente de tudo o resto, sinceramente já estou farto, até porque errar (tanto) não me parece humano. O futuro não parece nem mais nem menos promissor com a queda de um governo, nas circunstâncias que hoje se apresentaram. Até porque o futuro próximo será ficarmos igualmente na merda, com políticos igualmente merdosos a dirigir o país de forma merdosa. O ping pong do centrão vai continuar sem maioria absoluta, o FMI vai tomar conta do país e vamos todos ficar com um andar novo, que é como quem diz lixados com F grande. Mas empalados de tão lixados que temos sido já todos andamos, por isso vale mais um empalamento pela parte de quem não seja tão fervorosamente adepto de boys e jobs, ou jobs for the boys, e que não tenha a pretensão de após uma intervenção política no país ter direito a ser gestor de uma empresa com participação pública. Por este e outros motivos semelhantes, se isto é o que é preciso para mudar alguma coisa, baixo já aqui e agora as calcinhas (ainda que preferisse não ter de o fazer). Quem deveria baixar as calcinhas não era eu, e provavelmente não seria o caríssimo leitor. O problema é que quem as devia baixar, muito provavelmente até iria gostar. Assim, venha o diabo e escolha (eu acho que já escolheu...). Resumindo, acabou-se a estabilidade que estavelmente nos estava a levar ao fundo, resta agora bater no fundo de forma instável, e ter esperança que uma qualquer bóia nos traga ao de cima. Infelizmente não estou numa noite de escrita com vertente optimista, por isso acho que vamos continuar a cheirar e provar do mesmo, mas nunca sem pisar!

sexta-feira, março 18, 2011

Tuga Taxi Driver

ATENÇÃO: a história que passo a relatar é baseada em factos verídicos e toda e qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência (até porque eu estava lá, e vi e ouvi - e não me consigo esquecer)!

Durante a semana que passou, enquanto tinha a viatura na revisão, vi-me forçado a andar de táxi numa ocasião. Saí do trabalho e lá estava um bom e velho fogareiro estacionado mesmo em frente. Entrei no carro e começaram os 10 minutos mais longos da minha vida...

(para melhor perceber o nível traumático dos acontecimentos, por favor imaginar a minha pessoa encolhida no banco traseiro de um táxi e os diálogos do taxista com sotaque típico de Viseu)

Eu: Boa tarde. Quero ir para a Rua de Campolide, por favor.
Ele: (silêncio demasiado prolongado)

Eu: Sabe onde fica?
Ele: Então não havia de saber onde fica a Rua de Campolide!!! (roncos, enquanto arranca)

(alguns segundos de silêncio)

Ele: Ando com a minha cabeça feita em água!!! Achamos que só acontece aos outros... olhe, aconteceu-me a mim! A minha mulher desapareceu há 3 dias de casa.

(pausa enquanto penso se devo responder alguma coisa)
Eu: Eh lá... Isso é que é pior...

Ele: ... não sei se foi de eu lhe ter dado um "apertão"! Agora foi para aquilo do... como é que se chama... apoio à vítima! No outro dia até me vieram fazer umas perguntas por causa do que ela lhes disse! Tudo mentira!

(silêncio)

Ele: Disse-lhes que eu a tinha ameaçado com uma faca. Tudo mentira! A única coisa que eu lhe disse foi que se descobrisse que ela andava com outro homem, a rasgava de cima abaixo!!!

Ele: Mas eu acho que ela me meteu os cornos... com um motorista de carreira de longo curso que mora lá perto de casa! Pelo menos é o que a irmã diz... mas a irmã também é uma mentirosa!

Ele: Já viu!? Deixou-me a mim e ao filho... Eu que deixei a minha mulher e os meus filhos por causa dela, e agora faz-me isto!!!

Ele: E nós que nos dávamos tão bem sexualmente... Até foi por isso que deixei a minha mulher! Agora... de há dois anos para cá... parecia que estava a f%$er uma morta! Punha-me assim com a mão na cabeça - aqui o Sr. Taxista acompanhou a descrição com um gesto - e pimba, pimba...

Ele: Olhe... agora ando aqui a desabafar com os clientes. Ainda hoje andei a passear quatro turistas brasileiras... bem meiguinhas... até me deram beijinhos e tirámos umas fotografias. Até lhes ofereci a minha casa para ficarem! O que eu devia fazer era arranjar outra para f$%er!!!

Ele: Mas eu descubro onde ela está! Digo ao patrão que paro o carro 8 dias e encontro-a... este país é muito pequeno! E também descubro se anda com outro, que nós os homens gostamos muito de nos gabar do sexo, não é?
(aqui o Sr. Taxista olhou para mim, à espera de um olhar de aprovação)

Ele: Mas se eu a encontro, é uma desgraça... eu ando aqui com uma arma...
(pânico do passageiro - leia-se, eu - no banco traseiro da viatura)

Eu: Ó homem, veja lá, não se desgrace...
Ele: Pois... é só por causa do meu filho... já perdeu a mãe, depois perdia também o pai!

Eu: Pois, veja lá isso... e resolva as coisas com calma - disse eu, enquanto deixava uma gorjeta demasiado grande e abria a porta do carro para sair o mais rapidamente possível, evitando olhar para trás.

Sem comentários...

quinta-feira, março 10, 2011

Quando o Homem Vai à Luta...

Recentemente teve lugar o festival da canção de 2011. Escrevo festival e canção sem maiúsculas, porque ao longo dos anos consegui perder todo e qualquer interesse pelo evento, bem como - penso eu - a maioria das pessoas. Aquilo que era um acontecimento capaz de reunir toda a família em volta da televisão, na expectativa de ver a sua canção preferida ser eleita para nos representar internacionalmente, tornou-se uma banalidade e um desfile de canções ocas, idiotas, incipientes, interpretadas por quem se der ao trabalho de o fazer, escritas pelos pseudo-intelectuais do panorama nacional e apadrinhadas por sabe-se lá quem para conseguir chegar a lado nenhum. Este ano houve uma diferença: pelo meio dos artistas cinzentos apareceram uns cromos às cores, com um discurso em vez de canção. Surpresa das surpresas: ganharam. E ganhariam outra vez e quantas vezes fossem precisas, pelo menos no presente e no futuro que se avizinha. Independentemente do maior ou menor mérito que cada um de nós possa individualmente dar a estes "Homens da Luta", para já tenho de concordar que fazem falta. São uns cromos, sim senhor, mas uns cromos que nos (portugueses nos quais me incluo) tentam espicaçar, ainda que utilizando apenas palavras. Contra mim falo, mas penso que enquanto povo nos falta uma pitada de loucura. Precisamos de mais radicalismo na nossa vida... precisamos de um "sniper" que suba para cima de um telhado e abata um político corrupto, em vez de um batalhão de gordos iletrados desocupados que espera 5 horas para poder chamar filho da puta durante 12 segundos a um treinador de futebol derrotado que chega ao aeroporto. Não concordo com jornalistas (ex.: o MST com quem costumo concordar), que julgam má ideia ter este grupo a representar-nos na Alemanha, com um discurso de revolta, pelo facto de estarmos a pedir umas esmolinhas a esse mesmo país. Não concordo que temos de continuar cinzentos como as músicas do costume, à espera que o FMI nos salve dando cabo de nós. Não concordo com os que opinam que o problema de Portugal é que quem elege os políticos não são aqueles que lêem os jornais, mas sim os que limpam o rabo com eles. Sinceramente não sei com quem poderemos contar no futuro, mas começo a pensar que vale mais dar atenção a um punhado de alucinados do que a um batalhão de incompetentes, nem que seja para ouvir (e dar) um grito de liberdade.