terça-feira, abril 18, 2017

Andar de Mota...

Quando fiz os meus 16 anos, consegui ter a minha primeira mota: uma Yamaha DT50LC ('88). Foi o chamado "grito do Ipiranga", já que o facto de ter essa motorizada me permitiu uma maior liberdade para ir onde queria, quando queria, fazer o que queria. E aos 16 anos isto é mais do que suficiente para fazer alguém feliz. Menos feliz foi quando me vi "involuntariamente subtraído" dela, mas graças à ajuda preciosa dos meus pais, que sempre me ajudaram a alcançar os meus objetivos, acabei por voltar a ter outra DT, recuperando assim a liberdade que na altura e aos olhos de um adolescente, parecia perdida para sempre.

Comecei a deslocar-me diariamente de mota para onde quer que fosse, a assim foi durante os anos que se seguiram, até que mais tarde resolvi trocar a mota por um carro. Nesta altura o carro abriu ainda mais os meus horizontes, mas ao mesmo tempo (e como tive de me desfazer da mota para o comprar), deixei de ter o acesso a tudo aquilo que a mota me proporcionava. Entre acabar os estudos e começar a trabalhar, voltar a ter mota foi um objetivo que se foi esbatendo e ficando no esquecimento, até porque ao tirar a carta de carro (e uma vez mais para poupar uns trocos) cometi o erro de não tirar também a de mota.

Alguns anos passaram e a vontade de voltar a andar em duas rodas começou a ganhar força na minha mente. O trânsito constante, as horas intermináveis passadas estupidamente sentado, parado dentro do carro e aquela vontade de voltar a ter a sensação de liberdade que só a mota transmite, foram os elementos chave para passar da ideia à prática. Assim (e como não tinha carta de mota), comprei uma Honda CBF 125 ('08).

Por mais ridículo que possa parecer, quando me sentei a primeira vez nela, parecia enorme. Depois de vários anos sem andar de mota, pegar numa e meter-me de imediato no IC19 em hora de ponta, foi uma experiência assustadora. Mas tal como andar de bicicleta, andar de mota também não se esquece, e cheguei a casa são e salvo! Claro está que fazer diariamente mais de 50 kms em trajetos que incluíam vias rápidas, fez rapidamente reduzir a dimensão que psicologicamente atribuía ao veículo em questão, ao ponto de sentir que andava de bicicleta. Passado pouco mais de um ano, era já altura de mudar! A carta foi finalmente obtida num curto espaço de tempo (no qual tive o prazer de experimentar uma Honda CB500 e uma Kawasaki ER5), e no dia seguinte comprei uma Honda Hornet 600 ('98) que me fez novamente sentir como se tivesse 16 anos!

Foi minha companheira do dia-a-dia no trajeto casa/trabalho, foi minha fiel amiga em muitos passeios e viagens que fiz e (quase) nunca me deixou pendurado (exceção feita àquele dia em que o retificador de corrente decidiu entregar a alma ao criador). Ainda assim tratou-me melhor a mim do que eu a ela, sobretudo no dia em que irresponsavelmente a destruí contra um separador de betão, safando-me por pouco. Curada a queimadura nas costas e o orgulho ferido, rapidamente segui em frente e achei que mais era melhor: comprei uma ZZR 1100 ('97).

Quando fui buscar a ZZR e a trouxe para casa, apanhei logo um susto quando olhei para o velocímetro enquanto passava nos túneis da CREL e me apercebi da velocidade a que circulava... Claramente jogava numa "liga" diferente da Hornet, e a proteção aerodinâmica que a ZZR fornecia era uma faca de dois gumes: a par da segurança que transmitia, aumentava o risco de fazer asneira da grossa caso não tivesse juízo. Tive juízo. Apesar de mais tarde ter sofrido um acidente com ela (fui abalroado por um carro que me apanhou no ângulo morto), ainda que pudesse ter feito algo para o evitar não foi responsabilidade minha, e o facto de circular de forma responsável permitiu que o resultado final fossem apenas uns "tupperwares" riscados. Foi mais uma bela companheira, de aspeto imponente e fiabilidade inabalável, quer na utilização diária como em viagens maiores, que me deixou saudades.

Mais recentemente, e quando fazia a revisão dos 80 mil kms da ZZR, uma europeia piscou-me o olho. Sentei-me nela, experimentei-a e foi amor à primeira vista. Era novamente altura de mudar. Uma BMW F800R ('10) cujo único defeito era ter uma ponteira de escape que produzia o som de uma máquina de costura. Problema resolvido logo na compra, saindo do stand já com um belo SC-Project que lhe dava uma voz muito mais sensual. A agilidade da F800R quando comparada com a ZZR foi uma lufada de ar fresco, sobretudo na utilização diária. E o estilo despido (desde os tempos da Hornet) sempre combinou bem comigo.

Infelizmente muito cedo me vi privado dela por bastante tempo, já que tive novo acidente (um carro que não parou num cruzamento e fugiu do local) que a colocou no "estaleiro" durante uns meses, enquanto a situação se resolvia. Desta feita e como somatório de todos os acidentes que já tinha sofrido, a confiança foi abalada. Comecei a considerar seriamente deixar de andar de mota. Comecei a pensar na mulher, nos filhos, no que poderia acontecer, como seria o próximo acidente… Refleti um pouco e decidir fazer algo em relação ao que sentia: um curso de condução defensiva. Coloquei as coisas em perspetiva e recuperei a minha confiança (e a mota). Posso dizer que sou um condutor mais "defensivo" (ou "medricas" se preferirem), mas não me importo com isso. Ainda cá ando e continuo a sentir-me feliz sempre que pego na mota e faço diariamente aqueles quilómetros, mesmo quando ocasionalmente levo com a chuva que não me demove ainda assim de fazer uma das coisas que mais gosto: andar de mota!

Esta é uma história que não está acabada. É uma história que escrevo todos os dias, onde constantemente registo episódios sobre os mais variados temas, como liberdade, responsabilidade, amizade, confiança, respeito, aprendizagem e muito mais. Sem falsas demagogias, moralismos ou sentimentalismos, quer se viva intensamente o "espírito motard" ou apenas se goste do mundo das duas rodas porque sim, posso dizer que andar de mota faz de mim uma pessoa melhor. E se alguém considerar que isso é discutível, no mínimo faz de mim uma pessoa feliz!

quarta-feira, abril 05, 2017

Bacalhôa Buddha Eden

Há algumas semanas atrás, finalmente concretizei uma visita a um local onde há muito queria ir: o jardim Buddha Eden. Preparado um piquenique, embarcada a família no carro, foi tempo de rumar mais a norte, em direção ao Bombarral, para visitar este local que é parte integrante da Quinta da Bacalhôa e que fica a cerca de 1 hora de Lisboa. Depois de já ter visto algumas fotografias do local e ter lido algumas opiniões acerca do mesmo, posso dizer que não desiludiu. É um local espaçoso e aberto, decorado de forma extraordinária, com diversas obras de arte e locais lindíssimos. Passa-se facilmente ali uma tarde ou até mesmo um dia, dando espaço às crianças para correr e respirar e aos adultos para descontrair um bocado. Um espaço cheio de pormenores que captam a nossa atenção, desde o enorme lago (com peixes gigantes ávidos de comer os pedaços de pão que as pessoas levam), às estátuas gigantes, aos guerreiros terracota. Vale realmente a pena conhecer, e desde que lá fui só penso em lá voltar. Paga-se para entrar, mas nada de exorbitante (se bem me recordo 4 euros). Uma loja à saída faz o gosto aos apreciadores de vinho, que podem ali fazer algumas compras mais em conta. Existe ainda um restaurante onde se pode fazer uma refeição. Recomendo!

www.buddhaeden.com

segunda-feira, abril 03, 2017

Doces e Histórias de Piratas

Se há coisa que é uma consequência direta de termos filhos, é aquilo que nos fazem fazer e a maneira como nos transformam em pessoas melhores (ou pelo menos como nos motivam para que sejamos pessoas melhores, mesmo naqueles momentos em que só parece que nos azucrinam a cabeça). Sermos pessoas melhores nas mais variadas vertentes, com a mais variada relevância, desde o que sentimos quando somos altruístas e pensamos mais nos outros do que em nós, até quando sentimos aquela pontinha de orgulho por fazer uma pequenina coisa que é suficiente para iluminar a cara de uma criança com um sorriso. Este fim-de-semana tive por várias vezes essa sensação gratificante, de sentir duas crianças felizes próximo de mim. Desde o ar puro, o sol, as brincadeiras… Uma delas foi quando procedi à já tradicional tarefa de decorar o arroz doce da sogra, com alguns motivos a meu gosto. Um deles, a mais recente fixação do mais novo: o Capitão Miau Miau. Para quem não conhece, aqui fica um link para que possam ficar a conhecer. A decoração… essa foi a que está à vista na foto ao lado!

sábado, abril 01, 2017

Grandioso Bazar Chinês

Fico sempre maravilhado com a criatividade dos chineses. Para alguém que nem sequer usa o mesmo abecedário que nós para a sua escrita, conseguem ser surpreendentes nas suas criações, no que diz respeito aos mais variados artigos de contrafação que vendem nos seus estabelecimentos. O objetivo claro está, é aproximar o mais possível as marcas dos seus artigos às originais, respeitando sempre as mesmas de forma garantir que aquilo que fazem não são falsificações. Eu próprio, recentemente, ao vaguear por um destes estabelecimentos, fiquei indeciso. E posso dizer que nem sequer precisava de comprar o objeto da minha indecisão! Isto porque na secção de jogos estavam à escolha alguns comandos de Playstation que me chamaram a atenção. Ora não precisando eu dos ditos comandos, fiquei assim com uma grande dúvida, caso tivesse de enfrentar a decisão da escolha entre duas marcas possíveis (alternativas à Sony, claro está). O que comprar... um Sqonyy, ou um Fony?


Por um lado, Sqonyy não beneficia do facto de terem colocado um S seguido de um Q, assim como dois Y juntos. No entanto, tem a vantagem de ter todas as letras presentes na marca original (bastaria retirar o Q e um dos Y, e ficaríamos com Sony). Isto leva a pensar que o comando faz tudo o que o Sony faz, mais qualquer coisa...


Por outro lado, o Fony apresenta um conceito mais simples e historicamente utilizado: a simples troca de uma letra. Substituindo o F por S, ficaríamos sem mais demoras com a marca original. O lado menos positivo, é que a fonética de Fony remete-nos de imediato para falsificação (phony, que significa falso em português), e isso é claramente uma desvantagem. Até imagino o slogan... "It's a... F(ph)ony!". Nada bonito.

Resolvi assim fazer aquilo que faço habitualmente. Virar costas e ir embora. Quer dizer, não sem antes tirar um par de fotografias para mais tarde recordar...