domingo, outubro 07, 2018

5 de Outubro e 3 Dias de Mota - Dia 1


Depois de uma noite passada em claro graças a uma violenta gastroenterite viral, colocava já seriamente em causa a minha capacidade para fazer uma viagem de mota de 3 dias, há muito esperada e desejada. A frustração custava-me quase tanto a suportar como as dores e mau estar que se faziam sentir. Ainda assim resolvi não atirar a toalha ao chão de imediato, e lá me preparei para sair de casa. O meu primeiro companheiro de estrada aguardava já à minha porta, e a meu pedido lá me acompanhou numa paragem prévia na farmácia para me automedicar. O efeito foi milagroso e ao fim dos primeiros quilómetros em autoestrada, quando parei na estação de serviço de Aveiras para me encontrar com mais um grupo de malta, já me sentia melhor. Motas agrupadas e abastecidas, era tempo de seguir viagem até ao ponto de encontro com o resto do grupo. Lá percorremos o resto dos quilómetros de A1 e A23 em modo papa-léguas, até finalmente começar a apanhar estrada de jeito na saída para Vila de Rei, até chegar ao ponto de encontro seguinte: Sertã.


Segundo abastecimento do dia, enquanto o resto da malta ia chegando, cumprimentando-se e começando a gerar o espírito para um dia bem animado com muitos quilómetros pela frente. Precisamente por isso, não nos podíamos dar ao luxo de paragens muito demoradas, já que a logística de abastecer 18 motas é coisa para demorar bastante a acontecer. O grupo praticamente completo, lá começámos o percurso delineado previamente. O objetivo seria o de ir fazendo algumas paragens técnicas pelo caminho, até ao restaurante Sógrelhados, no Paul, onde uma mesa de carnes nos aguardava para uma valente almoçarada.


Pelo menos para aqueles que, ao contrário de mim, conseguiam comer e saborear a comida. No meu caso, uma febra com duas colheres de arroz e uma garrafinha de água tiveram de ser suficientes. Os disparates e mentiras do costume, que a malta das motas gosta de contar, e lá se proporcionou mais um agradável convívio entre esta comunidade da qual me orgulho de fazer parte. Já de barriga cheia, foi tempo de deixar o restaurante para continuar viagem.


Mais um abastecimento antes de seguir viagem, já a pensar nas curvinhas que se seguiriam pela zona de Alvoco da Serra e Loriga, antes de chegar à subida para a Serra da Estrela. A tradicional paragem na fonte junto a Alvoco da Serra para dar água aos burros, reagrupar e continuar depois a partir daí.


Tratando-se de um grupo grande, é sempre de admirar quando corre tudo bem como foi o caso. Espaço para tudo. Um pelotão mais à frente para quem gosta de esticar as pernas às burras, um grupo mais atrás para quem gosta de curtir o passeio e as vistas, um líder a controlar o percurso e um cerra-filas a garantir que ninguém se perde. Tudo 5 estrelas. Mais algumas paragens típicas, incluindo o ponto obrigatório de reagrupamento antes da chegada à torre.


Mais uns dedos de conversa e fotografias tiradas, lá fizemos mais um par de curvas até chegar à torre, onde nos aguardavam umas valentes sandochas de presunto e queijo da serra. Nesta fase já fui capaz de saborear o petisco e praticamente já nem me lembrava do que tinha passado durante a noite.


O dia já seguia longo, e havia malta que iria regressar a casa, pelo que se começaram as despedidas. No meu caso, iria seguir viagem com meia dúzia de companheiros até Manteigas. Mais umas curvinhas, um rebanho de cabras pelo caminho, e nova paragem para umas jolas de final de dia.


Alguns de nós pernoitariam em Manteigas, outro regressaria a casa na Guarda, para se juntar a nós de novo no dia seguinte, eu e os restantes seguimos até Folgosinho, onde um companheiro nos tinha já reservado dormida e jantar no Albertino.



O dono do Albertino tem uma espécie de monopólio em Folgosinho, sendo o proprietário do restaurante, alojamento e até de um bar onde acabaríamos a noite a beber uns copos. O jantar foi generoso, composto por uma espécie de menu de degustação de 5 pratos de carne diferentes que vão chegando à mesa. Uma vez mais comi mais com os olhos do que com a boca, mas só o facto de poder e conseguir estar ali, mais do que compensava a incapacidade de apreciar a parte mais gastronómica da viagem.


Ainda fizemos uma paragem no Hins (o tal bar do proprietário do Albertino) onde nos ofereceram tudo o que consumimos e nos presentearam com uma rodada de bagaceira meio que venenosa (à qual não tive como fugir, ainda que com receio do possível resultado - felizmente fiquei por ali e não correu mal)!


Como não tinha dormido na noite anterior, ainda não era meia noite e já parecia um bebé com sono, pelo que me desculpei e fui deitar, tendo dormido que nem um anjinho. O dia seguinte estava para chegar, e seria ainda melhor!

(Continua…)

1 comentário:

mãe disse...

Fico a aguardar!
Já sabes que adoro estas tuas viagens.
Beijinho da mãe