quarta-feira, novembro 14, 2018

Sociedade da Desinformação

Toda a minha vida trabalhei com tecnologia. Posso não ser especialista em todas as matérias, mas considero também que nos dias que correm não é preciso ser um génio para perceber coisas básicas, como por exemplo para que serve uma password. Mas aparentemente posso estar a ser demasiado ambicioso neste pressuposto, já que alguém que, na qualidade de pessoa com conhecimentos jurídicos e que desempenha o papel de deputada, considera que uma password é algo para partilhar de forma livre com os colegas, permitindo assim o acesso a informação que deveria ser reservada, para não dizer confidencial. Já nem falo na explicação atabalhoada que a Sra. Deputada Emília Cerqueira tentou dar como motivo para a justificação "inadvertida" de faltas do Sr. Deputado José Silvano, enquanto "brincava" com as credenciais e com o computador de outrem, mas vir a público falar de alto e com tiques de superioridade, enquanto vomita alarvidades, é no mínimo uma falta de respeito para com todos nós. Numa altura em que o tema da privacidade tem cada vez mais relevância, num ano em que entrou em vigor uma coisa chamada "Regulamento Geral da Proteção de Dados" e que se vivem cada vez mais ataques que visam o roubo de informação, aquilo que devia ser pessoal e intransmissível é utilizado como se fosse a chave de uma casa de banho de estação de serviço. Como se não bastasse, surgem depois todos os especialistas a debitar outras alarvidades sobre o assunto, sem saberem daquilo que estão a falar, como a jovem jornalista Liliana Borges que escreve um artigo no Público, onde defende que é fácil não ter de recorrer à partilha das passwords, bastando para isso utilizar sistemas "cloud" de partilha de dados como o Dropbox ou a iCloud... Epá... não, não basta, e não, não se podem utilizar sistemas de terceiros sobre os quais não se detém qualquer controlo para armazenar e partilhar documentação confidencial! Costuma dizer-se que a ignorância é uma bênção, mas ocorre-me contrapor que a estupidez é uma maldição... e o pior é que a maldição é para todos nós, e não apenas para aqueles que de estupidez padecem, como claramente é o caso de todos os envolvidos nesta novela.

pa·la·vra·-cha·ve
substantivo feminino
(...)

3. [Informática]  Palavra ou sequência de letras, números ou símbolos que identificam um utilizador e que permitem o acesso a informação, programas ou sistemas protegidos.

1 comentário:

mãe disse...

Pois... e na altura a comunicação social ainda falou do assunto, mas depois ficou por aí mesmo.
Triste mundo este.
Mãe