terça-feira, outubro 09, 2018

5 de Outubro e 3 Dias de Mota - Dia 3


O terceiro e último dia de passei começou em tom de bonança. A noite anterior deixou algumas marcas, mas nada que impedisse o meu normal funcionamento. Pequeno almoço tomado e cafezinho bebido, calmamente albardámos as burras de novo e preparámos-nos para seguir caminho.



Primeira paragem na barragem da Póvoa, já próximo de Nisa. Mais uma estrada perdida no Portugal profundo a fazer-nos sentir bem só por estar a rolar por ali fora. Um rebanho de cabras por aqui, uma manada de vacas por ali… lá continuámos a andar mais um bocado, até chegar a estrada aberta.



Foi tempo de abrir as goelas às burras, que tinham andado até então mais em curva que a direito. As lindas retas do Alentejo, por muito aborrecidas que nos pareçam, ao menos servem para isso. Depois de libertar algum carvão (não que precisassem), lá retomámos o ritmo geriátrico até porque o pneu de uma das motas mostrava relutância em segurar a borracha toda até chegar a casa. Umas últimas curvinhas no Tramagal para logo depois seguir até Constança, onde pretendíamos almoçar numa esplanada junto ao rio. A nossa primeira opção foi frustrada por mais um anúncio de um tempo de espera alargado, pelo que novamente improvisámos e correu-nos melhor do que se fosse planeado. Abancados no Pezinhos no Rio, não poderíamos ter ficado melhor. Comemos o que estava a sair (vitela estufada) e fizemos em conjunto o debriefing de mais um fim-de-semana de satisfação e realização pessoal para todos. Revimos mentalmente o que fizemos, por onde passámos e as histórias que vivemos e que são aquilo que fica para sempre connosco.


Já o almoço terminado era tempo de despedidas. O grupo iria partir-se novamente, seguindo metade para Leiria, e eu com outro companheiro até casa. A borracha do pneu de trás do dito companheiro continuava a ameaçar desistir pelo caminho, pelo que voltámos a atravessar o rio em direção à Chamusca, e seguimos via estrada nacional. Última paragem do dia já na entrada do Porto Alto, para um último café e um adeus. A borracha tinha aguentado e uma vez mais, os astros alinharam-se e tudo correra pelo melhor.

Começo a habituar-me a ter este tipo de escape com alguma regularidade, e quando não o faço começo a sentir a falta. Espero conseguir continuar a gerir o meu tempo de forma a ter estes bocadinhos que valem ouro. Espero conseguir manter os amigos que tenho feito ao longo dos anos e que partilham esta paixão das duas rodas, que nos dá oportunidade de ver locais, conhecer pessoas e viver situações a que habitualmente não temos oportunidade de nos expor e experimentar. Invariavelmente quando acabo uma viagem destas, um dos sentimentos mais fortes que trago comigo é precisamente a gratidão, por ter acesso a tudo isto que me faz sentir realmente realizado.

3 comentários:

mãe disse...

É tão bom ver e sentir o quanto estas viagens te fazem bem.
Como já te disse várias vezes, a vida não pode ser só responsabilidades e trabalho.
Tudo passa tão depressa e depois só fica o arrependimento do que se podia e devia ter feito e não se fez. Só que depois muitas vezes já é tarde.
E exactamente como dizes, estas lembranças e vivências ficam para sempre connosco.
Obrigado por partilhares.
Beijinhos da mãe

Miguel Carmona disse...

Inveja ...

Marco disse...

Miguel: Tens a VFR a funcionar? Posso convocar-te numa próxima ocasião... ;)