Ontem fui ao velório (não gosto nada deste termo... prefiro "despedida") de uma pessoa amiga, que infelizmente nos deixou. Enquanto as pessoas iam chegando e cumprimentando os filhos da senhora, eu observava. Observava em primeiro lugar, o olhar distante e sofrido do filho que ficou claramente num vazio, por perder tal como ele próprio definiu, a sua grande amiga. Mas o que me fez mais confusão foi a necessidade que o ser humano em geral tem de fazer conversa de "chacha". Enquanto que eu ao chegar o cumprimentei com um abraço sem palavras, e me despedi dizendo-lhe que se precisasse de alguma coisa podia contar comigo, ficando tudo dito e sentido, outras pessoas houve que tiveram de passar uns bons 20 minutos com a ladaínha dos clichés: "é a lei natural das coisas... é assim a vida... tens de ser forte e ter coragem... era tão boa pessoa... é o destino de todos nós... blá blá blá". Tratando-se de uma pessoa educada, nada respondia até porque suponho não estivesse a ouvir nada do que lhe diziam. No meu caso preferia sinceramente que guardassem a "chachada" e me deixassem sossegadinho no meu canto. O que é um facto é que nós, humanos, temos destas coisas. Constrangemo-nos facilmente e frequentemente ficamos sem saber o que fazer ou dizer. Uma máxima importante para mim é a de que, "se não tens nada para dizer, mais vale ficares calado". E julgo sinceramente que o mundo não ficaria pior com mais gente a pensar assim.
sexta-feira, setembro 07, 2007
As Nossas Limitações
Ontem fui ao velório (não gosto nada deste termo... prefiro "despedida") de uma pessoa amiga, que infelizmente nos deixou. Enquanto as pessoas iam chegando e cumprimentando os filhos da senhora, eu observava. Observava em primeiro lugar, o olhar distante e sofrido do filho que ficou claramente num vazio, por perder tal como ele próprio definiu, a sua grande amiga. Mas o que me fez mais confusão foi a necessidade que o ser humano em geral tem de fazer conversa de "chacha". Enquanto que eu ao chegar o cumprimentei com um abraço sem palavras, e me despedi dizendo-lhe que se precisasse de alguma coisa podia contar comigo, ficando tudo dito e sentido, outras pessoas houve que tiveram de passar uns bons 20 minutos com a ladaínha dos clichés: "é a lei natural das coisas... é assim a vida... tens de ser forte e ter coragem... era tão boa pessoa... é o destino de todos nós... blá blá blá". Tratando-se de uma pessoa educada, nada respondia até porque suponho não estivesse a ouvir nada do que lhe diziam. No meu caso preferia sinceramente que guardassem a "chachada" e me deixassem sossegadinho no meu canto. O que é um facto é que nós, humanos, temos destas coisas. Constrangemo-nos facilmente e frequentemente ficamos sem saber o que fazer ou dizer. Uma máxima importante para mim é a de que, "se não tens nada para dizer, mais vale ficares calado". E julgo sinceramente que o mundo não ficaria pior com mais gente a pensar assim.
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2 comentários:
Essas expressões é mais um subgrupo das frases "cliché" que tanta vez ouvimos. No entanto, quando estamos na posição que os filhos da senhora (desde já os meus sentimentos) parece escandaloso. Todavia, o sofrimento é tanto que aquelas palavras parvas têm uma importância ínfima...
Como te compreendo... no funeral do meu avô, se não fosse pela exhaustão do sofrimento que sentia acho que tinha mandado meia dúzia dos donos da conversa de chacha lá para um sítio bem conhecido...
Sendo a mulher paciênte que sou, consegui livrar-me dessas vontades com uma desculpa que tinha que ir a outro sitio falar com outra pessoa...
As pessoas lidam com situações dificeis de forma diferente. Há quem responde com o silência, outros que dizem tudo para o preencher... cada pessoa tem a sua maneira.
Da mesma forma que as tuas palavras foram sinceras, outra pessoa pode ter sentido a necessidade de procurar mais palavras para o mesmo fim embora sabendo que nestas alturas não existem palavras de verdadeiro comforto.
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