terça-feira, fevereiro 26, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 5

O quinto dia na Índia, e sobrevivi. Hoje, conforme combinado de véspera com o meu taxista, mudei o horário das viagens. Como tal já consegui acordar e ver o sol a nascer. Ao olhar pela janela do meu quarto tenho sempre uma sensação agradável, já que existem sempre dezenas de águias enormes a rasgar os céus... Depois do pequeno almoço, que comi calmamente (pelo menos a fruta e os croissants não são picantes) saí do hotel e lá nos fizemos à estrada. Acho no entanto que vou ficar um bocado entediado com este taxista, ainda para mais porque me parece que vai ser ele a transportar-me todos os dias. É que o tipo, apesar de falar inglês, não diz absolutamente nada! Eu que até sou de poucas conversas, numa viagem de pelo menos uma hora para cada lado, lá vou lançando uma perguntinha ou outra para tornar a coisa mais animada. E ele... nada! Uma resposta monossilábica e um sorriso é tudo o que consigo arrancar do tipo! Além disso hoje que foi o segundo dia já se esticou mais um bocado no acelerador e consequentemente no travão. E voltou a fazer o caminho de cabras (literalmente) como atalho para o escritório, o que também não ajuda. Começo a perceber a colega que me disse que nunca tomava o pequeno almoço antes de chegar ao escritório.

Em relação ao trabalho já percebi que também vou passar um mau bocado. A manhã corre normalmente bem porque não tenho ninguém a chatear-me e posso dar alguma atenção aos colegas de cá, naquilo que estão a fazer. Por outro lado há muita coisa que não conseguimos fazer porque dependemos de pessoas que estão em Portugal... a dormir uma g'anda soneca! Quando chega a meio da tarde, começa a loucura que segue em crescendo até ao final do dia, quando regresso ao hotel onde normalmente, à excepção do bocadinho de tempo que reservei para fazer exercício e jantar, continuo a trabalhar até à meia noite. Sinceramente, não me apetece nada continuar a fazer o trabalho de dois fusos horários distintos, mas não sei bem como descalçar esta bota de forma elegante. Enfim... Voltando atrás, hoje à hora do almoço, e já um bocado farto da história repetida do picante, descobri enquanto esperava em frente a um dos balcões, que havia um "chicken cheesburger"! É que nem hesitei e pedi aquilo. Pedi também uma bebida, mas quase nenhum dos "fast food" ali disponíveis vende bebidas, só um ou dois é que têm. Não me apetecia ir para outra fila e lá me fui embora comer para gulosamente o meu cheesburger ao pé dos meus colegas. Era picante, porra. Lá enfardei o chicken burger picante, sem uma garrafinha de água que fosse para ajudar, e voltei ao trabalho.

Chegado ao fim do dia lá voltei para o hotel, novamente pelo caminho de cabras, que não fosse o piso tão mau seria um percurso quase perfeito. Durante o caminho todo dá para observar pessoas a viver das mais variadas formas, com mais ou menos dificuldades, negócios ambulantes, mercados, animais, crianças a brincar, há de tudo. Este país tem realmente uma vida, cores e cheiros (uns melhores, outros piores) fora do que estou habituado a ver em qualquer lugar. O trânsito é apenas mais um reflexo disso. Hoje passaram por mim duas motorizadas que me chamaram a atenção. Numa delas iam dois tipos, e entre eles um escadote que se estendia a uns bons dois metros e meio de altura. Na outra, uma bilha do gás atada à traseira! É também muito frequente ver 3 pessoas na mesma motorizada. E note-se que a cilindrada mais alta que se vê por aqui é de 150cc. Hoje interroguei-me se os carros e motas aqui terão seguro...

Hoje confesso que não tenho muito para contar, tal como antecipo não ter nos restantes dias em que andar neste ritmo um bocado esquizofrénico a nível de horários. Mas já prometi a mim mesmo que amanhã não me deixarei sentir assim tão frustrado e vou andar mais bem disposto. O lado bom da coisa é que chego ao hotel e sinto-me em casa. É engraçado porque o hotel é grande, mas acho que toda a gente me conhece e tratam-me pelo meu nome, porque devo ser o recordista de permanência aqui (habitualmente os clientes ficam por aqui 2 ou 3 noites no máximo, segundo me disseram). Por agora, 'tá na hora do ó-ó. Até amanhã!

2 comentários:

mcaa disse...

Até amanhã e espero que o dia te corra melhor.
Beijinho
Mãe

Marco disse...

mcaa: correu! beijinhos!