terça-feira, fevereiro 12, 2013

A Época da Matemática

Só na última semana assisti a duas notícias de cortes relacionados com o mercado de trabalho actual, de instituições que me foram e são muito próximas. Em cada uma delas, a medida é anunciada de forma diferente, ainda que "matemática". Numa das instituições o objectivo é cortar um valor na despesa, na outra o corte é referido directamente sobre o número de empregados. Em qualquer uma delas o corte é no mínimo injusto e desleal. O porquê do desleal? Porque não é aceitável que organizações que num passado muito recente, ou até mesmo hoje em dia, façam recrutamento, para depois chegar à brilhante conclusão que afinal não têm sustentabilidade e como tal a solução (fácil) é despedir pessoas. Isto é no mínimo um rótulo de incompetência a quem quer que seja responsável pela gestão de qualquer uma das organizações (seja a organização do sector público ou privado). Não se deveria então e em primeiro lugar despedir esse mesmo responsável, por vários motivos justificáveis como gestão danosa, falha de planeamento de capacidade, má política de sustentabilidade da organização, etc. etc. etc.? Quanto custa despedir essa pessoa só, e comparativamente quantas pessoas podem manter o seu posto de trabalho apenas com a poupança desse corte cirúrgico? Quantas pessoas podem manter o seu posto de trabalho com a poupança do automóvel, do computador, do telemóvel, das viagens, das estadias, das refeições e de tudo o resto que se economizaria com esse mesmo corte cirúrgico. Além disso, este corte justificado tem o apanágio de não ser tão "matemático" no sentido em que as pessoas não são números, mas sim... pessoas. E não se pode dizer que se vai cortar em "números" de forma cega sem ferir ainda mais a sustentabilidade da organização. Eu sei que este meu raciocínio pode ser apelidado de muita coisa, desde irreal, utópico, impossível, ingénuo e até um pouco comunista... mas garantidamente parece-me infinitamente mais justo!

Aproveito aqui para expressar a minha amizade e solidariedade a todos os camaradas e colegas que estão ou estarão em breve numa situação delicada como a que descrevo. Desejo-vos a todos tanta força como aquela que quero ter para mim próprio se e quando me vir na mesma situação.

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