sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Pune - Diário de Bordo - Dia 1

Lá se concretizou a profecia e trabalhando eu com tantos colegas indianos era mais ou menos inevitável que um dia teria de fazer uma visita de cortesia. Aquilo que ao princípio interpretei incorrectamente como um sacrifício, tornou-se ao longo de pouco tempo uma ideia interessante, cuja concretização acabei por esperar com alguma expectativa. Chegado o dia da partida, lá fui eu às 6h da manhã para o aeroporto de Lisboa, onde apanhei o voo mais suave e confortável que já fiz (e até já fiz alguns). Tudo cinco estrelas até Frankfurt e as horas nem custaram a passar. Uma espécie de constipação com febre resolveu entretanto apanhar boleia comigo na escala (terá sido dos dois graus negativos que se faziam sentir?), o que fez das 8 horas que se seguiram de Frankfurt até Pune uma bela caca. Não consegui ler o que tinha determinado que iria ler, mas vi dois filmes porreiros. Coisas dos aviões da Lufthansa que mesmo em classe económica são um mundo à parte e até um LCD individual com leitor multimédia e videoclube disponibilizam aos seus passageiros.

O que não esperava era que durante o voo fosse logo introduzida a comida típica do destino, o que contribuiu para eu passar uma barrigada de fome e beber muito suminho de laranja. Não sei porquê o almoço de tofu com caril não me interessou assim muito, tal como o lanche que pedi com avidez ao vislumbrar uma milanesa, e que acabou por se revelar um folhado de galinha com caril, cuja alternativa era um crepe de galinha com caril... Estes alemães são um bocado parvos. Adiante. Chegado a Pune, a habitual fila de terceiro mundo para controlo de passaportes, o que contribuiu para sair do aeroporto já pelas 4h00 locais (após uma viagem que totalizou cerca de 13 horas). No hotel sou surpreendido por uma revista ao carro onde cheguei, tipo brigada de minas e armadilhas, máquina de raio X e detector de metais para entrar no estaminé. Depois de entrar, um admirável mundo novo. O destino que qualquer viajante quer ter à sua espera. Simpatia, atenção, um quarto com uma cama king size e um walking shower maior que algumas divisões da minha casa. Parabéns Marriott pelos elevados padrões. Hora da deita: 6h00, hora do despertar: 8h00, seguida de pequeno almoço (felizmente havia uns croissants sem caril) e viagem de 1 hora até ao escritório!


O trânsito ultrapassa qualquer expectativa que tivesse. Nem que me pagassem alugaria um carro aqui ou arriscaria conduzir um quilómetro que fosse! É absolutamente medonho! Não existem sinais, faixas de rodagem com sentidos específicos, regras de prioridade, a buzina é mais utilizada que qualquer outro comando do carro, etc. etc. etc. (mais tarde publicarei aqui umas fotos para perceberem do que falo). O primeiro dia foi um bocado de cão, já que a constipação perdurou, o sono era muito, o jet lag era mais. Valeu a boa gente que conheci logo no primeiro dia e que me receberam de braços abertos. No meio disto tudo é 1h00 da manhã e estou para aqui feito parvo agarrado ao blog e a escrever. Mas tinha de contar que a parte final do dia foi muito boa!

Hesitei, mas acabei mesmo por ir ao ginásio à maneira que o hotel disponibiliza com uma vista sublime sobre a cidade. Uma banhoca no belo do walking shower, seguida de um jantar de buffet que contra as minhas expectativas até foi agradável, a conversa em dia no skype, e por fim um convite dos genuinamente simpáticos funcionários do hotel para relaxar no bar lounge da cobertura do edifício onde estava uma temperatura simplesmente fenomenal. Resultado: vou para a caminha constipado na mesma, com uma ponta de febre, fisicamente feito num molho de brócolos, mas com um sorrisinho no rosto... ainda para mais porque amanhã é sábado, e esta cidade certamente terá algo que valha a pena ver! Aguardem as cenas dos próximos capítulos.

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