segunda-feira, novembro 24, 2008

Uma Estrela Que se Apaga

Mais uma estrela que se apaga no firmamento... O difícil de ser jovem é ver aqueles que toda a vida foram importantes para nós, partir. Para além da simples tristeza pelo facto de alguém deixar a vida, bem que somos treinados desde muito cedo para considerar o mais precioso, fica-nos o vazio deixado por quem ocupava parte do espaço daquilo que somos e de tudo o que vivemos. Por vezes este vazio sente-se independentemente do período de tempo em que uma pessoa partilhou o seu ser e estar connosco. Algumas pessoas preenchem mais esse espaço do que outras. A estrelinha em particular a que me refiro entrou na minha vida há pouco tempo, e por relativamente pouco tempo, mas o vazio que deixa faz-se sentir mais do que alguma vez imaginei. É inevitável sentir um aperto na garganta sempre que penso naquela velhinha sempre sorridente, alegre, meiga... com as rugas no rosto que provam a alegria e a tristeza de tudo o que de bom e mau pode acontecer a alguém... com uma calma a olhar o fim daquela rua estreita onde vivia, enquanto um gato preto arisco se enrosca nas suas pernas, que só se adquire ao fim de quase um século de vida, um século de histórias para contar e outras tantas por revelar para sempre. Por mais que não se queira encarar o inevitável ou até mesmo tentar compreender que a melhor forma de partir é assim, numa noite de sono interminável, não faz parte de nós estar preparado para algo semelhante. Eu não estava preparado, e sinto que continuo a não estar. Por muito inteligente e racional que queira ser, parte de mim parece ainda não ter percebido o que realmente aconteceu. Parte de mim parece ainda querer e desejar rever o rosto daquela velhinha que era a avó de alguém, a avó de todos nós, mesmo que não o fosse, e cujo sorriso vai fazer mais falta do que mil palavras de mil oradores. O seu nome: Ana Cândida. Ana, nome simples como a pessoa a que se refere... Cândida, inocente como a sua forma de estar e ser sempre comprovou, até ao momento final. Um beijinho muito grande para ela por ser quem foi, para as filhas por a terem sempre tratado da forma mais digna possível e para aquela pessoa cuja força revelada e atitude demonstrada é para mim um motivo de orgulho, porque mostra que não podia ter ninguém melhor do meu lado... Um beijo grande, muito grande, para ti...

4 comentários:

apenas um gajo... disse...

Não há nada que se possa acrescentar.

Um enorme abraço

Marco disse...

gajo: por mais que se diga (ou escreva) parece que ficamos sempre aquém das nossas próprias expectativas, ainda assim quis tentar... um abraço e um bem haja.

Sunshine disse...

Podia te dizer que a morte é inetivável, que faz parte da vida... lógica comum.
Podia dizer-te que um dia encontra-se com todas almas que partiram... isso dependende das crenças de cada um.
Apenas sei que as pessoas mantêm-se eternamente vivas nas nossas memórias e com este post conseguiste imortalizar a memória da Ana Candida.

Marco disse...

sunshine: a verdade é que as palavras parecem sempre a mais nestas ocasiões, por muito que nos esforcemos para expressar aquilo que sentimos.