quinta-feira, junho 12, 2008

O Futuro é Hoje

Confesso sentir que algo de errado se passa comigo. Dou por mim em desacordo com a maioria das pessoas, mais ou menos conhecidas, cuja opinião costumo partilhar. Mais concretamente, dou por mim a conseguir ver os dois lados da última guerra civil de que o nosso país está a ser alvo: o bloqueio/paralisação/piquete dos camionistas. Começo por dizer que concordo com a iniciativa, por considerar que defende os interesses de todos nós. Assim sendo, em que é que reside a minha falta de acordo com a generalidade das opiniões expressas sobre esta matéria? Percebo a pressão exercida pelos camionistas que aderiram ao movimento, sobre os que não o desejam fazer. Percebo que se uma meia dúzia de pessoas "furar" esta manifestação, a mesma deixa de sortir o pouco efeito que ainda assim está (ou estava) a ter. Percebo também, e no entanto, o receio de quem não deseja aderir, que ao ver-se "atacado" em plena estrada chega certamente a recear pelos bens que transporta e pelos quais é responsável, assim como em alguns casos pela própria vida. Na prática, consigo ver o pior e o melhor de dois mundos diferentes e duas faces de uma mesma moeda. O que é um facto é que já há muitos anos que vivemos num estado sem direito, sob um regime ditatorial mascarado de democracia, pelo que medidas drásticas começam a ser a única solução à vista... Chego muitas vezes a perguntar-me se alguma vez em algum ponto do mundo, a democracia chegou a existir verdadeiramente. Aqui neste cantinho da Europa certamente não existiu, não existe e aparentemente não existirá... Uma vez mais e após apenas alguns dias, estas forças de bloqueio estão a desmobilizar, perante uma pseudo-negociação que se pode resumir em 3 medidas insignificantes, que poucos percebem, de uma entidade como a ANTRAM que não representa ninguém, para com o estado, que por sua vez também não representa ninguém. Assim sucedeu com os professores, assim está a suceder com os camionistas, assim sucederá com todos nós. Conseguimos com estas cedências dar passos vertiginosos para o fundo do abismo em que vivemos. Temo pelo futuro, porque o futuro é hoje.

2 comentários:

Eli disse...

Eu estava a "gostar" de esta "greve" estar a afectar toda a gente que era para TODA a gente fazer pressão... já que cem mil pessoas não contam, tens razão, vivemos numa ditadura mascarada de Democracia... e o pior é mesmo isso, sabemos que ela está aí, mas "fingimos" continuar a ser livres... sim, mas mesmo?!...

Outra coisa que reparei foi na imagem que colocaste e foi, sem dúvida interessante!

:))

Mary Xu disse...

Pois eu não fiquei nada preocupada com esta paralisação. Até estava com esperança que isto fosse mais longe, que acabasse o combustivel de vez, que os comboios, os autocarros, os barcos fossem obrigados a parar! Aí sim tinhamos atingido um limite perigoso para poderem realmente negociar com o estado. Mas o "povinho" como sempre, contenta-se com as migalhinhas... E assim nunca vamos evoluir!