sexta-feira, maio 04, 2018

Rota Andaluz (Parte III)

Depois de mais uma noite mal dormida, em Algeciras, aceitei que só iria repor o sono em uma de duas situações: após a viagem acabar ou o sono ser tanto ao ponto de me fazer aterrar de qualquer maneira. Por isso resolvi tomar o banhinho da praxe, descer e juntar-me ao meu companheiro de estrada mais madrugador, para o pequeno almoço. A malta foi entretanto chegando e como já ia sendo habitual, a escolha da maioria recaía sobre a "tostada" com tomate e azeite, pequeno almoço típico em Espanha, e que além de saber magnificamente é bastante saudável.


Uma vez mais, alimentados os "burros" foi tempo de arrumar as trouxas, dar de beber às "burras", e com cerca de 1 hora de atraso em relação ao previsto, fazer-mo-nos finalmente à estrada. Os atrasos matinais são algo com que aprendemos a lidar, e que com bom senso ao longo do dia e do trajeto que nos propomos fazer, se consegue ultrapassar facilmente, assim o grupo se entenda e o permita. O destino seguinte: Castellar de La Frontera, em Cádiz.


Nesta vila o castelo foi o nosso ponto de interesse. Visitámos o mesmo, a partir do qual era possível observar mais uma paisagem de tirar a respiração...


... assim como visitar o seu interior onde existia uma pousada na qual dava mesmo vontade de ficar.


Nessa pousada tivemos a oportunidade de beber um belo café caseiro, conviver mais um bocado, contar umas mentiras e dar umas gargalhadas.


Enquanto alguns optaram por uns minutos de repouso por ali, outros visitaram as ruas estreitas da povoação junto ao castelo, que é também muito bonita. Energia reposta e fotografias tiradas, lá seguimos caminho de novo. Uma daquelas estrada em que nos embrenhamos em plena natureza, para chegarmos ao nosso destino seguinte: Genalguacil, em Málaga.


Esta vila é de uma beleza extraordinária. Além de manter as caraterísticas a que já nos estávamos a habituar, nos povos brancos, trata-se de uma vila museu, onde se encontram obras de arte por todo o lado e a cada virar de esquina.



 

Depois de apreciar aquele cenário peculiar, a barriga começava a dar horas, e era tempo de procurar um local onde almoçar. Havia festa no local (não percebemos ser era uma espécie de casamento, mas parecia) pelo que a tarefa não se adivinhava fácil. Meio sem querer "tropeçámos" para dentro do que parecia ser uma casa particular, mas onde por sinal se serviam petiscos. E assim foi, sentámos-nos no que parecia a sala de uma senhora simpática, que nos apresentou a oferta que tinha, da qual respondemos para nos trazer uma dose de cada coisa. Estava tudo delicioso, e a hospitalidade foi magnífica.



Recuperadas energias, a estrada chamava por nós de novo, até porque as curvas que tínhamos feito até ali seriam as mesmas que nos permitiriam sair de lá (só havia um acesso para entrar e sair). Mais uma paragem junto ao miradouro para uma foto de despedida...


Curvas e contracurvas foram-nos enchendo as medidas durante a parte da tarde. Algumas paragens para ir absorvendo a envolvente paisagística daquela área, que assim o pedia.



Entretanto o dia avançava e tínhamos ainda um local a visitar, pelo que nos dirigimos ao local de pernoita das duas noites seguintes, sendo surpreendidos pelo percurso que nos levaria até lá.


Como volta que é volta não se faz sem nos perdermos ocasionalmente, desta feita aconteceu no meio de um percurso lindíssimo, ainda que fora de estrada, o que dado o cansaço levou alguns elementos começarem a perder a paciência. Como grupo coeso que éramos e somos, logo de imediato se começaram a dizer alarvidades e o nervoso miudinho deu rapidamente lugar ao riso, ajudando-nos a sair dali para fora e encontrar o caminho certo até ao nosso alojamento perdido no meio do nada, nos arredores de Ronda, em Málaga.


E que belo alojamento nos calhou! Um turismo rural denominado Ronda Moments, espantem-se, gerido por dois portugueses! Estamos mesmo espalhados por todo o lado... O único senão à chegada foi o facto de irmos estrear o local, e por isso algumas coisas não estavam ainda a funcionar a 100%. A mais grave de todas: não havia água quente, o que deixou alguns elementos do grupo meio com os azeites. Eu pessoalmente tomei banho de água fria, por isso estava bem. Uma vez mais, ultrapassou-se a situação com bom humor e uns recados à gerência, que mais tarde nos compensaria pelo sucedido. A beleza do local, também ajudou...


O sol já se punha, e queríamos ainda visitar Ronda, onde iríamos jantar. Com a cegada da falta de água quente e do anda para trás e para a frente no alojamento, chegámos já tarde à cidade, e infelizmente o melhor que conseguimos foi engolir um hambúrguer porque as cozinhas dos restaurantes estavam todas a fechar. Ainda assim e antes de regressar ao hotel, foi tempo de provar mais uma especialidade local numa esplanada qualquer: uma espécie de licor de ervas sem jeito nenhum, que substituímos rapidamente por um brandy que a mim particularmente me aqueceu a alma.

Mais uns quilómetros de "offroad" enlameado de volta ao alojamento, onde iria passar mais uma noite mal passada (nunca a frase "quando morrer tenho tempo de dormir" fez tanto sentido para mim).

1 comentário:

mãe disse...

Que viagem, filho
Beijinho da mãe