quarta-feira, maio 02, 2018

Rota Andaluz (Parte I)

Se havia coisa que me faria limpar a mente e voltar a ganhar ânimo para escrever, era usufruir de um daqueles bocadinhos que tenho tido a oportunidade de reservar só para mim, em que me permito viajar de mota, conhecer locais e conviver com amigos. Aproveitando os feriados do 25 de abril e 1 de maio, com fim de semana e um par de dias de férias à mistura, permiti-me andar 5 dias na vadiagem. E agora, aqui estou eu a escrever sobre isso, de alma lavada.

O dia 25 foi precisamente o dia da partida. Ainda que não fizesse parte dos planos, acabou por se juntar um grupo considerável para escoltar alguns estarolas até Espanha, e dar início à viagem "oficial" (para mim a viagem começou assim que me montei na mota). As regras estavam estipuladas por um dos meus companheiros de estrada, e não eram flexíveis, até porque parte da nossa escolta poderia ter uma tendência assim para o "geriátrico". Assim, o plano relativo aos pontos de encontro onde iríamos arrebanhar os nossos comparsas era "quem estiver está, quem não estiver, estivesse". O primeiro foi na Galp da segunda-circular (não falhou ninguém). O segundo em Alcochete (falhou um que se nos iria juntar mais à frente).


O terceiro em Pegões, e o grupo ficou completo. A partir daí foi rolar até Espanha, já com a barriga a acusar as horas e a diferença horária. Mas antes de alimentar os burros foi tempo de atestar as burras, até porque ali a "ração" é mais barata.


Para os burros, o local escolhido foi um restaurante de berma da estrada sem jeito nenhum (Bar Restaurante Mijina, em Jerez de los Caballeros) onde se comeu mediocremente. Recordo com saudade as belas sobremesas embaladas em pequenos recipientes de folha de alumínio... Burros e burras alimentados e foi tempo de nos fazermos à estrada de novo. Mais alguns quilómetros até a nossa escolta se despedir dos que seguiam viagem, não sem antes fazer umas pequenas reparações de berma de estrada completamente desnecessárias, só porque na fotografia fica bem.



Já com o grupo mais reduzido, a hora começava a adiantar-se e a chegada ao Hostal San Marcos em Arcos de La Frontera imperava. Chegados ao local, descobrimos que ao contrário do anunciado não havia estacionamento para as motas. Vagueámos pela praça do centro histórico onde inicialmente as deixámos sem grande paz de espírito ao pensar que iriam passar ali a noite sem ninguém a olhar por elas. Entretanto e em frente ao Hostal, com alguma boa vontade de um proprietário de uma pequena loja, se arranjou um espacinho num beco onde fizemos uma espécie de "lego" com as motas para ficarmos com elas debaixo de olho durante a noite.


Motas estacionadas, banhinho tomado, e a fome começou a dar sinal. Depois de umas cañas para abrir caminho, lá nos fizemos a uns bons "primer y segundo plato" que nos souberam pela vida. Foi tempo de por a conversa em dia dando de imediato início a umas valentes risadas, já que alguns de nós não estávamos juntos há bastante tempo.


Já de barriguinha cheia, resolvemos dar uma volta pela povoação, que respira antiguidade. Depois de percorrermos algumas ruas estreitas fomos dar de novo à praça onde nos reunimos à chegada, para agora com calma observar melhor a envolvente.


Uma encosta íngreme que impressiona à vista, mas não menos do que a construção antiga que compõe aquela terra que nos transporta para o passado.



Mais umas cañas num bar, antes de regressarmos ao Hostal em passo acelerado, escapando por pouco à chuva e trovoada que nos resolveram surpreender. O dia estava findo, mas o melhor estaria ainda por vir... (tirando a noite merdosa em que ninguém conseguiu dormir graças a uma bomba de água a trabalhar de 5 em 5 minutos, camiões de recolha do lixo e alguns "tratores" a ressonar nos intervalos).

1 comentário:

mãe disse...

Fotografias fantásticas, filho
Bj.mãe