quinta-feira, maio 03, 2018

Rota Andaluz (Parte II)

Depois de uma noite em claro, tornou-se evidente o motivo de não ter conseguido dormir. Afinal o problema não era da bomba de água a trabalhar de 5 em 5 minutos... não era do camião do lixo a fazer a recolha durante a noite... não era dos companheiros "tratoristas" ressonantes... afinal o problema era que sem me aperceber estava a dormir com o Spong Bob!!!


Desvendado o mistério, foi tempo de tomar um banhinho para minimizar o estrago feito pela falta de sono e descer para o pequeno almoço. Antes disso, desfizemos o "lego" de motas que tínhamos montado na noite anterior, para o proprietário da loja poder abrir o comércio. Fizemos questão de estacionar noutro local de forma exemplar conforme se pode constatar pela sinalética visível na foto seguinte. Valeu não andar por ali a Guardia Civil, que durante estes dias foi uma presença quase constante em todo o lado.


Já com o pequeno almoço tomado, foi tempo de nos fazermos de novo à estrada. Considerando a proximidade do local, tivemos de fazer uma paragem obrigatória em frente a uma das mecas do motociclismo, só para tirar a foto que se impunha, mesmo frente à entrada do circuito de Jerez de La Frontera.


Teria sido interessante entrar... teria sido interessante assistir a um treino ou uma prova... mas não se iria proporcionar e não era para isso que estávamos ali. Foto tirada, siga caminho, não sem antes parar frente à bela catedral de Jerez de La Frontera, para um cafezinho matinal.


Depois de nos perdermos e de nos voltarmos a encontrar, fazendo-nos permanecer mais tempo que o expectável em Jerez, arrancámos novamente tendo em vista a paragem seguinte: Medina Sidonia. Aqui já se impunha algo mais que o café, como tal optámos por umas cañas e umas azeitonas com um sabor violento a pickles, que marcharam todas, enquanto relaxávamos na bela praça central com vista para o castelo.


Depois de apreciar superficialmente um local que tresanda antiguidade e carece de bastante tempo para ser devidamente visitado, era tempo de rumar ao litoral, e mudar um pouco as vistas (e para mal dos nossos pecados, as estradas - pelo menos as vistas compensavam).


Depois de percorrer umas estradas sem jeito nenhum pelo meio de uma série de povoações à beira mar plantadas, demos com um local bem bonito denominado Cabo de Roche, onde parámos para mais umas fotos artísticas.



Com isto tudo, a fome já apertava, e começamos uma procura (pouco fácil) de local para almoçar (a preços decentes). Claramente estávamos em plena zona turística, e nenhum restaurante parecia digno daquele grupo de "feios, porcos e maus" que por ali rolava. Finalmente lá demos com o restaurante "La Rosaleda", onde pudemos usufruir de um económico menu, ainda que com um "primer y segundo platos riquíssimos". Mais uma valente dose de boa disposição, para não variar, e conforme se pode constatar.


Já de barriga cheia, e depois de uma tentativa falhada de visitar o farol de Trafalgar (uma duna "comeu" a estrada que nos poderia levar até lá), como o calor se fazia sentir decidimos seguir até Vejer de La Frontera, estacionar as burras em plena Plaza de España e sentar os burros numa esplanada com sombra.



Depois de botar abaixo mais uma cañas e uns gelados, foi tempo de visitar aquela terra lindíssima, com construções antigas, monumentos e vistas espetaculares.


O dia estava perfeito para fazer aquele trajeto bem pertinho do mar. E para fechar com chave de ouro, só podíamos rumar em direção à ilha de Tarifa, para deitar uma espreitadela até Marrocos, que parece estar logo ali. E assim fizemos.


Levámos as burras até onde podíamos, e fizemos o restante caminho a pé, enquanto apreciávamos toda aquela envolvente.




O dia aproximava-se do fim, pelo que poucos quilómetros nos separavam de Algeciras, uma cidade portuária que seria o nosso poiso para aquela noite. O Hotel Aura foi uma lufada de ar fresco para recuperar psicologicamente do pitoresco mas desconfortável Hostal San Marcos, em Arcos de La Frontera. As camas já não tinham cobertores do Sponge Bob, e a única coisa que me viria a impedir de dormir seria o meu companheiro de quarto "tratorista". Antes de chegar a essa parte foi tempo de mais um bom jantar, uma volta valente pela cidade (que não tem propriamente muito que ver), uma esplanada com cañas, muita conversa à mistura, e umas fotos de alguns pontos de interesse.


Já na caminha, era tempo de começar a pensar no dia seguinte, onde iríamos começar a ter estradas bem interessantes para percorrer, e locais igualmente interessantes para visitar.

1 comentário:

mãe disse...

Por toda a tua descrição, consigo sentir a tua felicidade e prazer nestas tuas viagens.
Obrigado por partilhares.
Sabes que é real este meu sentir. (mesmo com todos os meus receios e coração apertado, pensando no que pode acontecer.)
Beijinho da mãe