É lixado, mas temos todos uma. E porque é lixado? Porque enquanto estamos nela, nada na nossa vida muda (para melhor ou pior). O garantido é que algo só acontece quando colocamos o pé de fora desta zona. Isto aplica-se aos grandes passos que damos, como deixar um emprego para buscar algo que nos realize mais, passando por decidirmos (por exemplo) dedicar mais tempo à família e amigos, até à simples decisão de perder aqueles quilos a mais que nos enervam há anos. Tudo isto exige esforço em maior ou menor quantidade. Durante o intervalo para café da tarde de hoje, o tema de conversa foi o açúcar que ingerimos por dia, sendo que se chegou à conclusão que é fácil alguém ingerir um total de 1 a 2 kg por mês! Isto entre pacotinhos de açúcar para café, leite, sumos naturais, iogurtes, sobremesas, etc. Fora aquele que já está nos restantes alimentos que ingerimos. Depois desta típica conversa de café, para além da conclusão óbvia que é o facto de a maioria das pessoas meter demasiado açúcar no bucho, percebi outra coisa: as pequenas coisas são aquelas que por vezes nos prendem mais à nossa zona de conforto. Alternativa? Sair deste espaço exíguo, com um pequeno esforço ou sacrifício equivalente a deixar de beber café com açúcar, leite com açúcar, sumos naturais com açúcar, comer iogurte com açúcar ou sobremesas com açúcar. Dito assim parece fácil, e na minha mente até o é. Mas entendi hoje que esta constatação não é óbvia e que por vezes é nas coisas mais pequenas que, devido a terem para nós pouca relevância, desperdiçamos oportunidades de fazer magia nas nossas vidas. Se conseguíssemos mudar algumas dessas pequeninas coisas que individualmente não nos causam danos significativos (apenas aparentemente), e por isso as toleramos "ad eternum", a nossa vida seria simplesmente... melhor. Para pensar.
3 comentários:
Acaba por ser um contracenso... Então quer isso dizer que para vivermos bem devemos viver desconfortáveis. Mas isso é de certo modo o que as religiões preconizam quando dizem que só através dos sacrifícios nos salvamos. Por isso é que os ascetas se autochicoteavam, jejuavam, praticavam a abstinência sexual, tudo em nome de uma melhor qualidade de vida, afinal! Afinal o Passos Coelho é nosso amigo!!! Acabo de ouvir na TV que os reeembolsos no IRS vão crescer substancialmente com o aumento astronómico das retenções: que bom!
contracenso está mal: correcto é contra-senso
Olá, Pai. Sugiro que leias novamente o meu texto, com a mente mais aberta e livre de (pre)conceitos. Verás que não faço nenhum tipo de louvor ao sacrifício só por si. Muito pelo contrário, o que defendo é que vale a pena esforçarmo-nos para alcançar objectivos concretos importantes para nós. Actos como autochicotear, deixar de comer e ter relações sexuais, não servem propriamente nenhum propósito ou objectivo prático (a não ser - e como referes - o daqueles para quem servir a religião seja o derradeiro objectivo de vida, mas isso é um outro tema completamente diferente do que aqui exponho). Pegando no exemplo que dei no texto, viver com saúde não é sinónimo de viver desconfortável. Melhorar a nossa saúde e capacidade física para podermos fazer o que queremos no nosso dia-a-dia sem esforço, sem dor, sem sofrimento... para termos energia para brincar com os nossos filhos e netos... parece-me um objectivo demasiado importante, auto realizador e satisfatório para que se considere sequer a contrapartida como um "sacrifício". Uma pergunta concreta, a dar o tema de conversa para a próxima vez que jantarmos juntos (pode ser amanhã?): será que esta tua resposta não é uma autodefesa do teu "sistema", para evitar que saias da tua zona de conforto? ;) Beijinhos do Filho Marco.
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