domingo, janeiro 28, 2007

Retry, Ignore or Abort?

Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?
Convém clarificar que a questão a apresentar à população no próximo dia 11 de Fevereiro, é esta. Não é: "considera-se a favor do aborto", ou "acha que se devem fazer abortos". A questão que se coloca é, se uma mulher que pode ter as mais variadas razões para não desejar trazer uma criança ao mundo (e quem somos nós para julgá-la), deve ou não ser tratada como uma criminosa. A questão é se devemos continuar a fomentar a realização de abortos clandestinos que representam a causa da morte de muitas mulheres que recorrem a eles, ou não. Se devemos criar a possibilidade de quem opta por fazer esta intervenção, o poder fazer com as mínimas condições. As movimentações mediáticas relativamente à repetição do referendo que já teve lugar em 98, geram a tendência a mascarar a questão ("o sim/não ao aborto") ao não referirem a palavra "despenalização". Além disso distorcem frequentemente opiniões apenas para fins mediáticos, como "o Bispo de Viseu diz sim ao aborto", quando na realidade ele diz "sim" à "despenalização", tal como muito bem e detalhadamente descreveu na entrevista dada. Depois ainda temos os "constitucionalistas" como Jorge Miranda, que se diz contra, porque o que se pretende é "liberalizar" e não "despenalizar", uma vez que uma mulher que faça um aborto actualmente não é presa. Esta última afirmação é muito engraçada e talvez digna de ser eventualmente pronunciada por um acéfalo, uma vez que quem ajudar a levar a cabo a realização de um aborto pode (tendo já acontecido) ir preso ou presa. Se isto não é despenalização, é o quê? Correndo o risco de ferir as opiniões de muito boa gente, quero no entanto esclarecer duas coisas sobre a minha opinião pessoal: em primeiro lugar não sou minimamente fundamentalista pelo que aceito a coexistência de todas as opiniões contrárias à minha; em segundo lugar, não sou a favor do aborto (como provavelmente ninguém é, mesmo as pessoas que infelizmente o fazem) mas sim a favor da sua despenalização.

11 comentários:

Marco disse...

Estreando os comentários do meu próprio post, não pude evitar escrever porque acabei de ver um jornalista que até respeitava, durante o jornal da noite, mostrar-se incapaz de ser imparcial, referindo parvoíces como "é só uma questão de prazo, porque com 10 semanas e um dia a mulher é presa". É caso para dizer que com tanta gente estúpida no mundo, é pena que não tenham sido feitos muito mais abortos no passado...

Gonçalo disse...

...quanto á questão do referendo, eu acho que a mulher tem o direito de opção, principalmente porque perfiro que não haja criança(embrião, feto ou que que quiserem chamar) do que haver criança sem carinho, afecto e amor dos pais abandonada num orfanato ou pior e horrivel deixada num caixote do lixo, só porque a lei não permite legalmente o aborto...como diz um amigo "HAJA JUÍZO"

Unknown disse...

Ainda ontem tive uma conversa com uma pessoa sobre essa temática.
E o grande argumento por ela invocado foi a do aborto se tornar um contraceptivo.
Infelizmente, provavelmente existem pessoas neste mundo estúpidas o suficiente para o fazer em detrimento da pilula ou do preservativo.
Mas por causa destas "anormais", sim só lhes posso chamar isso, todos os outros casos de dramas familiares correm o risco de ver a mulher morta, mutilada (muitas vezes incapaz de voltar a ser mãe) ou presa...

Creio que para mais de 90% das mulheres que abortam, a maior pena é o próprio aborto...

Dani disse...

Muitas vezes a opção pelo aborto tem que ser tomada e penso que, pelo menos na maioria das vezes, não é uma decisão tomada de ânimo leve. É um peso que acompanha quem o faz, ao longo da vida. Porquê punir ainda mais, pondo a sua vida em risco, quem tem que tomar tão difícil decisão?

Marco disse...

Gonçalo: É isso exactamente! Que raio de perspectiva é esta que dá tanta importância à humanidade de um embrião, sem pensar no futuro de uma criança?

Luis: Quem diz que um aborto é um contraceptivo certamente nunca deve ter feito nenhum, nem tão pouco tem capacidade para raciocinar...

Dani: Pois é, mas para alguns inteligentes parece que retirar o estigma de ser considerada uma criminosa, não é motivo suficiente para uma despenalização...

Anónimo disse...

Há um ditado muito antigo que diz:
"Mais vale a morte que a má sorte!"
Despenalização, legalização... eu sei lá! Mas e a qualidade de vida das crianças que nascem sem serem desejadas? Ou que até seriam desejadas mas que a "puta da vida" não iria permitir que tivessem uma vida digna? Já alguém ouviu aquelas senhoras/senhores que afirmam que aborto é CRIME, apresentar soluções para as duas questões anteriores?
Vamos deixar vir as criancinhas todas para voltarmos a ter que dividir uma sardinha por duas pessoas (ainda por cima ao preço que as sardinhas estão)como contam os nossos pais e/ou avós?
Sou sem dúvida a favor do crescimento da natalidade, não tenho dúvidas que é preciso aumentar a população activa (eu proprio gostaria de ter contituido uma equipa de Futebol de 11 com suplentes e tudo), mas e condições para isso?
Ora bem, ou alguém tem respostas ou então deixem as hipocrisias de lado, fiquem caladinhos, enfim... tenham juizo.

Gonçalo disse...

...ainda sobre esta temática, li hoje uma notícia que me deixou petrificado...na Rússia e repito na Rússia a interrupção voluntária da gravidez é legal desde 1924...sim leram bem 1924...e mais que transcrevo "O aborto pode realizar-se até ás 12 semanas de gravidez a pedido da mãe e o prazo pode prolongar até ás 22 semanas por razões 'sociais': invalidez do marido; caso a mãe ou o pai se encontre na prisão; desemprego; divórcio durante a gravidez ou falta de habitação"...bem também já acho liberal de mais, mas desde 1924...estou com a sensação que estou num país muito atrasado na mentalidade das pessoas....

Unknown disse...

Gonçalo,

Não digas isso muito alto, se os senhores do não sabem isso começam a chamar comunas a todas as pessoas do sim...

Anónimo disse...

Luis,
E se isso acontecer poderemos perguntar a esses senhores do não o que têm a dizer do caso chinês. Na China lá que as crianças nascem... nascem. Mas e as que morrem após o nascimento nos infantarios onde são largadas, à fome e à sede, amarradas às camas para não chatearem muito. Vi em tempos uma reportagem sobre isto, a qual não consegui ver até ao fim por ser demasiado desumano. Aliás filmes de, supostamente, terror, como por exemplo o SAW, em comparação são pura comédia.
De qualquer forma, e finalizando, não me sentirei ofendido se um/a atrasado/a mental me chamar comuna.

Vida Envolvida disse...

Eu vou votar no SIM à despenalização ... deixomo-nos de hipocrisias... todos conhecemos casos de mulheres que abrotaram pelas mais variadas razões, em sitíos degradantes... enfim histórias de arrepiar!

Subscrevo também,todas as opiniões aqui deixadas, principalmente a tua Marco!

Bjs

Susana P.

jomaolme disse...

De acordo!

Beijokas