domingo, junho 13, 2021

Rumo a Norte - Dia 4

Quarto e último dia:

Este foi o dia que começou mais cinzento. Durante a noite a chuva deixou as motas molhadas, mas agora parecia já não representar grande ameaça. Continuávamos a fazer pouco das previsões negativas e a ignorar de uma forma meio infantil o risco de apanhar uma molha das mais capazes antes de chegar a casa, vestindo diariamente o nosso equipamento não impermeável cuja única proteção que oferecia era sobre os mosquitos que se acumulavam...

O plano (que avanço já não se viria a concretizar) só foi definido meio de improviso ao pequeno almoço na pousada. A ideia era continuar longe de autoestradas e tentar percorrer também alguns caminhos que ainda não conhecíamos. No mapa, a estrada nacional 13 pareceu-nos perfeita. Na minha mente ignorante imaginava uma espécie de estrada atlântica com bom traçado e piso, e com uma vista ocasional sobre o mar. Nada poderia estar mais longe da realidade.

 

A N13 é uma estrada super movimentada, com excesso de ciclistas, ao longo da qual se sucedem as povoações, sem nunca por os olhos no mar. Para ajudar à festa, para além da quantidade exorbitante de ciclistas que muitas vezes se deslocavam em batalhão ao longo da estrada, ainda tivemos de parar num corte de estrada prolongado por causa de uma prova de... ciclismo.

Uma juvenil agente da GNR completamente atrapalhada mandava atabalhoadamente sair-nos da estrada principal, sem nos indicar qualquer desvio alternativo. Acabámos por ficar ali a aguardar que a prova passasse, até podermos seguir novamente viagem.

Quando parámos para abastecer, entre todos decidimos que o percurso escolhido não estava a funcionar, e tínhamos feito até então muito menos quilómetros do que gostaríamos para um dia que seria obrigatoriamente longo em distância. Resolvemos atalhar caminho e recorrer à autoestrada, para chegar a Aveiro a tempo de almoçar por lá. O que fizemos.

Nisto das viagens de mota, há que saber quando insistir e quando dar o braço a torcer. Por muito desinteressante que seja percorrer muitos quilómetros em autoestrada, se isso nos permitir não estragar o resto do dia ou até recuperar alguma energia (como foi o caso), mais vale seguir com a corrente.

A chegada à Praia da Barra foi um bálsamo. Parámos as motas numa sombrinha, no centro, onde demos uma volta rápida à procura de um lugar para almoçar. Os restaurantes estavam cheios, mas mesmo junto ao local onde tínhamos estacionado, o café Farol parecia convidativo o suficiente para nos sentarmos na esplanada. Lá dentro passava num ecrã gigante a prova de SBK.

 

Uma vista de olhos rápida à ementa e acabámos todos por achar que a francesinha era boa para a despedida. Não estávamos errados.

Mais uma refeição acompanhada de bom convívio onde delineámos o plano para a parte da tarde. Seguir em direção ao Luso pela N235, onde iríamos depois até Penacova e... logo se via. Por esta altura fazíamos planos curtos para nos irmos adaptando às circunstâncias.

Montamos de novo nas motas e seguimos viagem. A N235 não era nada de especial, salvo ocasionais troços como por exemplo na zona do Luso, onde parámos para hidratar. A ideia era continuar em direção a Penacova, mas pouco depois de arrancarmos, pela primeira vez sentimos a séria ameaça do mau tempo mesmo à nossa frente, quando quase parecia anoitecer de tão negras que eram as nuvens.

Mais uma vez, decidimos adaptar-nos e demos meia volta para apanhar o IP3 em direção a Coimbra e simplesmente sair dali para fora. Algumas pingas de chuva ainda nos assentaram nas costas enquanto fugíamos, mas mais uma vez... safámo-nos.

Depois do valente manguito que fizemos ao mau tempo, despedimo-nos uns dos outros já na área de serviço de Pombal para percorrer os últimos quilómetros juntos, antes de cada um seguir o seu caminho. Tinham sido quatro dias excelentes, com mais de 1600 quilómetros percorridos, na excelente companhia de amigos com quem já não rolava há mais tempo do que considero razoável. O dia do regresso tem sempre este misto de satisfação com nostalgia antecipada, pelo que ficou o conforto de chegar a casa e deixar a "burra" repousar na garagem, cheia de mosquitos e a precisar de pneu novo.

Venha a próxima!

1 comentário:

mãe disse...

Sem duvida . E que se não puder ser melhor que seja igual.
Beijinho
mãe