sábado, junho 12, 2021

Rumo a Norte - Dia 3

Terceiro dia:

O terceiro dia, à semelhança do anterior, começou com o sol a brilhar. Dizem que a sorte favorece os audazes e parecia ser o caso. Tomámos o pequeno almoço no hotel, albardámos as "burras" e rapidamente nos fizemos de novo à estrada.

Iríamos rumar em direção a oeste, percorrendo mais uns excelentes caminhos e paisagens, passando por Chaves e em direção ao Gerês.

Foi já próximo do Gerês que decidimos parar para almoçar. Depois de alguma hesitação, tivemos mais uma vez sorte e arranjámos uma esplanada com vista no restaurante Cabreira Terrace (nome meio pomposo para o local em questão), onde até deu para deixar as "burras" à sombrinha. Ainda que fosse repetição de ementa, a posta convenceu-nos de novo e foi a eleita.



Depois do almoço as raízes pareciam estar a criar-se nos nossos pés, talvez fruto do "peso" da posta no estômago e da frescura da esplanada no meio de mais um dia de calor. Por isso resolvemos contrariar a inércia e regressar à estrada. Estávamos já no Gerês, do qual somos todos fãs, e a paisagem convidava.


Seguimos entretanto por uma estrada que se revelou a mais castigadora para o pandeiro de cada um. Foram cerca de 12 kms de empedrado até voltar a ver alcatrão. Valeu a paisagem envolvente com direito ao avistamento de (muitos) cavalos à solta, o tipo de cenário que faz do Gerês um local mágico.


Findo o massacre do traseiro proporcionado pelo caminho municipal percorrido, parámos em Entre Ambos os Rios onde tomei banho numa fonte, e repus o nível de cerveja num café.


Seguimos novamente em direção a Melgaço, Monção e faríamos nova paragem em Paredes de Coura. Depois de alguma desorientação na paragem para abastecimento (o calcanhar de Aquiles da minha mota é a autonomia, já que tem uma amostra de depósito de combustível que raras vezes permite percorrer mais do que apenas 200 quilómetros) e de reorientação na procura da praia fluvial, descobrimos este espaço refrescante onde habitualmente se realiza o festival de Paredes de Coura. Senti alguma inveja daquelas pessoas que estavam ali a banhar-se, fazer piqueniques ou simplesmente descansar à sombra das frondosas árvores do parque. Mas depois lembrei-me do que estava a fazer nestes dias e deixei de sentir inveja!


O dia e o tempo continuavam a sorrir-nos. Sentíamos novamente raízes a sair dos nossos pés, pelo que voltámos a montar nas motas e seguir rumo ao destino final do nosso dia: Vila Nova de Cerveira. Antes de chegar à pousada da juventude que nos acolheria, passámos pelo Miradouro do Cervo que nos proporcionaria uma vista brutal sobre a terra.

O caminho até lá proporcionou-me a já tradicional oportunidade de espetar com a mota no chão, o que desta vez e graças à ajuda do Diogo, não aconteceu. Um caminho esgravatado em terra batida, um carro em sentido contrário e uma hesitação da minha parte, fizeram-me ficar num limbo entre não conseguir tirar a mota do sítio e ter de deixá-la assentar no chão. Um empurrãozinho e lá saí dali sem qualquer mazela, chegando são e salvo ao miradouro que, por aquela altura, estava infestado de "hermanos" espanhóis.


Mais uma vez, era ao final do dia que o tempo se tornava mais ameaçador, no entanto por um motivo que nenhum de nós consegue explicar muito bem, continuava a não ser tema de preocupação. Já na pousada da juventude, foi-nos possível arrumar as motas por esse dia, já que estávamos uma vez mais bem próximo do centro, onde iríamos jantar e visitar o castelo, essa noite.


Durante o jantar no restaurante Cantinho dos Amigos, fizeram-se sentir as primeiras (e escassas) gotas de chuva do dia. Não passou de um ameaço que um mero toldo de esplanada conseguiu suportar e mais uma vez sentimo-nos bafejados pela sorte que nos vinha a acompanhar ao longo de toda a viagem. De facto, parecia que passávamos todos os dias pelos intervalos da chuva.

Os quilómetros percorridos durante o dia e o vinho verde bebido durante o jantar faziam-me sentir as pernas pesadas, não sei bem porquê, pelo que depois do passeio noturno pelo interior do castelo, estava na hora da caminha. Regressámos à pousada onde as nossas burras tinham entretanto ganho a companhia de outra meia dúzia de motas, no estacionamento. Era tempo de descansar, ainda com a perspetiva positiva de ter mais um dia de passeio pela frente (mesmo que sendo o de regresso a casa).

1 comentário:

mãe disse...

Paisagens incríveis. E sempre com boa comida.
Beijinhos
mãe