terça-feira, dezembro 01, 2020

Resumo de 4 Meses...

4 meses sem escrever, e na realidade muito pouco aconteceu. 

Pandemia: o medo generalizado continua a ser instigado à população por um governo sem norte e meios de comunicação sofríveis que na maioria do tempo atuam como agente disseminador da propaganda desse governo; pessoas têm adoecido... pessoas têm morrido... pessoas têm recuperado; a economia do país afunda-se de forma irreversível a cada dia que passa; o sentimento depressivo instalou-se em grande parte da população, o sentimento anarquista instalou-se noutra grande parte da população (ainda que uma anarquia branda e mansa que as faz mais pela calada), e apenas uma franja muito curta consegue viver num ponto de equilíbrio em que não se deixa tomar pela depressão e (ainda) não decidiu partir tudo à sua volta. Considero que faço parte deste grupo.

Trabalho: enquanto para alguns, o drama do impacto no trabalho e na economia que a COVID trouxe, parece ainda algo inultrapassável, para outros houve a consciencialização de que existem formas diferentes de fazer as coisas, que temos formas de nos adaptar para minimizar esse impacto. Considero também que faço parte dos sortudos que se encaixam neste cenário pelo que por aí nada tenho a dizer, a não ser que estou honestamente grato por não ter para já preocupações que me tirem o sono.

Família: se por um lado tenho limitado o meu contacto com parte da família a telefonemas e videochamadas, por outro tenho conseguido conviver com outra parte e minimizado o sentimento de afastamento. No contexto familiar, mais por uma questão de consciência e respeito para com os outros, não tenho estado próximo de todos tanto quanto gostaria. As saudades são mais que muitas e o sentimento de estar a desperdiçar tempo que é escasso, de forma indefinida e sem fim à vista, causa-me algum transtorno. Tento manter a crença que dentro de algum tempo (a mal ou a bem) as restrições que causam este afastamento possam vir a ser alteradas. Sei que a crença não é muito fundamentada, mas a bem da minha sanidade mental, mantenho-a. Também a favor da minha sanidade mental tenho um trunfo imbatível: as três pessoas que tenho cá em casa e que contribuem para que o que referi anteriormente tenha um peso tão grande como poderia ter, no meu dia-a-dia.

Saúde: sinto que o facto de estar mais tempo em casa não contribui de forma muito positiva para a minha saúde. As condições que tenho para trabalhar são sofríveis, ao ponto de me terem já causado alguns problemas físicos. Entretanto com pequenas melhorias consegui evitar alguns estragos que estava a provocar a mim próprio. Tenho também a felicidade de ter as artes marciais na minha vida e na vida dos meus filhos, que também contribuem de forma positiva para não me transformar num badocha sedentário que passa a vida sentado em frente ao computador. Sinto ainda assim que não tenho cuidado de mim da forma que gostaria, pelo que urge fazer algo mais...

Diversão: uma das coisas que mais prazer me dá e que deixei de fazer numa base diária é andar de mota. Ainda assim tenho conseguido gerir umas voltinhas ocasionais que me permitem desanuviar um pouco. No meio disto tudo acabei por me presentear com um "brinquedo" novo, que me fez despedir da minha companheira de 5 anos e milhares de kms feitos em conjunto...

Em suma e jeito de balanço destes 4 meses: nada de extraordinário aconteceu, mas creio que esta é uma daquelas circunstâncias em que "no news is good news", e a ausência de notícias negativas é por si só um motivo de celebração. Vem aí o Natal, e este é sem dúvida um ano em que podemos e devemos revelar o melhor de nós, ser solidários, e é isso que tenciono fazer. Será a melhor forma de viver a fase final de um ano atípico e começar um ano em que nos cabe a todos fazer dele algo melhor.

1 comentário:

mãe disse...

Gosto tanto de ler o que escreves. Graças a Deus que estás (estão) tão bem, dentro de toda esta anormalidade. E eu que estou precisamente no oposto com todas estas restrições, o que me vale é precisamente o contacto que tenho com vocês.
Vou esperar por melhores dias para mim, mas fico bem por vocês estarem bem.
Mais uma vez filho, que sorte que eu tenho por seres como és. Não conheço nenhum ser humano melhor que tu.
Beijinhos
mãe