domingo, junho 21, 2020

Somos Aquilo Que Pensamos

Li há já alguns anos a edição em inglês de um livro intitulado "As a Man Thinket", de James Allen. Mais tarde viria a encontrar a edição em português, com o título traduzido de "Tu És Aquilo Que Pensas". Curiosamente é um dos 2 livros que tenho neste momento na minha cabeceira, e que julgo poderei ler mais um par de vezes. Não por ser um livrinho pequeno (que é)... não por ser de fácil leitura (que é)... mas sim pelo conceito fundamental que expressa, de que o nosso pensamento e as nossas ideias, que povoam a nossa mente, condicionarem de forma determinante aquilo que somos. Não podemos decidir simplesmente de um dia para o outro que nos queremos sentir sempre felizes, que nos queremos sentir sempre corajosos, que nos queremos sentir sempre aventureiros, que queremos ser o melhor profissional, o melhor pai, o melhor marido, ser isto ou aquilo. Mas o cérebro, tal como um músculo, é "exercitável". E pode ser exercitado se tivermos uma palavra a dizer sobre os pensamentos que nos ocorrem ou no raciocínio que a partir daí desenvolvemos sobre eles. E com o passar do tempo, fazendo este exercício, ganhamos a capacidade de sermos mais permeáveis e mais recetivos a pensamentos que contribuem para a nossa felicidade, a nossa satisfação, realização, o nosso sucesso, e menos permeáveis a pensamentos que nos levem no sentido inverso.

A nossa saúde mental pode ser impactada por questões que estão para lá do nosso controlo (ex.: doença física ou desequilíbrios do nosso corpo) mas por outro lado depende de nós em larga medida (as circunstâncias que nos rodeiam e aquilo que retiramos delas, com que alimentamos a nossa mente). Imaginando que os nossos pensamentos são a alimentação da nossa mente, podemos estabelecer o paralelismo com comida saudável e "fast food". Se alimentarmos a nossa mente com um belo peixe grelhado e legumes salteados (leia-se bons pensamentos) a nossa mente cresce e mantém-se saudável. Se todos os dias lhe dermos um Big Mac, a mente vai ficar desequilibrada e vai ganhar a vontade de comer mais e mais "porcaria". Curiosamente, este exercício de alimentar de forma saudável a nossa mente, é frequentemente desconsiderado e muito pouco discutido nos dias que correm. Quem tem problemas resultantes desta falta de saúde mental é frequentemente tratado com químicos, sem que haja um trabalho alternativo de pelo menos tentar impor uma "dieta" da mente, que poderia trazer efeitos muito mais saudáveis e duradouros...

Apesar de não conhecer mais do que qualquer outra pessoa que o tenha visto na televisão, foi com tristeza que assisti ontem às notícias sobre Pedro Lima, conhecido ator, novo, saudável, com uma bonita família em seu redor, partir de forma tão inglória e injusta... Foi com tristeza que assisti a alguém que (apenas aparentemente) tinha tudo para ser feliz, e afinal era de tal forma infeliz que desistiu de tudo. Foi com consternação que confirmei aquilo que já sabia: que a nossa mente é o nosso bem mais importante, aquele que devemos defender e proteger com unhas e dentes de tudo e de todos. Nos dias que correm, há muita gente preocupada com a aparência física e com o seu próprio corpo (o que não é mau), mas tão pouca gente preocupada na mesma medida com o bem estar mental e emocional, não percebendo que no limite, quando o corpo deixar de ser o que é, a mente ainda estará cá para ter de lidar com ele (e nós próprios com ela).

Espero honestamente conseguir manter a minha saúde mental até ao final da minha vida. Será ela que, se ou quando tudo o resto falhar (até a saúde física), me poderá "salvar". Espero poder moldar a minha mente ao longo dos anos, de forma a que nela não se instale o ócio, a raiva, a angústia, o rancor, a tristeza, o pessimismo, o desespero e tudo o mais que a pode contaminar tal qual um cancro pode contaminar o nosso corpo. Vejo com frequência pessoas em meu redor a quem isso já aconteceu, está a acontecer ou vai acontecer no futuro - espero não ser uma delas. Há que cuidar de nós, agora, já, para garantir que não desistimos de tudo e todos.

Descansa em paz, Pedro Lima.

1 comentário:

mãe disse...

Segundo explicou um médico hoje na televisão, isto que aconteceu ao Pedro Lima, não terá nada a ver com depressão, tem mais a ver com um pico suicida , como se fosse um ataque de pânico ou de ansiedade. que já poderia ter acontecido noutras alturas. Diz que as pessoas nestas alturas pensam muito no que está a acontecer ou poderá acontecer.
Segundo as estatísticas morrem mais de 1 000 pessoas por ano, por suicídio. Este caso do Pedro Lima, é inquestionavelmente muito triste e muito confuso. Sem duvida nenhuma que as questões da mente são muito complexas.
Beijinho da mãe