quinta-feira, maio 30, 2019

Astúrias e Picos da Europa - Dia #5

A manhã despontou com sol. Neste momento e já há uns dias que a meteorologia tinha finalmente deixado de ser uma preocupação. A malta foi comparecendo na cafetaria do hotel lentamente, enquanto alguns iam albardando as burras... e não só! Fui dar com o Luís a lavar a marquise da sua alface.



Também houve quem começasse a manhã a pedir nova reparação de berma de estrada, por isso houve que lhe dar o gostinho.



Como o destino do Michel era oposto ao do resto do grupo, aconteceu ali mesmo a primeira despedida. O Michel tinha uma batelada de kms ainda mais valente que a nossa por fazer, e a solo, por isso despedimo-nos já com alguma emoção pelo sentimento de que se estava a acabar... e seguimos também viagem.



Tirando as típicas tostadas e a boa vontade da funcionária do hotel, o pequeno almoço tinha sido fraquinho, por isso pouco tempo depois de nos fazermos à estrada, combinámos parar numas bombas para abastecer e beber um "café solo" como deve ser. Assim fizemos, não sem antes eu obrigar o grupo todo a entrar e sair de um parque de estacionamento de uma fábrica, porque achei que as bombas eram já ali...





Burras saciadas e café tomado, o Ricardo combinou logo ali que desviaria caminho para seguir direto até à Guarda. O pneu traseiro tinha dado tréguas no dia anterior, mas com dois tacos lá enfiados (ainda que sendo um deles "do caralho"), convinha não abusar da sorte. E assim foi, percorremos mais uns kms até ao desvio para a Autovia de Las Rias Bajas, despedimo-nos dele e seguimos caminhos separados.

O resto do grupo seguiria até ao Gerês, para almoçar. E até lá, a sorte bafejou-nos mais uma vez com uma catrefada de curvinhas das boas. Fizemos uma paragem para reagrupar pouco antes de chegar à fronteira, e absorver uma vez mais tudo aquilo que estávamos a fazer e o que já tínhamos feito.







Dali rapidamente chegámos à fronteira, onde - dada a simbologia da coisa - tivemos de parar para a fotografia de grupo em "equilíbrio dinâmico". Lá fizemos o "Tetris" de motas para a coisa ficar a jeito para a foto, e eu escapei à morte por atropelamento duas ou três vezes durante todo o processo.



Fotografia tirada, e lá voltámos a rolar em direção a Chaves. Breve passagem pelo KM 0 da N2 e a passagem o mais curta possível na cidade, daquele grupo. A disciplina de todos, ao longo destes dias, foi de louvar. Conseguimos atravessar umas quantas povoações com um grupo considerável de motas, sem que a malta se perdesse ou houvesse qualquer outro tipo de problema, o que é raro.



Passámos Chaves e percorremos com gosto uma estradinha que já antecipávamos seria muito fixe: a N103, que nos levaria ao Gerês, passando junto ao Rio Rabagão e que nos proporcionou um cenário espetacular. Pelo meio do caminho houve quem tentasse desviar-se para caminhos alternativos em plena curva e quem andasse a brincar à apanhada com vacas no meio da estrada. Ainda assim tudo correu bem, e imediatamente antes do desvio para Crasto a malta reagrupou para digerir o caminho percorrido e contar por que parte da estrada se tinham desviado das vacas.





Descemos aquela estradinha bem estreitinha e inclinada já a pensar na derradeira refeição em grupo desta viagem. Uma primeira tentativa de almoçar no restaurante O Sobreiro, que depois de um difícil aparcamento de motas num piso de gravilha bem foleiro, nos frustrou com um tempo de espera indeterminado e interesse zero em nos servirem.





Não estávamos com paciência para aquilo, pelo que pegámos nas burras e fomos até à tasca da Aurora, que tinha mirado de soslaio minutos antes ao passar por lá. Tirámos da ideia as postas mirandesas e similares pratos que trazíamos na mente e optámos por uma refeição à base de petiscos, servida numa esplanada com vista para o Rio Cávado, com as burras aparcadas ali mesmo à frente, e que acabou por nos saber pela vida e selar com chave de ouro a vertente gastronómica da viagem.







Foi difícil parar no número certo de cañas... ups... imperiais, porque o convívio estava animado, o calor apertava e pedia por mais, mas como o caminho ainda era longo até casa, lá nos levantámos das cadeiras com sacrifício e fomos albardar as burras.

O Xico tentou tirar uma foto artística à sua R1 com o Cávado como pano de fundo e tal... a coisa não estava a correr de feição e o Xico começou a manifestar o seu desagrado por ficar sempre alguém feito emplastro na fotografia da mota, pelo que a malta, respeitadora como é, fez o favor de o ajudar.





Nova fragmentação do grupo. O Pedro, o Diogo e o Pedrosa ainda iriam dar umas voltinhas antes de se dirigirem a casa, enquanto que os restantes já começariam a parte da viagem que restava em modo papa-léguas. Despedimo-nos, percorremos os últimos kms juntos até os nossos caminhos se separarem.

O resto da viagem de regresso não teve grande história. Seguimos em direção a Braga fazendo um abastecimento entretanto... ao qual se seguiu autoestrada... à qual se seguiu outro abastecimento, com direito já a algum "cú-beduinismo"... mas também a um gelado. Quem diria que tínhamos começado esta viagem debaixo de chuva, granizo, vento e temperaturas gélidas...



Mais uma despedida, já que pouco depois seria a vez de o Diogo e a Cátia desviarem caminho até Leiria. Seguiria eu, o Carlos, o Luís, o Xico e a Sara, até Lisboa. Chegados todos a casa, já à noite, fizemos o "checkpoint" para garantir que tudo tinha corrido bem. E assim foi, correu tudo bem, mesmo muito bem! Tão bem que não tenho grandes dúvidas que, qualquer um de nós, se pudesse, não hesitaria em se fazer à estrada por mais 5 dias, na companhia um grupo de tenrinhos destes que não valem nadinha e que, falando por mim, não irei esquecer. Um grande bem haja a todos. Venha a próxima!


(The End)

1 comentário:

mãe disse...

ESPECTACULAR. Enquanto fui lendo fui vivendo mais esta tua viagem (aventura ) contigo.
Beijinhos da mãe