Este foi fim de semana de vindima. A vindima é que não foi exatamente aquilo que se esperava! São Pedro até deu umas abébias mas quando chegámos à vinha, os javalis tinham-se antecipado e deixaram-nos os cardaços... Ainda conseguimos apanhar qualquer coisa por aqui e por ali, mas nada que no final de contas dê mais que uns 200 litros de vinho. Ainda assim, mesmo quando as coisas não correm como esperado, é sempre um momento especial para mim poder participar neste ritual todos os anos. E a cada ano que passa, saboreio mais (e melhor) os pequenos detalhes. Ir na caixa aberta da Ludovina (nome carinhoso com o qual batizámos um veículo "híbrido" - metade UMM, metade L200) que nos transporta nestas andanças... Descarregar os cestos... Apanhar as uvas... Carregar os cestos cheios ao ombro encosta acima, em passo lento, enquanto os músculos acusam o esforço pouco habitual para quem passa o dia sentado... Esmagar as uvas para dentro da dorna... Ver o vinho a começar a fermentar passadas algumas horas... e no fim lavar a esmagadeira e os cestos, que ficam guardados até ao ano seguinte. O cheiro da uva esmagada que se faz sentir pela rua fica-me na memória durante dias, como se me puxasse de volta para aquele espaço... para aquele pequeno mundo em que tudo é tão simples e ao mesmo tempo tão enriquecedor. Ainda agora cheguei, e ainda ontem estava lá, a sentir in loco, tudo isto que acabei de descrever. Com as melhores pessoas do mundo à minha volta (tirando algumas que este ano tiveram falta e cuja falta se fez sentir) a partilhar estas experiências e este exercício de despertar os sentidos. Ainda agora cheguei, e já só queria poder estar lá novamente. Para o ano há mais.
3 comentários:
Só é pena não se conseguir apanhar um javali, pois assim, sempre se poderia festejar melhor pelo S. Martinho, com castanhas e vinho (novo), ou pelo menos com uma águapé(zita). Quanto às faltas assinaladas, costuma dizer-se que "só faz falta quem está presente"... e na verdade o ritual cumpriu-se e certamente há-de continuar a cumprir-se por muitos e bons anos, até mesmo em memória dos que "por obras valorosas, se vão da lei da morte, libertando"... Há que manter as tradições!
pai: só espero ter a força de manter esta tradição, no que de mim depender, por muitos e bons anos... só o fato de o Alex com 4 anos saber o que é uma vindima, já é uma vitória!
Tens toda a razão filho. E a seguir será o Pedro, como agora também já está a ser o priminho Afonso.
E precisamente como eu disse lá, é uma maravilha ver tantas crianças numa casa.
Beijinho da mãe
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