quarta-feira, janeiro 04, 2012

Técnicas de Não Sei Quê

Ao longo da curta experiência profissional que vivi até ao momento, já me cruzei com as mais variadas personagens e respectivos estilos, no que diz respeito a técnicas de interacção com colegas, fornecedores, parceiros e afins. Destas técnicas gosto sempre de destacar as formas possíveis de disfarçar a própria ignorância e/ou desconhecimento sobre temas em discussão (os cargos de chefia são particularmente evoluídos no aperfeiçoamento das ditas). Enquanto que um zé-ninguém como eu, se não souber algo, levanta o braço e pergunta, o chefe sabe sempre tudo. Basicamente deve imperar o princípio de que um chefe está sempre certo, e raras vezes se engana. Por exemplo, se o chefe disser de forma assertiva que é fundamental saber quanto custa um pastel de nata na cafetaria, e o subalterno se vir forçado a apontar o facto de os pastéis de nata serem à borla, o chefe vai certamente responder algo como: "sim, mas e então o guardanapo que envolve o pastel... deve custar alguma coisa, não?". Outra técnica possível é dominar as conversas, impedindo assim que alguém fale e possa levantar alguma questão para a qual o chefe não terá certamente resposta (pelo menos útil). Outra forma de dominar uma qualquer reunião: invocar a vasta e profunda experiência prática (dos cerca de 2/3 anos em que tiveram de "meter a mão na massa"), relatando estórias extremamente divertidas, exóticas e reveladoras da grandiosidade dos feitos da pessoa em questão. Aqueles que não chegaram a ter 2/3 anos de experiência prática normalmente não se atrapalham com isso, porque podem sempre relatar os feitos de outros como sendo seus. Nota do autor: os 2/3 anos referidos são normalmente suficientes para perceber que, numa organização, alguém é suficientemente mau naquilo que faz e tem portanto de ser promovido a chefe para deixar de causar estragos sempre que mexe em alguma coisa. Como é óbvio nem todos os chefes são assim. Infelizmente os que não são assim costumam acabar por ser penalizados, porque obviamente não reúnem as características mais relevantes (acima indicadas) e necessárias à posição de chefe. Os restantes safam-se, nem que para isso seja preciso fazer com que os pastéis de nata passem a ser pagos.

6 comentários:

Gonçalo disse...

Olá amigo,
como eu te compreendo e no caso dos trabalhadores da Troika (que é como quem diz Funcionários Públicos), esse expoente máximo do "chefe" é levado ao extremo.

aquele abraço.

Marco disse...

Gonçalo: acho que é mal geral...

po disse...

Deves estar a falar de algum filme que assististe recentemente... ;)
... Infelizmente, algo me diz que não foi no cinema... Nem em DivX... Foi mais em DivAgar!
E bom ver que retomaste esta actividade.
Abraço,

Marco disse...

po: é por isso que ando a ver as séries de terror... (ver post anterior) para me distrair da realidade!!!

Susy disse...

Por essas e por outras é que estar sem chefe não é assim tão mau ;)

Tenho saudades de trabalhar contigo e dos cafés também.

Beijo e Bom Ano

Marco disse...

susy: acredita que a saudade é recíproca... e muita! quanto aos cafés... até isso já perdemos... para além de serem piores, são pagos!