terça-feira, julho 21, 2009

Contas, Pesos e Desmedidas…

A propósito de um tema que tem feito muitas páginas de jornal, nomeadamente o envolvimento de Dias Loureiro no caso BPN, deixei-me levar pelos pensamentos e estabelecer algumas relações entre tipos diferentes de escândalo que se abatem frequentemente sobre figuras da política nacional. Pus-me a pensar no raio de país que temos, onde é considerada “a coisa a fazer” ao rápido pedido de demissão de um ministro que tutela um organismo sob a alçada (distante) do qual cai uma ponte “entre os rios”, onde é “cobrada a pele” de um ministro que apelida uma localidade de deserto como se este (por mais ignóbil que possa ser) tivesse acabado de chamar filhos da puta a todos os habitantes da margem sul do Tejo, onde é praticamente instantâneo o “incentivo” à demissão de um ministro que cai na infantilidade de fazer umas orelhas de burro a um colega da assembleia parlamentar… Todos estes episódios (ainda que ridículos) foram enfaticamente divulgados na comunicação social, e a demissão (tendo ocorrido ou não) dos protagonistas surgia sempre como o dito cenário natural. No entanto, se tivermos outros altos dirigentes envolvidos nos mais obscuros e incriminatórios actos de ilegalidade e/ou natureza criminosa, as mesmas regras parecem não ser aplicadas. Um conselheiro de estado avança de forma contrariada para a demissão apenas quando praticamente mais nada há a fazer… outros dirigentes (ou ex-dirigentes) de outros organismos públicos (ou privados) agarram-se com unhas e dentes aos postos que têm quanto maior e mais desonrosa for a acusação de que são alvo. Será que entre estes dois tipos de cenários o poder tem um valor diferente? Será que o ridículo das situações menos importantes favorece os “coitados” que assim ganham asas para voos mais altos? Qualquer que seja a perspectiva individual desta gente deve certamente ter um objectivo e significado, no entanto a explicação para todos os outros, para todos nós, continua a saber sempre a pouco. Eu pelo menos não me vejo a perseguir estes “ogres”, com archotes, pela floresta adentro, só pelo facto de terem orelhas de burro e gritarem a plenos pulmões: Jamais!!! Jamais!!! Já aqueles que pouco ou nada dizem e fazem, mas que saem do pântano para habitar no palácio, com a pose sobranceira e arrogante de quem não respeita nada nem ninguém, talvez devessem sentir o lume crepitar na fogueira por baixo dos seus pés…

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