quinta-feira, setembro 16, 2021

De Lisboa a Cidade Rodrigo - Dia 1/4

De uma conversa tida há uns meses atrás, em tom de desabafo sobre a ressaca generalizada resultante de andar pouco de mota nos últimos tempos, cortesia das merdas que já sabemos, surgiu a ideia. Em setembro, tirar um par de dias para alargar um fim-de-semana, aproveitar eventuais resquícios de bom tempo e percorrer uns kms valentes. Na altura ficou a coisa apalavrada e mais próximo da data delineou-se um plano. O Pedro propôs uma excelente rota para 4 dias de viagem, com algumas estradinhas que já sabíamos de antemão serem porreiras de outras aventuras prévias, assim como alguns locais por onde ainda nenhum de nós tinha passado. Eu tratei das reservas dos locais da pernoita e depois disso rapidamente chegou o dia de nos fazermos à estrada.

O plano inicial para o dia 1/4 era este, ao qual foram entretanto feitos alguns ajustes:



O ponto de encontro foi na Galp da Encarnação, onde se tomou o cafezinho da praxe e se trocaram umas laraxas antes de nos fazermos à estrada. O tempo era mais ou menos uma incógnita, o que me levou a transportar comigo equipamento de chuva "just in case" durante 4 dias, que acabou por não ser necessário e numa situação ou outra ainda atrapalhou um bocado, mas lá chegaremos... Não tardámos a fazer-nos à estrada porque a vontade era muita.



Passámos a ponte e frustrada a vontade de comer uma bifana (porque não fomos por Vendas Novas) parámos num tasco qualquer para comer uma empada de galinha e recuperar do frio e nevoeiro que se resolveram instalar ao longo dos kms já percorridos. Entretanto o tempo começou a abrir e o sol a dar um ar da sua graça, enquanto seguimos o nosso caminho por Coruche, em direção a Estremoz. Foi já em Estremoz que tivemos o nosso primeiro "code brown", quando depois de asneirarmos na estrada vimos um GNR aparecer à nossa frente e mandar-nos encostar...

- Sabem o que fizeram?
- Sim...
- Nós aqui, e vocês fazem isto os dois, à nossa frente...
(silêncio, enquanto fazíamos ambos cara de cão abandonado)
- Querem ficar sem carta?
(novo silêncio)
- Vão-se lá embora!

Arrancámos de imediato antes que mudasse de ideias, e parámos na estação de serviço logo a seguir para fazer um pacto de que iríamos estoirar os 240 euros que tínhamos acabado de "ganhar" em copos! Um grande bem haja ao senhor agente da autoridade que foi um porreiro, não nos lixou a viagem logo ao início e deu-nos créditos para a copofonia.



Algum tempo depois de entrarmos em Espanha, era tempo de parar algures para almoçar. Por obra do acaso, acabámos por parar numa estação de serviço nos arredores de Mérida, que não podia ser a mais adequada a dois viajantes de mota... Nessa estação de serviço estava apenas a concessionária da Harley-Davidson na região da Extremadura, assim como duas oficinas da Honda e Ducati e um bar/grill "american style" onde comemos umas "hamburguesas" acompanhadas pelas primeiras cañas da viagem.







Visitámos a loja da HD onde estavam alguns espécimes interessantes em exposição, de várias marcas.















Saciada a fome naquele spot que tem tudo e é só excelente para quem gosta de motas e deve dar um grande local de concentração, seguimos então para o apontamento cultural do dia: o Teatro Romano de Medellin.









El teatro es el más importante edificio visible del Metellinum romano. Está situado en la ladera meridional del cerro, concretamente entre el castillo medieval y la Iglesia de Santiago... El teatro aprovecha el desnivel del terreno adaptándose a su topografía como habían hecho los modelos griegos y alguno romano, como el de Sagunto en Hispania.

De gran monumentalidad, tanto por su situación como por el excelente estado de conservación de las estructuras murarias de opusincertum y opus quadratum que lo configuran. Destaca el elevado número de sillares (casi 800) que se conservan de las gradas originales, la decoración marmórea, pictórica y escultórica documentada o la gran cantidad de piezas recuperadas de la columnatio del frente escénico. Todo ello lo convierte en un referente científico y turístico de primer orden.

Fonte: www.medellinhistoria.com

Pouco depois de sairmos de Medellin, a paisagem começou a mudar e o percurso tornou-se cada vez mais interessante. A começar pela estrada que acompanha o Embalse de Orellana e Sierra de Pela, rodeada de uma paisagem que vale a pena contemplar. E assim seria desde aí até praticamente chegarmos ao destino em Talavera, não sem antes termos direito a mais dois "code browns"... um deles cortesia de uma raposa que felizmente fugiu para o lado certo da estrada (viríamos a perceber que o Pedro gera uma atração natural por parte da fauna, ao longo do resto da viagem...) e outro cortesia de um engarrafamento surpresa à saída de uma curva fechada, provocado por um trator praticamente parado.

Chegámos ao destino final do primeiro dia e depois de uma dúzia de voltas no centro da cidade, lá descobrimos o hotel onde iríamos pernoitar. O Be Live Talavera, com uma localização excelente mesmo no centro da cidade. Burras aparcadas e banhinho recuperador tomado, era tempo de ir explorar as redondezas. Mas primeiro tivemos de fazer uma paragem nos 100 Montaditos mesmo à porta do hotel, para hidratação com recurso a mais umas cañas.

O Tejo atravessa Talavera e a primeira curiosidade foi passar junto a ele, enquanto uma feira popular era montada ali por perto.







Depois de ver o rio onde decorria o que nos pareceu uma competição de barcos para anões, começámos a pensar em jantar. Afinal, tínhamos de gastar alguns dos créditos de copofonia que tínhamos ganho de manhã no encontro imediato com a GNR. Assim, dirigimo-nos à zona comercial de Talavera e lá encontrámos um spot que nos pareceu porreiro: a Taberna Mingote.

Local porreiro, comida excelente e boa pinga a acompanhar a conversa que durou praticamente até sermos os últimos no restaurante e começarem a arrumar as mesas à nossa volta. A cena dos horários das refeições em Espanha funcionaram em nós com algum tipo de jetlag ao longo destes 4 dias, mas lá nos fomos adaptando e no geral correu tudo muito bem na vertente gastronómica.



Demos também início à nossa rota dos vinhos espanhola (ou não fosse o nome do meio do Pedro, "al tiempo"). Por lapso meu não registei o nome da pinga Syrah que bebemos nessa noite, pelo que não posso deixar a recomendação, mas que foi das melhores que bebemos na viagem, foi.



O restaurante fechou, mas a conversa ainda estava acesa, por isso ainda fizemos um "pit stop" num barzinho onde deitámos abaixo uns gins. Quando finalmente estava tudo fechado, lá regressámos ao hotel para recarregar baterias para o dia seguinte.

Sem comentários: