sexta-feira, julho 17, 2020

Passeio Geométrico - Dia 1/4

Habitualmente e de há uns anos para cá, reservo sempre uns dias para fazer uma viagem "internacional" de mota, em que rodo muitas vezes mais quilómetros pelo país de nuestors hermanos do que em terras lusas. Este ano, cortesia da COVID-19, esses dias foram passados de forma mais caseira como férias tradicionais em família. O espírito é que não se sossegou com a falta de quilómetros percorridos em duas rodas, e acabei por ir buscar um projeto à gaveta que foi logo assinado em baixo por dois amigos que padeciam da mesma ressaca de andar de mota que eu.

Intitulei esta rota de "passeio geométrico", porque a ideia era percorrer o país num formato mais ou menos retangular. Ainda assim, quando se começaram a afinar os pormenores, o desenho retangular foi-se esbatendo e acabámos por selecionar partes da rota que considerávamos mais interessantes e outras que evitavam que o caminho percorrido fosse tão cansativo ou aborrecido. Ainda assim ficámos com uns 1600 kms para percorrer em 4 dias (sem recurso a autoestradas).

Juntaram-se assim três estarolas com as suas respetivas burras: a minha fiel BMW F800R (a melhor), uma Yamaha Tracer 900 e uma Aprillia Shiver 900, todas elas prontas (mais do que nós) a apanhar uma caloraça nos dias que se iriam seguir (quase sempre...). O primeiro dia seria feito junto à costa da zona centro e norte, com destino a Vila Nova de Gaia, o primeiro local de pernoita.


O ponto de encontro definido foi o mercado municipal de Torres Vedras, onde se comem umas bifanas saborodas, mas bem salgadas, a puxar a imperial que as acompanha: a base de qualquer pequeno almoço nutritivo. Já eu tinha deglutido a minha quando apareceu o Pedro que logo a mim se juntou.


Havia quilómetros a percorrer e vontade de rolar, pelo que não nos detivemos muito por ali e seguimos para o percurso de aquecimento que nunca desaponta: as curvas até ao Bombarral. Os pneus começavam a agradecer e ansiávamos pelo afastamente daquela parte da zona oeste na esperança de ver sol. Chegados ao Bombarral fizemos uma paragem rápida para abastecer e seguimos em direção a São Martinho do Porto, onde faríamos nova paragem.


Em São Martinho do Porto, o tempo continuava tinhoso e o sol meio escondido. Não que isso impedisse a malta de estar ali na praia. Parámos a espreitar o mar por um bocado enquanto comíamos mais qualquer coisa numa esplanada. A parte seguinte da viagem seria feita pela estrada atlântica, que apesar do traçado menos interessante proporciona sempre uma paisagem envolvente muito porreira.

Passámos ao lado de Leiria, pela zona florestal que revela ainda as cicatrizes dos últimos incêndios e seguimos em frente até à paragem seguinte, na famosa praia do Cabedelo. Neste último troço finalmente o sol deu um ar da sua graça, com a promessa de calor. Parámos, vimos novamente o mar e procurámos um spot porreiro para almoçar.



Ali começámos a picar o nosso terceiro companheiro que só se juntaria a nós ao final do dia, em Vila Nova de Gaia. Roído que estava por ainda estar a trabalhar aquela hora, era fácil espicaçá-lo. O almoço foi leve, à base de umas tostas e baguetes. Fome saciada, lá seguimos outra vez.



Mais uns quilómetros de estrada percorridos junto ao mar, e o próximo destino seria a última praia visitada do dia: praia da Vagueira. O calor aqui já se fazia sentir e bem, apesar de o vento e o mar batido daquela praia ajudarem a refrescar um pouco. Mais hidratação, e confirmámos que o nosso terceiro elemento do grupo já estava de saída para uma viagem em modo pápa-léguas até Vila Nova de Gaia por AE, onde nos encontraríamos.

O último troço da nossa viagem foi do mais aborrecido que possa haver. Estrada nacional com semáforos, trânsito de semana e pesados aos pontapés. Lá fomos percorrendo estes últimos quilómetros de forma penosa, até finalmente entrarmos em Gaia. Dirigi-me à Av. da República e parei para procurar no mapa o nosso hotel. Olho para o meu lado direito e estava em frente a ele. Pontaria. Fizemos checkin.



Feito o checkin e enquanto esperávamos pelo João, era tempo de mandar finalmente umas canecas abaixo. Procurámos um spot porreiro com vista para o rio e para as motas (fator sempre importante a ter em consideração) e vieram as primeiras canecas e os primeiros tremoços. Passado um pouco o João tentava desesperadamente juntar-se a nós, mas as sinuosas ruelas de sentido único e/ou proibído da zona ribeirinha de Gaia não ajudavam, assim como o GPS. Fui à procura dele e lá o avistei ao longe. Disse-lhe adeus e juntou-se a nós para mais umas canecas antes de jantar.


O restaurante escolhido não era longe, mas como queríamos ter as nossas meninas debaixo de olho, fizemos o nosso momento Tom Cruise e desviámos as burras uns metros para o lado. Ficaram quase a fazer-nos companhia na esplanada onde jantámos. Ninguém comeu o que queria (eu e o Pedro tinhamos na mente francesinha, o João tinha na mente filetes). Mas os bifes de frango e o salmão que afinal veio dourada, não estavam maus. As garrafas de Muralhas ajudaram a compensar, e o jantar durou até pouco depois das 23h.

Fez-se o regresso ao hotel, parquearam-se as burras na garagem e os burros no quarto. O primeiro dia tinha sido bom, mas o dia seguinte, prometia.

1 comentário:

mãe disse...

Como eu gosto de ler estas tuas aventuras...
Venham mais.E haja saúde sem covid
Beijinhos da mãe