terça-feira, setembro 13, 2016

Terceiro Passo de um Caminho Mais Longo (1/3)

Há apenas algumas semanas atrás, de uma simples conversa de café entre dois amigos motards, surgiu a perceção de um objetivo comum. Juntaram-se assim duas vontades de conhecer alguns locais mais a sul, e em pouco tempo estávamos a organizar o percurso e a tratar dos preparativos. Optámos por fugir a alguns destinos mais comuns que considerámos inicialmente, como alguns pontos específicos da costa alentejana ou terras que já conhecíamos e preferimos definir um trajeto por zonas menos conhecidas de ambos, incluindo um roteiro junto ao rio Sado, bem como uma parte da N2 entre o Algarve e o Alentejo. Em menos de um mês tínhamos a viagem planeada e o alojamento tratado. As montadas: uma BMW F800R (de "moi même") e uma Suzuki GSR600. A viagem dividiu-se em 3 dias, sendo que no primeiro o percurso foi feito entre Lisboa e Odeceixe, o segundo entre Odeceixe e Serpa (pelo Algarve) e o terceiro partindo de Serpa rumo a Lisboa. Como sem crónica e sem fotos, o passeio não existe, deixo aqui o relato destes 3 dias de viagem.

1º dia: Lisboa - Odeceixe (Roteiro do Sado)




Começou assim a aventura num ponto de encontro habitual de outras voltas - bombas da Galp da 2ª circular - para dar início à viagem percorrendo os poucos quilómetros de autoestrada que iríamos fazer e que se resumiram à ponte Vasco da Gama e A33 em direção a Setúbal. Aí iríamos apanhar o Ferry em direção a Tróia, ponto a partir do qual começaria a viagem a sério. Esticadas as pernas às burras, lá aguardámos pela nossa vez de fazer a travessia.



Uma vez em Tróia seguimos alguns quilómetros em direção à Comporta, virando depois para a Carrasqueira, onde se impunha a visita ao cais palafítico que nenhum de nós conhecia mas já tínhamos ouvido falar. Uma paisagem sem dúvida muito bonita e invulgar onde vale a pena ir e conhecer. Nota: há por lá uns restaurantes a caminho do cais que têm muito bom aspeto, e podem ser um complemento a um passeio de fim-de-semana a organizar.





Após algum TT feito pelo meio dos arrozais com os pneus errados, regressámos à estrada em direção a Alcácer do Sal, onde parámos para descansar as burras e dar de beber aos burros. Depois de recuperar era novamente tempo de nos fazermos à estrada, para ir em busca do que seria um excelente almoço no restaurante "O Besugo", localizado no Torrão, com direito a um bife e uma costeleta de novilho tamanho XL que praticamente se cortavam com as costas da faca. Antes foi tempo ainda de parar na barragem de Vale do Gaio e observar a espetacular paisagem onde a frescura do Sado se contrapõe com a aridez circundante.





Depois de recuperadas as forças no Torrão, seguimos para sul até Ferreira do Alentejo (com uma paragem pelo meio na barragem de Odivelas) e depois em direção ao Lousal, onde visitámos as minas abandonadas. Este local é digno de cenários de filmes, e impressiona assim que nos deparamos com ele de repente à saída de uma curva. A ver, as várias ruínas que compunham o complexo e as duas lagoas, uma de cor verde e outra de cor vermelha (devido aos resíduos ácidos). Nova paragem para descansar as burras, hidratar os burros e visitar o local. Estas minas foram geridas por Frédéric Velge durante as décadas de 60/70. No local existe um museu que conta a história deste homem e do que fez pela terra e pelos mineiros (e suas famílias) que ali trabalhavam.





Seguimos depois viagem em direção a Ourique, onde parámos apenas para beber umas minis em frente ao local de eleição de muitos para os almoços das viagens a caminho da concentração de Faro. Mudança de direção para oeste, parando na barragem do Monte da Rocha, nova paisagem deslumbrante e alguns minutos para descanso no meio dos sons do silêncio. Como o sol começava a dar sinais de querer desaparecer, decidimos rumar em direção ao nosso destino final do dia: Odeceixe.




Chegados a Odeceixe, antes de pararmos na vila seguimos diretos à praia. A vista da praia a partir do miradouro foi uma forma excelente de terminar a viagem, acompanhada de banda sonora já que havia festa no areal. Os quilómetros percorridos faziam-se sentir, por isso fomos ver do nosso alojamento, que se revelaria a última aventura do dia.



Depois de chegar à hospedaria D. Maria, deparámos-nos com um edifício decrépito e com ar de abandonado, que em nada se parecia com as fotos do local aprazível que tínhamos visto na net... Após várias tentativas de contacto para o número que tínhamos (sem sucesso) e de começarmos a ter dúvidas se o dito alojamento ainda estaria a funcionar, lá nos atendeu o Sr. Silvério que nos encaminhou para o restaurante em frente, onde a senhora que dá nome à hospedaria viria ter connosco para então nos fazer o "check-in". Depois de atender um par de alemãs, indicando-lhes que "pequeno almoço... 9h... 10h... depois... finito" (uma verdadeira poliglota), lá nos orientou a nós com maior facilidade. Largámos os tarecos, refrescámos-nos e fomos ver da janta. Escolhemos o restaurante que tinha menos gente - o restaurante "Retiro do Adelino" - onde bebemos um verde bem fresco e comemos um arroz de marisco fenomenal que incluía camarões, pernas de sapateira, ameijoas... acho que o que menos tinha era mesmo arroz! Depois de rever o percurso do dia seguinte foi tempo de passear pela vila, beber mais uns copos e ir descansar.



O segundo e terceiro dias estavam ainda para vir...

1 comentário:

mãe disse...

Fotografias e resumo da viagem espectaculares.
Beijinho da mãe