quarta-feira, setembro 14, 2016

Terceiro Passo de um Caminho Mais Longo (2/3)

2º dia: Odeceixe - Serpa (Fuga do Algarve para o Alentejo)



De manhã é que se começa o dia, por isso lá nos levantámos cedo de forma a poder tomar o pequeno almoço à hora marcada, porque sabíamos que às 10h00... "FINITO!". Cruzámo-nos com as alemãs do dia anterior que apresentavam uma cara de ressaca valente, e tomámos um pequeno almoço que valia mais do que o alojamento onde tínhamos ficado. Partimos assim de Odeceixe em direção a Sagres, percorrendo agora o caminho junto à costa.




Uma vez chegados a Sagres, hesitámos pagar os 3 euros que nos dariam acesso ao interior da fortaleza. Isto em parte porque algo que não se pagava antes, paga-se agora, sem se ver obras de beneficiação alguma à vista. À boa maneira portuguesa. Ainda assim lá fomos ver as vistas, que impressionam sempre quem por ali se queda a observar o mar e as falésias durante algum tempo.




Depois de passarmos mais tempo do que tínhamos previsto a passear em Sagres, voltámos ao nosso caminho, seguindo pela N125 até à praia do Alvor, onde parámos novamente para o descanso das burras e hidratação dos burros. Durante a conversa junto à praia comentámos que os quilómetros que já tínhamos feito, e sobretudo os que tencionávamos fazer na N125 se adivinhavam miseráveis. Estando longe de ser uma estrada com um trajeto agradável resolvemos atalhar caminho e aproveitámos para esticar as pernas às burras na A22 até São Brás de Alportel, local a partir do qual daríamos início a mais um dos nossos objetivos da viagem: percorrer o troço da N2 até Almodôvar.




À chegada a São Brás de Alportel, encostamos para falar com um autóctone relativamente a recomendação de local para almoçar. O prestável senhor lá nos indicou o restaurante "União", que vislumbrámos rapidamente, tendo estacionado as burras o mais perto possível. Nariz na porta do restaurante, estava fechado (e ainda bem). Atravessámos a praça e demos com outro restaurante, o "Tapas Bar", que se revelou uma agradável surpresa! Um espaço com um ambiente magnífico, uma bela esplanada onde ficaríamos a degustar um bife pimenta e um franguinho no churrasco, regados com umas Bohemias bem frescas. A despedida do dono do restaurante com um "boas curvas!" deu seguimento a uma das partes mais desejadas do percurso do dia: a N2!




Percorridos cerca de 60 quilómetros de curvas de uma assentada só na N2, eis que chegamos a Almodôvar, completamente desidratados com o calor que se fazia sentir mas com um valente sorriso nos lábios. Parámos num café de caçadores. Como as mentiras dos caçadores são ainda maiores que a dos motards, resolvemos ficar na esplanada, a recuperar da estirada que tínhamos acabado de fazer e à espera que os pneus das burras regressassem do estado líquido ao estado sólido. Tempo de ver uma singular estátua em homenagem aos bombeiros, bem como uma ponte romana onde fizemos questão de passar, antes de seguir caminho em direção a Mértola.




Mais uns quilómetros debaixo de calor intenso até Mértola, onde ficámos sem respiração ao desfazer uma curva e ver a imagem magnífica do afluente do Guadiana, da ponte que o atravessa e do castelo, junto à entrada da terra. Na tentativa de enfiar as burras dentro do castelo, subimos um empedrado impróprio para consumo, quer em termos de piso quer em termos de inclinação, que teríamos de descer logo de seguida já que não nos levava a lado nenhum. Acabámos por parar na encosta do castelo a ver aquele cenário magnífico envolvente e a tirar umas mais que justificadas fotos daquele local.




Uma vez que já estávamos ali, em pleno Vale do Guadiana, e tendo já visitado Mértola, resolvemos visitar também as minas de São Domingos. Este local não fazia parte do percurso inicial, mas ocorreu-nos durante a visita às minas do Lousal, também por nunca o termos visitado. À chegada, a descoberta de uma praia fluvial absolutamente fantástica, logo seguida das antigas instalações da mina, também dignas de cenários de filmes. O calor continuava a apertar, por isso foi tempo de nova hidratação após a visita às minas, antes de seguir viagem até ao destino final do dia: Serpa.




Continuámos a percorrer a N265 agora em direção a norte, percorrendo os quilómetros que faltavam até Serpa, local onde iríamos pernoitar. Assim que chegámos, foi tempo de procurar o alojamento local "Casa da Muralha", que descobrimos com relativa facilidade já que se encontrava "colado" à muralha de Serpa. À chegada novo sentimento que a coisa ía correr mal, já que mais uma vez demos com uma porta fechada. Ligo para o contacto que me atende com um seco "Tou?", indicando depois que como "não estava ali" iria ligar a alguém. Sentimento de "dejá vu"... logo de seguida eliminado pela simpatia da D. Helena, que nos abriu a porta com um sorriso na cara e nos deixou entrar naquilo que seria um pedacinho de céu. Um alojamento local magnífico, com um quintal cheio de vegetação com a muralha de um lado, a casa principal do outro e quartos anexos em redor. Mal a senhora se apercebeu que viajávamos de mota, disse-nos para trazermos as burras para dentro de casa, onde também elas pernoitariam confortavelmente (tal como nós).




Alguns minutos de descanso, e saímos em busca de local para jantar. Recomendado que nos foi o restaurante "Molh'Ó Bico", que boa sugestão se revelou. Uma espetada de novilho e um gaspacho com carapauzinhos fritos encheram-nos os estômago de tal forma, que passámos as horas seguintes a passear pelas ruas e esplanadas de Serpa, descobrindo os recantos magníficos daquela terra, onde toda a gente vem para a rua conviver e conversar durante aquelas (poucas) horas de fresco do início da noite.




Regresso à "Casa da Muralha" para o descanso que se impunha, antes do que seria o derradeiro dia do nosso passeio...

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