De vez em quando faz-nos bem levar um murro no estômago. Não me refiro a murro numa perspetiva literal, mas sim como uma espécie de "abre olhos" para a realidade. Ontem, levei um destes. Estava à conversa com o meu amigo David, num registo habitual de quem gosta de se queixar da vida em geral, quando me apercebi o quão paternalista e condescendente alguém (neste caso, eu) pode ser sem se aperceber de tal. A conversa abordou o tema da mudança de carreira e uma potencial situação de desemprego, momento em que saquei das minhas convicções e comecei a dissertar sobre o que faria nessa situação... como seria altamente disciplinado e ativo na busca de novo emprego... como faria disso a minha ocupação das 9h às 17h... blá blá blá. Felizmente a resposta foi o tal "murro no estômago", o que me fez sair do meu registo condescendente e paternalista, para perceber que apesar de ter emprego, estou desempregado. Para perceber que se estou à procura de algo melhor ou diferente (independentemente de ainda não saber bem o quê), devia estar a aplicar essa disciplina que estava a apregoar para mudar, já, agora mesmo. E não o faço. Portanto, percebi que a minha conversa era uma "treta" pegada, e só deixará de o ser a partir do momento que tiver a coragem de a aplicar a mim próprio, nestas mesmas circunstâncias. Ainda bem que levei este murro no estômago, porque quando deixar de estar encolhido com dores e me erguer novamente, vou conseguir olhar em frente com uma perspetiva completamente diferente.
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