sábado, maio 05, 2012

Memórias de um Dente...

Costuma dizer-se que quem não tem sarna para se coçar... arranja-a. Sinto que, de alguma forma, foi o meu caso. Consulta de rotina do dentista, há uma semana atrás: "ah e tal... tem aqui um siso que tem de se arrancar". A partir daí, como que deixei de ter controlo sob as minhas acções e o rumo que a minha vida seguiu, e no espaço de uma semana arranquei-o mesmo. Digo que perdi o controlo porque o fiz sem perceber muito bem o porquê. Não tinha nenhuma relação conflituosa com o dito dente... nunca me incomodou... penso que nunca terá falado mal de mim a ninguém. No entanto expulsei-o daquele cantinho escuro e confortável onde habitava há muitos anos sem nunca causar má vizinhança, sem motivo aparente. Já da parte do dentista, justificações não faltavam:

Ele: Os dentes do siso são remanescências dos nossos antepassados símios, e não fazem falta.
Eu: Se não fazem falta, e de acordo com as teorias de Darwin, a natureza encarregar-se-á de os fazer desaparecer totalmente a seu tempo (o que neste momento e no que concerne a minha pessoa, não é o caso).

Ele: Os dentes do siso, devido ao facto de não serem utilizados, bem como da sua posição, são de difícil higienização.
Eu: OK, só tenho de garantir que lavo os dentes correctamente e isso deixará de ser um problema.

Ele: O seu dente do siso não vai sair mais da gengiva, pelo que a sua raiz pode causar uma cárie no molar.
Eu: Pode, ou vai? Se só "pode", isso significa que há uma hipótese de absolutamente nada de errado ocorrer. E se ocorrer, qual é o resultado? Arrancar um dente?

Enfim, todas estas questões faziam eco na minha cabeça revelando uma lógica inabalável, nos dias que antecederam esta minha pequena cirurgia, mas tal como referi, a modos que entrei e saí desta situação meio "hipnotizado", e o que é um facto é que o dente se encontra neste momento em parte incerta.

Em termos do processo da cirurgia em si, posso resumi-lo a um pequeno corte, meia hora de abanões alternados com puxões, dois ou três pontos e três horas de paralisia facial, durante o próprio dia. Foi uma estreia para mim já que não me recordo de alguma vez ter arrancado um dente. Hoje, dia seguinte, cheguei a temer esvair-me em sangue dentro da boca sem me aperceber. De resto, as dores são poucas e o sangue está finalmente a começar a estancar (mais de 24h depois), pelo que posso sinceramente dizer que a vida me sorri... e eu respondo... ainda que com um dente a menos na cremalheira.

2 comentários:

Susy disse...

Felizmente em 35 anos de vida fui duas vezes ao dentista fazer limpezas de rotina após as gravidezes que tive. Não sei se me convenciam a tirar um dentinho escondido que nunca me fez mal. As melhoras e podias ter aproveitado o dia para jogar boxe com o Alex, já que pouco ou nada sentirias.

Marco disse...

susy: não dava para jogar boxe porque ele ficou muito preocupado... agora todos os dias me pergunta como está o meu dente (o que já não tenho).