sábado, setembro 16, 2023

Viagem Alternativa pelas Serras do Centro - Dia #2

Dia #2 – Para trás mija a burra…

O segundo dia seria mais ambicioso em termos de rota traçada, pelo que todos concordámos começar bem cedo. O percurso seria mais uma vez feito por algumas das nossas estradas favoritas, já do lado espanhol, sendo que regressaríamos a Portugal antes do dia terminar.



Pelas 8h30 já estávamos prontos para o pequeno-almoço, com as burras a espreitar lá fora e a chamar por nós…



Sairíamos rapidamente de Manteigas após o abastecimento matinal, percorrendo a N18 em direção à Guarda e apreciando aquelas curvas largas com bom piso. Tomaríamos um último cafezinho antes de rumar em direção a Ciudad Rodrigo.



No mapa tínhamos traçado um pedaço de percurso pela A25, mas sendo pouco fãs de trajetos por autoestrada, optamos por fazer antes a N16, sendo que após uns primeiros quilómetros desinteressantes, se fizeram outros tantos de algum jeito. Rapidamente chegaríamos à próxima paragem já com as necessidades de hidratação do costume…



Em Ciudad Rodrigo havia uma certa confusão com a organização da feira anual do cavalo, estando algumas das ruas de acesso ao centro cortadas. No entanto, fomos por ali ficando na conversa da treta, até que eventualmente a vontade de petiscar alguma coisa e a perspetiva de poucas alternativas nos quilómetros seguintes nos levaram a procurar poiso para antecipar o almoço.

Acabámos por ir parar ao Méson La Paloma, restaurante onde já tinha tentado ir no passado sem nunca conseguir mesa. Mais uma vez os benefícios de viajar em alturas menos movimentadas. Desta vez um bom tinto da região (Cabras Pintas de 2018) pareceu satisfazer as exigentes papilas gustativas do Velasquez…



Mas nem só de comezaina vive o motociclista e uma vez degustados os nossos bifes de vaca, era tempo de seguir viagem até à próxima paragem. Até ao momento, S. Pedro mantinha-se do nosso lado, e apesar de umas nuvens ameaçadoras pelo caminho, conseguimos passar incólumes até à paragem seguinte no santuário de Nossa Senhora de Francia.



Mais uma vez, não andava ninguém por ali, pelo que aparcámos as burras onde quisemos e apreciámos as vistas o melhor que pudemos.



Aliás, a pouca companhia que tivemos foi cortesia de uma cabra montesa que vagueava livremente no interior do santuário e que nos fez companhia até ao miradouro de Santiago…



Quando entrei no miradouro, como que por magia tinha desaparecido… mas quando olhei para o lado, ficou o mistério explicado.



À saída do Santuário o nosso navegador de serviço achou que estávamos folgados em quilómetros a percorrer, e levou-nos por uma incursão serra abaixo… para o lado errado. Só nos apercebemos do erro em Monsagro… 15 kms depois. Se como diz o ditado, “para trás mija a burra”… no nosso caso para trás regressaram os burros, porque a alternativa não era viável.



Retomado o percurso planeado, era tempo de curtir mais uma barrigada de curvas. Depois de abastecermos seguimos caminho, passando por La Alberca e pelo “mini Stelvio” em Las Batuecas.



Por esta altura (e uma vez mais a meio de uma viagem) o meu pneu da frente entregou a alma ao criador… Ao contrário dos meus companheiros de viagem que calçaram todos sapatinhos novos nas suas meninas, eu levei os sapatos de sempre e, se por um lado fiquei satisfeito por finalmente acabar com eles (adquiri um ódio de estimação por aqueles PR4), por outro faltava-me fazer o resto da viagem e a perspetiva de rolar assim não era muito animadora. Ainda assim, não perdi o sono por causa disso.

Lá continuámos a bom ritmo e sempre com boa estradinha pela frente. A paragem seguinte foi em Pinofranqueado, numa esplanada catita do Hotel El Puente, que - admirem-se - fica junto a uma ponte, sobre o rio Los Angeles.

Enquanto o Velasquez fazia psicanálise às pastilhas da frente da sua menina, a RS do Bosco vinha tão emocionada com a viagem que até deu alguns sinais de incontinência…



Ainda havia alguns quilómetros pela frente, e Valverde del Fresno e Navasfrías esperavam por nós. Assim que entramos em Portugal, mais uma vez aquela sensação que por cá não se sabe fazer bom alcatrão… Seguimos em direção a Foios onde parámos no Ganguilhas para uma última reidratação antes de rumar ao destino final do dia.

Chegámos finalmente ao Sabugal, onde nos dirigimos à hospedaria Robalo. O atendimento ali não podia ter sido melhor. É o senhor que dá nome ao estabelecimento que faz a casa e colocou-nos totalmente à vontade, oferecendo-nos inclusive aparcamento privado para as motas e dando-nos indicações sobre onde jantar… nomeadamente no restaurante que também é seu!





Depois do momento Tom Cruise do dia, fomos instalar-nos nos respetivos alojamentos e saímos em busca do local da janta, leia-se, atravessámos a estrada. Saímos da hospedaria Robalo e entrámos no restaurante Robalo, onde se comem refeições confecionadas pelo Sr. Robalo, e onde fomos efetivamente muito bem servidos. O prato de eleição foi a costeleta de novilho, e houve algum cuidado com a escolha do vinho para não ofender as papilas gustativas do Velasquez.



A vida noturna do Sabugal não se adivinhava muito melhor que a de Manteigas, ainda assim lá demos com um bar onde deu para jogar mais uma matraquilhada e beber uns copos a acompanhar a conversa da treta.



Entretanto houve quem desertasse e os resistentes foram em busca de outro poiso, mas a oferta era escassa e pela primeira vez durante a viagem a chuva e trovoada davam um ar da sua graça, pelo que mais uma vez neste dia resolvemos arrepiar caminho e voltámos ao mesmo sítio onde começámos, para acabar a noite…



Muitas, mas mesmo muitas aldrabices de alta qualidade depois, era tempo de dar o dia por terminado, fazer a reza ao S. Pedro para nos viabilizar o dia seguinte (até então a sorte protegera-nos, mas a coisa não parecia famosa para o dia seguinte) e descansar umas horitas até lá.

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