terça-feira, março 21, 2023

A Minha Reisen Sport, Uma Espécie em Vias de Extinção...

Por motivos de ordem diversa, chegou a altura de libertar espaço na minha garagem. Onde antes habitavam duas motas que muitas alegrias me deram, agora habita uma só que espero me venha a proporcionar tantos ou mais momentos bons que as suas antecessoras.

O espaço que tinha era partilhado entre uma Hayabusa de 99 que comprei um pouco maltratada e que fui recuperando ao longo dos últimos anos e uma F900R que era a minha companheira diária nas deslocações casa/trabalho e que pontualmente me levou mais longe aqui e ali (como foi o caso da viagem aos Pirenéus que fiz no ano passado.

Parte desta mudança deve-se a uma paixão antiga que nasceu em 2016, quando me sentei pela primeira vez em cima de uma mota que me despertou a atenção. Depois de, mais recentemente, ter visto e experimentado uma ao vivo e a cores, a ideia foi crescendo e ganhando forma. Surgiu por fim a oportunidade de reorganizar a minha garagem e de uma assentada só desfiz-me das duas motas que tinha para finalmente me tornar o feliz proprietário de uma R1200RS. Bem certo que não é uma mota nova (nem sequer é o modelo mais recente - a 1250). Igualmente, faz parte de uma espécie (segmento das "sport tourer", ou "reisen sport" - RS - em alemão) que nos dias de hoje se encontra em vias de extinção e cada vez com menos adeptos... Mas é uma mota com a qual me sinto muito bem, da qual espero poder usufruir não só na utilização diária como também em algumas viagens, com mais conforto que aquele que tenho tido até hoje.



Mais especificamente sobre a mota: esta alemã nasceu com sotaque francês, já que se trata de uma mota importada pelo seu anterior proprietário, quando veio viver para Portugal. Contava no momento da compra com apenas 7 mil kms, o que lhe confere ainda aquele aspeto de novo, nada expectável numa mota que conta já com 6 anos de idade. Não vem com muitos extras (conjunto de malas laterais e top case, punhos aquecidos e pouco mais). Calça uns pneus Michelin PR4 que... enfim... nem vale a pena comentar...

Desempenho

Tenho a mota há cerca de um mês e meio. Ainda sem ter tido a oportunidade de fazer grandes viagens de lazer com ela, a experiência dos cerca de 2 mil kms que fiz tem sido muito positiva e tem-se revelado aquilo que eu esperava e mais. É fácil habituarmo-nos ao conforto, disponibilidade e diversão que o motor boxer nos proporciona. O sistema de transmissão por veio, apesar de diferente de tudo o que tive até hoje, não careceu de grande adaptação da minha parte, sendo bastante mais elástico do que julgava. A caixa mostra-se bastante eficiente, ainda que as transições para 2ª e 3ª se façam sentir de vez em quando. Não sendo uma mota para circular a velocidades estonteantes, chega lá acima rapidamente e sem esforço. Os seus 236 kg não se notam, dada a agilidade que demonstra e manobrabilidade que proporciona. O sistema de travagem é bastante eficaz e o ABS está lá para eventuais asneiradas. A mota transmite bastante retorno da estrada, não sei se fruto da configuração da suspensão paralever, se fruto dos pneus, se de ambos. Nada disso afeta negativamente a sua estabilidade e desempenho em estradas mais sinuosas, que é excelente.



Conforto

Em termos de conforto, a proteção aerodinâmica é um admirável mundo novo para alguém como eu que teve maioritariamente nakeds. O vidro frontal de duas posições permite circular a velocidades superiores, sem esforço e com menos mosquitos nos dentes. O assento personalizado, não obstante o seu look azeiteiro, faz-me sentir que vou sentado num sofá. Outro extra suscetível de ser classificado como azeiteiro é o escape cromado, que se distingue do tradicional em metal fosco, mas que na minha opinião atém nem fica mal nem destoa do resto da mota. Já não me dói a alma de ver uma topcase montada neste tipo de mota, pelo que é também confortável ter onde guardar os tarecos. Quando for viajar já não precisarei de tailbags nem tankbags nem saddlebags nem outros bags. Num par de ocasiões já utilizei os punhos aquecidos, ainda que não tenha até agora sentido grande necessidade disso, mas que imagino numa volta ao estilo cubos de gelo possa fazer sentido. Não estando esta mota equipada com o painel TFT que equipa os modelos mais recentes, o mostrador serve o seu propósito permitindo o acesso a bastante informação (com múltiplos modos de visualização) e que além dos indicadores habituais permite verificar a pressão dos pneus, o nível do óleo do motor, escolher o modo de condução (neste caso apenas entre o Road e o Rain), etc. A mota vem ainda com uma pré-instalação de GPS, mas não tendo depois os acessórios relevantes como o suporte para o sistema de navegação, isso vale de muito pouco, pelo que tenciono montar um suporte para o meu velhinho TomTom Rider e 'tá feito.



Experiências

Como a mota só tinha o registo da primeira revisão aos 1000 kms em concessionário oficial da marca, não tendo atingido a quilometragem seguinte do plano de manutenção e não tendo registo de revisões anuais intermédias, fiz uma revisão geral com troca de todos os fluidos para ter alguma paz de espírito. Conto agora acertar-lhe o passo quando fizer os 10 mil kms, tratar de recalls em aberto e cuidar do seu registo de manutenção futura a partir daí. Já falta pouco.

Em termos de autonomia e consumo, a capacidade dos 18 litros do depósito já me deixa mais descansado e sem necessidade de andar sempre a pensar onde vou abastecer de seguida. O consumo em percurso misto e com condução despreocupada tem rondado em média os 6L/100km, com uma perceção clara que esta mota pode ser bastante económica mesmo em percursos citadinos.

Como seria expectável... já tive o primeiro furo. Nesta mota já tenho espaço para transportar mais do que um kit de reparação, que com o meu magnetismo acho que é algo que vou ter de considerar no futuro. Neste caso nem foi preciso parar à beira da estrada, porque logo à saída de casa acendeu-se um alerta no mostrador e o indicador de pressão do pneu de trás mostrava uns generosos 1.8 bar, que indiciaram a existência de problema. Reparado em 15 minutos, nem deu para chegar atrasado ao trabalho.



E pronto, é isto. Com o regresso do bom tempo espero retomarem breve as minhas voltinhas e percorrer com ela muitos e bons quilómetros...

1 comentário:

mãe disse...

Pois que venham essas boas viagens de que tanto gostas.
Fiquei impressionada com a descrição deste teu novo transporte.
Que tudo corra bem...mas realmente, parece que andas à procura dos pregos para furar os pneus.

É sem duvida muito bonita, mas o resto é o mais importante.
Beijinhos
Mãe