Quando alguém parte prematuramente, ficamos sempre com um sabor amargo de injustiça na boca. Ficamos a pensar porque raio é que isto acontece... porquê com esta pessoa... porquê logo agora... simplesmente porquê? Numa altura em que a vida não parece justa para uns, morrer revela-se uma injustiça ainda maior para outros. Alguém que estava a começar a realizar os seus sonhos e planos, após uma vida de luta em todos os sentidos, vê assim os seus objectivos desmoronarem-se de um momento para o outro. Alguém que lutou por si próprio, por se tornar uma pessoa melhor, por conquistar a admiração de todos... certamente a minha conquistou. Mas também alguém que lutou por um país inteiro, como poucos tiveram oportunidade de o fazer. Alguém que esteve prestes a perder a vida numa situação de combate real e que chegou mesmo a ser dado como morto, é derrotado anos mais tarde por um cancro. Se existe significado para a palavra injustiça, é este. No sentido oposto a esta injustiça, deixo aqui a minha humilde e insignificante manifestação de gratidão por alguém que desprendidamente sempre se mostrou disponível para me ajudar (e a muitos outros). Por alguém que uma vez me apontou um caminho a seguir, e que fez de mim também uma pessoa melhor. Por alguém que me ajudou a construir o meu próprio conceito de camaradagem. Por alguém que com todas as suas características, especificidades e imensas qualidades, posso ter o orgulho de ter tido como camarada e amigo. Para alguns, é um dizer adeus ao Senhor Sargento Ramos, para outros como eu... ao Tó. Um grande bem haja por tudo e um abraço sentido pela saudade imensa que vai ficar e perdurar no tempo.
Obrigado.
Obrigado.
2 comentários:
Alguém (já não recordo quem), disse um dia que a vida é "uma doença mortal sexualmente transmissível para a qual não há cura". Sabemos portanto que, façamos o que fizermos, o fim é inevitável e será sempre o mesmo; a forma de lá chegar é que diverge de pessoa para pessoa, deixando (de um modo geral), consternados os que lhe são próximos, principalmente pelo maior grau de sofrimento que muitas vezes antecede os últimos momentos. Sei que quando chegar a minha hora, terei pena de partir, por deixar de estar próximo dos que me são queridos, assim como por deixar tudo quanto me é familiar, mas ao mesmo tempo tenho uma enorme curiosidade de conhecer o que estiver para além da fronteira a que chamamos morte e estou certo que também o TÓ ao entrar numa nova dimensão (que escapa ao nosso entendimento) estará a prosseguir a sua via das descobertas, como compete a qualquer valente marinheiro.
Pai do Marco
ADEUS AMIGO DE INFANCIA
ATÉ SEMPRE.
Mãe do Marco
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